segunda-feira, 29 de abril de 2013

O HAJA DE DEUS

No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
Gênesis 1:1-2

Você consegue imaginar algo vazio!? Sim...ok! e algo sem forma, você consegue imaginar!? Sim?! Talvez!? Não!?...Agora, é impossível imaginar algo sem forma e vazio. Algo sem forma e vazio é praticamente um “nada” diante de nossos pensamentos...algo realmente impossível de se construir em nossa mente.

A versão original das Escrituras Sagradas nos traz no lugar de “sem forma” a palavra em hebreu “tohuw” que significa “caos” ou “desolação”. No caso de “vazia”, a palavra em hebreu é “bohuw”, que significa ruína”.

Aplicando a tradução, teríamos a terra era “um caos e uma ruína”. 

O fato é que existem muitas interpretações para este relato bíblico da criação. Entretanto, o foco do pensamento que gostaria de propor não é exatamente uma reflexão sobre de onde viemos e como isso aconteceu.

Proponho olharmos para este relato fazendo um paralelo para nossas vidas. Imagino que existem diversas situações onde olhamos para nossas vidas e nos sentimos sem forma e vazios. Momentos em que a nossa vida parece se transformar em algo impossível de se decifrar. Tempos em que o “vazio” se entrelaça com o “sem forma” e nos sentimos desolados, sem rumo, sem direção, como se a nossa vida estivesse um caos imerso em ruína. Não há sorrisos e nem alegria, inclusive nem lágrimas e tristeza...simplesmente um nada. Um viver totalmente sem forma e vazio. Sem nenhuma esperança. Como se a esperança estivesse indiferente para nós.

Como certa vez disse o Poeta Frances Paul Valéry "Deus criou tudo a partir do nada, mas o vazio ainda é visível". Existem momentos que nossas vidas estão imersas em um vazio.
Nesses momentos olhamos para os nossos dias como se os mesmos fossem sem propósito algum. Não queremos viver. Não há "vida" em nossa vontade de viver. Há apenas o “vazio” e o “sem forma”. Há apenas o indescritível, o impossível de se imaginar.


Em momentos como este, precisamos lembrar que o Espírito de Deus se move sobre nós. Aliás, o melhor “colóquio” aqui é: o Espírito de Deus se move em nós. Simplesmente pelo fato de você ter o ato “respirar”, é por que o Sopro Divino de Deus se faz presente em você.

Deus é poderoso. Por trás deste poder há o Amor. Amor que é o Poder acima de todos os poderes. Amor que é o caráter do Próprio Deus que se identifica como o Amor. Este Poder Movido pelo Amor obedece à Sua voz. Voz que produz vida. Voz que diz “Haja” e no mesmo momento “há”. Voz que ordena e tudo se faz. Voz Soberana movida pelo Supremo Bem. Verbo Vivo. Verbo que diz “Haja” para produzir Vida. “Haja” imerso em “Vida”. “Haja” imerso em “Amor”.

O Verbo Vivo que habita entre nós, hoje, por meio do Espírito Santo, já consumou diversos “Hajas” em sua vida: Haja luz, haja vida, haja perdão, haja misericórdia, haja Graça. Ainda que você se sinta vazio e sem forma, Jesus deseja que você saiba que desde sempre há por parte Dele o Haja Amor. Jesus lhe diz que em Sua vida existe o Perdão, o Amor, a Misericórdia, a Graça por que na Vida Dele, Cristo, houve o “Haja Cruz”. E na cruz houve entrega, na cruz houve o pagamento de um preço que era meu, seu, nosso, de toda a humanidade.

Ele quer dar forma para sua vida. Mas para que qualquer "forma" seja possível ser consumada, primeiramente sua vida precisa receber "forma de cruz". Ele quer dar preenchimento para sua vida. Quer que você seja preenchido pelo mesmo Amor que Ele nos ensinou. Amor que é entrega. Amor que profere um “haja” para o próximo carregado de bondade. Amor que diz haja Reino para todos. Um Reino onde a vontade de Deus é exercida. Onde Deus diz “haja”, e nós, agentes de Sua Graça, vamos e obedecemos.

Por favor não me entenda errado, o "haja" de Cristo é muito mais do que um “haja carro novo”,  “haja casa com piscina”, “haja milhões e milhões na conta bancária”, "haja vaga no estacionamento do shopping na véspera de Natal" ou qualquer outro haja deste tipo. Cristo é o “haja” que tem como propósito resgatar a dignidade do ser humano. É o "Haja" que produz Vida. Ele é o “haja” Reino de Deus. Ele é o haja compaixão, haja igualdade, haja relacionamento, haja comunhão, haja dignidade, haja um prato de arroz e feijão, haja um banho, haja café da manhã, haja cobertores para aquecer o próximo, haja escola para o menino da favela, haja transporte escolar para o menino que mora a 3 horas da escola mais perto de sua casa, haja ombro amigo para abraçar o que está sem forma e vazio...todo o haja que produz vida...ou se preferir, que restaura a dignidade de uma vida!

Deus se propõe a resgatar a nossa vida que é sem forma e vazia. Mas antes de qualquer haja, Ele nos diz: Haja cruz. Assim como Ele fez com Seu Filho Amado. Que cada um de nós possamos abraçar o nosso próprio “Haja Cruz”, assim como fez Cristo, para que o “haja ego” seja crucificado e cada um de nós possa viver a essência do Cristianismo que é sermos o “haja Reino de Deus para nosso próximo”.
Costumamos dizer que a tristeza pode durar uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer...proponho sermos agentes desta alegria, deixando que o haja de Deus seja, através do Espírito Santo, o condutor de nosso próprio "haja".

Que o Haja de Deus alcance cada vez mais vidas através de nosso viver. Que haja santidade em nosso ser, para que haja vitória sobre o caos e a ruína, em nossas vidas e nas vidas dos nossos próximos. 




Há dupla honra,
Em dias de vergonha
Há esperança, em tempos de guerra
Talvez sem forma e vazio
Esteja o teu viver
Mas o haja de Deus, o haja de Deus
O haja de Deus se ouvirá
Se é tempo de chorar, pode até chorar
Mas haverá uma festa ao amanhecer
Haja cura, haja vida, haja unção, libertação
Alegria, avivamento, santidade.
Se é tempo de chorar
Pode até chorar
Mas haverá uma festa ao amanhecer.

sexta-feira, 26 de abril de 2013

ENTRE O JESUS QUE IDOLATRO E O JESUS QUE ADORO

Numa cidade da Índia viviam sete sábios cegos. Como os seus conselhos eram sempre excelentes, todas as pessoas que tinham problemas recorriam à sua ajuda.
Embora fossem amigos, havia uma certa rivalidade entre eles que, de vez em quando, discutiam sobre qual seria o mais sábio.
Certa noite, depois de muito conversarem acerca da verdade da vida e não chegarem a um acordo, o sétimo sábio ficou tão aborrecido que resolveu ir morar sozinho numa caverna da montanha. Disse aos companheiros:
- Somos cegos para que possamos ouvir e entender melhor que as outras pessoas a verdade da vida. E, em vez de aconselhar os necessitados, vocês ficam aí discutindo como se quisessem ganhar uma competição. Não aguento mais! Vou-me embora.
No dia seguinte, chegou à cidade um comerciante montado num enorme elefante. Os cegos nunca tinham tocado nesse animal e correram para a rua ao encontro dele.
O primeiro sábio apalpou a barriga do animal e declarou:
- Trata-se de um ser gigantesco e muito forte! Posso tocar nos seus músculos e eles não se movem; parecem paredes…
- Que palermice! – disse o segundo sábio, tocando nas presas do elefante. – Este animal é pontiagudo como uma lança, uma arma de guerra…
- Ambos se enganam – retorquiu o terceiro sábio, que apertava a tromba do elefante. – Este animal é idêntico a uma serpente! Mas não morde, porque não tem dentes na boca. É uma cobra mansa e macia…
- Vocês estão totalmente alucinados! – gritou o quinto sábio, que mexia nas orelhas do elefante. – Este animal não se parece com nenhum outro. Os seus movimentos são bamboleantes, como se o seu corpo fosse uma enorme cortina ambulante…
- Vejam só! – Todos vocês, mas todos mesmos, estão completamente errados! – irritou-se o sexto sábio, tocando a pequena cauda do elefante. – Este animal é como uma rocha com uma corda presa no corpo. Posso até pendurar-me nele.
E assim ficaram horas debatendo, aos gritos, os seis sábios. Até que o sétimo sábio cego, o que agora habitava a montanha, apareceu conduzido por uma criança.
Ouvindo a discussão, pediu ao menino que desenhasse no chão a figura do elefante. Quando tateou os contornos do desenho, percebeu que todos os sábios estavam certos e enganados ao mesmo tempo. Agradeceu ao menino e afirmou:
- É assim que os homens se comportam perante a verdade. Pegam apenas numa parte, pensam que é o todo, e continuam tolos!”

