segunda-feira, 29 de julho de 2013

CUIDADO COM O VÃO ENTRE O TREM E A PLATAFORMA

O caos das metrópoles nos consome. Locomover-se na cidade, de um bairro para outro é praticamente uma jornada. Já faz quase 2 anos que decidi abrir mão do carro e usar trem e metrô. Ainda assim encarar a grande “minhoca de metal” que se arrasta sobre os trilhos subterrâneos da cidade não é uma tarefa nada fácil. Além do transporte não comportar o fluxo excessivo nos horários de pico, “vira e mexe” algum cabo de energia é roubado, alguém se suicida ou uma simples chuva faz todo o sistema metro-ferroviário  ser paralisado. Como se não bastasse esses problemas ainda existe a falta de educação e a ignorância do povo que depende deste meio de transporte.
 
 
A linha amarela na plataforma delimita a zona de segurança. Os auto falantes avisam: “Ao embarcar ou desembarcar, cuidado com o vão entre o trem e a plataforma”. Mas este aviso na hora do rush de nada vale. O empurra-empurra é generalizado. Não importa se há idosos, crianças, ou até mesmo gestantes ou deficientes físicos. Se estiver na frente, vai ser empurrado, pois o povo quer chegar em casa. Raras são as pessoas que se importam e são educadas. Somos egoístas! Sim, e esta é apenas uma ilustração de como pensamos somente no nosso "eu".
 
 
Às vezes fico imaginando se Deus enviasse um trem para buscar a Sua Nova Jerusalém. Ele avisaria: “Gestantes, crianças, idosos e deficientes...têm prioridade”. E logo em seguida diria “Ao embarcar cuidado com o vão entre o trem e a plataforma”. E quando Jesus o maquinista olhasse pelo espelho, lá do primeiro vagão, o empurra-empurra, gente caindo no vão entre o trem e a plataforma, gestantes sendo pisoteadas e idosos sendo esmagados, talvez Ele simplesmente decidisse não levar mais ninguém, saísse do trem, e deixaria o local lentamente e ninguém iria perceber, pois todos estariam esmagando uns aos outros, pensando em si mesmos, desejando entrar no trem, ainda que se preciso fosse, o bebe fosse jogado no vão entre o trem e a plataforma.
 
 
O Reino de Deus não chegou ainda nas estações de metrô das cidades mais evoluídas (como São Paulo). Imagine no sertão do nordeste (que nem transporte digno tem)! Há muito a ser feito. Apenas faça sua parte...seja no metro, no onibus, na calçada como pedestre, na frente do volante ou do guidão de uma moto...enfim...comece fazendo sua parte...ceda o lugar...dê o lugar do seu "eu".

CRENTE OSTENTAÇÃO

Em tempos como o nosso, tempos de teologia da prosperidade, tempos aonde vemos pregadores manipulando os sagrados textos bíblicos para justificar aos fiéis que Deus deu ao homem uma folha de cheque em branco assinada com o Seu Santo Nome, me lembro do que disse Santo Agostinho: “Ter fé é assinar uma folha em branco e deixar que Deus nela escreva o que quiser”.
 
 
Já parou para pensar no quanto o homem está caminhando no sentido contrário à Deus? O homem deseja uma folha de cheque em branco, com o Santo e Divino Nome do Senhor assinado, como se Deus lhe dissesse...”Tome, aproveite como quiser!”, entretanto, em contra partida, o homem não é capaz de dar nas mãos de Deus uma página em branco do livro de sua vida, com uma assinatura atestando tudo o que Deus decidir escrever.
 
 
Neste fim de semana me deparei na TV com uma reportagem relatando movimento chamado “Funk Ostentação”. Letras de músicas que esbanjam riquezas. Músicas (se é que dá para chamar aquilo de música) cantadas por homens que sobrevivem através do exibicionismos de seus carrões, correntes de ouros, iates e tantas outras regalias materiais. Creio que a igreja (instituição) é movida subliminarmente por algo parecido. Um movimento inconsciente que poderia levar o nome de “Crente Ostentação”. Pastores (e músicos do meio gospel) que assim como diversos “MCs cantores de funk” desejam o tapete vermelho, as luzes do estrelato, seguranças, e tantas outras regalias. E triste é constatar que eles fazem isso no nome de Jesus. O santo nome assinado na folha em branco do cheque gerado por textos sagrados manipulados. Como se não bastasse sustentar suas regalias no nome do Senhor, usam o dinheiro dos fiéis (massa de manobra) para alavancar as suas “ostentações”.
 
