E aí... Esperando o Messias? Perguntou o Samaritano.
Claro! Respondeu o Sacerdote.
Então, vem aí o Messias para por Israel sobre tudo e sobre
todos? Provocou o Samaritano.
A maioria pensa assim, meu amigo, mas estou chegando a outra
conclusão. Disse o Sacerdote
Opa! Você saiu da caixa, mesmo! Instigou o Samaritano.
Exato! Eu estou retomando a questão da Imagem de Deus. Disse
o Sacerdote.
Ah sei! A Thorah*1 ensina que fomos feito à Imagem e
Semelhança de Deus. Inclusive, parece que isso tem a ver com o fato de que:
como Deus, somos seres racionais e cônscios de nós e do outro, assim como
moralmente responsáveis, por causa da permissão que temos para decidir sem
restrição. Por isso Deus nos julga e julgará. Emendou o Samaritano.
Eu também pensava assim, mas estou mudando de ideia. Disse o
Sacerdote.
Como? Você acha que tem mais do que isso? Questionou o
Samaritano.
Veja! Essas qualidades, que você alistou, os anjos também
têm. Também são racionais, basta acompanhar os diálogos angélicos encontrados
no texto sagrado, também têm consciência de si e do outro e há anjos do mal, o
que implica em que houve algum tipo de julgamento, porque perderam o seu estado
natural. E, se houve julgamento, são, também, seres moralmente responsáveis!
Acrescentou o Sacerdote.
Então, a gente tem de ter algo que eles não têm. Afirmou o
Samaritano.
Exato! Você sabe dos dois conceitos que há, na língua
hebraica, que, embora traduzidos por um, único, ou unidade, em outras línguas,
no hebraico têm diferença entre si? Perguntou o Sacerdote.
Sim, conheço, as palavras “echad” e “yachid”. A gente usa
“yachid” quando quer falar de peça única, como em uma pedra, e usa “echad”
quando quer falar de unidade necessariamente acompanhada de outras, como em um
cacho de uvas, por exemplo. Completou o Samaritano.
Pois, você já notou que quando Moisés fala que Deus é único,
no chamado à adoração no Deuteronômio 6.4, ele usa a palavra “echad”? E que,
quando fala, no Genêsis 1.24, que Deus disse que o homem deve deixar pai e mãe
e se unir à sua mulher, e que, quando isso acontece, se tornam uma só carne,
também usa a palavra “echad” para designar o efeito da comunhão entre homem e
mulher? Perguntou o Sacerdote, denotando emoção.
Rapaz! Isso é de impressionar! Você está a dizer que é na constituição
da família que nos tornamos imagem de Deus? Diz o Samaritano.
Não ao nos constituirmos família, mas, no fato de sermos
família. A gente não pode esquecer que Moisés nos ensinou que somos uma
família, nós, todos os seres humanos, de todas as nações, viemos de um único
casal: somos uma só família. Estou dizendo que somos imagem e semelhança de
Deus, porque somos uma só família. E, cada um de nós, o é, porque nasceu nessa
família, dessa família e para viver por essa e nessa família. Completou o Sacerdote.
Sim, pode até ser, mas isso se perdeu! Veja o nosso caso,
somos de nações irreconciliáveis! Aliás, nem na família a gente vê isso! Anotou
o Samaritano.
Pois é! Isso que eu penso que o Messias fará: conciliará
todas os seres humanos e todas as nações, fazendo ressurgir a família humana,
assim a imagem e semelhança de Deus reaparecerá! Exclamou o Sacerdote.
Lindo! E isso é muito mais do que restaurar a Israel! Todos
seremos contemplados! Mas, você, ao dizer isso, não está dizendo que Deus,
também, é uma família? Inquiriu o Samaritano.
É. Ou, no mínimo, unidade acompanhada, necessariamente, de
outra ou outras. Eu percebo que Moisés insistiu em falar de Deus no plural.
Assim como insistiu em dizer que nós, humanos, somos uma só criacao, porque
Deus só manipulou o barro uma vez, e só soprou uma vez, e que Adão, disse ele
no Genesis 5.1 e 2, era o nome do casal e não do macho, de modo que, quando
Deus passeava no jardim, e chamava por Adão, o casal se apresentava a Ele.
