quarta-feira, 29 de maio de 2013

LIBERTOS DA VERDADE ABSOLUTA

Certa vez um cirurgião cardiologista teve de levar a sua moto a um amigo mecânico, velho conhecido. A moto simplesmente não funcionava. O mecânico então identificou um problema no cabeçote do motor. Ao desmontar a peça, o mesmo notou que o cirurgião cardiologista estava ao seu lado observando o seu trabalho. Então o velho amigo mecânico, olhando para o dono da moto e ainda manuseando suas ferramentas, diz: “ - Doutor, posso lhe fazer uma pergunta?'. O cirurgião, achando que era uma pergunta sobre o que poderia ter causado o defeito da moto, sinaliza um “sim” através de um leve balançar de cabeça. O mecânico se levanta, aponta para o motor da moto e faz a seguinte pergunta: “ - Doutor, olhe este motor. Eu abro seu coração, tiro válvulas, conserto-as, ponho-as de volta e fecho novamente, e, quando eu termino, ele volta a trabalhar como se fosse novo. Como é então, que eu ganho tão pouco e o senhor ganha muito, quando nosso trabalho é praticamente o mesmo?”. Um tanto quanto surpreso com a pergunta, o cirurgião dá um sorriso, se inclina, aponta para o motor e responde ao mecânico: “ - Você já tentou fazer tudo isso da maneira como eu faço, com o motor funcionando?”

Você já parou para pensar como nós, arrogantemente, achamos que temos respostas para tudo e de repente a vida vem e muda todos os questionamentos? Achamos que possuímos uma verdade absoluta. Achamos que a nossa verdade é absoluta. Que podemos coloca-la dentro de um vidrinho de maionese, tampa-la, carrega-la conosco e usa-la, quando necessário, com a certeza de que ela jamais poderá ser contestada.

Fico pensando, por que será que temos tanto medo em dizer um simples “não sei”?  Por que é tão complicado assumir que não dominamos um determinado assunto ou por que a nossa verdade não pode ser relativizada?

Trazendo este contexto para as lentes do Cristianismo, nos deparamos com diversos pastores colocando um absoluto inquestionável sobre as Escrituras Sagradas. Esquecem que são pó, e que a verdade absoluta só pertence á Deus. Fazem questionamentos como o do mecânico, com uma resposta pré fabricada, para induzir o entendimento de um determinado pensamento para uma verdade absoluta na qual se acham mantenedores, mas na verdade, não passam de seres limitados tentando discernir o infinito. Quando não encontram respostas dizem: “ – Isto é um mistério”. Impõem um ponto final nas dúvidas das pessoas pois é muito mais fácil usar o sobrenatural para mascarar um “não sei” do que simplesmente dizer...”não sei”.

Como se não bastassem os líderes, nós cristãos vamos nos contaminando com esta lógica e acabamos assim, como o mecânico, com um pensamento “mecanizado” por uma imaginária “verdade absoluta”, que acha que tem na ponta da língua a justificativa para evidenciar a sua situação injusta perante a situação do outro.

Não é por menos que isso seja natural, pois vivemos constantemente achando que o maior parâmetro para definir a nossa situação de vida é exatamente a vida do outro. Em outras palavras, se minha grama não é o verde que desejo, é por que a grama do meu vizinho, aos meus olhos, sempre será mais próximo do tom de verde que eu desejo. A vida do outro sempre será melhor que a minha. Neste sentido, vale a pena se perguntar: será que usamos os parâmetros certos para enxergar a nossa situação de vida? Responda para si!

A verdade absoluta pertence à Deus. Nós homens temos porções destas verdades. Porções reveladas por Deus. Revelações permitidas por misericórdia divina. Verdades reveladas com um único propósito: restaurar a humanidade para a Glória do Criador.

Vejo Deus como o cardiologista da história, mudando nossos questionamentos, nos fazendo enxergar outros pontos de vistas, forçando outras linhas de raciocínios, impondo perguntas que nos façam mudar o modo de pensar, para que as nossas verdades sejam relativizadas através da Verdade Absoluta que só Ele tem. Vejo o Cardiologista mudando a “mecânica” de pensar que nós, os mecânicos, acomodamos em nossa mente. Vejo o Cardiologista inserindo novas engrenagens para a construção de raciocínios. Colocando óleo nas engrenagens para que as mesmas girem em pró de relativizar a nossa verdade mediante a Verdade de Deus.

Percebo que o mito da “dúvida” assusta os fiéis. Quem não tem em mãos uma verdade absoluta, acaba tendo, por consequência, um monte de dúvidas nas mãos. Isso assusta os cristãos. Esquecem que o mais importante é viver uma vida com os valores da Verdade que já chegaram ao seu conhecimento e não uma vida alicerçada em cima de Verdades que lhe estão ocultas. E este é o combustível que nos faz buscar mais e mais conhecimentos à respeito de Deus: a dúvida!

O ponto chave não é se devemos ou não questionar coisas para Deus e sim que tipo de perguntas devemos fazer à Deus. E é claro, ter a consciência de que nem todas as questões serão respondidas.

Este é um exercício de reconstrução constante da fé. Afinal, se tudo nos fosse revelado (retirado o véu, escancarando todo o conhecimento aos nossos olhos), jamais careceríamos de ter fé.

É como o pensamento de Elienai Cabral Jr: “Fé é similar a um Castelo de Areia. E a beleza dos Castelos de Areia é a certeza de que eles não duram para sempre”. O ato de crer é como o exercício de construir e reconstruir castelos de areia, pois as ondas (os questionamentos) sempre derrubaram nossas verdades nos desafiando a buscar mais porções da Verdade de Deus. Construir um castelo de areia achando que ele será absoluto e indestrutível é o mesmo que achar que tem posse de uma verdade absoluta. O belo de ver uma onda destruir um castelo de areia é ver que a fé que você tem hoje poderá ser reconstruída sempre e sempre, descartando nossas verdades e assumindo as porções da Verdade Absoluta de Deus.

Deus faz como o Cardiologista, tira o mau do coração do homem sem ter que desligar o homem. E faz isso simplesmente trocando os nossos questionamentos pelos Dele. Faz isso nos conduzindo a substituir as nossas verdades pelas verdades Dele.

Deus não é um tirano, ditador, que se sente melindrado ao expormos uma dúvida a Ele. Ele é um Pai bondoso, que ouve as perguntas de seus filhinhos com carinho e usa as mesmas para nos ensinar a ser gente como “gente” realmente deve ser. Gente como Jesus Cristo.

A vocação do ser humano é ser tabernáculo vivos de Deus. É ser “casas vivas” para o Deus Vivo. Tabernáculos providos de vida eterna, pelo próprio Deus, para que o Deus Vivo em Eternidade viva eternamente em nós. Agora, como saberemos se estamos nos tornando habitáveis para Deus se não buscarmos Sua Verdade? Como daremos espaço para as porções das Verdade de Deus, reveladas por misericórdia, se mantemos em nós uma verdade absoluta construída por nossa própria lógica? Precisamos nos esvaziar para que Deus nos preencha com tudo aquilo que só Ele pode prover: Vida Eterna.

