quarta-feira, 28 de agosto de 2013

CREIO EM DEUS JUSTAMENTE POR CAUSA DO MAL

O Pastor Ariovaldo conta que uma vez um menino lhe falou que não acreditava em Deus, por causa do mal. Ele então lhe respondeu: “Mas eu acredito em Deus justamente por causa do mal! Pois o mal não conhece limites, não respeita a moral, não respeita o limite étnico, não respeita a lei, não respeita a vontade humana. Então, por que o mal ainda não tomou conta de tudo? Justamente porque existe um poder que impede o avanço dele. A Bíblia diz que esse poder é uma pessoa, Jesus, e é Nele que eu creio”.
 
O mal não é o oposto do bem. O mal é a ausência do bem! O mal é fruto do ego humano que opta por se ausentar de Deus, único ser que porta o bem em toda plenitude. Deus é o bem supremo, e não há bondade que exista que não venha Dele.
 
Isso começou em Genesis, Capítulo 3. O ser humano optou por viver sem Deus. Declarou-se deus de si mesmo. Colocou o seu ego no lugar que é de Deus. A partir daí o pecado contaminou a alma do ser humano e o mesmo se tornou tendencioso a praticar o mau, pois rompeu com a fonte do bem: Deus.
 
Aquilo que conhecemos como Graça, ou se preferir, favor imerecido concedido por Deus, consiste justamente no fato de Deus assumir o dano causado por nós. Isso por que a nossa atitude de rompermos com o Criador nos fez merecedores da morte, pois Vida quem tem é somente Deus e tudo o que está fora Dele não vive. Ele escolheu nos “bancar”. Escolheu nos manter. Assumiu o dano. Fez isso justamente por que Ele é amor.
 
Então a pergunta que talvez venha na sua cabeça seja: ora, então como explicar os atos de bondade que fazemos?
 
Toda a bondade que nos resta faz parte da misericórdia e da graça de Deus. É um empréstimo de Deus para que suportemo-nos uns aos outros neste mundo em que vivemos, para que o Seu plano de redenção nos alcance. Deus escolheu nos “bancar” para que houvesse reconciliação. As escrituras sagradas dizem que os seres humanos não buscam o bem, que não há nem um justo sequer, não um só que faça o bem. Nos diz também que o pecado está imerso em nós e que o resultado disso são caminhos que levam a abismos, ou se preferir, à morte, pois a iniquidade nos separa de Deus. Sem este empréstimo da bondade de Deus a humanidade estaria extinta. Pois a Palavra ainda nos diz que não há ninguém no universo que mude de ideia para o bem, que não seja por meio do Espírito Santo. O ser humano para se tornar nova criatura precisa renascer no espírito.
 
Fomos criados com arbitrariedade. Fomos criados para liberdade e não libertinagem. Não é possível conviver com o arbítrio sem conviver com a possibilidade da contradição, rebelião, desconfiança, pois na medida em que um ser é criado com vontade própria, podendo exerce-la, o Criador se determina a ceder. Fomos criados imagem e semelhança do Criador, que é Amor. Mas usamos muito erradamente o livre arbítrio. Transformamos a liberdade em libertinagem. Com isso nos tornamos imagem e semelhança do demônio. Fomos contaminados pelo pecado. O pecado fez o bem se ausentar. E o mau trouxe o sofrimento.
 
Deus foi o primeiro a assumir a responsabilidade de lidar com o mau. Ele sofreu primeiro. Foi o primeiro a ter a dimensão do quanto o mau causa sofrimento. Pois a cruz já estava fundamentada muito antes da criação deste mundo. Ele foi o primeiro a sofrer simplesmente por que Ele é Amor. Deus é amor por que ama e não necessariamente é amado. O amor aceita o outro, do jeito do outro, sem impor nada. O amor ama sem ressalvas. É um ato independente da resposta que ele recebe...Ele simplesmente ama!
 
O que caracteriza o amor de Deus é justamente o fato de que Ele enviou o Seu Filho como um meio de reconciliação. O que manifesta o amor de Deus é a disposição para o sacrifício. O amor não sofre nenhum prejuízo quando encontra o desamor. Assume o dano. Deus sacrificou-se através do Seu Filho. Pois Deus é trindade e o ato do Filho é um ato da Trindade. A disposição, o sofrimento, a entrega foi em dimensão da Trindade.
 
Deus é amor por que Deus aceitou o sacrifício. Ele aceitou o sacrifício por que ama. O amor se caracteriza por aceitar o sofrimento. Se o amor tem que ser correspondido: não é mais amor. Então o amor se doa, sem interesses. Deus é Aquele que sofre junto com a família, com a comunidade, com o ser humano, e faz isso por que ama. Por isso Deus nos concedeu perdão através de Jesus Cristo. Por que o amor move o perdão. O amor perdoa.
 
O sofrimento terá fim, pois Deus se sacrificou para combater o mau e triunfou sobre o sacrifício. O mau será aniquilado. Pois a Palavra nos diz que o inferno existe, e que o mesmo foi criado para a Glória de Deus. Por isso devemos confiar na vontade de Deus e retornar de Genesis 3, rompendo com a rebelião. É como a frase atribuída a C.S. Lewis, no filme Terra das Sombras: “Não oro para que Deus faça a minha vontade, mas para que me adeque à vontade Dele.”. Pois Deus tem pensamentos de reconciliação e misericórdia a nosso respeito.
 
G K Chesterton certa vez afirmou que o maior problema da humanidade não é explicar o mal, e sim explicar o bem. Fico com a explicação do Pastor Ariovaldo Ramos: é óbvio que Deus existe, senão como é que se explica o bem?
 
Conscientes de que o Sofrimento é o intervalo possível e inevitável entre a aniquilação merecida e a redenção graciosa devemos seguir em frente, tendo a cruz como alvo. Neste caminho descobriremos que muito mais do que Deus ter um propósito para a vida da gente, nossa vida ganha propósito graças ao Jesus que Vive em nós.
 
Que Deus nos abençoe!
 
****inspirado nas meditações de Ariovaldo Ramos

terça-feira, 27 de agosto de 2013

MISTER, PLEASE, LOVE ME!


Em 1 Samuel, Capítulo 3, temos um relato extraordinário. Samuel está dormindo ao lado da Arca da Aliança e ouve uma voz lhe chamando. Ele pensa que é Eli que o chama, mas ao ir atender ao chamado, o mesmo lhe diz: “Não o chamei; volte e deite-se”. A cena vai se repetindo, até que Eli discerne que quem está chamando Samuel é o Senhor. Então Eli diz a Samuel: “Vá e deite-se; se ele chamá-lo, diga: ‘Fala, Senhor, pois o teu servo está ouvindo’”. Samuel então deitou-se, e ao ouvir novamente o chamado, respondeu: “Fala, Senhor, pois o teu servo está ouvindo” e então o Senhor iniciou um diálogo com Samuel.
 