 
A igreja se confunde com o mundo. O mundo se confunde com a igreja. Queremos mais e mais folhas de cheques em branco com a assinatura do nome de Deus, e esquecemos que o verdadeiro cristianismo consistem em assinar uma folha em branco e entrega-la nas mãos do Pai para que Ele escreva o que quiser.

 
A pergunta é ...será que somos “crentes da ostentação” ou somos crentes conscientes de que somos merecedores do inferno?

domingo, 14 de julho de 2013

GAME OVER


Já parou para pensar o porque de tantas pessoas sentirem medo com relação ao livro de Apocalipse (ou Revelações)? Afinal de contas, a essência do livro de Apocalipse é nos trazer uma mensagem de medo? Aliás, a escatologia (o estudo do fim dos tempos) é um estudo para impor medo?
 
Creio que a essência do que há no livro de Apocalipse (assim como a essência do que se tem como fruto de estudos escatológicos) é muito mais a esperança do que o medo. Eu acredito que a sensação de “medo” que temos ao lidar com o assunto “Apocalipse” se faz presente, pois o homem, de certa forma, sabe que o pecado está enraizado em seu ser. E creio que isso não é uma exclusividade de quem está fora da igreja.
 
Existem crentes que se tivessem como saber a exata hora da volta de Jesus optariam por se arrepender um minuto antes do soar da trombeta. Isso me faz lembrar o episódio do Chaves, onde o Seu Madruga, não querendo pagar o aluguel ao Sr. Barriga, pede ao Chaves para que grite “Já chegou o disco voador” caso o Dono da Vila aparecesse no pátio. Ao ouvir este grito, o Sr Madruga se trancaria no banheiro para não pagar o aluguel. Pois é exatamente assim em muitas comunidades cristãs. Muito crente, se pudesse, pediria para alguém gritar “Já chegou o disco voador” quando Jesus aparecesse em sua volta, para que, recebendo este aviso, pudesse parar de pecar e se arrepender.
 
Acontece que ninguém sabe quando Jesus voltará. Porém, todos sabem que a Sua volta implica em separação. Uns viverão a eternidade no inferno e outros viverão a eternidade juntamente com o Cristo na Nova Jerusalém. Daí nasce o sentimento de “medo” com relação ao Apocalipse. Poxa, por que não o sentimento de esperança?
 
Estamos tão imersos no pecado, que a consumação do Apocalipse soa aos nossos ouvidos como “Game Over”. Entretanto os Cristãos verdadeiros, que realmente conhecem o Cristo e o significado de Seu sacrifício e ressurreição, sabem que o “Game Over” vem com um “Continue”, que ao invés de um “ponto final”, Deus acrescentará aos Seus filhos mais “dois pontinhos”, convertendo o “ponto final” em “reticências”, sinalizando que a história dos Seus Filhos serão para a eternidade.
 
Se por um lado existem pessoas que não querem aceitar o Cristo “nem que a vaca tussa”, por outro lado existem cristãos conscientes de que “bombeiros em serviço não dormem de pijama”. Se por um lado existem pessoas acomodadas em seus “egos”, achando que o apocalipse é um mero “Game Over” que traz medo, por outro existem pessoas unidas, que se fazem de Noiva, vigiando e aguardando esperançosamente o retorno do Noivo.
 
Para aqueles que acham que o Apocalipse é um mero “Game Over”, a má notícia é que eles também receberão um “Continue” que os levarão a viver a eternidade no inferno. Para aqueles que aguardam a volta do Noivo, a esperança em seus corações queima ardentemente, pois muito mais do que se livrar do inferno (que no meu ponto de vista é simplesmente uma consequência), os mesmos desejam viver contemplando em adoração a face do Noivo. Já parou para pensar nisso: se você deseja ser salvo simplesmente para se livrar do inferno ou se deseja ser salvo para ter a oportunidade de adorar à Deus face a face?
 
De fato todos seremos julgados, mas de também é fato que o sangue de Jesus nos justifica, pois fomos comprados por Ele na Cruz.
 