Que o Senhor abençoe os nossos questionamentos, para que saibamos buscar respostas libertadoras. Respostas que nos libertem da lógica rebelde na qual a nossa natureza foi contaminada. Que Ele nos permita ter acesso a porções de Sua Verdade, para que o nosso modo de vida seja mudado e se torne cada vez mais próximo ao viver de Cristo. Viver que vence a morte e escancara a eternidade em diante de nós para a Glória do Deus Criador.

terça-feira, 28 de maio de 2013

PLANTE A JABUTICABEIRA, AINDA QUE A VIDA NÃO LHE PERMITA COMER JABUTICABA

Certa vez, um jovem se aproximou de um senhor idoso e lhe perguntou: “ - Que planta é esta que o senhor está cuidando?”
O velho lhe respondeu: “ - É uma jabuticabeira.”
Então o jovem insistiu: “- E ela demora quanto tempo para dar frutos?”
“ - Ah, pelo menos uns quinze anos” - respondeu o idoso.
Ouvindo esta resposta e vendo os cabelos brancos do velho, o jovem rapaz com tom de ironia indagou:  “ - E o senhor espera viver tanto tempo assim?”
O velho então apoiou suas mãos nos galhos da Jabuticabeira e olhando nos olhos do jovem lhe respondeu: “ - Não, não creio que viverei tudo isso, pois já estou muito velho”.
“ - Então, que vantagem você leva com isso, meu velho?“ – perguntou o jovem.
E o velhinho respondeu calmamente:
“ - Nenhuma, exceto a vantagem de saber que ninguém colheria jabuticabas se todos pensassem como você.”

Esta história ilustra bem o conflito entre a lógica do mundo e os valores do Reino de Deus. Enquanto o mundo arquiteta pensamentos voltados para a satisfação do “eu”, o Reino de Deus nos convida a pensar em nossos próximos.

Talvez, num belo dia, a gente se encontre pelos quintais da vida, cuidando de uma jabuticabeira, na qual, aparentemente, o único fruto que certamente podemos colher é a “esperança” de poder saborear, quem sabe um dia, uma jabuticaba bem doce e gordinha.

Mas as atitudes de quem é movido consciente pelos valores do Reino de Deus vai além. O cristão sabe que o Reino iniciado por Jesus Cristo nos convida a pensar em todos que estão ao nosso redor. É um convite a viver consciente de que todos são um. Uma comunidade. Por este motivo a igreja de Cristo (não a instituição, mas sim as pessoas) é tratada como uma comunidade. Comunidade que busca comunhão com Jesus.

Valores como compartilhar, doar, compadecer e tantos outros, são alavancados por um amor incondicional e alicerçam a proposta de vida que Jesus nos trouxe como Boa Nova.

O Reino de Deus nos convida a plantar jabuticabeiras, ainda que a gente tenha consciência que jamais iremos saborear uma jabuticaba, fruto de uma das árvores que nossas mãos plantarem. O Reino de Deus nos convida a plantar jabuticabeiras para que outras pessoas possam, um dia, usufruir dos frutos.

O cristão é convidado a estar envolvido em tudo e todo propósito que gera vida. E aqui entra o centro de tudo: Só Deus pode prover vida. Sim, pois Ele é a Vida. Tudo o que tem vida vem Dele. Então, por consequência, somos convidados a estarmos conectados em Deus para sermos “fios condutores” de vida para nossos próximos.

Ao plantarmos uma jabuticabeira, estamos conduzindo jabuticabas ao paladar de pessoas que jamais imaginaremos. Ao ensinarmos uma criança a ler, estamos lhe dando uma jabuticaba para saborear. Ao doarmos alimentos, roupas, a quem precisa, estamos entregando jabuticabas para estas pessoas. Em outras palavras estamos resgatando a dignidade de suas humanidades. Enfim, podemos dar o nome de “jabuticabas” a todo o processo que leva vida as pessoas. Sim, pois processos que restauram a dignidade de vida das pessoas são doces como jabuticabas. São doces como a Graça de Deus. E ao plantar uma jabuticabeira, nos dispomos a assumir o papel de “agentes da graça de Deus”.

Por fim, termino dizendo que muitos de nós, achamos que ao ficar velho, já não possuímos a responsabilidade de ser “agentes da graça de Deus”. Achamos, erradamente, que os mais novos devem assumir este papel. Achamos que não temos mais papel na Obra de Deus. E isso não é verdade. Talvez plantar uma jabuticabeira, consciente de que a probabilidade de saborear um fruto da mesma é praticamente impossível, nos leve a pensar que somos inúteis na obra de Deus. Nestas horas, o demônio aparecerá para nos fazer refletir sobre isso. Mas o cristão consciente dos valores do Reino de Deus sabe que a vida em Cristo consiste em um compromisso de se doar ao próximo. Como Jesus fez na Cruz, se doando por todos nós.

Rubem Alves diz que a vida é similar a uma bacia repleta de jabuticabas bem docinhas. Você começa a comê-las rapidamente, se lambuzando e se deleitando na doçura das bolinhas pretas. Quando você se da conta de que as jabuticabas estão acabando, você então começa a saborear lentamente uma a uma, dando mais valor para cada delas.

Saboreie suas jabuticabas e continue plantando jabuticabeiras. Faça isso ainda que você olhe para a sua bacia e perceba que elas estejam quase no fim. Talvez a doçura das bolinhas pretas ao se desmancharem em sua boca lhe traga inspiração. Talvez lhe inspire a plantar cada vez mais jabuticabeiras para encher as bacias de outras pessoas com as mais saborosas jabuticabas.

Enfim...saia por ai...com um saquinho de semente de jabuticabas nas mãos espalhando-as por todos lugares!

QUANDO PODEROSOS CHEFÕES LIDERAM IGREJAS

“Não entendo quem escolhe o caminho do crime quando há tantas maneiras legais de ser desonesto”.

Talvez muitos Pastores Evangélicos tenham se inspirado nesta frase de Al Capone (que muito mais que um personagem da série de filmes “O Poderoso Chefão”, foi um mafioso na vida real) para iniciarem suas caminhadas ministeriais. Esta é a sensação que tenho ao ligar a TV ou sintonizar algumas rádios evangélicas. Triste fato!

Pastores engravatados, usando a Palavra de Deus para usurpar um povo que é sedento por bênçãos e milagres. São verdadeiros mafiosos. Se dizem ungidos de Deus, mas se esquecem que Deus só tem Um Ungido, Jesus, o Cristo (Cristo = Ungido). Se dizem ungidos mas na realidade são “Al Capones” por trás dos púlpitos que representam apenas os seus próprios interesses. Pastores que dizem fazer a obra de Deus, mas no fundo, são responsáveis por desviar dezenas de centenas de almas da salvação. Pregam valores distorcidos do Reino de Deus. Distorcem a sacralidade dos ensinamentos do Senhor e usam os mesmos para alavancar a máfia dos dízimos, votos e ofertas. Se “auto-contaminaram” pelo vírus do “próprio-ego”. Tomaram o lugar de Deus. Criaram uma auto-teologia, e colocaram Deus a serviço de seus interesses. Tiraram a prosperidade de todo o contexto dos ensinamentos do Cristianismo e fizeram da mesma o solo de seus argumentos para capturar fiéis. Promovem campanhas...cruzadas... cultos à Deus, mas na realidade cultuam a Mamón, um deus concorrente, o deus do din-din. Colocam a Palavra de Deus a serviço de Mamón. Usam as Escrituras Sagradas para exaltá-lo. Transformaram agências bancárias em altares para exaltar Mamón em nome de Jesus Cristo.

Pastores mafiosos, cegados pelo próprio ego. Cegos e escravizados pelo dinheiro. Algemados por Mamón. Não estão dando a mínima para aqueles que estão afundados no tremedal de lama. Enxergam pessoas como cifrões. Homens que se dizem Apóstolos. Homens que criam cargos e mais cargos para se exaltarem. Pastores que precisam lavar os olhos no Tanque de Siloé, para retomarem a visão da cruz. Pastores que precisam lavar os olhos no Tanque de Siloé, para que as pessoas voltem a serem enxergadas como pessoas e não como dízimos e ofertas. Para que voltem a enxergar a igreja como um povo de Deus e não como uma empresa. Para que voltem a se verem como realmente são: pó.