 
Este relato de 1 Samuel, Capítulo 3, nos mostra que a voz de Deus é como voz humana a nossos ouvidos. A Palavra relata outros diálogos de Deus com seres humanos, onde a sua voz se mostra como a voz humana. Foi assim, por exemplo, com Moisés e Abraão. Deus faz uso de sua voz em forma de voz humana.
 
 
Agora, será que Deus ainda fala conosco?
 
 
Alguém já disse que Deus fala conosco...
 
...poucas vezes através de sonhos
 
...algumas vezes através de pessoas
 
...sempre através de Sua Palavra.
 
 
Concordo plenamente. A Palavra é o foco do cristão. Entretanto, bem aventurado é o cristão que reconhece a voz de Deus nas circunstâncias ao seu redor. Perceba...
 
 
“Mumbai, Índia. Eu havia acabado de pregar. Estava voltando para o hotel. Um pastor local então me instruí: “ - Tome muito cuidado quando pararmos nos cruzamentos, pois a multidão de pedintes é grande e eles lhe reconhecerão como estrangeiro. Se uma esmola for exposta, a multidão vai avançar e um acidente poderá ser provocado”. Estávamos em um rikshó, uma espécie de taxi-lambreta muito comum naquele lugar. Estávamos expostos, pois a “taxi-lambreta” era praticamente sem janelas. Eis então que o farol se fechou. Era uma avenida muito movimentada. A multidão de mendigos logo se aproximou. Braços estendidos em uma disputa corporal pela melhor posição envolta do rikshó. Pessoas fazendo um sinal com a mão, mostrando que queriam dinheiro para poder comer. Eu estava estático, paralisado. Olhos fixos para frente. Tentava seguir a recomendação do pastor local. Foi então que um leproso, em concorrência com outros mendigos, se posicionou ao alcance de meus olhos, e com todo cuidado para que eu pudesse entender, disse: “Mister, please, love me”. Neste instante o farol se abriu. Foi uma questão de segundo e eu consegui dar-lhe uma esmola antes do condutor do rikshó sair acelerando”. Não consegui pregar os olhos naquela noite. Ouvi a voz de Jesus Cristo falando comigo. A partir daquela experiência, minha vida cristã nunca mais foi a mesma. (Esta é uma “tentativa” minha de trazer fielmente a experiência relatada pelo pastor Ricardo Gondim em sua visita missionária na Índia.)
 
 
Enfim...“ - Mister, please love me” ou se preferir, em português...“Senhor, me ame”...será que esta é uma frase que realmente precisa de tradução?
 
 
Deus tem falado em nosso meio. Deus tem usado a boca de um leproso num cruzamento de Mumbai, Índia, para falar. O problema não é que Deus deixou de falar. O problema é que o homem não tem sensibilizado o ouvido para escutar. O Criador busca se comunicar constantemente com a Sua criação . Inclusive Ele usa a própria criação para se comunicar com tudo aquilo que Ele criou.
 
 
É verdade que Deus fala conosco através do olhar do mendigo, do choro da mãe que perde um filho, do sussurro desesperado do pai que tem 5 filhos para sustentar e não consegue um emprego para ganhar nem meio salário mínimo. Mas Deus ainda se explicita, como fez no rosto de Jesus, o Cristo. Deus está presente na humanidade e, sim, Ele fala com voz humana. Deus clama a toda a criação para que volte a funcionar da maneira como Ele projetou. Ele deseja que funcionemos da maneira correta. Que funcionemos com o “combustível” correto: O Amor. Pois o próprio Deus é o Amor. Ele sabe que quando isso acontecer em plenitude, toda a criação estará vivendo com dignidade. Deus fala com Sua criação pois Ele já proveu reconciliação e deseja que tudo o que foi criado possa usufruir da mesma. Esta reconciliação se chama Jesus.
 
 
Sim. Deus ainda fala conosco. Creio nisso! Mas também creio que Deus não fala simplesmente por falar. Quando Deus fala há um propósito, e o mesmo sempre é fundamentado em bons pensamentos para Seus filhos. Quando a voz de Deus chega aos nossos ouvidos e tomamos consciência de que a mesma vem do Criador, ela produz fruto. Precisamos aprender a discernir a voz de Deus ao nosso redor. Precisamos sensibilizar os nossos ouvidos para ouvir Deus dialogando conosco, nos propondo caminho de vida.
 
 
“Mister, Please, Love Me” para uns pode ser um mero pedido de esmola evidenciando o sofrimento humano, digno de indiferença. Para outros pode ser Deus falando conosco, aprofundando a nossa consciência da cruz de Jesus Cristo, tirando o nosso sono, moldando nosso caráter, produzindo em nós um comprometimento para seguirmos anunciando o Seu Reino.
 
 
Deus tem voz humana...pense nisso!

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

JESUS, MINHA MARIONETE?

A maior parte do tempo, o ser humano tenta controlar as situações ao seu redor. O homem deseja ter o controle em plenitude. A sensação de que nada pode fugir do nosso controle coloca o nosso radar em ação, monitorando tudo e todos que está ao nosso alcance, pois afinal de contas o nosso ego nos prega: “temos que ser autossuficientes”. Queremos que ser deus de nossos próprios atos. Fazemos isso constantemente. O problema é que esquecemos que é justamente este o pecado que nos separou de Deus: declararmos que não precisamos Dele para viver.
 
Em outras palavras, o que quero dizer é que, o homem vive buscando ser Deus. Constantemente, o ser humano deseja tomar o lugar do Criador. Por isso que o homem caído é em si o próprio “pecado consumado” e não simplesmente um pecador. Pois apesar de Deus ter nos criado à Sua imagem e semelhança, nós optamos por nos tornarmos imagem e semelhança de Lúcifer, o demônio, aquele que foi o primeiro a desejar estar no lugar de Deus.
 
O fato é que esta é a nossa natureza: queremos tomar o lugar de Deus, queremos ser autossuficiente, achamos que nos “bancamos”. Tem gente que pensa e age assim fora da igreja. Tem gente que faz isso dentro da igreja. O resultado disso: seres manipuladores. Pessoas que manipulam o próximo para exercer senhorio sobre todas as situações e todas as pessoas, ou pessoas que manipulam Deus para obter o mesmo propósito. Pessoas que fazem isso para suprirem os seus próprios interesses.
 