“Apocalipse”...esta palavra te assusta ou lhe traz esperança?

REVISITANDO AS VERDADES

A Palavra de Deus é a Verdade. Deus é o Verbo. Deus é a Verdade. O Verbo se fez carne. Deus se fez carne. A Verdade se fez carne. Jesus é a verdade. O cristianismo é fundamentado no sacrifício e na ressurreição de Jesus. Esta é a verdade fundamental. Entretanto ao homem, não existe uma verdade absoluta. A Palavra de Deus carece ser interpretada. Jesus Cristo é a interpretação explícita. Ele é a hermenêutica (chave de interpretação) central. Mas Jesus sempre esteve certado de mistérios. Assim como as escrituras sagradas são repletas de mistérios. Os “Mistérios” podem alavancar dois tipos de atitudes: um contentamento em achar que o misterioso existe pela limitação humana, e neste sentido a consequência é se acomodar com o conhecimento adquirido, ou um sentimento de que aquilo que não podemos compreender seja o combustível em busca de seguir conhecendo à Deus, e para este sentimento a consequência é uma possível revelação de Deus sobre si mesmo.

Enfim, o fato é que, nós cristãos, vivemos com base em algumas verdades fundamentais (essenciais) mas nunca com uma verdade absoluta. E, como não temos em mãos uma verdade absoluta, o desafio maior é ter que lidar com o “eu não sei”. Sempre suspeito de gente que tem respostas prontas para tudo. Pessoas que nunca dizem “eu não sei” são dignas de se desconfiar. Ainda que a mesma lhe dê uma resposta na qual ela esteja convicta em si de que esta dizendo uma verdade inabalável, fico com o pensamento de Friedrich Nietzche de que “as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”.  Se isso não bastar para você, então fundamento o meu argumento com o pensamento de Aristóteles, de que “o menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito à medida em que a mesma avança”. Em outras palavras, pessoas convictas de que possuem verdades absolutas são perigosíssimas, pois acreditam em uma verdade interpretada por um ponto de vista da queda (pecaminosa) e como se não bastasse isso, incluem nessas interpretações pequenos erros que vão crescendo e crescendo, tirando a essência do entendimento da verdade.

Em toda história da humanidade, a única pessoa que se encaixa no perfil de possuir a verdade absoluta é Jesus Cristo, pois Ele era a Verdade em pele humana. Fora disso, pensamos que somos “donos da verdade” (ou se preferir “donos de Jesus Cristo”) sendo que não passamos de carcaças de argilas que pensam que sabem discernir tudo.

De fato a verdade anda de mãos dadas com a liberdade. A verdade liberta. Por isso Léon Tolstói disse “não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.”

Até que Jesus volte, nenhum ser humano possui liberdade absoluta. Pois a liberdade absoluta é fruto da verdade absoluta, e só Cristo, o Ungido do Senhor, é quem detém a mesma.  Enquanto a volta de Jesus não se consuma, nós somos desafiados a revisitar nossas verdades. Precisamos desarmar o nosso “eu arrogante” e assumir que as vezes é necessário reconhecer que “algumas verdades” são, na verdade, meras convicções pessoais, ou, de fato, meras mentiras. Precisamos perder o medo de dizer frases como “eu não sei”, “agora penso diferente”, “eu estava errado”. O problema é que muitas vezes estas frases estão armazenadas em uma caixa dentro de nossas mentes, e em volta da mesma, está uma cerca com o arame farpado das nossas convicções. O arame cria uma “zona de conforto” para o nosso “eu arrogante”. Revisitar nossas verdades é pegar um alicate e cortar este arame. É eliminar a zona de conforto.

Revisitar verdades implica, necessariamente, em revisitar as nossas convicções. Viver com uma verdade absoluta, fruto de convicções próprias, é viver com um fardo nas costas. Viver com a Verdade de Jesus, consciente de que a mesma não é engessada, é viver carregando a própria cruz.

Pablo Neruda certa vez disse que “a verdade é que não há verdade”. Concordo com Ele, principalmente no sentido de que, aquilo que é verdade para uns, não é necessariamente uma verdade para o outro. Isso já é o suficiente para alavancarmos revisitações em nossas verdades.

A verdade é que toda verdade precisa ser revisitada, seja para resignifica-la ou seja para fundamenta-la como modo de vida.