A Igreja de Cristo é uma Noiva. Nós, aqueles que romperam com a rebelião somos a igreja. Nós somos a Noiva. O Noivo é ciumento. O Noivo é Deus! Será que isto não seria motivo suficiente para que Pastores Mafiosos tomassem o caminho do arrependimento e deixassem de tratar a Noiva como uma prostituta?

Que o Senhor tenha misericórdia de todos nós. Que Ele nos dê discernimento para que a Verdade de Sua Palavra adentre os nossos corações e provoque mudança em nosso viver. Que isso aconteça para que sejamos libertos deste cristianismo mafioso que muitos homens pregam. Que a sabedoria de Deus nos direcione para o verdadeiro Cristianismo, onde pessoas cultuam a Deus por quem Ele é, e não simplesmente pelo que Ele pode fazer por nós.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

ROUBO DE IDENTIDADE

No terceiro ano do reinado de Jeoaquim, rei de Judá, Nabucodonosor, rei da Babilônia, veio a Jerusalém e a sitiou.
E o Senhor entregou Jeoaquim, rei de Judá, nas suas mãos, e também alguns dos utensílios do templo de Deus. Ele levou os utensílios para o templo do seu deus na terra de Sinear e os colocou na casa do tesouro do seu deus.
Então o rei ordenou que Aspenaz, o chefe dos oficiais da sua corte, trouxesse alguns dos israelitas da família real e da nobreza;
jovens sem defeito físico, de boa aparência, cultos, inteligentes, que dominassem os vários campos do conhecimento e fossem capacitados para servir no palácio do rei. Ele devia ensinar-lhes a língua e a literatura dos babilônios.
O rei designou-lhes uma porção diária de comida e de vinho da própria mesa do rei. Eles receberiam um treinamento durante três anos, e depois disso passariam a servir o rei.
Entre esses estavam alguns que vieram de Judá: Daniel, Hananias, Misael e Azarias.
O chefe dos oficiais deu-lhes novos nomes: a Daniel deu o nome de Beltessazar; a Hananias, Sadraque; a Misael, Mesaque; e a Azarias, Abede-Nego.
Daniel, contudo, decidiu não se tornar impuro com a comida e com o vinho do rei, e pediu ao chefe dos oficiais permissão para se abster deles.
E Deus fez com que o homem fosse bondoso para com Daniel e tivesse simpatia por ele.
Apesar disso, ele disse a Daniel: "Tenho medo do rei, o meu senhor, que determinou a comida e a bebida de vocês. E se ele os achar menos saudáveis que os outros jovens da mesma idade? O rei poderia pedir a minha cabeça por causa de vocês".
Daniel disse então ao homem que o chefe dos oficiais tinha encarregado de cuidar de Daniel, Hananias, Misael e Azarias:
"Peço-lhe que faça uma experiência com os seus servos durante dez dias: Não nos dê nada além de vegetais para comer e água para beber.
Depois compare a nossa aparência com a dos jovens que comem a comida do rei, e trate os seus servos de acordo com o que você concluir".
Ele concordou e fez a experiência com eles durante dez dias.
Passados os dez dias eles pareciam mais saudáveis e mais fortes do que todos os jovens que comiam a comida da mesa do rei.
Assim o encarregado tirou a comida especial e o vinho que haviam sido designados e em lugar disso lhes dava vegetais.
A esses quatro jovens Deus deu sabedoria e inteligência para conhecerem todos os aspectos da cultura e da ciência. E Daniel, além disso, sabia interpretar todo tipo de visões e sonhos.
Ao final do tempo estabelecido pelo rei para que os jovens fossem trazidos à sua presença, o chefe dos oficiais os apresentou a Nabucodonosor.
O rei conversou com eles, e não encontrou ninguém comparável a Daniel, Hananias, Misael e Azarias; de modo que eles passaram a servir o rei.
O rei lhes fez perguntas sobre todos os assuntos nos quais se exigia sabedoria e conhecimento, e descobriu que eram dez vezes mais sábios do que todos os magos e encantadores de todo o seu reino.
E Daniel permaneceu ali até o primeiro ano do rei Ciro.
Daniel 1:1-21

Qual a sua identidade? Não...não é o número do RG. Identidade em um outro sentido. Como as pessoas identificam você. Já parou para pensar nisso?

Pense...

Se digo, “cassilds”...logo, você pensa:  Mussum!
Se digo, “Não contavam com minha astúcia”, logo você pensa: Chapolim Colorado!

Mas vá além dessa identidade rasa...se pergunto: Quem foi Mussum? Você, provavelmente vai dizer, era um comediante, dos trapalhões, muito engraçado. Gostava de samba, cachaça...etc. Da mesma forma que, se eu lhe perguntar: Quem foi Chapolim Colorado? Você provavelmente vai dizer: Um herói engraçado, que usava uma roupa vermelha e que era muito atrapalhado. Todas as vezes que ia agir acabava se machucando...etc.

Agora, vamos para um ciclo menos famoso:

Seus familiares. Pense, qual é o seu tio mais carismático? Bom, creio que algum nome lhe veio em mente. Ou se lhe digo, como é o seu avô?! Se você teve a oportunidade de conviver com seu avô, então certamente alguma coisa que ressaltava a sua personalidade lhe veio a mente.

Abro um parêntese aqui...bem rápido...

Engraçado, você já parou para pensar que geralmente aquele seu tio ou tia que são mais legais, são exatamente os que moram longe? De fato, é muito fácil gostarmos mais das pessoas mais distantes do que as que estão perto. Logicamente pelo fato de que são os que menos trazem atritos de relacionamento (pois vivem distantes).

Fecha parênteses.

Bom, é interessante observar que quando olhamos para a Palavra de Deus, vemos que o Criador não se permite se auto definir para o homem (criatura). Ele se auto denomina: “Eu Sou o Que Sou”. Entretanto, quando olhamos para a história do povo hebreu (que foi o berço do Messias), vemos Deus se revelando ao mesmo como Amor. Neste sentido, João afirmou: Deus é Amor. Quem não conhece à Deus não ama, por que Deus é amor!

Entenda o contexto, Deus não se auto define para o homem, entretanto Ele revela a Sua identidade como Amor. Amor repleto de misericórdia, bondade, graça e tantos outras qualidades que caracterizam a maneira como Deus trata Seus filhos.

Você já se perguntou como você identifica Deus? Como um Juiz Autoritário? Como um Professor que Fica colocando pegadinhas em Suas Provas? Como um Pai Severo? Ou como Amor, identidade que a própria Palavra de Deus nos trás!?

Responda para si!

Mas na real, a pergunta que gostaria de fazer é: Se temos como características de criação o fato de sermos “imagem e semelhança” do Criador, aonde está esta Identidade de Deus em nós?

Bom...de fato existem pessoas que identificamos como amorosas, bondosas, misericordiosas, etc.

Creio que precisamos entender é que estes atributos são um empréstimo de Deus para nós. Imagine, Deus elaborando o plano de redenção ao homem. Nós, rebeldes, seres caídos, maldosos por natureza, se não tivéssemos “um pingo” de bondade, acabaríamos uns com os outros antes da cruz poder ser consumada. Para que isso não acontecesse, Deus nos emprestou uma boa parcela de Sua bondade.