O Pastor Ed René Kivitz afirma acertadamente que uma das maneiras de querer ser Deus é manipular a Deus. Em outras palavras, é fazer Deus de marionete. Colocar Deus em uma rédea e querer guia-lo conforme a vontade humana. Fazer com que Deus use Seus poderes em pró dos interesses do ego humano. Esta é a pior variação do pecado humano. Por isso Jesus preferia andar com pecadores do que com Fariseus.
 
Bom, talvez você ache que pensar assim é muito pesado, algo que beira ao exagero. Mas como diria CS Lewis, “Aqueles que querem sentir-se bem, não recomendo o evangelho, recomendo uma boa garrafa de vinho.” O Evangelho de Jesus, o Cristo de Deus, vai totalmente no oposto desta lógica egoísta do homem e para ser concretizado e consumado, custou a vida do próprio Deus.
 
A boa nova de Jesus, ou se preferir, o Reino anunciado pelo mesmo, se inicia quando o homem adquiri justamente esta consciência: de que somos pecado, de que somos manipuladores, de que constantemente queremos ser Deus, de que achamos que somos autossuficiente, mas que na verdade somos pó...um nada. Sem esta consciência, não há como caminharmos para a reconciliação com Deus. Pense: como iremos nos arrepender de algo que nem sequer achamos que erramos!?
 
Alguém já resumiu (acredito que o próprio CS Lewis) que...
 
...Pecado...é o homem querendo se colocar no lugar de Deus
...Salvação...é Deus se colocando no lugar do homem (na Cruz)!
 
Quando adquirimos esta consciência damos o primeiro passo ao arrependimento. Quanto maior a consciência do nosso pecado, maior é a experiência da Cruz em nossas vidas. Ir para a Cruz é “cair em si”, mas é muito mais “cair de si”. É despojar-se do seu próprio ego. Abrir mão do orgulho. Tomar a via inversa que leva ao ego absoluto e ir em direção a total dependência do Pai.
 
Enquanto não tomarmos esta atitude, seguiremos como seres criados por Deus condenados ao inferno. Não passaremos de ser “pecado”. Mas se tomarmos esta consciência e caminharmos em direção à Cruz, iremos ser irmãos adotivos do único homem que foi gerado por Deus: Jesus. E Nele seremos filhos de Deus, pois Seu sangue puro e imaculado se fez aliança de reconciliação com o Pai, Deus Criador. Só por este sangue somos justificados.
 
Quem é o Deus de sua vida? Você mesmo ou Jesus, o Cristo crucificado? Quem é Jesus para você, um ídolo, um objeto de manipulação para satisfazer seus interesses, uma marionete ou Deus lhe provendo reconciliação?
 
Responda isso para o seu ego, e coloque tudo em seu devido lugar!

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

A PONTE

 
VAI VALER A PENA - LIVRES PARA ADORAR
 
Não compreendo os Teus caminhos
Mas te darei a minha canção
Doces palavras te darei
Me sustentas em minha dor
E isso me leva mais perto de Ti
Mais perto dos Teus caminhos
E ao redor de cada esquina, em cima de cada montanha
Eu não procuro por coroas, ou pelas águas das fontes
Desesperado eu Te busco
Frenético acredito
Que a visão da Tua face
É tudo o que eu preciso, eu Te direi
Que vai valer a pena
Vai valer a pena
Vai valer a pena, mesmo
Sim vai valer a pena
Vai valer a pena
Vai valer a pena, mesmo
Não compreendo os teus caminhos
Mas te darei a minha canção
Doces palavras te darei, te darei, te darei
Me sustentas em minha dor
E isso me leva mais perto de Ti
Mais perto dos Teus caminhos
E ao redor de cada esquina
Em cima de cada montanha
Eu não procuro por coroas
Ou pelas águas das fontes.
Desesperado eu te busco
Frenético acredito
Que a visão da tua face
É tudo, tudo, tudo o que eu preciso
E te direi
Que vai valer a pena
Vai valer a pena
Vai valer a pena, mesmo eu sei
Que vai valer a pena
Vai valer a pena
Vai valer a pena, eu sei que vai, eu sei que vai
E o grande dia haverá de chegar
Quando eu e você,eu e você, nos encontraremos com Ele, naquele dia
E eu e você,eu e você,cantaremos em uma só voz a Ele a Ele a Ele
Senhor valeu a pena
Senhor valeu a pena
Senhor valeu, valeu, valeu, valeu,valeu
Senhor valeu a pena
Senhor valeu a pena
Eu haverei de cantar ao meu Senhor
Quando o grande dia chegar
Quando o grande dia chegar,Yeah,Yeah
Quando o grande dia chegar
Eu cantarei, eu cantarei, eu cantarei,Yeah,Yeah,Yeah,Yeah
JESUS, sim, sim, sim
Sim,sim,sim
Jesus, valeu, valeu,valeu,valeu,valeu,valeu,valeu...
VIVER pra Ti
MORRER pra Ti

ENTRE O ABRAÇO E O COBERTOR

Existem palavras que são ditas em silêncio. Palavras que são ditas com atitudes. Existem palavras que são ditas pelo olhar. Existem olhares que são como abraços. Existem abraços que são como cobertores. Abraços que são dados por um telefonema. Abraços que são dados por um sorriso. Quem nunca foi abraçado pelo feixe de luz do Sol que rompe as cortinas da janela da sala?
 
A alma sensibilizada a toda e qualquer manifestação ao nosso redor capta o rosto de Jesus. A percepção do sorriso de Jesus no rosto das pessoas. O olhar de Jesus no rosto de um mendigo. A lágrima de Jesus no rosto de uma mãe que enterrará o filho, vítima de leucemia. A esperança de Jesus explicita na perseverança do moleque, que no farol manuseia o bastão, como se fosse um profissional do circo, para conseguir uma moeda para comer.
 
Na aleatoriedade da vida vemos Jesus manifestado no rosto dos humanos. Olhares e vozes, sorrisos e lágrimas que nos dão a sensação de que ali existe um vestígio do Cristo. No silêncio rodeado em um velório de uma criança, no pavor do rosto daquele é assaltado, na dona de casa que está fazendo a janta e é surpreendida com o telefonema informando que o seu marido não vai chegar em casa. Jesus está presente, segurando nossa mão, mas não o percebemos.
 
Culpamos a vida. Culpamos Deus. Culpamos Jesus. Culpamos nós mesmos. Precisamos achar um culpado. Esquecemos que somos seres egoístas, afinal em meio a isso tudo o ego da gente não consegue suportar a culpa.
 
Complicamos tudo! Queremos resolver tudo do nosso jeito. Mas no fundo há a sensação de que estamos “batendo cabeça”, de que somos incapazes. Só não admitimos.
 