Que Deus nos abençoe em Sabedoria.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

FIÉIS, APRECIADORES DA PALAVRA OU DISCÍPULOS DE JESUS?

Jesus Cristo se fez libertação. O seu sacrifício nos liberta da morte. Liberta-nos das algemas do pecado. Liberta-nos do nosso orgulho, do nosso ego. Quebra as correntes da lógica da queda, onde achamos que podemos ser deuses do nosso próprio “eu”. Todo cristão comprometido com a Palavra de Cristo sabe que este é o alicerce da caminhada para a vida eterna. O Reino anunciado por Cristo era fundamento nos valores de negar o próprio “eu” e viver em submissão ao Pai e em comunidade com o próximo. E quando Jesus disse “próximo” estava incluindo no pacote todas as pessoas, desde os que amamos, até aqueles que dificilmente encontraríamos “motivos” para amar, principalmente nossos inimigos.
 
De certa forma, considero o fator “amar o nosso inimigo” como o “Calcanhar de Aquíles” da fé do cristão. Primeiro pelo fato de que o parâmetro de “amor” descrito por Jesus pertence a uma dimensão muito mais profunda daquela que estamos acostumados a ver no mundo. Sim, por que é o amor que parte dos 2 principais mandamentos: Amar à Deus sobre todas as coisas e Amar ao próximo como Jesus nos amou. E olha que interessante, se não conseguirmos viver o primeiro mandamento, jamais conseguiremos viver o segundo. Pois só aprende a amar de verdade, aquele que ama a Deus sobre todas as coisas. A consequência disto é que para poder amar à Deus sobre todas as coisas, o seu “eu” deverá ser colocado no devido lugar, ou seja, na cruz do calvário. E se formos mais afundo, a base do amor proposto por Cristo é o perdão. Então para amar o nosso inimigo tem que haver perdão. É ai que entendemos o por que Jesus disse para orarmos pelos nossos inimigos. É ai que entendemos por que Jesus nos ensinou a orar clamando ao Pai para que nos perdoe na mesma medida em que perdoamos àqueles que nós odiamos. É ai que entendemos por que Jesus nos ensinou a jamais nos apresentarmos à Deus em oração sem levar conosco (em coração) o nosso inimigo. ora, não foi isso que Jesus nos ensinou na oração do Pai Nosso?. E de fato, acho que “amar o nosso inimigo” é um dos maiores desafios do cristão, pois o maior inimigo de todo homem é o próprio “eu”, e que desafio temos em frente quando temos que amar de “forma saudável” o nosso próprio “eu”!?
 
Sinceramente, não creio que isso seja uma mera “receita de bolo”. Muito menos que isso seja um processo fácil de se passar. Reconheço que é um caminho árduo para todo ser humano, pois sabemos que somos fruto da queda, do pecado. O caminho é longo. Mas, como disse C S Lewis, não existe outro caminho que nos leve para Casa. Não é um caminho “mamão com açúcar”, mas é um caminho necessário.
 
Como disse, creio que o fator “amar o nosso inimigo” possa ser uma atitude que divida as águas dentro nosso caráter de cristão. Pois é um bom ponto de partida para vermos se somos simplesmente apreciadores da mensagem de Jesus Cristo, ou se realmente somos discípulos do Mestre. E preste atenção no que eu vou dizer: A mensagem de Jesus encanta, é linda, enche os olhos, os ouvidos e a mente, mas só enche o coração se ela for vivida na prática. Este é o desafio do cristianismo. Confesso que meu coração se enche de temor e tremor quando me pego em situações onde me vejo como um simples “apreciador da palavra de Deus”, quando sinto que falta o “agir”, a prática. Nestas horas é necessário correr de volta para a cruz.
 
Billy Graham extraordinariamente disse: “A salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo o que temos”. Por isso Jesus disse ao Jovem Rico (que conhecia os ensinamentos de Deus): “Entregue tudo o que tem aos pobres e me siga!”. O simples apreciador da palavra de Deus, que não põe em prática os ensinamentos do Mestre, pode ser o discípulo dando o primeiro passo. Mas se o segundo, o terceiro, o quarto passo vier, e a prática não se concretizar, há algo errado. Se o velho homem não morrer, é sinal que o discípulo ainda não nasceu.
 