Há quem diga que a gente acha que a “bondade” é o natural e quando a “maldade” (ausência da bondade) acontece, ela se torna motivo de ficarmos perplexos. Mas se pensarmos em nossa queda, a maneira como demos as costas para Deus, veremos que o contrário está mais próximo da realidade. Que a maldade proveniente de nossas atitudes é o natural, e que quando um ato bondoso ocorre, ai sim é motivo de ficarmos perplexos. Pois como seres tão mau como nós conseguem fazer algo bom?

Ora, justamente por causa deste empréstimo de bondade provido por Deus. É por isso que muito cientista ateu consegue desenvolver vacinas para curar doenças tão graves. Por que mesmo que ele não aceite e não tenha consciência disso, a bondade de Deus habita dentro dele.

Então concluo este pano de fundo dizendo que ao aderirmos o plano de redenção do Pai, tomamos posse desta bondade que Deus nos provê.

Dito isso, olhemos para Daniel, Hananias, Misael e Azarias. Pessoas que já estavam conectados a Deus. Pessoas que já haviam assumido uma identidade de acordo com os valores de Deus. Pessoas que já haviam reconhecido que não havia nenhum outro Deus além do Deus que havia libertado o povo Hebreu do Egito.

Veja que Nabucodonosor dá a seguinte ordem:

O rei designou-lhes uma porção diária de comida e de vinho da própria mesa do rei. Eles receberiam um treinamento durante três anos, e depois disso passariam a servir o rei.
Daniel 1:5

Observe também a atitude do oficial de Nabucodonosor perante à estes homens:

O chefe dos oficiais deu-lhes novos nomes: a Daniel deu o nome de Beltessazar; a Hananias, Sadraque; a Misael, Mesaque; e a Azarias, Abede-Nego.
Daniel 1:7

Perceba que Daniel e os demais eram pertencentes ao povo hebreu. Quando o rei passa a oferecer as iguarias de sua mesa, ele oferece os alimentos da Babilônia. O Rei desejava que estes hebreus se identificassem com os valores da Babilônia. Nabucodonosor desejava que eles assumissem a cultura da Babilônia. Seguindo o relato vemos que o seu oficial então, muda até o nome destes homens, usando nomes da Babilônia. A Palavra nos diz que tudo o que a Babilônia usava e consumia era profano. O profano é a identidade do pecado. O pecado deseja roubar a identidade do cristão. O pecado deseja distorcer a identidade de todo homem..

Exatamente aqui nós temos um entendimento crucial sobre o que o mundo deseja fazer com aqueles que assumiram a identidade de Cristo como valores de vida. O mundo deseja roubar estes valores. O mundo deseja substituir os nossos valores pelo pecado. Deseja inverter nossa lógica. Roubar a consciência do Reino de Deus e colocar no lugar os valores que vão contra o Amor do Pai.

Nossa identidade é a coleção de nossos valores. O cristão coleta valores em Jesus para construir e moldar a sua identidade. É assim que o cristão se faz barro nas mãos do Oleiro. O mundo se veste de Nabucodonosor e tenta trocar nossos nomes, substituir aquilo que consumimos, por coisas que são desagradáveis à Deus.

Nabucodonosor deseja trocar o seu nome por outro. Deseja que os outros te vejam como “viciado” ao invés de “filho de Deus”. Que te vejam como “adúltero”, “mentiroso”, “caloteiro”, “ladrão”, “assassino” ao invés de “cristão”.

Daniel e seus amigos agiram com sabedoria, colocando os valores de Deus à frente de tudo. Conservaram sua identidade. Conservaram os seus valores. E a Palavra diz que Deus permaneceu fiel à eles. Mais à frente, em uma atitude mais radical, Nabucodonosor obriga todos à se dobrarem ao seu deus. Daniel e seus amigos não o fazem. Então o rei manda esquentar uma fornalha (sete vezes mais que o de costume) para atirar os amigos de Daniel por desobediência.

A Palavra nos diz que 3 foram jogados na fornalha. Mas quando o rei olhou para o fogo, viu 4 pessoas caminhando dentro do fogo. Os 3 amigos saíram ilesos. E é extraordinário ver que Deus não nos livra “da” fornalha. Mas que Ele nos livra “na” fornalha.

As vezes a fornalha pode ser um câncer, um HIV, ou qualquer outra doença grave. As vezes a fornalha pode ser uma falência, ou uma demissão. Mas de fato, Deus nos livra, ainda que dentro destas fornalhas, de perdermos nossa identidade: de sermos filhos de Deus.

Qual a sua identidade? Como as pessoas te identificam? Você tem preservado sua identidade?

Que Deus nos dê discernimento para permanecermos em Seus valores eternos. Que Ele nos abençoe grandemente nos dando sabedoria para caminhar de acordo com os valores do Seu Reino, para que Deus sempre possa nos identificar como filhos que romperam com a rebelião e estão dando passos de volta para Casa.

O INFERNO EXISTE PARA A GLÓRIA DE DEUS

“O Inferno é governado por Deus e existe para Sua glória”. Edward Donelly, ministro da Igreja Presbiteriana Trina Reformada de Newtownabbey, Irlanda, afirmou esta isto em um artigo chamado “O que é o Inferno?” (leia o artigo na íntegra, clicando aqui). Também já ouvi o teólogo Russell Shedd afirmar isso.

Você já parou para pensar nisso?

Muitas pessoas acham que satanás terá um reino paralelo. Mas será que isso é verdade?

Primeiramente, é importante salientar que muitos tem uma visão errada sobre Lúcifer, o demônio. Muitos acham que ele é oposto de Deus. Isso é um grande pecado. Sim, pois Deus é incomparável. Bom, mas ainda assim, caso queira seguir adiante com esta comparação, você se deparará com este real cenário: Lúcifer é uma critaura. Deus é Criador. Deus criou Lúcifer. Lúcifer se permitiu tornar diabo. Lúcifer se fez demônio.

Enfim, se seguirmos com uma compreenção sobre o inferno, costumo dizer que, assim como o Paraíso é uma pessoa, pois onde Deus está, o lugar se torna um paraíso, também costumo dizer que o inferno é o local onde Deus não está, pois onde a presença de Deus não se concretiza, ali está materializado o inferno.

Talvez, por este motivo, muita gente ache que este mundo já seja o inferno, pois aparentemente Deus não está presente em nosso meio e a desgraça atormenta o nosso viver (é só ligar a tv no noticiário e verás). Entretanto, a Palavra de Deus não nos diz isso. Pelo contrário, diz que Deus está imerso na humanidade, mas por conta do lívre arbítrio, Ele permite que o homem viva sem interferir na vida do mesmo. Em outras palavras, Deus é Rei por direito de tudo o que se vê, mas o reinado ainda não está consumado, pois será concretizado na volta de Cristo. A partir daí a vontade de Deus será exercida plenamente, não por imposição, mas por obediência daqueles que reconheceram a soberania de Deus. Cristo inaugurou o reino de Deus, mas Ele se concretizará por completo quando o Messias retornar sobre as nuvens para buscar a Sua Noiva. Até este momento se concretizar Deus nos permite experimentar Seu Reino e Sua manifestação em nosso meio através de Seu Espírito Santo.

Bom...mas o centro do pensamento é: será que o inferno existe realmente para a glória de Deus? E será que Deus é quem governará o inferno?

Eu creio que sim. Creio que toda a criação tem o propósito de glorificar e bendizer o nome de Deus. Tudo, sem exceções, existe para glorificar o nome de Deus. Até o demônio, que era Lúcifer, um anjo de luz, havia sido criado para adorar ao Senhor. O inferno existe, e é um lugar concreto. E Ele governa e reina também sobre o inferno. Isso aparenta entrar em contradição com o que muitas vezes digo: “Que o inferno é o lugar onde Deus não está presente”. Como Deus reina sobre o inferno sem estar presente lá.