Lembro-me de ler em Gênesis uma história de um Deus que começou a criar um homem. Fez isso com muito carinho. Mas antes de terminar a obra, o homem se fez deus de si e achou que podia se bancar. Achou que poderia deixar Deus “no vácuo”. Virou para Deus e disse “beijo, me liga”. A partir daí tudo desandou.
 
Talvez se percebêssemos muito mais Jesus presente em todas as circunstâncias, estaríamos mais próximos de sermos gente de verdade. Enquanto isso não acontece, seguimos como “esboços humanos”, “carcaças de barro”, incapazes de perceber que há muito mais ao nosso redor do que imaginamos.
 
Entre o abraço e o cobertor existe o mover de Jesus. Entre o falar e a atitude que em silêncio acolhe habita o Espírito de Jesus. Entre o sorrir e o consolar habita o inspirar de Deus. Somos veículos da Graça do Pai.
 
Seus abraços são cobertores? Seus atos são palavras silenciosas de amor? Jesus está presente em seu agir?
 
Somos camaleões ou somos ambientes? Somos influenciados pelo ambiente ou influenciamos o ambiente ao nosso redor?
 
Que saibamos viver a cruz de Jesus em nosso viver.

UM COMO TODOS E TODOS COMO UM

A segurança do Cristão não se baseia simplesmente no fato dele conhecer Deus. Pelo contrário, se baseia muito mais no fato de Deus conhece-lo. Em outras palavras, Deus sempre antecipa a ação. Ele sempre age primeiro. Fez isso ao determinar a Cruz muito antes da fundação deste mundo.
 
Santo Agostinho dizia que deveríamos orar conscientes de que Deus cuida de um como se fosse todos e de todos como se fosse um. Em outras palavras, para Deus, toda humanidade vale como um homem e um homem vale toda a humanidade. É por este motivo que o povo judeu diz que, durante a segunda guerra mundial, no holocausto, não foram mortos 6 milhões de judeus. Foi 1 judeu assassinado 6 milhões de vezes.
 
Isso nos remete a pensar que, todos os marginalizados tem o mesmo valor para Deus, que aqueles que se sentem privilegiados. Isso por que Deus nivela a humanidade em igualdade de situação. Não em uma visão material, mas sim em uma visão espiritual: todos pecamos.
 
Talvez isso seja difícil para muita gente, pois uns jamais considerariam a hipótese de serem equiparados a pessoas como Judas Iscariotes, Hitler, Osama Bin Laden, Maníaco do Parque...e por ai vai.
 
Mas de fato Deus conhece cada um de nós. Não só do dedão do pé até o último fio de cabelo, mas também em toda a plenitude dos nossos sentimentos e pensamentos. Sabe que a natureza de cada um de nós, infelizmente, é contaminada pelo pecado.
 
Muitos de nós achamos que fazemos parte do rebanho das 99 ovelhas que o bom pastor deixou no deserto, e acham que não se encaixam no papel da ovelha desgarrada. Muitos de nós achamos que fazemos parte do povo “eleito”. Mas esquecemos que só quem pode avaliar isso em plenitude é Jesus, pois só Ele é digno de abrir o livro da vida.
 
Para Deus cada ser humano tem um valor absoluto. Pois Deus nos criou para sermos seres eternos. Ele é eterno. Ele projetou-nos para a eternidade, pois Ele garante a nossa eternidade. Deus sabe que o eterno não tem medida. Ele não enxerga o ser humano como um ser finito, pois Ele sabe que o propósito da humanidade é a eternidade com qualidade de vida eterna.
 
Somos hipócritas. Vivemos caminhando sobre a corda bamba que fica entre a obediência integra e desobediência hipócrita. Caminhamos sobre a linha que limita a consciência de sermos 1 pecador desgarrado ou parte do rebanho de 99 hipócritas.
 
Achamos que o próximo é simplesmente o homem assaltado que ficou jogado à beira do caminho, na Parábola do Bom Samaritano contada por Jesus. Mas Deus enxerga todos como próximo. O sacerdote que viu o homem caído e passou sem prestar socorro. O levita que também passou indiferente à situação do homem caído. Eles também são “próximos”.
 
O problema é que achamos dignos de julgar quem deve ou não ser amado. Limitamos o mandamento de amar ao próximo como Deus nos amou a uma visão “chucra”. Somos pó. A vida que temos é fruto da graça de Deus. Todos são amados por Deus. Para Deus, o homem tem valor único: vale a própria vida de Deus. Então por que insistimos em “selecionar” os amáveis e excluir os não amáveis.
 
Um ser humano vale a vida de Deus. Isso não é muito, nem pouco: é imensurável!
 
O desafio de amar ao próximo é amar àqueles que jamais teriam justificativas para serem amados. Jesus é a concretização deste ato de amar. É Deus agindo primeiro e mostrando que é possível sim amar aqueles que não possuem nenhum mérito para serem amados. Nós somos estas pessoas. Somos gente que não há um motivo sequer para justificar que alguém nos ame. Mas Ele nos amou. E a prova mais explícita deste amor foi a entrega de Jesus no madeiro.
 
Amar não tem nada a ver com mensurar preço. Lembro-me de ter ouvido uma história de Madre Teresa de Calcutá. Um milionário, ao saber que ela dava banho em leprosos, disse a ela: “ – Eu não faria isso nem por um milhão de dólares”. E ela respondeu: “ – Eu também não!”.
 
Amar o pedófilo, o ladrão, o traficante, o terrorista, o pastor corrupto...não implica em aprovar os atos dos mesmos. Implica em enxergar o verdadeiro ser humano por trás da distorção provocada pelo pecado. Uma atitude assim só pode partir da misericórdia, perdão e do amor. O parâmetro para entender estes 3 elementos em sua plenitude é a vida de Jesus, o Cristo de Deus.
 
Eis ai o nosso desafio: enxergar todos como um e um como todos, conscientes de que cada ser humano vale o eterno, vale a vida de Deus.
 
Os olhos de Deus nos enxergam assim. Desde muito antes da fundação deste mundo, até hoje. Sempre será assim. Pois Ele é fiel. Ele não muda. É o mesmo desde antes. É o mesmo agora. Sempre será o mesmo. Um Deus que tem pensamentos bons a nosso respeito. Que se envolve em nossas emoções e em nossos sentimentos. Está imerso na humanidade. Tem pensamentos de paz, bondade, amor e misericórdia a nosso respeito. E para cumprir isso...entregou Sua própria vida.

 


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

REAÇÃO À AÇÃO DE DEUS

Lidar com o vazio é algo constante na vida do ser humano. Fyodor Dostoevsky disse que o ser humano carrega dentro de si um vazio infinito, que só pode ser preenchido por algo (alguém) infinito: Deus.
 