Esse conto hindu nos remete à uma realidade que muitas vezes passa imperceptível à nossa fé. Muitas vezes enxergamos Deus como um ídolo. Pegamos uma “porção” de Deus, criamos uma imagem em cima desta “porção” e a idolatramos. Geralmente este erro ocorre quando isolamos o Deus do Antigo Testamento de Sua revelação explícita em Jesus. Ou então, se fazemos o inverso deixando de enxergar Jesus à luz do Deus revelado no Antigo Testamento. De fato o Deus revelado no Antigo Testamento e o Deus revelado em Cristo, Jesus se complementam. O Espírito Santo entra neste complemento se movendo em ambos. Aqui habita o mistério da Trindade. Deus Pai, Filho e Espírito Santo...Um é extensão do Outro. Um Deus Infinito.

Colocar limites em quem é Deus é criar um ídolo. Definir Deus é limitá-lo. Limitar Deus é diminuí-lo. E triste é ver que agente, ainda que sem perceber, insiste em fazer isso.

Somos cegos. Nos relacionamos com Deus tateando partes de Sua Divina revelação. Se tateamos o Seu Amor, nos sentimos amados. Se tateamos a Sua, Soberania, nos sentimos pequenos. E assim por diante.

De fato temos margens e mais margens de dúvidas à respeito de Deus. O próprio Deus sabe disso. Nesse sentido, dúvidas não é necessariamente pecado. Não é necessariamente o oposto de fé. Já escrevi sobre isso aqui.  Entretanto, Deus se revela à nós através de Sua Palavra. Nela, Deus se revela em Cristo, Espírito Santo e no Pai. E aqui está o ponto crucial da fé. Com base no que conhecemos de Deus, naquilo que Ele se permitiu revelar-se a nós, no que acreditamos? Pense: Se olharmos para a Palavra, temos uma revelação de Deus. Vamos chamar esta revelação de “Porção”, com P maiúsculo. Esta Porção é a Porção que Deus nos permitiu conhecer à respeito Dele. O problema é quando pegamos uma parte desta Porção, ou seja uma porção, com p minúsculo, e tomamos para nós como a revelação de quem Deus é. Neste momento criamos o ídolo. É por isso que há a necessidade de meditar sempre na Palavra, para conhecermos o máximo que pudermos à respeito desse Deus que as Escrituras nos revelam.

Nisso consiste não só a nossa fé, mas a maneira que vivemos. Este é o ponto de partida: como vemos Deus. A visão que temos de Deus dimensiona a vida que nós vivemos. Se vermos um Deus medíocre, viveremos a vida de forma medíocre. Se vermos um Deus amoroso, somos convidados a viver uma vida amorosa. Se existe um Deus, então existe uma forma certa de se viver. Afinal Deus representa Soberania. Somos (pelo menos deveríamos ser) submissos à Ele. Ele é Criador e nós criaturas.

Isso nos remete à um entendimento que gostaria de ilustrar às lentes de Mateus 14:23-33...

E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só.
E o barco estava já no meio do mar, açoitado pelas ondas; porque o vento era contrário;
Mas, à quarta vigília da noite, dirigiu-se Jesus para eles, andando por cima do mar.
E os discípulos, vendo-o andando sobre o mar, assustaram-se, dizendo: É um fantasma. E gritaram com medo.
Jesus, porém, lhes falou logo, dizendo: Tende bom ânimo, sou eu, não temais.
E respondeu-lhe Pedro, e disse: Senhor, se és tu, manda-me ir ter contigo por cima das águas.
E ele disse: Vem. E Pedro, descendo do barco, andou sobre as águas para ir ter com Jesus.
Mas, sentindo o vento forte, teve medo; e, começando a ir para o fundo, clamou, dizendo: Senhor, salva-me!
E logo Jesus, estendendo a mão, segurou-o, e disse-lhe: Homem de pouca fé, por que duvidaste?
E, quando subiram para o barco, acalmou o vento.
Então aproximaram-se os que estavam no barco, e adoraram-no, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.
Mateus 14:23-33

Primeiramente gostaria de abrir um pequeno parêntese....

É interessante que neste texto fica explícito que o problema da dúvida é quando ela é induzida pelo medo. Como já disse outras vezes o contrário da fé é o medo. Nisto consiste o pecado que nasce do oposto da fé.

Fecho o parêntese.

Enfim retomando o pensamento...observe a linha de raciocínio...Pedro era pescador. Se tinha algo que ele “manjava” muito bem era o fator água. Ele sabia que era impossível um homem andar sobre as águas. O fator “ninguém consegue andar sobre a água” é uma verdade para Pedro. E é também correto afirmar que esta é a verdade do mundo. Quando Jesus aparece caminhando sobre as águas, é como se Jesus dissesse para Pedro: “Pedro, Eu sou a Verdade. Esta é a minha Verdade. Vais acreditar na sua ou na minha?”.

Somos desafiados à lidar com 3 dimensões de verdades: A nossa, a do mundo e à de Deus.

E o desafio não é tão simples por que as 3 dimensões de verdade se desenrolam simultaneamente. O cristão é desafiado constantemente à ter como sua verdade, o próprio Cristo, que é a Verdade.

Mas não Cristo visto de forma isolada da trindade santa. Nesse sentido Cristo vira um ídolo. E Sim no sentido de Cristo à luz de toda revelação das Escrituras Sagradas. Nesse contexto Cristo é revelado como Deus Explícito. Um Ser Pertencente à Trindade Santa. É esse Deus que o Cristianismo prega: Pai, Filho e Espírito Santo...um complemento do outro. Tendo Cristo como revelação aos nossos olhos nus. Expressão de como o homem deve ser. Nisto consiste a visão que devemos ter de Deus para termos o ponto de partida de nosso viver. Um Deus que é Infinito em Amor, Misericórdia, Graça e tantos outras características que nasce do Supremo Bem. Viver assim é viver anunciando o Reino de Deus.

Como certa vez ouvi um pastor dizer...

“... Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura (Marcos 16:15)...se necessário use palavras”

Tendo a Verdade de Deus como nossa verdade...a nossa vida se torna verdadeira...o nosso viver se torna a pregação do evangelho...a nossa vida se torna a anunciação do Reino de Deus. Tenho batido na tecla de sermos “Veículos da Graça de Deus”...e só podemos ser agentes da graça se a nossa verdade for à Verdade de Deus. Nisto consiste a realidade do ser humano: Cristo Crucificado para o mundo. Cristo é a Verdade. A Verdade Crucificada. Crucifiquemos a nossa verdade para que ela morra na cruz e para que a Verdade de Cristo seja o nosso viver.

Vemos tudo ao nosso redor e achamos que temos uma realidade. Mas nada disso é realidade consumada sem Deus. A única realidade é propriamente o Deus Vivo. Só somos real Nele. Sem Ele somos irreal. Mortos vivos aguardando a morte se consumar.