Não tenho medo de dizer que “não” ...não sei como explicar. Não tenho uma lógica exata para construir uma resposta estruturada ao discernimento humano. Talvez encontre esta resposta mais tarde, se Deus me revelar, por Sua Graça e Misericórdia. O que tenho hoje é uma intuição. Algo que se constrói em minha mente como algo que talvez unifique este paradoxo: “O inferno ser o lugar onde Deus está ausente” e ao mesmo tempo... “o inferno existir para glorificar o nome do Senhor e Deus governar o mesmo”.

O que penso é que, se tudo existe para glorificar e adorar o Nome do Senhor, e se Deus nos criou como seres livres para que esta adoração fosse feita não por obrigação, mas sim por amor, todo aquele que não for qualificado (e aqui entra o fator da consciência que adquirimos para adorar a Deus, segundo os valores do Seu Reino), viverá em um lugar totalmente escuro, sem som, sem nenhuma manifestação de Deus, o que vai de encontro com o que sempre digo que o inferno é onde Deus não está presente. Neste sentido, Deus estará presente, mas sem se manifestar. O esquecimento, a ausência da manifestação de Deus, caracteriza-se (para mim, deixo isso claro) como o arder no fogo do inferno. A sensação de esquecimento, será tão intensa que nos sentiremos consumidos como que pelo fogo. Pessoas vegetando, queimando em esquecimento, conscientemente de que pecaram contra Deus e levaram a eternidade para se arrependerem. E isso ocorrerá em eternidade. Esta é a morte eterna. Pois Deus é a Vida e não se manifestará lá. Deus estará reinando sobre este lugar, pois ainda que a Sua presença não seja manifestada, a Sua vontade estará sendo exercida. Todos no inferno confessarão que só Deus é Deus. Todos dobrarão o joelho diante de Deus. E no sentido de deixar todos os desqualificados ausentes (não só por que não são dignos, mas para que o culto à Deus ocorra em Espírito e em Verdade) da adoração e glorificação eterna, para que o universo todo preste a devida (no sentido de realmente estarmos devendo) glória e adoração à Deus, temos um lugar chamado inferno, criado por Deus, para Sua Glória Eterna.

Certa vez ouvi um pastor dizer que em toda a eternidade o inferno só foi iluminado uma única vez: Quando Cristo Jesus, morreu e desceu até o abismo para vencer a morte. Ali foi consumada a salvação dos justos. Neste dia o inferno se tornou céu. Neste dia o inferno se tornou paraíso.

Eu creio sim que o inferno existe para a Glória de Deus. Creio sim que Jesus reinará sobre tudo, inclusive sobre o inferno. E creio plenamente que Ele é o Paraíso. Que só em lugares onde Jesus está presente é onde o paraíso é consumado. Neste sentido o mundo em que vivemos se tornou paraíso. Quando o Verbo se fez carne, quando o Verbo se fez redenção, quando o Verbo se fez Boa Nova, quando o Verbo se fez entrega na cruz, todos os que estiveram ao Seu redor, tiveram a oportunidade de experimentar o Paraíso. Alguns descartaram esta oportunidade (Judas, Pilatos, Caifás, etc). Mas muitos entenderam que Jesus era Deus encarnado que entrou na história para nos resgatar. Estes experimentaram o Paraíso: Cristo Jesus.

Que o Senhor permita que a gente possa experimentar o Paraíso, que é a Sua Presença, em nossas vidas hoje, através do Espírito Santo de Jesus, o nosso Salvador. Que ao experimentarmos o Paraíso, pela Graça de Deus, cada um de nós possa levar esta Boa Nova a quem estiver ao nosso redor.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

O EVANGELHO DE JESUS CRISTO SEGUNDO MARIA

E, ao terceiro dia, fizeram-se umas bodas em Caná da Galiléia; e estava ali a mãe de Jesus.
E foi também convidado Jesus e os seus discípulos para as bodas.
E, faltando vinho, a mãe de Jesus lhe disse: Não têm vinho.
Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora.
Sua mãe disse aos serventes: Fazei tudo quanto ele vos disser.
E estavam ali postas seis talhas de pedra, para as purificações dos judeus, e em cada uma cabiam dois ou três almudes.
Disse-lhes Jesus: Enchei de água essas talhas. E encheram-nas até em cima.
E disse-lhes: Tirai agora, e levai ao mestre-sala. E levaram.
E, logo que o mestre-sala provou a água feita vinho (não sabendo de onde viera, se bem que o sabiam os serventes que tinham tirado a água), chamou o mestre-sala ao esposo.
E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho.
Jesus principiou assim os seus sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua glória; e os seus discípulos creram nele.
João 2:1-11

O primeiro milagre realizado por Jesus nos remete a diversos pensamentos:

Primeiro, que é maravilhoso saber que Jesus aceita convites. Afinal para Ele estar presente na festa, evidentemente que Ele aceitou um convite. Isso nos remete a pensar, que tipo de convites temos feito à Deus?

Segundo, que Jesus não transformou água em vinho simplesmente para se mostrar poderoso, mas com o objetivo de manter a alegria para todos ao Seu redor.

Terceiro, que a quantidade a exata de água colocada nas talhas, foi a proporção exata que resultou em vinho. Neste sentido, veja que, Jesus disse: “Encham as talhas”. Ele não disse “até a boca”. Os serventes então é quem decidirão o volume de água que iriam colocar nas talhas. E decidiram colocar até a boca. A proporção da credibilidade que demos à Palavra que Deus nos profere, remete-nos à proporção exata de sua benção.

Quarto, que os serventes obedeceram à Jesus. Eles não sabiam o que iria ocorrer. Simplesmente reconheceram a autoridade de Jesus e fizeram o que Ele mandou.

Quinto, que Cristo quando opera uma benção, a qualidade da mesma é única. O mestre-sala ao provar o vinho logo percebeu que a qualidade do mesmo era única. O melhor vinho!

Muitas outras reflexões este relato nos remete. Mas um dos mais belo pensamento que podemos retirar destas porções das Escrituras Sagradas é o Evangelho Segundo Maria.

Como certa vez disse o Pastor Éd Rene Kivitz, o Evangelho Segundo Maria é: “Está vendo aquele ali. É meu filho, Jesus. Façam tudo o que Ele mandar”.

Extraordinário!

Que cada um de nós atenda ao Evangelho de Jesus Cristo segundo Maria, a Sua mãe, obedecendo à Jesus, confiando no sentido de que Suas ordens são para produzir vida e alegria em abundância, ainda que a gente não tenha ciência do que está por vir.

E SE DEUS ABRIR A PORTA?

Você talvez já tenha ouvido a pergunta: Onde está Deus?

Deus aparenta estar ausente, mas acredito de todo meu coração que Ele está mais presente do que nunca em nosso meio. É a Ausência que se faz Presente.

Digo isso, por que, ainda que muitas vezes a gente não reconheça, estamos constantemente diante do Público de 1 (termo do Pastor Ed René Kivitz): Deus.

É uma ilusão acharmos que podemos nos esconder de Deus. Afinal, Ele é  Onipresente (está em todo lugar), Onisciente (sabe de tudo o que acontece) e é Onipotente (pode agir em qualquer lugar, da maneira que desejar). Sendo assim, de fato, vivemos diante do Público de 1.

Jean-Paul Sartre certa vez disse:

“Se sentes a solidão quando estás sós, então estás em má companhia.”

Abro um Parêntese aqui para comentar algo...