De fato, temos dentro de nós um vazio do tamanho do Deus que nos criou. Esse foi o resultado daquilo que os teólogos chamam de “queda” (Genesis 3). Olhemos para nós, humanos. O nosso Projetista, Deus, nos criou como “máquinas” para funcionar com um “combustível” especial: O próprio Deus. A queda deixou um “abismo” entre Deus e o homem. Um abismo chamado pecado. O homem então passou a funcionar com um “restinho” deste Combustível. Como um notebook que está com a bateria carregada mas não está conectado na tomada. Este restinho de “bateria/combustível” que há dentro do ser humano foi concedido por meio daquilo que conhecemos por Graça, ou se preferir...favor imerecido. E esta Graça não foi um ato que partiu do ser humano. Deus agiu primeiro.
 
A má notícia é que a cada tic tac do relógio, o pouquinho de “Combustível/Bateria”, ou se preferir, sopro de vida que há dentro de nós vai sendo consumido. A cada segundo, um pouquinho menos de bateria é o que nos resta. Para piorar a situação (que nós causamos, diga-se de passagem, pois fomos os autores da “queda”), o abismo do pecado, que isola o homem de Deus, implica em não podermos chegar na fonte de Vida que é o próprio Deus, para recarregar a bateria.
 
Entretanto, existe uma boa notícia: o Evangelho de Jesus, o Cristo. “Evangelho” significa boa nova. Jesus é o Evangelho. Jesus é a Boa Nova. Jesus é Deus se fazendo de Boa Nova. Jesus é Deus se fazendo de Evangelho. Jesus é o cabo que transpassa o abismo do pecado. É a “Extensão” que rompe o vale profundo do pecado e interliga o homem a Deus. Jesus é a continuidade. Ele se fez ponte para que o homem pudesse se conectar novamente à Deus e funcionar como todo ser humano deve funcionar: sendo tabernáculo do Deus vivo.
 
A alegria de viver está em Jesus. Nele vemos a concretização perfeita do projeto de Deus chamado “humanidade”. A vida de Jesus explicita aos olhos de toda a criação a verdadeira essência de como Deus gostaria que as pessoas fossem “gente”. Em Jesus vemos gente como gente deve ser. Ele é o messias, o enviado de Deus. Ele é o próprio Deus encarnado. Senhor sobre tudo e Todos. Ele é Deus Todo Poderoso que se esvaziou e desceu, entrou no tempo e na história para trazer reconciliação. Adquiriu rosto humano, pele humana. Vestiu chinelas, sentiu cansaço, sorriu, irou-se...enfim...se tornou Emanuel, Deus conosco.
 
Jesus é a esperança de que um dia todos nós poderemos viver contemplando novamente a face do Criador. Sem abismos. Ele vai voltar para buscar a igreja, não instituição, mas sim ajuntamento de pessoas que creem que Ele é o Messias. Jesus é o infinito que pode preencher o infinito vazio que há dentro de nós. Nossa alma clama de saudade por Sua presença. E esta saudade pode ser saciada hoje, agora, pois Ele vive. Ele habita em nosso meio. A morte não teve domínio sobre o Cristo de Deus. Pois Ele viveu em plenitude o projeto de humanidade que Deus elaborou. Fez isso e não falhou.
 
Somos vocacionados para ser Tabernáculos Vivos em quem o Senhor tem prazer em fazer morada. Quem vive consciente disso é bem aventurado. Se por um lado temos a consciência de que nosso Deus é vivo e deseja moradas vivas: nós. De fato, por outro, sabemos que nosso Deus é santo, não se suja com o pecado, sendo assim, Ele deseja moradas limpas, que não se envolvam com a imundice do pecado. O pecado é sujeira que impregna na alma. Limpar pecado com sangue impregnado com pecado é o mesmo que tentar enxugar gelo ou tentar curar HIV com “BandAid”. Pecado se limpa com Sangue Puro e Imáculado...e só um Ser Humano em toda história tem este sangue: Jesus.
 
Já pensou se Ele não tivesse compartilhado este sangue com todos nós? O fato é que Ele optou por compartilha-lo. Fez isso na cruz. Fez isso sem que merecêssemos. Fez isso sem que pedíssemos. Fez por misericórdia, voluntariamente. Fez por que Ele era conectado ao Pai sem abismos.
 
O Reino anunciado e inaugurado com a vida de Jesus nos convida a viver valores que partem desta consciência. O resultado disso é concretizarmos a vocação de sermos morada de Deus.
 
Que Ele continue nos ajudando nesta jornada, por que isso só é capaz se Ele nos ajudar. Pois a salvação, a reconciliação... não é um ato que partiu primeiramente do homem, mas sim de Deus. Ele tomou a primeira atitude...tomemos a nossa...Ele já agiu...é a nossa hora de reagir a atitude Dele...
 
 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

ESCRAVOS PELO SANGUE DE JESUS

Me lembro dos meus 5...6 anos de idade, quando ficava deitado no sofá assistindo chaves e batia aquela vontade de comer um biscoito. A preguiça para levantar era tanta que eu virava para a minha irmã e pedia: “ – Dani, pega um pacote de bolacha recheada para mim?”. Depois de muito insistir, ela se levantava e ia para a cozinha. Tão logo quando ela voltava e me dava o pacote na mão, vinha a frase: “ – Obrigado, escrava!”. É claro que resultado dessa “sacanagem” era sempre um “Manhêêê...ele ta me chamando de escrava!”.
 
Ainda pensando nos velhos tempos, me lembro de ter estudado, na época de Colégio, sobre a famosa Princesa Isabel, filha de Dom Pedro II e sua histórica assinatura, em 13 de maio de 1888, ratificando a lei Áuera, ou se preferir, a lei de abolição da escravatura no Brasil. Apesar de muita gente achar que um mero papel ser simplesmente um coadjuvante nesse processo de liberdade dos escravos (por que não eram seus pais que viviam sob escravaturas), esta foi uma lei muito importante.
 
Molecagens e aulas de história à parte, de fato todos nós escravizamos e somos escravos. De fato exercemos o papel de “Senhores” e “Servos” de algo, ou alguém. Apesar de haver uma lei Áruea assinada em nossa constituição, infelizmente não significa que a escravidão foi abolida de nosso meio. Estou pegando pesado?!
 
Vejamos...
 
Pensemos nos Canaviais no interior de São Paulo. Um caminhão pau de arara vai para o nordeste do país em busca mão de obra barata. Trazem em suas caçambas gente que vive na miséria. Colocam essa gente para trabalhar no meio dos canaviais, respirando a fumaça das usinas, trabalhando e morando em condições precárias. No final da safra, esses trabalhadores voltam para casa do mesmo jeito que vieram, com R$ 200 “mirréis” no bolso, por uma safra inteira de trabalho. Muito diferente de mão de obra barata...isso é escravidão.
 