As igrejas de hoje estão lotada de fiéis. Fiéis não necessariamente são discípulos. Assim como apreciadores da palavra de Deus não são necessariamente discípulos.

Creio que este é, talvez, um dos grandes males que a igreja (instituição) vive atualmente. Estão lotadas de fiéis. Gente disposta a acreditar e até viver uma vida para Deus. Quando não seguem no caminho de permanecerem simplesmente como fiéis, acabam sendo, domingo a domingo, discipuladas com ensinos de um Jesus, “taxado” subliminarmente como ídolo e não o Jesus 100% Homem e 100% Deus. Vejo pessoas colocando as suas “escadas da fé” nos muros do evangelho. Elas sobem...sobem...sobem...e quando chegam no topo e olham para baixo, veem que encostaram a escada no muro do evangelho errado: Evangelho do Mérito, da Culpa, da Prosperidade Distorcida, quando o muro correto é o do Evangelho da Graça e do Amor Misericordioso de Deus.
 
Um discípulo de Jesus tem o atributo de ser um apreciador da palavra de Deus e de seu um fiel. Mas um apreciador da palavra de Deus pode não ser necessariamente um discípulo de Deus. Assim como um fiel não é necessariamente um discípulo de Deus. Um simples apreciador da palavra de Deus provavelmente está distorcendo a visão real do Cristo, enxergando-O como um grande pensador, um grande líder, um bom Mestre, e Jesus, não apenas foi, mas é e sempre será mais que isso, Jesus é Deus. Da mesma forma o fiel, que acredita sem pensar e dá vazão a uma fé com lógica movida por interesse. Este provavelmente limita Jesus a um ídolo.
 
Este é um conflito que vivo intensamente. Será que sou apenas um fiel, um apreciador da palavra, ou sou realmente um discípulo? Será que sou discípulo de Cristo 100% do meu tempo? Sim!? Então por que dou tantas “escorregadas” no meu modo de agir? Talvez você se identifique. O que tem me ajudado é crer que Jesus busca, não discípulos perfeitos, mas sim discípulos que possuam corações íntegros, compromissados com os valores do Seu Reino. Neste sentido, quando surgir a sensação de que está faltando “a mesma atitude do Cristo” no nosso agir, corra para a Cruz, pois é sinal de que o nosso “eu” discípulo está dando lugar para o nosso “eu” caído. Faça isso, pois quanto mais o “eu caído” for crucificado, mais vida ganhará o “eu discípulo”.
 
Pode ser mera "groselha" o pensamento que diluí aqui, mas tenho a sensação de muita gente vive esse conflito!
 
Que o Senhor nos Abençoe!

HUMANIDADE DESUMANA

Em “Quando o sol bater na janela do seu quarto”, Renato Russo afirmou o que parece ser muito óbvio: “A humanidade é desumana”. Entretanto, em contrapartida, Gandhi nos deixou o seguinte pensamento: “Nunca perca a fé na humanidade, pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.”


Se de fato a humanidade é um oceano, como afirmou Gandhi (e particularmente acredito concordo com o mesmo), é “razoável” pensar que o pecado é similar ao petróleo que muitas vezes é derramado por grandes empresas, trazendo morte para todo o ambiente (como o vazamento causado irresponsavelmente pela Chevron em 2011 no Rio de Janeiro). No caso literal dos oceanos, aonde a mancha negra do óleo passa, a vida marinha morre. No caso da humanidade, aonde o pecado passa, deixa-se um rastro de morte.

Ao olharmos para o cenário atual no qual o mundo se encontra, veremos que, de certa forma, a história se repete. Alguém já disse que “o povo que não conhece sua história está condenado a repeti-la”, e muita gente acha que este pensamento é aplicável só para nações como o Brasil. Creio que o pensamento é válido para a humanidade como um todo. Sim, pois a humanidade segue o seu ciclo de descaso com o pobre, com o marginalizado e creio que não estaria “pegando pesado” ao afirmar que somos, no geral, uma humanidade que mais exclui do que inclui. Somos fruto do nosso ego. Somos o produto do nosso egoísmo. Herdamos o pecado de Lúcifer. Éramos seres 100% imagem e semelhança de Deus, o Criador, mas tivemos a capacidade de distorcer a imagem e semelhança que Deus nos proporcionou e nos tornamos (em Genesis 3)  imagem e semelhança de Lúcifer, um ser que acreditava que poderia ser independente de Deus.