Isso nos remete a discernir entre solidão e solitude, que aparentemente parecem ser a mesma coisa, mas não são. Vamos pedir uma ajuda a WikiPedia:

“Solitude é o isolamento ou reclusão voluntário, quando o indivíduo busca estar em paz consigo mesmo. Diferente da solidão que em sua essência é o estado emocional do indivíduo que deseja ardentemente uma companhia e não a tem. Um indivíduo pode estar cercado de amigos, em meio a um salão de festas muito animado, e ainda assim estar corroído pela solidão.”

Ao optar por solitude, em uma visão cristã, só é possível alcançar paz interior, se o isolamento for efetuado em comunhão com Deus. Creio que Cristo fez isso por diversas vezes. Em vários relatos das Escrituras Sagradas vemos Jesus entrando em solitude para buscar maior comunhão com o Pai.

...fecho Parêntese.

Enfim, concordo com Sartre, no sentido de que, sentir solidão consiste em estar em má companhia: o nosso próprio “eu”, ou se preferir...o nosso “ego”. O nosso “eu” é o nosso próprio sabotador. É o “ladrão de mim”. Rouba-me o pouco de bondade que Deus nos concedeu. Quer companhia pior que esta?

Talvez, seja por isso que a maioria das pessoas que se suicidam, geralmente fazem isso por se sentirem depressivas por conta da solidão.

O ponto chave que quero trazer a tona com este pensamento é: O que te leva da solidão para a solitude é exatamente a consciência de que Deus está presente em nossas vidas todos os dias e o tempo todo. E ainda...a Sua Presença tem a bondade e o amor como intensões de permanecer por perto.

Partindo deste pensamento proponho um exercício de reflexão:

Pense na maior tentação (provação) de sua vida. Algo que você sabe que se estiver perto de você, ainda que você tenha consciência de que é errado, pode te fazer ceder.

Agora responda...quem é “você” quando você está em um quarto trancado onde ninguém pode te ver e nem ouvir, nem mesmo Deus (suponhamos), e esta tentação (um pecado...abominado por Deus) está disponível, ao seu alcance? Qual é a sua atitude em uma situação desta? Num quarto trancado, onde todos que você conhece sequer imaginam que você esteja lá, nem mesmo Deus, e ali, diante de seus olhos, as coisas, que você sabe que são erradas, que desagradam a Deus, estão disponíveis para você usufruir?

Talvez você se entregue a tentação, afinal ninguém está vendo, nem Deus. Talvez você resista. Talvez você caia de joelhos clamando a Deus por auxílio.

O fato é que esta resposta te remete ao seu verdadeiro “eu”. E talvez ao responder este questionamento, você tenha uma diretriz para saber se está ou não no caminho da salvação. Respondendo esta pergunta talvez você se depare com uma auto avaliação na questão do seu verdadeiro “eu” ser uma pessoa de caráter e íntegra, ou não.

Pense ainda nesta mesma situação. Mas acrescente o fato: Deus lhe diz: “ - Você passará 1 dia dentro deste quarto convivendo com esta tentação, e durante estas 24 horas, a qualquer momento abrirei a porta”. Então de repente a maçaneta gira e Deus enfia a cabeça dentro do quarto: o que será que Ele veria?...Algo constrangedor!? ...um “eu” comprometido com os valores de Deus?

Tudo bem, reconheço...esse talvez seja um exercício muito irracional, pois Deus tudo vê, tudo sabe e tudo pode...afinal Ele é Deus, o nosso Público de 1.

Bom, mas se de fato este exercício é inútil, então por que por diversas vezes agimos como se Deus não estivesse nos vendo? Por que fazemos coisas erradas, como se Deus estivesse de olho fechado para nós?

Deus se fez ausente, mas está presente. É um paradoxo que nos convida a expandir a consciência.

Pense também...o que te leva a resistir as tentações (ou provações, se assim preferir)? Medo ou temor à Deus? Já parou para pensar nisso...se de fato buscamos vencer tentações pelo que Deus poderá fazer em nós (por exemplo, crer que Ele nos castigará) ou pelo fato de amarmos a Deus?

Ser obediente à Deus por medo implica em um relacionamento partindo de uma visão onde Deus é autoritário, mesquinho, pronto para lhe pesar a mão. Temer a Deus é bem diferente de ter medo de Deus. Temer à Deus é reconhecer a nossa condição de criatura perante ao Criador. É reconhecer que Deus é Pleno em Soberania. Isso implica em obedecer por respeito, por amor, por quem Deus é: Deus!. É obedecer por reconhecimento de que Ele “é” e nós “só somos” por que Ele nos deixa “ser”. Neste sentido a obediência é um culto à Deus, um meio de adorar à Deus, buscando ser justo, onde os parâmetros de justiça partem dos ensinamentos de Cristo Jesus.

Concluo dizendo que o estado de solidão nos faz experimentar o inferno. No sentido de se sentir solitário almejando a presença de Deus. Eu creio que o inferno é o lugar onde Deus não está presente. Imagino que se Deus é Luz, Amor, Vida, Misericórdia, Graça, Bondade e Compaixão. O inferno é exatamente o lugar onde não existe nada disso. E sim...creio que isso consiste em sofrimento.

Onde está Deus? está no inacessível e ao mesmo tempo no acessível. Distante e ao mesmo tempo próximo. Está ao nosso redor. Dentro de nós. Está no rosto do injustiçado. Na lágrima do que sofre. Está junto com o abandonado. Está contigo na solidão. Está presente em todo o tempo e o tempo todo, imerso na humanidade.

Não se sabote achando que estar só implica em estar agindo na “escuridão”, de forma que ninguém veja o que você esta fazendo. Deus mantém a luz acesa, afinal Ele é a Luz. Ele já acionou o interruptor e tudo está iluminado perante Sua visão. Nada fica oculto aos olhos Dele. Ao estar sozinho, busque entrar em estado solitude em Cristo Jesus. Primeiro, para que suas intenções de agir, em momentos que só Deus lhe enxerga, sempre sejam carregadas dos valores do Reino de Deus. E segundo para que a solidão não lhe roube o amor de Deus e lhe traga depressão.

Que Deus nos de discernimento para que os nossos atos sejam sempre movidos pelos Seus valores, independente de acharmos se a luz esta acesa ou não.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

POR QUE CORTAR O PEIXE?

Em um dos seus livros da série “Por que pensar não é pecado”, o Pastor Eliel Batista conta a seguinte história (relatarei com minhas palavras):

“Em uma família existia uma tradição onde as mulheres preparavam uma receita para o almoço de sexta-feira Santa. Uma receita que era passada de geração em geração. Certa vez chegou a vez de uma das jovens da família fazer a receita. Ao ler a receita, a jovem se deparou com as seguintes instruções: “Corte a cabeça e  a cauda do peixe antes de temperá-lo”. A jovem então colocou o peixe sobre a tábua de cortar e ficou olhando para o mesmo. Então começou a se perguntar: “Por que será que tem que cortar a cabeça e a cauda do Peixe?”. Encafifada, a jovem então decide pegar o telefone e ligar para a sua mãe. Ao perguntar para a mesma o por que deveria cortar estas partes do peixe, ouviu a seguinte resposta de sua mãe: “ – Filha, sinceramente não sei o por que, aprendi a receita assim e sempre fiz assim”. Não conformada com a resposta, a jovem decide ligar para sua avó. Ao questiona-la sobre sua dúvida, ouviu a seguinte resposta de sua avó: “ – Olha, não sei por que tua mãe cortava a cabeça e a cauda do peixe, mas eu fazia isso por que a minha assadeira era muito pequena e o peixe não cabia”.