O que falar então dos imigrantes bolivianos que trabalham em condições miseráveis costurando roupas de grifes famosas, como a Zara? Ganhando 2 reais por dia de trabalho!? Ou, que falar de crianças na beira das BRs da vida tapando buracos para ganhar trocados de caminhoneiros? Isso quando as crianças não são escravizadas por seus pais para se prostituírem!
 
Sim, todos exercemos senhorio sobre alguém, e todos somos servos de algum senhor. Uns tem como seu senhor o cigarro. Outros, a cocaína, o álcool, a ira, o sexo. Uns são senhores de seus funcionários, outros são senhores de suas esposas. Escravizam suas mulheres não só sexualmente, mas como empregadas domésticas.
 
Achamos que somos livres, mas não somos. Jamais seremos. Toda a criação é escrava. O escravo serve. Toda a criação tem o propósito de servir. O mar, as florestas, tudo. Eles tem um Senhor. Aquele quem criou tudo. O ser humano deveria ter a consciência de todo o resto da criação. Mas não tem. O Homem se fez senhor de si mesmo. O problema é que ao se fazer senhor de si mesmo, se tornou escravo de si mesmo. Tirou o lugar de Deus e pôs o seu “eu” em soberania absoluta sobre todos os seus pensamentos e atos. O homem optou em ser escravo de si, optou em se servir.
 
Servir ou ser senhor de algo ou alguém, é algo muito traiçoeiro. Muita gente acha que é senhor sobre o seu dinheiro, mas vive escravizada pelo mesmo. No fim, é escrava de Mamóm.
 
Ser escravo não é necessariamente algo ruim. O problema é que o parâmetro “escravidão” que temos em mente parte de uma escravatura onde os senhores são maus: homens. “Servir homens” deturpou o significado da palavra servir. O homem tem natureza egoísta e quando exerce senhorio sobre alguém, acaba sendo um ditador, pensando em seus próprios interesses.
 
A escravidão de todo homem deve render glórias ao Bom Senhor. Um Senhor que entrega a Sua vida pelos Seus. Veja o que alguns homens de fé nos dizem...
 
Paulo disse:
 
Pois aquele que, sendo escravo, foi chamado pelo Senhor, é liberto e pertence ao Senhor; semelhantemente, aquele que era livre quando foi chamado, é escravo de Cristo. (1 Co 7:22)
Obedeçam-lhes, não apenas para agradá-los quando eles os observam, mas como escravos de Cristo, fazendo de coração a vontade de Deus. (Ef 6:6)
Mas agora que vocês foram libertados do pecado e se tornaram escravos de Deus, o fruto que colhem leva à santidade, e o seu fim é a vida eterna. (Rm 6:22)
Paulo, servo* de Cristo Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus, (Rm 1:1, *doulos, isto é escravo)
 
Pedro disse:
 
Simão Pedro, servo* e apóstolo de Jesus Cristo (2Pe 1:1, *doulos, isto é escravo)
 
Tiago disse:
 
Tiago, servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo, às doze tribos dispersas entre as nações: Saudações. (Tg 1:1, *doulos, isto é escravo)
 
Judas disse:
 
Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos que foram chamados, amados por Deus Pai e guardados por Jesus Cristo (Jd 1:1, *doulos, isto é escravo)
 
Homens que dedicaram muito de suas vidas ao Verdadeiro Senhor, falam com prazer ao se referirem como escravos de Jesus, o Cristo. A escravatura espiritual proposta pelo Nosso Senhor tem como base os valores do reino de Deus. Muitos acham que vivem em liberdade, mas são escravos. Apenas não têm consciência disso. Aqueles que vivem conscientes de que Jesus Cristo é o Senhor, vivem em liberdade, pois são escravos de Jesus. A pergunta então é: como podem ser livres se ainda são escravos de Cristo?
 
A resposta é:
 
A verdadeira liberdade consiste na consciência de que Jesus é modelo de vida a ser vivido, pois Ele rompeu a lógica cruel da escravidão do pecado e da morte e nos escancarou a lógica da verdadeira finalidade para que fomos criados: para sermos tabernáculos vivos do Senhor. Nisto consiste a nossa serventia, nossa escravatura, nossa vocação, e tudo isto resulta em liberdade. Pois todo aquele que nega a si mesmo e vive os valores de Jesus, nova criatura é.
 
É claro que a Palavra nos diz:
 
Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o tornou herdeiro. (Gl 4:7)
Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido. (Jo 15:15)
 
Parece contraditório ao que estou dizendo, mas não é. A Palavra de Deus não é contraditória.
 
Assim, você já não é mais escravo, mas filho; e, por ser filho, Deus também o tornou herdeiro. (Gl 4:7)
Este contexto fala sobre escravidão a Lei e não a Deus. Não somos mais escravos da Torá, temos o direito e o privilégio de sermos chamados de filhos de Deus. Isto não exclui que somos escravos da vontade de Deus.
 
Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido. (Jo 15:15)
Muito mais que contradição, aqui existe complementaridade. Se a Bíblia declara que somos escravos, somos escravos. Afinal qual o sentido em dizer que Jesus, o Cristo, é nosso Senhor e Rei se não somos escravos. Contudo, este gracioso Rei e Senhor, nos dá o privilégio de sermos chamados de amigos e de sabermos de seus planos. É um Senhor que se importa com seus escravos, e se importa com atos e pensamentos tão bons, que excede o nosso entendimento.
 
A pergunta então, talvez mude: “Será que podemos escolher ser escravos ou não de Cristo?”
 
Escravos são geralmente comprados. No caso de Jesus, não foi diferente. Ele comprou todos nós. E pagou com Seu Sangue Imaculado.
 
Paulo nos diz:
 
Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos? Vocês foram comprados por alto preço. Portanto, glorifiquem a Deus com o seu próprio corpo (1 Co 6: 19,20)
 
Entender a profundidade disso já deveria trazer, como consequência, todo homem se entregando como escravo, de forma voluntária, à Deus. Pois a Graça nos mantém. Ele nos comprou como escravos sem que a gente merecesse. Somos escravos da morte de Cristo, mas muito mais do que isso, somos escravos, voluntários (pelo menos essa seria a lógica coerente), da graça, do amor e misericórdia de Jesus.
 
Bem disse, John Piper certa vez disse...
 
“Galáxias, elétrons, vento, terra, fogo, vírus, mentes humanas O obedecem. “Pois tudo está a teu serviço” (Salmos 119:91).”
 