Idolatrar Jesus resulta numa busca por um Alguém com uma varinha mágica para suprir os meus caprichos. Adorar à Jesus é viver consciente dos Valores do Reino de Deus ensinados por Ele, fazendo isso não pelo que Ele nos dá, mas pelo que Ele nos é: A Vida Eterna.

Para qualquer coisa que coloquemos no lugar de Deus...tem-se idolatria. Para Deus tem-se adoração. Adoração é render-se. Adoração é devolver à Deus a Soberania que nós roubamos...a soberania sobre o nosso próprio ser... e não é possível fazer isso se não crucificarmos a nossa própria verdade. Não é possível fazer isso sem romper com a rebelião. Não é possível fazer isso se a verdade do homem for o seu próprio ego.

Quem é Jesus para você: Deus ou, simplesmente, um ídolo?

MARANATA, ORA VEM SENHOR PARA BEM PERTO DE MIM

Todo Cristão tem como maior esperança a volta de Jesus Cristo. Esta volta nos remete à vida eterna. Entretanto muitos confundem o fato de que se Cristo irá voltar, quer dizer que Ele não está aqui conosco.

De todas as maneiras na qual Deus é revelado nas Escrituras Sagradas, particularmente, creio ser “Emanuel” a mais bela de todas. Emanuel, Deus Conosco. Emanuel, Deus Presente. Emanuel, Deus bem perto. Deus é Emanuel muito antes da criação do mundo. Sim, creio nisso. Creio que Deus se fez Emanuel muito antes de sermos criados. Deus está presente na humanidade desde sempre. Deus se faz Emanuel em Jesus. Deus se faz Emanuel no Espírito Santo. Deus se faz Emanuel no Pai. Ao celebrarmos a Santa Ceia com nossos irmãos, celebramos o Corpo e o Sangue de um Deus Conosco.

Jesus é a presença explícita de Deus em nosso meio. Ele é Emanuel aos nossos olhos. Amigo verdadeiro. Amigo que se importa. Que não tem interesse algum além do Amor. E não qualquer tipo de amor. É o Amor proposto pelo Reino de Deus. O Cristianismo nos traz à tona um Reino onde o Rei caminha entre os Seus súditos. Um Rei que se levanta do trono e vem nos abraçar com Seu amor. Um Rei que se compadece. A cruz foi o destino deste Rei. Nela Cristo morreu de braços abertos, como se Seus braços se estendessem ao infinito para abraçar toda a humanidade. Na cruz, Jesus consuma a vitória sobre o mau, e estende um convite de ser Emanuel para nós em toda a eternidade.

Particularmente, creio que o cristão deva esperar a volta de Cristo consciente de que Ele já está conosco. Creio que temos que acreditar que a Sua volta é a consumação da restauração da humanidade que Nele crê. Em outras palavras, diria que a Sua volta é a consumação da restauração da humanidade que está consciente que Ele já está conosco. Viver consciente de que Ele está conosco nos remete a viver os valores do Seu Reino.

O cristão é desafiado a viver buscando cada vez mais a plenitude da presença de Deus. Ao aceitar este desafio, o cristão ganha um amigo: Deus. Ele se permite ser sentido pelo homem que o busca.

Deus se faz Emanuel neste mundo para anunciar o Seu Reino. Um Reino onde o Rei é o primeiro a sofrer. Um Deus que deseja se tornar presente em tudo o que somos. Sim, ainda aqui, neste mundo, é possível já contemplar o Seu Reino em ação. Contemplamos o Seu Reino quando o homem permite Deus agir. Deus não é um ditador autoritário, por isso Ele age apenas se o homem permitir. Ele é Emanuel o tempo todo, mas não impõe nada ao homem, só entra se a porta for aberta. Jesus espera ansiosamente que você lhe convide para entrar.

Permita-se viver uma vida onde Deus é Emanuel em seu Ser. Onde Deus está presente, o paraíso se concretiza. Faça isso simplesmente por desejar que Ele esteja com você pelo que Ele é e por nenhum interesse mais. Devolva à Deus o Senhorio de sua vida. Deixe Deus agir como Senhor na Sua vida.

O ser humano é uma “máquina” cujo o combustível para que ela funcione é Deus. Qualquer outro combustível que seja usado, a máquina (nós) não funcionará corretamente. As engrenagens girarão de forma desarmoniosa. Quando deixamos o combustível verdadeiro, que é Deus, girar nossas engrenagens, a verdadeira harmonia, na qual o homem foi projetado para ser em sua essência, vem à tona.

Convide Deus para sua vida. Convide Jesus para ser a Sua vida. Mas não o tenha como um ídolo ou como um líder. Busque-O como Deus. Um Deus amigo que se importa contigo. Ele é o Paraíso. Ele é o destino que toda a humanidade deve buscar. Permita que o Reino de Deus se torne uma consciência expandida em sua mente. Uma consciência que te leva a agir com valores fundamentados pelo Amor em Sua Essência Pura, na contramão do mundo egoísta que conhecemos.

Esperamos a volta de Deus, consciente de que Ele já esta conosco. Esta é a nossa esperança. Não esperar é desesperar. Se desesperar é não ter esperança. O mundo que vivemos nos ilude e planta esta desesperança em nossos corações sem percebermos. Como disse Luiz Sayão: Temos que colocar o mundo de cabeça para cima...por que de cabeça para baixo o mundo já está. Temos que levar esta esperança para todos os homens. Nisto consiste o Reino de Deus...esperar que Ele venha buscar a turma que rompeu com a rebelião e vive consciente de que Ele já está conosco.

Que a nossa alma possa cantar alegremente esse louvor ...

Maranata,
Ora vem Senhor pra bem perto de mim
E que o tempo nos conserve sempre assim
Num vínculo de doce comunhão

Maranata,
Não apenas pra curar minha doença
Pois preciso celebrar Tua presença
Que é tão doce e tão vital pra o coração

Deus, tantas vezes eu me sinto em um deserto
Nessas horas é tão bom Te ter por perto
Consciente sou que sempre estás comigo

Deus, quero sentir mais da Tua plenitude
Discernindo nessa tão doce quietude
O prazer de Ter como meu amigo

quinta-feira, 25 de abril de 2013

O PAI DE TODOS OS PECADOS

Deus É o que Ele é. Quando perguntado por Moisés sobre quem Ele era, a resposta foi: “Eu sou o Eu Sou”. Esta resposta de Deus à pergunta de Moisés, o modo como Deus se auto define, nos remete ao Mistério dos Mistérios. Uma ampla via pavimentada de dúvidas se desenrola em nossa frente. Então olhamos para a Palavra e vemos o homem sendo definido como criado à imagem e semelhança de Deus. Em outras palavras, fomos criados à imagem e semelhança do Eu Sou o que Sou. Somos imagem e semelhança de um ser que não conhecemos (pelo menos por completo).

O Pastor Ariovaldo Ramos interpreta (assertivamente, creio eu) que quando a Palavra nos diz que somos criados à imagem e semelhança de Deus, ela está dizendo que esta imagem e semelhança vai muito mais além do fato de sermos seres inteligentes, seres que pensam. Isso por que os anjos possuem estes mesmos atributos e não são imagem e semelhança de Deus. O Pastor Ari nos diz que o que nos torna imagem e semelhança à Deus é o fator de sermos família, assim como Deus é, Unidade Trina. Somos imagens e semelhança por sermos em família uma só carne. Sendo assim, o elemento fundamental que nos torna imagem e semelhança de Deus provém de nossa (possibilidade) capacidade de sermos uma só carne, homem unido a mulher: a família. Uma unidade de muitos, assim como Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.

De fato há muitos mistérios sobre Deus. Mas do pouco que sabemos, de tudo o que está revelado nas Escrituras Sagradas, podemos afirmar algumas coisas sobre Deus. Dizemos que Ele é a Verdade, o Amor, a Vida, a Justiça, o Poder, a Paz, e tantas outras coisas que Deus nos permitiu conhecer em Sua Palavra. As Escrituras Sagradas nos remetem à um mesclado de revelações e mistérios. Faz isso no Antigo Testamento, mas creio que faz de forma explícita extraordinariamente na vida de Jesus. Não é à toa que seja assim, pois Deus é a própria Palavra.