Extraordinária reflexão! Ora, por que existem coisas que a gente faz simplesmente por que a gente aprendeu de uma determinada maneira. Saímos executando ações sem nos questionar o porque estamos fazendo isso ou aquilo.

Penso que agimos desta mesma maneira ao tratarmos nossa fé. Quantas orações fazemos simplesmente por ter ouvido outras pessoas fazerem? Quantas atitudes temos dentro da igreja simplesmente por que nossos pais nos ensinaram de uma determinada maneira?

A forma de assar deles não possui o mesmo tamanho da nossa assadeira. A nossa assadeira pode ser muito maior que a deles, e se não for, por que não ir atrás de uma maior?

Cortar o peixe sem se questionar pode ser simplesmente a vivência de um script religioso. Será que é nisso que o Cristianismo? Será que devemos aceitar uma determinada programação inserida em nossa mente e sair executando a mesma sem questionar o ato?

Por que muitas vezes fazemos isso? Por que nos permitimos agir desta forma?

Suspeito que talvez façamos isso por comodismo ou medo. Comodismo em seguir um script pronto entregue em nossas mãos ao invés de elaborarmos a nossa própria caminhada. Medo de questionar. Medo de ter que sair da zona do comodismo.

Crer é pensar. Crer é raciocinar. As Escrituras Sagradas tratadas como um mero conjunto de palavras não produz vida. A Palavra de Deus deve ser meditada e se preciso for, temos que dar telefonemas para perguntar o por que disso ou aquilo. Se não fizermos isso, como daremos vida à Palavra de Deus dentro de nós?

Trocar o tamanho da forma é ousar ir além do primeiro entendimento da Palavra. Trocar o tamanho da forma é ir além de orações que são tratadas como mera decorebas e repetição. Trocar o tamanho da forma é se permitir dar um passo a mais na trilha de conhecer Deus.

Mas para que isso seja possível é preciso olhar para a receita que nos passaram, questionar, meditar sobre o peixe antes de sair cortando o mesmo e se preciso for...dar todos os telefonemas necessários. No fim talvez você descubra que precise trocar de forma. Ou até mesmo, quem sabe, descubra que nem precisa cortar o peixe.

Que o Senhor permeie em nossos corações dúvidas que nos façam dar passos e mais passos em busca de conhecer ainda mais o Seu Amor e Sua Graça.

A ORAÇÃO REJEITADA PODE SER UMA BENÇÃO DE DEUS

E disse (Jesus): Um certo homem tinha dois filhos;
E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte dos bens que me pertence. E ele repartiu por eles a fazenda.
E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua, e ali desperdiçou os seus bens, vivendo dissolutamente.
E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades.
E foi, e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos, a apascentar porcos.
E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada.
E, tornando em si, disse: Quantos jornaleiros de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!
Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti;
Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus jornaleiros.
E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço e o beijou.
E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.
Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;
E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;
Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.
E o seu filho mais velho estava no campo; e quando veio, e chegou perto de casa, ouviu a música e as danças.
E, chamando um dos servos, perguntou-lhe que era aquilo.
E ele lhe disse: Veio teu irmão; e teu pai matou o bezerro cevado, porque o recebeu são e salvo.
Mas ele se indignou, e não queria entrar.
E saindo o pai, instava com ele. Mas, respondendo ele, disse ao pai: Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca transgredir o teu mandamento, e nunca me deste um cabrito para alegrar-me com os meus amigos;
Vindo, porém, este teu filho, que desperdiçou os teus bens com as meretrizes, mataste-lhe o bezerro cevado.
E ele lhe disse: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas;
Mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto, e reviveu; e tinha-se perdido, e achou-se.
Lucas 15:11-32

Acredito que você já tenha ouvido um louvor da Cassiane que começa com a seguinte frase “Deus não rejeita oração”. Nada contra o louvor, que por sinal é muito lindo. Mas esta frase, podemos dizer, que não é uma verdade absoluta. Ou se preferir, podemos dizer que, sim, existem exceções...Deus rejeita algumas orações.

E no contexto da Parábola do Filho pródigo, gostaria de dizer: Glórias a Deus por rejeitar algumas orações!

Entenda...

Evidentemente que o Pai da parábola é Deus. O famoso filho pródigo, é eu...você...ou seja...representa cada um de nós: seres humanos que se rebelaram contra o Pai. Ao cair em si, e perceber que tinha errado, o filho pródigo então decide voltar para casa levando consigo um discurso pronto (pré fabricado). Ao chegar diante do Pai, o filho diz:

E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti, e já não sou digno de ser chamado teu filho.

A palavra nos diz que o Pai rejeitou os dizeres do filho e deu início a uma grande festa para celebrar o retorno (que no nosso caso representa a ressurreição) do filho, dizendo:

Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa; e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão, e alparcas nos pés;
E trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos, e alegremo-nos;
Porque este meu filho estava morto, e reviveu, tinha-se perdido, e foi achado. E começaram a alegrar-se.

Existem orações que Deus rejeita. Ele faz isso por amor. Orações que Deus não ouve, simplesmente por que a pessoa que a faz é mais importante do que o a própria oração em si. O arrependimento vale mais que palavras.

Já parou para pensar: Somos tão falhos, que nem orar sabemos. Muitas vezes nossas orações são discursos pré fabricados. Muitas vezes nossas orações são simplesmente junções de palavras. Vê que até nisso somos tão falhos?

É claro que isto não é um convite a orar de qualquer maneira. Devemos buscar sempre responsabilidade em lidar com Deus em nossas orações, afinal quando oramos conversamos com Deus!

Evidencio nossas falhas para que tenhamos uma visão de que a oração não é um fardo. A oração não é um peso sobre os nossos ombros. A oração é um meio de cada vez mais encontrarmos o Amor. Um Deus amigo que tem bons pensamentos à respeito de cada filho Seu.

Por muitas orações que fazemos, sem saber o que realmente estamos orando, agradeço à Deus por não nos tratar ao “pé da letra”. Agradeço a Deus por rejeitar muitas orações que fazemos. Agradeço a Ele por fazer isso por amor a nós. Agradeço  ao Pai, por ignorar o meu discurso e simplesmente me abraçar. Por Ele me tratar consciente de que sou falho e que muitas vezes não sei o que oro.

quarta-feira, 22 de maio de 2013

ABRAÇOS GRÁTIS

A escolinha do meu filho não comemora dia das mães e nem dia dos pais. Devido a muitas crianças que estudam lá serem adotadas, ou criadas por avós, ou por terem perdido suas mães/pais, ou por alguma outra particularidade na qual estas datas sejam “complicadas” para se festejar, eles optaram em substituir estas datas pelo “Dia da Família”. Achei extremamente interessante esta atitude da escolinha, pois acolheu todas as crianças em condição de igualdade. Talvez, muitas igrejas deveriam começar a ter mais pensamentos iguais como este, no sentido de pensar na comunidade como um todo na hora de se promover campanhas, encontros, e principalmente na hora de pregar a palavra e discernir sobre oportunidades de se permitir testemunhos.

Abro um parêntese aqui...