O que parece ser óbvio na letra de Renato Russo segue se repetindo. Cada vez mais o homem se faz uma humanidade desumana. Cada vez mais o homem insiste em ser “gente” da maneira errada. O homem se vê como uma “máquina”, mas acha que o seu combustível é o próprio ego. Esquece que foi projetado para funcionar com um outro “combustível”: Deus.

Enquanto o combustível for o errado, a máquina “homem” jamais funcionará como projetada inicialmente. Enquanto o homem insistir em “funcionar” com o seu próprio ego, a mancha do petróleo se alastrará pelo oceano da humanidade. Então continuaremos vendo as “news” carregadas de morte, roubo, prostituição, suicídios e tantas outras atitudes desumanas que seguirão trazendo fome, medo, injustiças e tantas outras desgraças.

A esperança do pensamento de Gandhi se concretiza em “boa nova” na vida de Jesus Cristo. Uma boa nova que abraça não só o pensamento de Renato Russo, mas toda a humanidade. Uma notícia que ecoa antes da fundação deste mundo e chega até nós, nos dias de hoje, para nos dizer:

O Eterno pulou para dentro do Tempo. O Infinito limitou-se. O Inacessível vestiu pele humana. O Criador se esvaziou e veio até nós para nos mostrar como a humanidade pode ser humana. O Criador se fez imerso em nosso meio para nos mostrar qual o verdadeiro “Combustível” de um ser humano.

Todo homem fora de Jesus é humanidade desumana. Pessoas funcionando com uma “bateria limitada”, um “combustível limitado”. Oceano contaminado pelo petróleo, pelo pecado. Todo homem em Jesus é gente como “gente deve ser” (palavras inspiradas pelo queridíssimo Pastor Ari). Todo homem em Jesus é humanidade humana. É o oceano de águas límpidas, com vida em abundância.

O homem foi feito para ser um humano, conectado em Deus e não um deus de si. Jamais fomos eternos em nós mesmos. Jamais seremos. Quem garante a eternidade do homem é Deus, pois Deus é fonte de Vida! Assim será na volta de Jesus.

Que Deus nos auxilie a viver cada vez mais consciêntes disto.


quinta-feira, 4 de julho de 2013

PAGANDO O PREÇO, CUSTE O QUE CUSTAR

Me lembro de uma ocasião onde um familiar estava, imaturamente, fazendo escolhas “erradas” e trilhando um caminho muito ruim. A família assistia a situação de “mãos atadas”, já sem nenhum meio de ajudar a pessoa. Todos os possíveis conselhos já haviam sido dados. E então ouvi um tio meu me dizer um pensamento: “ – Existem situações onde a pessoa precisa quebrar a cara para aprender, pois a pessoa está tão aficionada pelo que ela crer ser o melhor, que ela já não avalia a situação como um todo. Então nenhum conselho será ouvido”. De fato, o meu familiar, não ouviu nenhum conselho e se afundou em uma situação muito dolorosa.
 
Agora, será que esta é uma exclusividade deste meu querido ente? Creio que não. Creio que esse é um mau da natureza humana. Todos nós estamos sujeitos a passar por isso.
 
É a mãe falando para a filha: “ – Não se envolve com esse rapaz, ele é traficante”
É o pai falando para o filho: “ – Para de beber e pegar carro para dirigir”
É o marido falando para a esposa: “ – Não compartilhe a nossa intimidade no salão de cabelereiro”
É o amigo falando para o outro: “ – Não experimente maconha, é um caminho sem volta”
 
Cabeças duras! Corações duros! Pessoas que não abrem mão do seu ponto de vista, pois quere algo a qualquer custo. É quando o nosso ego fala tão alto que não conseguimos ouvir os conselhos das pessoas que nos amam. É quando o nosso ego alça voo dentro do nosso “eu” que não conseguimos enxergar a real situação ao nosso redor. Neste momento o nosso orgulho é inflamado e nos tornamos dispostos a “pagar o preço” seja qual ele for.