Agora, feito este pano de fundo, acompanhe o raciocínio...Deus criou Lúcifer (um anjo de Luz) e o mesmo alimentou seu próprio ego e orgulho se fazendo demônio, e por consequência desejando tomar o trono do próprio Deus que o havia criado... Deus criou o homem à Sua imagem e semelhança e o homem se fez imagem e semelhança do demônio.

O ato de “optar por aceitar a proposta do demônio para sermos auto suficientes” (ilusão, pois nada se sustenta sem Deus) é o que a Palavra chama de queda, ou rebelião do homem. Este é o fator que nos fez ser parecidos com satanás. Ao aderir à sua proposta, o homem direcionou a sua imagem e semelhança à de satanás.

O que nos torna imagem e semelhança à Deus é a capacidade de sermos uma unidade de muitos nos relacionando em amor. E o que nos torna imagem e semelhança ao demônio é optarmos por amar a somente a nós mesmos, viver crendo que somos auto suficientes, permitindo que o nosso ego se torne absoluto. Este foi o pecado de Lúcifer. Esta foi a contaminação que entrou no coração do homem. Este é o pai de todos os pecados: o Ego Absoluto. Esta é a lógica imposta pelo mundo. Nisto consiste a rebelião. O ego absoluto gera os demais pecados. É contra esta rebelião que devemos romper para que a gente possa ser a imagem e semelhança do Pai.

Isto nos evidencia que há uma maneira correta de amar. Ou em outras palavras, nos evidencia que para que a gente seja semelhante à Deus temos de seguir um modelo correto de relacionamento. Um modelo proposto pelo próprio Deus.

No antigo testamento este modelo é dado na lei de Moisés. É o primeiro mandamento: Amar à Deus sobre todas as coisas. Para que o segundo mandamento seja cumprido: Amar ao próximo como Deus nos ama. Em simples palavras, é como se Deus estivesse nos dizendo: Para ser semelhante à Mim, você precisa se relacionar tendo como premissa o amor que lhe proponho. Então ame à Mim acima de tudo para que você saiba como é amar da maneira que Eu, o Criador, proponho que a humanidade se ame.

Este modelo nos é exibido de forma explícita na vida de Cristo. Ele se relacionou com o Pai da maneira como o próprio Pai desejava que o homem se relacionasse com Ele. Submissão, dependência, obediência e amor.

Quando Jesus ensina os seus discípulos a orar, Ele diz: “Livrai-nos do mau”. Em outras palavras, “Livrai-nos do maligno”. Não no sentido do mau acontecer em nossas vidas, como um fator que vem de fora para nos atormentar. Mas no sentido de não nos tornarmos maldosos, no sentido de não nos tornarmos egos absolutos. Por isso os demais trechos da oração é sempre levando em conta o próximo: “Pai nosso”, “Pão Nosso”, “Nossas Ofensas”...e por ai vai. Não podemos ir à presença de Deus sozinhos, ainda que passando pelo Sangue de Cristo. Se fizermos isso, Deus nos fará a mesma pergunta feita a Caim: “Onde está seu irmão?”.

Deus nos fez para viver em harmonia com Ele e uns com os outros. Por isso a igreja é uma comunidade. Por isso somos seres relacionais.

O pai te todos os pecados é o ego absoluto. Ele resulta no orgulho absoluto. É um caminho sem volta. Nasceu da maneira errada de amar, que foi amar a si próprio mais que tudo. Amar sem que o amor passe pelo Amor que é Deus.

Lúcifer é nosso inimigo. Mas ousaria dizer que nosso maior inimigo é o nosso ego absoluto. Pois Lúcifer já foi derrotado na Cruz do Calvário...mas nosso ego luta diariamente contra nós mesmos tentando se tornar absolutamente independente de Deus. É por isso que Cristo nos diz: "Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a vida por minha causa, este a salvará.”  Lucas 9:23-24

Que nosso ego seja crucificado diariamente junto à Cristo no Calvário.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

JUMENTO, O VEÍCULO DA GRAÇA DE DEUS

E, quando se aproximaram de Jerusalém, e chegaram a Betfagé, ao Monte das Oliveiras, enviou, então, Jesus dois discípulos, dizendo-lhes:
Ide à aldeia que está defronte de vós, e logo encontrareis uma jumenta presa, e um jumentinho com ela; desprendei-a, e trazei-mos.
E, se alguém vos disser alguma coisa, direis que o Senhor os há de mister; e logo os enviará.
Ora, tudo isto aconteceu para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta, que diz:
Dizei à filha de Sião: Eis que o teu Rei aí te vem, Manso, e assentado sobre uma jumenta, E sobre um jumentinho, filho de animal de carga.
E, indo os discípulos, e fazendo como Jesus lhes ordenara,
Trouxeram a jumenta e o jumentinho, e sobre eles puseram as suas vestes, e fizeram-no assentar em cima.
E muitíssima gente estendia as suas vestes pelo caminho, e outros cortavam ramos de árvores, e os espalhavam pelo caminho.
E a multidão que ia adiante, e a que seguia, clamava, dizendo: Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas!
E, entrando ele em Jerusalém, toda a cidade se alvoroçou, dizendo: Quem é este?
E a multidão dizia: Este é Jesus, o profeta de Nazaré da Galiléia.
Mateus 21:1-11

O texto acima relata a concretização da profecia de Zacarias (proferida à praticamente 500 anos antes de ser concretizada):

Alegra-te muito, ó filha de Sião! Exulta ó filha de Jerusalém! Vê! O teu rei virá a ti, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, filho de jumenta” (Zacarias 9:9).

Entretanto, creio que a Palavra nos relata uma profecia (desapercebida) muito antes que esta. O sacrifício de Isaque, filho de Abraão, é uma profecia ao sacrifício de Cristo. Veja que para chegar ao Monte Moriá (local onde Deus havia designado para o sacrifício de Isaque),  Abraão e seu filho usam um jumento:

Então se levantou Abraão pela manhã de madrugada, e albardou o seu jumento, e tomou consigo dois de seus moços e Isaque seu filho; e cortou lenha para o holocausto, e levantou-se, e foi ao lugar que Deus lhe dissera. Ao terceiro dia levantou Abraão os seus olhos, e viu o lugar de longe. E disse Abraão a seus moços: Ficai-vos aqui com o jumento, e eu e o moço iremos até ali; e havendo adorado, tornaremos a vós.
Gênesis 22:3-5

De fato, a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (que é representada nos dias de hoje pela famosa tradição católica chamada de “Domingo de Ramos”) nos convida a viajar em pensamentos.

Ao olharmos para este relato, alguns elementos da história chamam a atenção:

O primeiro é Jesus. Um rei exaltado em um jumento. Que rei, em toda humanidade, se permitiria ser exaltado desta forma? A maneira escolhida por Deus para exaltar o Seu Filho é sensacional. Particularmente creio ser este relato, juntamente com o ato de Jesus lavar os pés de Seus discípulos, as maiores demonstrações do caráter humilde de Cristo. Um Deus que se esvazia de toda Sua Soberania para agir desta forma escancara que o maior poder que Ele tem é o Amor.

O segundo é o Jumento. Hoje no nordeste brasileiro, os jumentos são considerados uma “praga”. Pessoas vendem jegues por R$ 2,00 ou acabam abandonando os mesmos para se livrarem do custo e trabalho para cuidar dos mesmos. De fato, um jumento é considerado um animal “desprezível”. Você já viu algum príncipe encantado montar um jumento para salvar a princesa nos contos de fadas? Você pode me dizer “Ahhh, mas você se esqueceu do Shrek!”. Eu digo, não, não me esqueci. Pelo contrário, cito ele como exemplo: olha para o Shrek. Ele é um personagem sátira dos contos de fadas. Logo acabaram escolhendo um “burro” para satirizar mais ainda a figura do cavaleiro. Talvez eu não esteja conseguindo atingir o ponto crucial do que quero dizer aqui. Então vou usar o pensamento do Pastor Carlos Queirós para me explicar melhor. Certa vez o Pastor Carlinhos contou uma história sensacional em uma pregação.