Mas enfim, você pode escolher não ser escravo de Jesus. O problema é que você vai acabar se tornando escravo do pecado, ou pior ainda: escravo do seu próprio ego, ou em outras palavras, de si mesmo. Ao avaliar esta hipótese, lembre-se que Deus nos fez Sua Imagem e Semelhança, mas nós nos fizemos imagem e semelhança de Lúcifer. Ser senhor de si mesmo é ser escravizado por um ser que se fez a imagem e semelhança de Lúcifer.
 
Que Deus siga trocando a nossa libertinagem por sua liberdade. Que sejamos escravizados em Seu Amor...por que para mim o viver é Jesus e o morrer é lucro! Assine a sua própria lei áurea contra o pecado...assine-a com o Sangue de Jesus.

terça-feira, 13 de agosto de 2013

SOL DA MEIA NOITE E TREVAS AO MEIO DIA

"De novo, lhes falava Jesus, dizendo: Eu Sou a luz do mundo; quem Me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida."
João 8:12.
E era já quase a hora sexta, e houve trevas em toda a terra até à hora nona, escurecendo-se o sol;
Lucas 23:44
Você já parou para observar o comportamento que existe entre a luz e a escuridão. As trevas sempre são submissas a luz. Onde a luz chega, as trevas batem em retirada. Não existe o contrário, pois a escuridão é ausência de luz. Observe o sol, ele traz luz e calor, carrega vida em suas asas. Ele se sobressai sobre qualquer escuridão. O sol é soberano sobre as trevas. A noite não prevalece sobre o sol, ela só vem por que o sol é quem se ausenta, ou se preferir, a noite só se concretiza por que o sol decide se retirar.
 
Olhemos agora para Jesus. O Nazareno nasceu em uma época onde o pecado escurecia o caráter da humanidade. Trevas total. O pecado prevalecia sobre os homens. Coincidência ou não, o nascimento de Jesus se deu durante uma noite (na escuridão), na cidade de Belém. Jesus, o Sol da Justiça, era a consumação do esvaziamento do Verbo, Deus Todo Poderoso, que se explicitou em rosto humano, fazendo-se Emanuel, Deus conosco... Deus bem perto. O nascimento do Sol da Justiça trouxe luz às trevas, rompeu a escuridão, fez raiar claridade em todo coração escravizado pelo pecado.
 
Jesus proclamou que era a Luz do mundo. Muitos não o aceitaram. Não viram em Seu rosto a face do Messias. Não O viram como o Ungido de Deus. Entretanto, muitos foram libertos, justificados e guiados pelas Suas Palavras. Experimentaram, já neste mundo, o Reino anunciado e inaugurado pelo Cristo. Esses reconheceram a Messianidade de Jesus de Nazaré. Viram que Ele era o Cristo de Deus e se renderam ao Seu modo de viver.
Agora, se por um lado, o nascimento de Jesus trouxe luz para as trevas, quando Jesus teve o seu sacrifício consumado na cruz, houve trevas durante o dia. Até mesmo o sol escondeu o rosto diante do espetáculo de morte realizado no Calvário. Naquele momento, Jesus se fez maldição por todos nós. A Estrela da Manhã se fez morte. Se por um lado a natureza pecaminosa da humanidade chegou ao ápice da história, afinal matamos o Filho Unigênito de Deus, por outro lado vimos a face extrema do Amor do Pai. Amor que resultou na auto entrega do Cristo de Deus. Auto entrega que resultou na morte da morte, pela morte de Jesus. Auto entrega com sofrimento extremo. Sofrimento não apenas físico, mas sobretudo espiritual, pois Àquele que era Santo, Cordeiro Imaculado, se fez maldição em nosso lugar.
 
Este é um paralelo interessante. Algo que vai além do entendimento humano, pois extrapola aquilo que conhecemos como o Natural. Quando Jesus nasceu houve luz à meia-noite. Quando o Jesus morreu, houve trevas ao meio-dia. O fato é que a Ressurreição de Jesus nos traz a esperança de que o Sol prevalece. Jesus ilumina, aquece e purifica. Ele é a Brilhante Estrela da Manhã.  É o Sol da Justiça. Ele Vive. Ele Prevalece sobre a morte. Prevalece sobre as Trevas. Sempre foi assim no passado. Ainda é assim hoje. Sempre será assim. Pois Ele é Deus e traz em suas asas uma gloriosa e bendita salvação. Jesus é luz que nem o céu pode conter. É Vento que lança asas por todo lugar. Alça voo para nos trazer misericórdia e amor. Quando o Sol da justiça penetra com Seus raios reluzentes em nosso viver, as trevas são dissipadas.
A Palavra nos diz que ...
O choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã.
Salmos 30:5
A alegria vem pela manhã por que Jesus é o Sol que prevalece sobre as trevas. A Sua luz aquece a nossa alma. Uma noite pode ser muito mais que uma madrugada. A noite pode ser um período muito maior. Talvez ela tenha sido iniciada no exato momento em que a queda do homem se concretizou (Genesis 3). Talvez a noite esteja se estendendo pelos séculos e séculos. Mas um túmulo vazio em Jerusalém grita através do tempo: “Ele não esta aqui! Ele Vive e Vai Voltar”. A noite chegará ao fim. A alegria vira ao amanhecer. O Amanhecer é Jesus. Ele voltará para resgatar a Sua Noiva. Ele é o Sol da Justiça que se concretiza em amanhecer na vida de cada um de nós.
 
 
Bem aventurados os que esperam este Amanhecer: Jesus, o Cristo de Deus.
Sigamos firmes e fortes na promessa de Jesus: Vida Eterna com Qualidade Eterna fundamentada na Misericórdia de Seu Santo Sangue!

sábado, 10 de agosto de 2013

TETÉLESTAI!

E, quando Jesus tomou o vinagre, disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
 João 19:30
 
Certa vez li um texto do Reverendo Hernandes Dias Lopes explicando que o brado de Jesus na Cruz, “Está consumado”, é representado no grego através de um único termo: Tetélestai. No mesmo texto o Reverendo explica que esta palavra, Tetélestai, era aplicada pelos gregos em 3 ocasiões:
 
1) Para sinalizar a conclusão de uma tarefa, ou se preferir, um trabalho. Por exemplo quando um pai pedia algo para o seu filho fazer, ao término da tarefa, o mesmo dizia ao seu pai: “Tetélestai”. Ou seja: Está concluído, está feito, está terminado o trabalho a mim confiado.
 
2) Para sinalizar a quitação de uma dívida. Por exemplo, se o Seu Madruga pagasse os 14 meses de aluguel para o Sr. Barriga, ele poderia dizer ao Dono da Vila: “Tetélestai”. Ou seja: está quitado, está pago, paguei a dívida que permanecia em aberto.
 