É por isso que muitos de nós, quando vamos pedir um conselho, já vamos com uma ideia “pré-fabricada” da solução do nosso problema e queremos que as pessoas concordem conosco. Que elas falem para nós, aquilo que queremos ouvir. Como se isso não bastasse, o problema também está presente em nossas orações, pois também fazemos isso com Deus. Oramos pedindo para Deus fazer o que queremos, e não confiamos em Sua vontade. Queremos falar, mas não queremos ouvir o que Deus tem para nos dizer.
 
Geralmente quando estas situações se estendem, o sujeito cai de si. As escamas caem dos olhos, e a pessoa começa a enxergar a real situação. O ouvido passa a ouvir a verdade. E muitas vezes a pessoa ouve estrondosos: “ – Bem que te avisei”, “ – Eu não disse”, “ – Falei que isso ia acontecer”, “ – Você não quis ouvir”. E então, por consequência, acaba entrando em cena a famosa frase “conhecer Deus pela dor”.
 
Mas enfim, indo um pouco mais além, creio que Jesus teve que lidar com muita gente “cabeça dura”, “coração duro”. Sim, nos evangelhos, é possível ver a dificuldade das pessoas aceitarem Jesus relativizando a lei e atestando a Sua Messianidade. Cristo se deparou com diversas pessoas onde o ego das mesmas falavam tão alto, que a Verdade proclamada por Jesus, Deus encarnado, não conseguia penetrar no coração desses seres humanos. Foi assim com os fariseus e mestres da lei. É assim ainda hoje com muitos homens.
 
Observe esta pequena história:
 
“Um dia, a Verdade decidiu visitar os homens, sem roupas e sem adornos, tão nua como seu próprio nome.
 E todos que a viam lhe viravam as costas de vergonha ou de medo, e ninguém lhe dava as boas-vindas.
Assim, a Verdade percorria os confins da Terra, criticada, rejeitada e desprezada.
Uma tarde, muito desconsolada e triste, encontrou a Parábola, que passeava alegremente, trajando um belo vestido e muito elegante.
— Verdade, por que você está tão abatida? — perguntou a Parábola.
— Porque devo ser muito feia e antipática, já que os homens me evitam tanto! — respondeu a amargurada Parábola.
 — Que disparate! — Sorriu a Parábola. — Não é por isso que os homens evitam você. Tome. Vista algumas das minhas roupas e veja o que acontece.
Então, a Verdade pôs algumas das lindas vestes da Parábola, e, de repente, por toda parte onde passava era bem-vinda e festejada."
 
Os seres humanos não gostam de encarar a Verdade sem adornos. Eles preferem-na disfarçada.
É como se a verdade fosse um delicioso bolo de chocolate e como se o homem fosse uma criancinha mesquinha, que não quer consumir o bolo por que o mesmo não está com cobertura e nem chocolate granulado. É como se a cobertura e o chocolate granulado fosse a parábola.
 
Creio que esse tenha sido o motivo no qual Jesus tenha optado por falar tanto em parábolas. O homem não consegue digerir a verdade nua e crua. O homem considera as suas próprias verdades mais reais que a Verdade proclamada por Jesus. Somos cabeças duras. Temos corações duros como pedra. A nossa verdade teima em ser absoluta. Quando temos nossas verdades relativizadas, nos sentimos ameaçados. Desestabilizados. Então vem o medo. Afinal o homem não deseja sair da zona de conforto da sua própria verdade. Então, assim como a menina que insiste no relacionamento com o traficante está disposta a pagar o preço, e o filho que não ouve o conselho do pai e pega o carro alcoolizado também está disposto a pagar o preço, nós ignoramos a Verdade de Jesus e aceitamos pagar o preço. Só que esquecemos que o preço, neste sentido, é o inferno.
 
Enquanto muitos de nós desejam pagar o preço, custe o que custar, para satisfazer o nosso ego, mesmo que este preço seja matar o Filho do Deus Vivo. Jesus vem na contra mão, doando a Sua própria vida, pagando todo o preço, nos comprando com Seu próprio sangue (sangue santo, imaculado, sem pecados) para nos reconciliar com Deus. Enquanto pagamos o preço, custe o que custar, para satisfazer nosso ego, Jesus paga o preço mais alto, com Sua própria vida, para nos levar de volta para casa.
 