A história dizia que o mesmo jumentinho que Jesus usou para entrar em Jerusalém resolveu fazer o mesmo trajeto uma semana depois deste acontecimento relatado em Mateus 21:1-11. Depois de refazer o trajeto, o jegue chegou em casa muito triste. Então muito frustrado, ele disse à sua mãe: “Mãe eu fui pelo mesmo caminho da semana passada. Achei que iam jogar novamente os ramos e as capas, mas não foi isso que aconteceu. Me deram pedradas e também não me deixaram nem chegar perto do templo”. A mãe do jumentinho lhe respondeu: “É meu filho eu sabia que isso ia acontecer. Sabia que não ia ser a mesma coisa. Sabe por que? Por que você foi sozinho. Você foi sem Jesus.”

Captou!? Um jumento com Deus, é exaltado juntamente com Deus. Um jumento sem Deus, é um animal desprezível. Não seria o homem similar a um jumento!?

Ou ainda...não seria um pensamento coerente dizer...um homem, ainda que se sinta desprezível como um jumento, se se permitir caminhar com Deus...será exaltado com Deus!?

É claro que Deus é exaltado na Cruz...é lá que está a Glória de Cristo...então quando pensar em ser exaltado com Cristo...só há um jeito: Na cruz.

A obediência dos discípulos em buscar o jumento para Cristo é o quarto elemento. Eles fazem exatamente como Jesus havia pedido.

Um quinto elemento interessante é o relato dos discípulos colocarem as suas capas sobre o lombo do jumento. Naquela época, o costume judeu dizia que a capa de um homem representava a sua posição na sociedade. Ao retirarem suas vestes e colocarem no jumento, os discípulos abriram mão de suas posições para exaltar a Cristo (talvez o tenham feito inconscientemente).

Por fim, o último elemento é a multidão. Seria muito bom se esta atitude da multidão fosse o “final feliz”. Mas a história não foi bem esta. Perceba que a multidão que exalta à Cristo no trajeto, é a mesma multidão que, capítulos à frente, é induzida pelos fariseus a gritar “Crucifica-o, Crucifica-o” para que Pilatos dê a ordem da crucificação de Jesus. A multidão “vira a casaca” em questão de um piscar de olhos. A multidão permite-se ser usada como massa de manobra pelos fariseus. A mesma multidão que se admirava com os feitos de Cristo.

Existem diversos outros detalhes neste relato que poderiam ser alvos de pensamentos. O dono da jumenta, o fato do caminho trilhado por Cristo ter sido pavimentado pelos ramos e pelas vestes da multidão. Enfim muitos detalhes que poderiam nos levar à viajar em pensamentos.

O que quero chamar à atenção aqui é o fato de que, de certa forma, todos nós nos encaixamos em diversos papéis neste trecho das Escrituras Sagradas. Mas o que mais, creio eu, que demos nos identificar e buscar à ser igual, é a do jumentinho. Mas não na atitude de voltar pelo mesmo caminho por conta própria. E sim no sentido de ir com Jesus. Conscientes de que Jesus é a Graça Personificada. Jesus é a Graça com rosto humano. Ir para Jesus. Ir por Jesus. Ir “para” e “por” esta Graça com Rosto Humano. Levando Jesus aonde formos. Entregando as nossas rédeas nas mãos de Cristo, para que Ele decida, se devemos ir para a direita ou para a esquerda, para frente ou para trás. Ser o jumento no sentido de estar consciente de que Jesus é a Graça consumada e que devemos ser como o jumento se permite ser o veículo da graça, que se permite ser o elemento que exalta a Graça, que faz isso consciente de que as vestes e os ramos jogados no caminho é para exaltar a Graça e não nós, jumentinhos.

O jumentinho levou Cristo para Jerusalém. O Jumentinho fez a sua parte na história da redenção da humanidade. O jumentinho se fez veículo da Graça. E nós?

Usando o jargão evangélico “prefiro ser bobo da corte no reino de Deus do que príncipe nas trevas”, fica a pergunta, você deseja ser um jumentinho de Cristo ou um cavalo de raça para o demônio?

Creio que Cristo, faz com que seus “jumentinhos” se sintam amados como se fossem um cavalo de raça, puro sangue. E creio ser exata a via oposta: que o demônio, quando usa um homem, diz que ele é um cavalo de raça, mas no fundo lhe como um burro.

terça-feira, 23 de abril de 2013

EU ACREDITO NO DIABO

Leia esta notícia que foi publicada no dia 31/01/2010:

TRAFICANTE DA ROCINHA FORJA A PRÓPRIA MORTE

“O chefe do tráfico na Rocinha, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, de 34 anos, simulou a própria morte para tentar escapar do cerco da polícia. O golpe foi descoberto pela Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e revelado pelo "Fantástico", da TV Globo. O médico que atestou o óbito do criminoso, Dalton Jorge, está preso por falsidade ideológica e associação ao tráfico. Ele revelou ter recebido R$ 150 para assinar o atestado sem ver o corpo.
No documento, o médico indica que o traficante morreu na Rua Major Rubens Vaz 170, na Gávea, endereço da 15 DP (Gávea), justamente a delegacia responsável pelas investigações sobre a venda de drogas na Rocinha. O atestado tinha como causa da morte insuficiência renal e diabetes, o que evitaria que o corpo passasse pelo Instituto Médico-Legal (IML) para ser periciado.
De acordo com as investigações da DRFA, Nem pretendia ainda realizar um enterro rápido, sem velório, na última sexta-feira, às 16h15m, no Cemitério do Catumbi. O objetivo era se aposentar por causa de uma futura ocupação da Rocinha pela polícia.
- A intenção era fazer o que qualquer criminoso sonha: desaparecer e viajar. Cabe agora investigar, para saber se houve alguém morto para ser usado no sepultamento. Dar o endereço da delegacia como local de falecimento foi uma ironia com a polícia, mas vamos capturá-lo - afirmou o delegado titular da DRFA, Márcio Mendonça.
Se o golpe fosse concluído, o bandido já teria pronta uma nova identidade, com a data de nascimento alterada em um dia, de 25 para 24 de maio de 1976, e com o nome de Antonio Lopes. Segundo as investigações, a estratégia era divulgar a falsa morte apenas mais tarde, para não levantar suspeita.
No último dia 29, Nem foi denunciado pelo Ministério Público, junto com o vereador Luiz Cláudio de Oliveira, o Claudinho da Academia (PSDC), por ter coagido moradores nas eleições de 2008, em uma reunião na quadra de futebol no alto do morro. Claudinho foi eleito com 11.513 votos, sendo 73% deles na Rocinha.”

Esta notícia nos remete ao pensamento que quero compartilhar hoje:

Algumas pessoas dizem não acreditar que o demônio exista (como os escritores dos livros: “Satã: Uma Biografia” de Henry Ansgar Kelly e “Anjos caídos” de Harold Bloom – não li nenhum dos dois, apenas acompanhei as resenhas). Geralmente estas pessoas justificam este pensamento dizendo que o diabo é um ser que o homem inventou (um mito) para receber toda a culpa pelos males feitos pela humanidade (simplesmente para justificar a nossa maldade).

Também existem pessoas que acreditam que Deus criou o diabo e que ele, o diabo, é responsável por tudo o que há de mau no mundo. Estas pessoas acham que a humanidade não carrega nenhuma culpa, já que a maldade é proveniente de satanás.

Claro, também tem aqueles que acreditam que o demônio foi criado por Deus e que o diabo é responsável por apenas parte das maldades do mundo. Esses acreditam que nós compartilhamos a culpa de toda a maldade que há no mundo com satanás.

Acontece que, de fato, nós Cristãos, que sempre estamos acostumados a responder (ou a fazer) a pergunta “você acredito em Deus?”, também somos convidados pelo cristianismo a responder uma outra questão: “Você acredita no diabo?”.