Certa feita um pastor recebeu uma ligação de uma irmã desesperada, pois acabara de perder o seu filho. Dizia ela: “ – Meu filho foi viajar e numa curva da estrada ele perdeu o controle. O carro capotou e ele faleceu”. Depois de prover todo suporte para a mulher, o pastor convidou a mesma para ir no domingo à noite na celebração. Ela aceitou e foi. Ao chegar no culto ela se sentou em uma das primeiras cadeiras. Minutos antes de começar a celebração, um dos diáconos avisou o pastor que um irmão da igreja desejava dar um testemunho. O culto então se iniciou e logo chegou a oportunidade do irmão testemunhar. Ao tomar o microfone em mãos, o irmão disse: “ – Igreja, venho aqui testemunhar algo extraordinário que Deus fez em minha vida. Meu filho, estava viajando neste fim de semana. Numa curva da estrada, ele perdeu a direção, o carro capotou por diversas vezes, e nada...absolutamente nada...nada aconteceu com meu filho. Ele saiu andando do carro que ficou todo amassado. Deus ama demais meu filho a ponto de cuidar Dele mesmo na hora da tragédia”. O pastor então não conseguia nem olhar para o rosto da irmã que estava sentada na primeira fila.

Talvez esta história (real) ilustre a introdução do que escrevo aqui.

...fecho parêntese.

Retomando...

No dia 18/05/2013, compareci à escolinha do meu filho para celebrar o dia da família. O tema foi “Abraço”. Tive uma oportunidade única de assistir uma apresentação do psicólogo (e professor da escola) Rafael Dutra. Como o mesmo auto definiu, a sua apresentação se encaixava muito mais no quesito de “provocação”.

Ao refletir sobre “Abraço”, Rafael nos transportou para 3 pensamentos no qual ele alicerçou suas provocações. Não me lembro exatamente qual a ordem e quais as exatas palavras do mesmo, mas desejo compartilhar a essência desses pensamentos/provocações, então tentarei reconstruir os mesmos:

Pensamento 1 – Disponibilidade: o abraço só é possível se pessoas se disponibilizam ao contato. Provocação: será que estamos disponíveis para abraçar o nosso próximo?

Pensamento 2 – Conexão: ao abraçarmos uns aos outros, permitimos que a nossa alma se conecte com a do outro, unificando a sensação de ser 1. Provocação: será que estamos conectados com o ambiente ao nosso redor a ponto de perceber a necessidade de alguém por um abraço e atender a mesma doando-se em braços abertos?

Pensamento 3 – Segurança: o abraço traz segurança para quem é abraçado. Provocação: será que estamos transmitindo segurança aos nossos próximos?

Enfim, dentre esses pensamentos, Rafael citou uma frase de Martha Medeiros:

“O melhor lugar do mundo para se estar é no centro de um abraço”.

Ao pesquisar sobre esta frase, encontrei o texto de onde a mesma foi tirada (livro “Feliz Por Nada” de Martha Medeiros). É lindo...e não tenho como evitar de não coloca-lo aqui:

***
Dentro de um abraço – Marta Medeiros

Onde é que você gostaria de estar agora, nesse exato momento?
Fico pensando nos lugares paradisíacos onde já estive, e que não me custaria nada reprisar: num determinado restaurante de uma ilha grega, em diversas praias do Brasil e do mundo, na casa de bons amigos, em algum vilarejo europeu, numa estrada bela e vazia, no meio de um show espetacular, numa sala de cinema assistindo à estreia de um filme muito esperado e, principalmente, no meu quarto e na minha cama, que nenhum hotel cinco estrelas consegue superar – a intimidade da gente é irreproduzível.
Posso também listar os lugares onde não gostaria de estar: num leito de hospital, numa fila de banco, numa reunião de condomínio, presa num elevador, em meio a um trânsito congestionado, numa cadeira de dentista.
E então? Somando os prós e os contras, as boas e más opções, onde, afinal, é o melhor lugar do mundo?
Meu palpite: dentro de um abraço.
Que lugar melhor para uma criança, para um idoso, para uma mulher apaixonada, para um adolescente com medo, para um doente, para alguém solitário? Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.
Que lugar melhor para um recém-nascido, para um recém-chegado, para um recém-demitido, para um recém-contratado? Dentro de um abraço nenhuma situação é incer-ta, o futuro não amedronta, estacionamos confortavelmente em meio ao paraíso.
O rosto contra o peito de quem te abraça, as batidas do coração dele e as suas, o silêncio que sempre se faz durante esse envolvimento físico: nada há para se reivindicar ou agradecer, dentro de um abraço voz nenhuma se faz necessária, está tudo dito.
Que lugar no mundo é melhor para se estar? Na frente de uma lareira com um livro estupendo, em meio a um estádio lotado vendo seu time golear, num almoço em família onde todos estão se divertindo, num final de tarde à beiramar, deitado num parque olhando para o céu, na cama com a pessoa que você mais ama?
Difícil bater essa última alternativa, mas onde começa o amor, senão dentro do primeiro abraço? Alguns o consideram como algo sufocante, querem logo se desvencilhar dele. Até entendo que há momentos em que é preciso estar fora de alcance, livre de qualquer tentáculo. Esse desejo de se manter solto é legítimo, mas hoje me permita não endossar manifestações de alforria. Entrando na semana dos namorados, recomendo fazer reserva num local aconchegante e naturalmente aquecido: dentro de um abraço que te baste.
***

Por fim, o Rafael trouxe ao conhecimento de todos presente no auditório o movimento “Free Hugs”. Resumindo, a Free Hugs Campaign (Campanha dos Abraços Grátis), é um movimento social que envolve pessoas oferencendo abraços para estranhos em locais públicos. A campanha começou em 2004 por um homem australiano conhecido pelo pseudônimo “Juan Mann” em Sydney, Austrália. O movimento se tornou internacionalmente famoso em 2006 por causa do videoclip no YouTube da banda australiana Sick Puppies. O vídeo atualmente é um dos mais vistos no site, tendo sido assistido mais de 50 milhões de vezes. Os abraços são um exemplo de um ato de bondade e humanitário executado por alguém cujo objetivo é apenas fazer as pessoas se sentirem melhores.

Assista este vídeo...



Bom, é claro que não consegui trazer aqui a exata (excelente) apresentação do Rafael Dutra, mas creio que consegui escancarar a essência da reflexão.

Concluo, como cristão, que talvez devêssemos avaliar a troca de movimentos do tipo “marcha para Jesus” por movimentos como o de Abraços Grátis. Creio que o melhor lugar do mundo para se estar é no meio de um abraço sim... um abraço de Cristo Jesus, que usa os braços abertos dos nossos próximos (e os nossos também) para abraçar. Talvez seja por isso que a cruz do calvário tenha colocado Jesus de braços abertos, apontando para os horizontes, como se estivesse abraçando a humanidade. Jesus abriu Seus braços, disponibilizando-se para acolher a todos. Ele é a Segurança, Ele nos Conecta ao Pai. Será que não falta entendermos isso para darmos “abraços grátis” por ai. Se Cristo Se doou de braços abertos na Cruz para abraçar a humanidade por Graça, por que nós, cristãos, estamos mais preocupados em bênçãos, milagres, poder, do que em dar abraços!? Já parou para pensar que Jesus abraçou todos nós, rebelados e “inimigos” de Deus pela condição do pecado? Nós não conseguimos, muitas vezes, nem abraçar (ou prover qualquer demonstração de afeto, carinho ou amor) para aqueles que nos amam.

Cazuza certa vez disse: “Gosto dessa definição: Abraço é o encontro de dois corações”.

Precisamos nos abraçar mais. Ser transportadores do “abraço de Cristo” através do nosso ato de abraçar. Uma palavra de amor, se faz abraço. Um olhar de ternura, se faz abraço. Um cobertor para o morador de rua em uma noite fria, se faz abraço. Como uma vez ouvi em uma reportagem: “Pesquisa diz que um telefonema provoca no ser humano a sensação e a química equivalente a de um abraço”.

De graça recebemos...que por graça a gente possa conceder...abraços e mais abraços.