3) Para sinalizar a posse definitiva de uma escritura. Ou seja, quando alguém comprava um imóvel, a escritura recebia um carimbo com a inscrição “Tetélestai”. Ou seja, era como se o carimbo dissesse “posse definitiva concedida ao quitador”.
 
A conclusão que o Reverendo Hernandes Dias Lopes faz é linda: Na cruz, Jesus concluiu o trabalho que o Deus Pai havia lhe confiado, o trabalho de ser o Cordeiro Imaculado e Substituto de toda a humanidade. Ao mesmo tempo pagou toda a nossa dívida, proveniente do pecado que originou nossa queda, concedendo-nos o dom da vida eterna. Por consequência da auto entrega de Cristo, nós, homens remidos pela Graça do Sangue do Cordeiro, podemos tomar posse da vida eterna diante da Glória do Pai, pois temos consumado em nossas vidas o perdão e a salvação de Cristo.
 
Conscientes do que foi consumado na cruz, nós temos a liberdade no Cristo do Pai. Jesus, o Ungido, deseja que nos dias difíceis, em que os vales se tornam escuros, que lembremos: Tetélestai!!!
 
É aqui que nasce a esperança daqueles que vivem justificados pelo sacrifício de Jesus. O sacrifício do Nazareno não foi em vão. Jesus não foi um mártir. Ele, não apenas “foi”, mas “é” e sempre “será” o Redentor, Salvador e Reconciliador de toda a criação. Ele foi, é e sempre será, pelos séculos dos séculos, Deus! Deus explícito aos olhos humanos. Todo aquele que crê em suas palavras recebe a consciência da Graça. Isso consiste em não apenas o inferno sair de nossos corações, mas também, e principalmente, o céu vir habitar nos nossos átrios.
 
Em cada amanhecer, cada anoitecer, ao se levantar, ao ir se deitar, em cada minuto, cada segundo, lembre-se, o brado de Cristo nos alcança do alto de seu leito vertical fixado no Calvário: Tetélestai!
 
Nisto consiste a nossa esperança!
 
Perdão Senhor, e Muito Obrigado pelo Tetélestai, pois ao mesmo tempo que esta consumação foi um ato de amor, ela escancarou o quão grande é o pecado de cada um de nós contra Ti.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

JESUS VEIO NOS SALVAR, NÃO NOS PAPARICAR


É domingo à noite. Culto lotado e o pregador pergunta: “Quem veio buscar milagre (benção) nesta noite?”. A igreja responde fervorosamente. Tudo seria lindo se o conceito de “benção” ou “milagre” não estivesse distorcido. O milagre na vida de um homem tem nome, e é nome próprio: Jesus. Ele é o Milagre, Ele é a benção. O problema está no modo como o termo “milagre”, “benção” foi banalizado. E infelizmente, por consequência, até Jesus acaba tendo o Seu Santo Nome Banalizado.

 

Buscamos o “Milagre”, pois o mesmo é considerado impossível de ser realizado por nós, meros homens mortais. Jesus, o Cristo, é o Milagre pois só Ele pode se fazer salvação para toda a humanidade. Por isso, Milagre, tem nome próprio e é muito mais uma pessoa do que uma “coisa material”. Milagre mesmo é Jesus.

 

A Teologia da Prosperidade diz que o homem tem que prosperar. Diz que o homem tem que usar a Palavra de Deus para arrancar “milagres” de Deus. E se Deus não conceder o impossível, tem pastor dizendo que a igreja tem que dar com o pé nas portas celestiais, por que é obrigação de Deus abençoar. Deus, para estes pregadores (que geralmente são os únicos que realmente “prosperam”), é refém do homem.

 

Triste ver gente pensando assim. Triste ver gente invertendo a posição entre Criador e criação.

 

Jesus é o Milagre Único concretizado em Salvação na Cruz do Calvário. Ele se fez sacrifício para salvar a humanidade, pois esta era a vontade do Pai. Jesus não se permitiu ser pregado na cruz para paparicar o homem. Jesus não morreu numa cruz para que você fosse promovido no trabalho, ou ganhasse um IPhone, ou conseguisse aquela namorada, ou comprasse aquela casa na praia...Ele se entregou para salvar a humanidade!

 

Você então deve estar pensando: Ora, então você é do tipo “Franciscano” que faz voto de pobreza?!

 

Não sou a favor da miséria. O texto escrito aqui não é um artigo sobre a Teologia da Miséria. Longe disso! Sou contra a Teologia da Prosperidade e contra a Teologia da Miséria. Somos fruto da Graça Divina. Jesus é o meio pelo qual está Graça nos alcançou. É esta a consciência que nos falta hoje. Viver consciente de que a cruz não é um fim de valores limitados a este mundo. A cruz tem valor de eternidade. Quando a cruz nos alcança, o reino de Deus nos alcança e traz dentro de si os valores da vida de Jesus. Estes valores mudam o modo do homem viver. Por consequência, o ser humano não permite que um outro ser humano viva sem dignidade, pois os valores do Reino de Deus são alicerçados pelo amor para a eternidade na presença do Pai.

 

A igreja não deve pregar miséria. Mas também não deve pregar a prosperidade distorcida que tem pregado. A igreja deve pregar Jesus Ressurreto, pois esta mensagem resulta na restauração da dignidade de todo o homem. Isso passa longe de ser um “meio termo” entre a miséria e a prosperidade. Passa muito longe. Pois o verdadeiro significado não está consolidado neste mundo. O verdadeiro significado busca a eternidade na glória de Jesus.

 

O ciclo da nossa história tem sido...

 

...de um lado o pecado... O homem se colocando no lugar de Deus

...do outro a salvação...Deus se colocando no lugar do Homem...a cruz!

 

Deus não quer lhe dar “mimos”. Deus não quer te “paparicar”. A única prosperidade que Deus quer lhe dar se chama salvação. O verdadeiro homem prospero é o que prospera na salvação concedida pelo Cordeiro Santo. Toda prosperidade que não seja para a glória de Jesus, é “vanprosperidade” cercada de “vanglória”. Tudo em vão. Em outras palavras, é pecado!

 

Quando realmente entendermos isso, teremos muito menos templos gigantescos e muito mais moradias para gente que vive na miséria.

 

Deus deseja nos salvar através de Sua Infinita Graça. E está Graça custou a vida de Jesus, Seu Filho Amado. Enquanto Ele está tentando fazer isso, nós estamos querendo ser “mimados”. Seja sincero e responda: não há algo de muito errado nisso? Será que estamos buscando prosperar em Mamon ou Prosperar na Graça de Jesus?