Quando pergunto, “você acredita no diabo?”, a palavra “acredita” vem no sentido de primeiramente, acreditar que ele exista e também no sentido de que ele é o iniciador da rebelião contra Deus.

CS Lewis respondeu esta pergunta da seguinte maneira:

“Eu acredito no diabo, em primeiro lugar, por que em todos os tempos, em todas as civilizações e culturas, sempre se acreditou na existência de um ser com características semelhantes às do que chamamos de diabo. Em segundo lugar, por que a ciência não me apresentou ainda nenhuma informação confiável que me exija deixar de crer no diabo. E por último, por que, acreditando que o diabo existe, consigo explicar muita coisa que, de outra forma, ficaria sem explicação.”

Esta é uma resposta interessante. É claro que como cristão, antes mesmo de considerar estes 3 argumentos, eu diria que acredito no diabo pelo fato da Palavra de Deus revelar que ele exista.

Mas continuemos pensando...

Certa vez ouvi o Pastor Ed René Kivitz dizer que quando seus filhos lhe perguntaram “quem criou o diabo?”, ele respondeu: “Lúcifer!”. E logo em seguida complementou: “Deus criou Lúcifer, um anjo de luz. E Lúcifer, se fez diabo”.

Particularmente, diria que entender isso foi, de certa forma, muito libertador. Eu me perdia em pensamentos buscando entender por que Deus havia criado o diabo. Quando me deparei com este entendimento, muitas coisas foram criando sentido em minha mente.

Entenda...de certa forma, o ser humano tem bem definido (ainda que teoricamente) o que é o perfil “demoníaco”. Este perfil vem atrelado ao fator maldade. Miséria, doença, violência...e por ai vai. O problema é que a gente acha que a maldade é exatamente a ação contrária da bondade. Mas creio não ser bem assim.

Observe a bondade. Ela por si própria tem vida: a bondade absoluta é Deus. O bem supremo é Deus. Há uma identidade. A maldade no entanto não é autossuficiente. Ela nasce do elemento que é o coração da bondade: o amor. Mas o problema é que o amor que provoca a maldade é o amor distorcido...deturpado...impulsionado pelas razões erradas.

Vou explicar melhor: olhe para todos os mandamentos da lei de Deus. Deus nos enviou estes mandamentos por nos amar. Todos eles vão contra este “amor distorcido”. Este amor distorcido no qual me refiro é o “amor” por si próprio. O amor contaminado pelo ego absoluto. O amor contaminado pelo orgulho. É este amor desproporcional por si próprio que faz nascer o pecado. Quando penso só em mim. Quando não penso no outro perante minhas ações. Quando me amo mais que tudo. É este o ponto de partida de todo pecado.

Por exemplo:
Roubar: roubo por que quero algo para mim.
Matar: mato por que a existência do outro me incomoda.

Siga adiante e verá que o pecado tem como ação inicial o ato de amar de forma errada. Este foi o pecado de Lúcifer: Amar a si próprio de forma que o seu ego se tornou absoluto. Por consequência ele quis ser maior do que Deus.

Não é a toa que o primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas. Só podemos amar o nosso próximo se primeiramente aprendermos a amar da forma correta. No caso, amando à Deus sobre todas as coisas, consequentemente aprendemos a amar da forma correta.

A maldade não é exatamente o oposto da bondade. A maldade é a ausência da bondade. Creio que o demônio é exatamente isso: um ser que não possui bondade alguma. Arriscaria a dizer que não existe um ser que é maldade absoluta. O demônio não se sustenta. Ele inclusive depende da Graça de Deus para viver.

Enfim, o demônio existe. Aliás, demônios existem. Acredito em demônios. Acredito que eles existam. Creio nisso. Creio que eles estão dentro de igrejas. Creio que eles manipulam pastores. Creio que eles operam milagres para confundir pessoas. Creio que eles fazem as maiores barbáries que podemos imaginar. Acredito não ser possível acreditar no caráter de Deus sem se ter consciência da existência do demônio e o que ele nos induziu a fazer contra Deus. E digo ainda que, por mais que o demônio tenha induzido o homem a pecar, a culpa do ato de desobediência é totalmente nosso. A gente precisa assumir a culpa. A gente aderiu a rebelião por escolha própria. Precisamos romper com a rebelião.

Sinto tristeza em ver pessoas que deixam o demônio se fazer de desapercebido (assim como o traficante da notícia acima) crendo que ele não exista. Assim como o Nem queria que a polícia acreditasse que ele não existia mais, o diabo quer que o ser humano acredite que ele não exista. Da mesma forma que é triste ver pessoas justificando os seus pecados colocando a culpa no demônio. Pessoas que não tem consciência de seu próprio “eu” demoníaco.

Fyodor Dostoyevsky certa vez disse...”Se o demônio não existe, e portanto, o homem o criou, este o fez à sua imagem e semelhança.”

A Palavra de Deus nos diz que o diabo se rebelou contra Deus e arrastou um terço dos anjos com ele em sua queda. Nós, seres humanos aderimos à rebelião de lúcifer em Gênesis 3, ao aceitar a proposta de satanás de tentar viver sem depender de Deus.

Somos imagem e semelhança de Deus, mas a gente se permite ser tão tendenciosos à maldade que distorcemos esta semelhança que temos de Deus e nos tornamos semelhantes ao demônio. Temos que lutar contra isso. Não podemos nos deixar se tornar seres com ego absolutos. O demônio é um ser de trevas. Todo aquele que anda com o diabo se faz também um ser de trevas. Estamos acostumados a dizer que somos seres iluminados. Isso é errado. Nós somos seres luminosos. O sopro de Deus se faz luz em nós. Somos a luz do mundo (Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Mateus 5:14). Precisamos levar esta luz para estas pessoas que se deixam ser manipuladas pelas trevas.

As Escrituras Sagradas nos revelam que o demônio já está derrotado. Ele sabe disso. Por isso ele age como um suicída, tentando levar o máximo de vidas para o abismo juntamente com ele. Cristo venceu o diabo. O cristão precisa tomar posse desta vitória o demônio. Para tomar posse desta vitória o cristão precisa primeiramente reconhecer-se como demônio e se enfrentar, matando o seu “eu” demoníaco na cruz do calvário. Lavando a falta de caráter do seu “eu” demoníaco com o sangue do cordeiro. Deixando o sangue de Cristo agir como antídoto para curar o amor distorcido que impregna a maldade em nosso ser.

Costumo dizer que de 100% dos pecados que cometo, 100% são meus. O demônio entra neste cenário como o fator multiplicador do pecado. Em outras palavras, se peco me irando e me tornando violento, o demônio me dará as palavras mais terríveis para ofender o meu irmão. Se peco sentindo inveja do carro que o meu irmão comprou, o demônio me fornecerá o pedaço de arame para riscar o carro que eu tanto queria ter. E este demônio pode ser lúcifer, um dos anjos que ele arrastou, ou meu próprio "eu".

segunda-feira, 22 de abril de 2013

O SENHOR DOS EXÉRCITOS REVELADO EM JESUS

“Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo.
Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais.
Portanto, tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar firmes.
Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça;
E calçados os pés na preparação do evangelho da paz;
Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno.
Tomai também o capacete da salvação, e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus;
Orando em todo o tempo com toda a oração e súplica no Espírito, e vigiando nisto com toda a perseverança e súplica por todos os santos...”
Efésios 6:11-18

O Deus revelado nas Escrituras Sagradas é também chamado de Senhor dos Exércitos. Em Jesus vemos a face deste Deus. Vemos Deus como é. O Senhor dos Exércitos como é. Jesus é Deus explícito. Jesus é o Senhor dos Exércitos explícito.

Não é à toa que vez por outras nós louvamos: “O Nosso General é Cristo...Seguimos os Seus Passos...nenhum inimigo nos resistirá”.