É preciso nos esvaziarmos de nossas verdades. Confiarmos em Deus. Jamais teremos uma verdade absoluta em mãos. De fato, Isaac Newton estava certo em dizer que, aquilo que nós sabemos é uma gota e aquilo que nós ignoramos é um oceano. Mas é preciso viver com responsabilidade sobre à luz da porção de Verdade que Deus nos tem revelado. Viver conscientes a nossa segurança não está simplesmente no fato de conhecermos à Deus, mas no fato de que Ele nos conhece.
 
Deixemos de ser cabeças duras. Deixemos de endurecer nossos corações. Façamos isso para que a verdade de Deus se manifeste em nós. Para que o Reino de Deus se mova em nós. Para que a vocação do ser humano, que é ser tabernáculo vivo do Senhor, se cumpra em plenitude.
 
Que Deus abençoe a todos nós.

TUDO POSSO EM MIM QUE ME FORTALEÇO

Tudo posso naquele que me fortalece. Filipenses 4:13
Paulo disse isto em Filipenses no sentido de que poderia passar por qualquer situação sabendo que Jesus sempre estaria ao seu lado lhe fortalecendo. Em outras palavras, ele poderia dormir debaixo de uma ponte, ou em um hotel 5 estrelas, sem que sua fé e os valores do reino de Deus se corrompesse em seu coração, pois o próprio Deus lhe fortalecia. Passando fome ou tendo alimento em abundância, doente ou com a impecável saúde de um “tri-atleta”, pobre ou rico, seja qual fosse a situação, Paulo tinha a certeza de que Jesus estaria ao seu lado para que jamais os valores do Reino fossem roubados pelo seu próprio "eu".
Esta é a consciência que todo Cristão deveria ter. Poder passar por tempos de bênçãos ou de tribulações sem que os valores de Jesus sejam relativizados pelas circunstâncias.
Infelizmente, em tempos como os nossos, onde as pessoas tratam a benção e o milagre como o alvo maior, é possível perceber que muita gente “nada podem” no Deus que supostamente lhe dão forças. Pessoas que ao não receberem bênçãos ou milagres, logo trazem à tona um caráter isento dos valores de Cristo.
Será que o cristão dos dias atuais conseguem se manter firmes nos valores dos reino de Deus ao não receberem a tão sonhada benção?
Como se não bastasse o “Tudo posso naquele que me fortalece” ser tratado como um mero clichê adesivado na traseira do Fiat Uno, existem diversos cristãos que vivem uma vida na base do “tudo posso em mim que me fortaleço”. Se acham os ungidos de Deus e esquecem que Ungido é só um: Jesus, o Cristo. Aliás Cristo, não é um nome, mas a qualidade única que só Jesus pode levar, afinal Cristo significa Ungido.
 
Cristão vive consciente de que ele, em si....
...não pode...mas Deus pode
...não é...mas Deus é
...não consegue...mas Deus consegue
Deixemos de lado o “tudo posso em mim que me fortaleço”, pois o nosso ego só nos fortalece de maldade, afinal de contas o nosso ego relativiza Deus e centraliza o nosso próprio "eu". Cristo sim, nos fortalece em amor. Façamos como Paulo, aprendamos a viver na bênção ou na tribulação sem se corromper. Pois vivendo assim, ainda que o tempo seja de tribulação, o mesmo será encarado como uma bênção.
Alguém ja disse que aquele que se desvia da tribulação, automaticamente, se desvia também da benção. Neste sentido precisamos viver consciêntes de que apenas Deus nos fortalece para viver.
"Tudo posso Naquele que me fortalece", não é um convite à libertinagem ou a irresponsabilidade. Não é um "aval" para viver usufluindo do poder de Deus para si próprio, sem propósito. Longe disso. Significa muito mais que isso. É um comprometimento de viver uma vida consciente de Deus está ao nosso lado o tempo todo, nos capacitando a viver com os valores de Jesus. Sendo assim, consequentemente, não podemos viver de qualquer maneira. Devemos viver uma vida íntegra. Uma vida em santidade.
 
Abondonemos o “Tudo posso em mim que me fortaleço” e a visão deturpada que o mundo evangélico criou sobre o "tudo posso Naquele que me fortalece" e ousemos viver o verdadeiro sentido do pensamento de Paulo, o sentido de nos manter-mos íntegros nos valores de Cristo seja qual for a situação, encarando-as consciêntes de que Tudo Podemos Naquele Que nos Fortalece.
 
Que a Graça do Senhor nos sustente na benção e na tribulação.