Disse o Sacerdote.
Você está a dizer que Deus é uma família? Insistiu o
Samaritano.
Bem... Acho que ainda não consigo dizer isso, mas estou
profundamente incomodado com essa possibilidade*2. Replicou o sacerdote.
Bom, meu amigo, você já me deu muito para pensar; a gente se
vê. E saiu o Samaritano.
*1 A Lei de Moisés - N.A. *2 Nós, cristãos, cremos que Deus
é uma família: Pai, Filho e Espírito Santo (Um Deus e Três Pessoas) - N.A.
A Palavra nos diz que Deus depositou em nós, quando nos
criou, a sua imagem e semelhança. Muitos acreditam que esta “imagem e
semelhança” está relacionada à nossa capacidade de raciocinar. O texto que
contém o diálogo entre o sacerdote e o samaritano é de autoria do Pastor
Ariovaldo Ramos. Ele levanta um raciocínio apontando para o fato de que outros
seres citados na Palavra, como por exemplo os anjos (inclusive Lúcifer), tem a capacidade de raciocinar e nem por isso
carregam em si a imagem e semelhança do Criador. O Pastor Ari conclui o raciocínio
dizendo que o fato que nos faz imagem e semelhança do Criador é a capacidade de
sermos um em família, como a Trindade Santa é.
Infelizmente o pecado corrompeu esta imagem e semelhança que
Deus nos depositou. Ainda carregamos em nós a imagem e semelhança de Deus mas,
infelizmente, esta imagem e semelhança esta manchada pelo pecado.
Deus porém decidiu nos dar, em Graça, ou seja, sem que nós merecêssemos,
uma oportunidade de termos esta imagem e semelhança restaurada por Ele mesmo. Para
que essa oportunidade pudesse ser concretizada, Deus precisava nos mostrar um
padrão a ser seguido. Sendo assim Ele se despojou de todo o seu poder,
vestiu-se de pele humana e entrou em nossa história. Nasceu de uma virgem, e
cresceu em nosso meio. Fez de seu viver o modelo que precisávamos ter como
referência: caráter íntegro e santo. Viveu para nos salvar, para que todos nós víssemos
a perfeita expressão de vida que Deus sempre teve em mente e a adotássemos como
um padrão para o nosso viver. Jesus o gabarito no qual todo homem deve conferir
o padrão do seu viver.
O ápice da restauração da imagem e semelhança de Deus será a
comunidade do seu Reino, o mesmo Reino que Jesus nos trouxe como boa nova (ou
se preferir evangelho). Uma única família chamada humanidade cujo todos os
seres humanos serão como Jesus. Hoje somos predestinados a ser como Jesus.
Neste dia seremos exatamente cópias Dele, em caráter, integridade...santidade!
O nosso papel aqui é começar esta restauração em nós, como
indivíduos, avançarmos para os relacionamentos em família (pai, mãe ou marido,
esposa...filhos), para então avançarmos para os relacionamentos em comunidade (parentes,
amigos, colegas de trabalho, vizinhos, etc)...até termos a capacidade de sermos
como Jesus para com todos, inclusive nossos inimigos. Nisto Deus restaura a
imagem e semelhança, não só do nosso ser, mas do nosso papel como igreja que é
considerada o corpo de Cristo.
Sem santidade jamais veremos a Deus. O Espírito Santo nos
convence de nosso pecado e nos ajuda a ir de encontro com esta restauração que
Deus está fazendo com toda a família chamada humanidade. Deus está santificando
a nossa imagem e semelhança corrompida. Neste processo somos ao mesmo tempo,
alvos e agentes cooperadores da sua Graça.
Diariamente é necessário arrependermos de nossos pecados, individuais e como família, e
clamar a Deus que restaure em nós como família a imagem e semelhança da
Trindade Santa. Para que os nossos relacionamentos e as intenções que movem os
mesmos sejam iguais aos relacionamentos e as intenções que movem as relações que
existem entre as três pessoas que compõem a Trindade Santa.