Jesus é o Senhor dos Exércitos. Jesus é um General. Mas Jesus não é qualquer tipo de General. Jesus, o Nazareno, é um General que engraxa as botinas dos seus soldados. É um General que antes de ser General, se faz soldado. É o Senhor dos Exércitos que antes de ser servido pelo batalhão, serve o Seu batalhão. Jesus é o General que entrega a própria vida pelas vidas de Seus soldados. Aliás, é o primeiro a entregar. É o primeiro homem no “front”. Jesus é um General que comanda um exército cujo o poder é o amor e a misericórdia que brotam de Seu Próprio Caráter.

Todo soldado de Cristo é (ou pelo menos deveria ser) consciente de que a batalha de toda humanidade consiste em uma batalha espiritual. Em batalhas espirituais é evidente que as armas utilizadas devem ser espirituais. É por este motivo que o Apóstolo Paulo nos relata em Efésios 8:11-18 qual armadura os soldados de Cristo devem usar.

Chamo à atenção ao fato de que Jesus, o General, é a própria armadura do cristão. O General se faz armadura para os Seus soldados. Repare nos elementos da armadura citada por Paulo. Ele é a Verdade, a Justiça, a Boa Nova da Paz, Ele é a Nossa Fé, Ele é a Salvação... Ele é a Palavra. O General é a armadura. A nossa Armadura tem vida. É uma Armadura Viva. Jesus é nossa Armadura. Ele é a nossa fortaleza. Ele é o nosso refúgio.

Fico pensando se quando cantamos “O Nosso General é Cristo...Seguimos os Seus Passos...” se realmente a gente tem consciência disso. Se realmente a gente está seguindo os passos de Jesus em realidade ou se só na letra da canção.

Temos visto as igrejas pregando um outro tipo de General. Um general que trata os seus soldados através de um relacionamento de mérito. Um general que trata seu batalhão à luz do “faça por merecer”. Esse não é o Senhor dos Exércitos revelado em Jesus Cristo.

Temos que romper com esta ideia de um general assim. Somos parte do batalhão da Graça. Somos soldados que engraxam as botas uns dos outros por que o nosso General foi (e é) o primeiro a fazer isso. Somos soldados que lutam por um Reino de amor. Sendo assim os recursos que usamos nas batalhas são provenientes do próprio amor (perdão, misericórdia, compaixão, etc.). Usamos o amor para lutar por um reino de amor justamente por que o nosso General é propriamente dito o Amor.

Alguém já disse que se existe um Deus, então existe um jeito certo de se viver. Complemento dizendo que, se de fato temos um General, então há um jeito certo de ser soldado. Jesus, o General, nos ensina com Seu Próprio Servir a maneira como devemos servir.

Que cada vez mais possamos ser imitadores desse Adorado Senhor dos Exércitos, Jesus Cristo, o Messias Salvador. General Bondoso. Supremo Bem!

Se você ainda não pertence ao batalhão deste General tão maravilhoso...Aliste-se!

APAZIGUADORES DE TEMPESTADES

E, naquele dia, sendo já tarde, disse-lhes: Passemos para o outro lado.
E eles, deixando a multidão, o levaram consigo, assim como estava, no barco; e havia também com ele outros barquinhos.
E levantou-se grande temporal de vento, e subiam as ondas por cima do barco, de maneira que já se enchia.
E ele estava na popa, dormindo sobre uma almofada, e despertaram-no, dizendo-lhe: Mestre, não se te dá que pereçamos?
E ele, despertando, repreendeu o vento, e disse ao mar: Cala-te, aquieta-te. E o vento se aquietou, e houve grande bonança.
E disse-lhes: Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?
E sentiram um grande temor, e diziam uns aos outros: Mas quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?
Marcos 4:35-41

A essência do Cristianismo prega que devemos abandonar a rebeldia contra Deus. Essa rebeldia vai de encontro ao fato de que o homem optou por viver de forma independente à Deus. Em outras palavras a rebeldia consiste na atitude do homem em se declarar deus de si mesmo. O homem rebelde se acha auto suficiente e leva uma vida sem se submeter aos valores de vida proposto por Deus. Estes valores, podemos chamar de Reino de Deus.

Alguém já disse (creio ter sido Paul Washer) que ser cristão é “parar de lutar”.  Parar de lutar contra a vontade de Deus.

Se olharmos para a vida de Cristo, veremos que é exatamente este o estilo de vida que Ele viveu: total submissão ao Pai. Indo no alvo do entendimento: total obediência ao Pai.

A “obediência ao Pai” consiste em aceitar o convite feito por Deus de “depender Dele”. Esse é o coração da luta contra a rebeldia: ser dependente de Deus.

O fato é que temos que tomar muito cuidado com este conceito de dependência. Sem milongas, o que gostaria de expor como pensamento é o fato de que: Depender de Deus não é necessariamente jogar toda a responsabilidade das circunstâncias que estão ao nosso redor nas “costas” de Deus.

Parece ser mais do mesmo o que irei dizer aqui, mas ainda que seja, creio que muitos de nós jogamos responsabilidades nossas nas costas de Deus. Então, por este motivo, creio ser válido lhe convidar a pensar:

O cristão deve depender de Deus. O cristão deve ser submisso à Deus. Mas o cristão deve assumir a responsabilidade de ser um agente da graça no Reino de Deus.

Olhe para o texto de Mateus 4:35-41. Jesus escancara um convite a todos nós neste texto. Ele nos convida a ser um agente da graça no Reino de Deus.

Vou explicar melhor...

Todas as pessoas tem tempestades na vida. A “tempestade” é a metáfora que representa a “provação” (ou tentação, dependendo do ponto de vista). Mas em uma analogia mais correta, representa a “dificuldade”, representa o momento “difícil”. Quando Jesus acalma o vento e o mar ao dar a ordem “Cala-te, Aquieta-te”, Ele está operando um milagre em pró aqueles que estão perecendo na tempestade.

A gente está acostumado a pensar sempre em nós mesmos. Somos acostumados a olhar para o nosso próprio umbigo. Geralmente esta é a luz de entendimento que usamos para discernir esta passagem. Então geralmente a interpretação é para nos colocarmos no lugar daqueles que recebem a benção da calmaria da tempestade. Tudo bem, faz sentido e é correto. Entretanto te proponho a olhar um convite que Jesus nos faz, de sermos apaziguadores de tempestades para o nosso próximo.

Se olharmos para a atitude de Jesus, veremos que Ele nos convida a olhar ao nosso redor. Nos convida a ouvir o clamor dos outros e sermos agentes de Sua Graça.

Quais são as tempestades dos nossos próximos? A nuvem negra carregada de raios para o nosso próximo pode ser o armário e a geladeira vazia por conta do desemprego. As ondas que assolam o barco da família que mora ao nosso lado pode ser uma doença. A tempestade do nosso irmão pode ser um fim de casamento ou a morte de um ente querido.

Temos nossas tempestades também. Mas penso que o nosso desafio é, ainda que estejamos passando por uma tempestade, não olhar apenas para o nosso barco. Essa é a proposta do Reino de Deus: estar consciente de que dependemos de Deus assumindo a responsabilidade de que somos agentes de Suas ações para com o próximo. É sermos submissos à Deus para que Ele nos use para agir na vida de todos que estão ao nosso redor (inclusive na vida dos nossos inimigos).

Ao acalmar a tempestade de um irmão, provavelmente este irão dirá isso a respeito de você: “quem é este, que até o vento e o mar lhe obedecem?

E o Cristão que se faz agente da Graça do Reino de Deus é consciente de que a resposta deve ser: Jesus.

Em outras palavras...Jesus acalma a tempestade das pessoas através de nossas vidas.

Creio ser esta a maneira natural de se propagar a Palavra de Deus. Creio ser esta a boa nova de Cristo. Ele nos convida a sermos apaziguadores de tempestades.

E aqui abro um parêntese...

Muitas vezes quando a tempestade é difícil, daquelas terríveis, a gente ouve: “Só nos resta orar”. A gente joga para o final de nossas atitudes aquela o recurso que primeiramente deveria ser usado: a oração. Repare no desdém do “só”. Nós cristão devemos nos propor a acalmar a tempestade dos nossos próximos começando pela atitude de orar (sem necessariamente esperar que nos peçam isso). E talvez o maior desafio é fazer isso sem que ninguém saiba. Enfim...penso ser essa a atitude mais sensata do cristão.

...fecho parêntese.

Você já parou para pensar: se o Cristianismo nos convida a pensar no próximo, por que nós cristãos pensamos sempre em nós mesmos? Há algo de errado. Por que a gente quer apenas receber? Por que a gente não quer dar? Por que a gente quer apenas ser abençoado e não ser um abençoador?

Penso na atitude de Pedro ao dizer ao paralítico :

E disse Pedro: Não tenho prata nem ouro; mas o que tenho isso te dou. Em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda. Atos 3:6

Particularmente, o elemento central desta atitude de Pedro não é o “poder de cura” no nome de Jesus Cristo. Creio que o elemento central aqui é o compadecimento movido pelo amor.

Em outras palavras, comprar uma cesta básica para a mulher que tem 4 filhos e foi abandonada pelo marido que não paga pensão é se permitir ser movido pelo mesmo Espírito que moveu Pedro em Atos 3:6. Da mesma forma que oferecer um abraço, um ombro, um ouvido para o desabafo desta mesma mulher e se propor a orar juntamente com ela, é se permitir ser agente da Graça de Deus.

Quem é este que se permite ser usado por Jesus Cristo para que o vento e o mar se acalmem?

É o cristão.

Encerro fazendo um questionamento: Será que estamos deixando Deus nos usar ou será que estamos tentando usar Deus? Será que nós temos nos disponibilizados para Deus nos usar ou será que estamos tentando usar Deus?

Que o nosso coração possa pulsar juntamente com o coração de Cristo. Para que a gente possa viver o verdadeiro cristianismo. Para que a gente possa viver e proclamar o Reino de Cristo. Para que a gente possa ser agentes da graça de Deus...como um farol que brilha a noite...como ponte sobre as águas...como abrigo no deserto...como flecha que acerta o alvo....como aquele que se propõe a orar, chorar, sorrir, sofrer junto...como aquele que divide a mesa...como aquele que se propõe a resgatar a dignidade dos esquecidos...como apaziguadores de tempestades do nosso próximo.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

UBUNTU: SOU O QUE SOU PELO QUE NÓS SOMOS

Os africanos tem uma filosofia chamada ubuntu. Resumidamente, o ubuntu pode ser entendido como "humanidade para com os outros". Outras traduções para esta filosofia podem ser "compartilhar une os seres humanos" ou ainda "sou o que sou pelo que nós somos". O Arcebispo Desmond Tutu diz: “Uma pessoa com ubuntu está aberta e disponível aos outros, não-preocupada em julgar os outros como bons ou maus, e tem consciência de que faz parte de algo maior e que é tão diminuída quanto seus semelhantes que são diminuídos ou humilhados, torturados ou oprimidos.”

O ubuntu vai de encontro com o Cristianismo. Nos revela que para ser “gente” precisamos de “gente”. Para um entendimento melhor: para ser “gente” precisamos nos relacionar com “gente”.

A gente acaba não parando para pensar nisso. E de certa forma o ubuntu parece ser meio óbvio. Entretanto não creio que todos nós temos a consciência disso. Já parou para pensar se é possível uma pessoa ser “gente de verdade” sozinha, isolada!? Somos seres criados com o propósito de nos relacionar. Inclusive o nosso organismo é dotado de “mecanismos” (talvez a palavra melhor seja “recursos”) para se relacionar (expressar).

Então, se para ser “gente”, precisamos nos relacionar com “gente”, que tipo de relacionamento devemos nos espelhar? Qual o modelo que temos que seguir!

A o Reino proposto por Jesus Cristo nos revela este modelo.

Jesus dedicou o seu ministério (praticamente) inteiro para divulgar o Reino de Deus. O Reino do Pai foi o centro de Sua mensagem. Cristo nos revela um Reino onde os valores se alicerçam no “se doar pelo outro”. Um Reino que pensa coletivo. Um Reino que se apresenta de forma colaborativa. O Reino de Deus propõe relacionamentos com valores tendenciados ao diretamente ao amor. Com isso os relacionamentos vão de encontro com os verbos “compartilhar”, “dar”, “perdoar”, “compadecer”, etc.

Os relacionamentos que partem da verdadeira essência do Reino de Deus (que nos permite ser gente de verdade) provém do Espírito de Cristo. E aqui me identifico com o Pastor Eliel Batista que tendência este Espírito não no sentido de Cristo se apossar de nós, mas sim no sentido do mesmo Espírito que movia Cristo a ser o que Ele era. Penso não no sentido de Cristo se apoderando de mim como uma entidade que me faz uma “marionete”, mas no seu Espírito me capacitando a ser como Ele era. Em outras palavras: o Espírito de Cristo me instruindo os valores do Pai sem que a minha consciência seja eliminada (ainda que por instantes).

Creio que hoje temos confundido muito o fator “Cristo evidenciar que era o Messias” com o fator “Reino de Deus anunciado por Cristo”. Tenho consciência de que um fator esteja ligado ao outro, mas acredito que, hoje em dia, existe uma confusão sendo gerada dentro das igrejas.

Vou explicar melhor:

O Reino de Deus nos trás uma premissa: Obedecer à vontade do Pai. Ou se preferir, ser submisso ao Pai. Esta é a proposta. Jesus nos mostrou isso em Sua vida.

Fico pensando: Será que seremos cobrados por não ter andado sobre as águas? Será que seremos cobrados por não termos transformados água em vinho? Será que o Reino de Deus tem como centro de mensagem o “exercer poder”?!

Sei que a salvação vem pela Graça. Também sei que fé sem boas obras é uma fé morta. Não é este o centro do que estou propondo pensarmos aqui.

Penso que prestaremos contas por não cuidarmos dos pequeninos (viúvas, órfãos, etc.). Em outras palavras, acredito que Deus espera muito mais que a gente abra os armários de nossas casas pegue um saco de feijão e dê para aquele que não tem o que comer. Creio que Deus conta conosco para que a gente ofereça os braços abertos para abraçar aquele que chora. Nisto consiste o poder do Reino, fazer dos nossos braços os Braços de Deus para abraçar o esquecido. Esta é a porta de entrada para o Reino: se comprometer a se doar para os seus próximos.

Vejo igrejas muito mais focadas em “poder”. Querem andar sobre as águas, querem abrir o mar vermelho. E sinto como se Deus estivesse dizendo: “O maior poder que quero de vocês é o Amor”.

Que tal pararmos de abrir “mares vermelhos” e passarmos a amar mais? Que tal pararmos de pingar de igrejas em igrejas atrás de poder e nos propormos a amar mais?

O poder demonstrado por Cristo atestou que Ele era o Messias. Mas o amor que movia o Seu poder se transformava em Graça anunciando o Reino de Deus diante dos olhos de todos.

Os questionamentos são muitos. Mas um dos que mais me incomoda com relação às instituições é: Será que estamos mais focados em converter pessoas ou em fazer discípulos de Cristo?

Sim, tudo bem, uma coisa pode estar até relacionada com a outra, mas não creio que ambas são essencialmente iguais. Fazer discípulos de Cristo é um compromisso que vai além do que adquirir fiéis para uma instituição.

Percebo que a necessidade de se exercer “poder” nas igrejas é muito mais para adquirir fiéis do que para anunciar o Reino de Deus.

Triste realidade a nossa. Precisamos não só voltar ao evangelho de Cristo, mas também voltar ao amor.

Para poder ser gente, precisamos nos relacionar com gente. O Reino de Deus propõe que nenhum outro poder, além do amor ensinado por Cristo, seja exercido neste ato de relacionar-se. Este é o ponto de partida para nós resgatarmos a nossa verdadeira humanidade.