quinta-feira, 28 de março de 2013

O PONTO DE VISTA

Olhe ao seu redor. Olhe para a sua rotina de vida. Pense um pouco: estamos tão acostumados com um ritmo de vida acelerado, que é praticamente um “rush constante”, que buscamos soluções rápidas e práticas para os problemas do cotidiano. Somos induzidos a um estilo de vida “pilhada”. Sem perceber aceitamos esta “cultura” sem pestanejar. Então vez por outra nos vemos perante uma prateleira da Saraiva, na sessão de autoajuda, tentando decidir se leva um livro com 12 passos para uma vida de sucesso ou  o de 10 maneiras eficazes para gerenciar a sua família. Se a situação não é esta, então provavelmente a cena é algo similar a uma conversa com uma amiga (ou um amigo) que vem lhe procurar para dizer que deseja sair de um casamento de 25 anos e gostaria de que você desse-lhe algum conselho. Então você tenta dar uma solução de 5 minutos para intuir uma solução para um relacionamento que durou ¼ de um século.

É nesta lógica que estamos imersos. Na lógica da solução prática. Na lógica da carta que sai da manga, um coringa, que serve para resolver tudo. E engano seu se pensa que esta é a típica situação que só se encontra no mundo secular. Nós Cristãos andamos de mãos dadas com situações como estas.

Pastores pregam sermões como se fossem apenas mais um sermão. E no banco da Igreja está o adolescente, em sua depressão, tendo aquele culto como uma ultima saída para não consumar um suicídio.

A lógica barata que se faz presente em nossas mentes precisa ser repensada e resignificada.

Alguns exemplos de que possuímos uma lógica rasa alicerçando a nossa fé:

Ter dúvidas muitas vezes soa como pecado. Mas não creio que seja sempre assim. Aliás penso que “duvidar” não seja sinônimo de “ter dúvidas”. Há uma sútil diferença aqui. Uma coisa é você olhar para Jesus e dizer: “Dúvido que sejas Deus”. Outra coisa é olhar para Jesus e dizer: “Senhor, tu és Deus poderoso, mas tenho muitas dúvidas de como servi-lo da maneira que lhe agrade”.

Ser estéril para uma mulher é uma maldição? Sim? E se esta estéril mulher fosse uma habitante do Império Otomano, que vivenciara um Genocídio de milhares de Armênio. Imagine ela presenciando o choro de diversas mães que viram seus filhos serem assassinados a sangue frio e serem jogados em uma vala comunitária sem piedade. Imagine o olhar desta mulher para cada pá de terra caindo sobre o rosto dos anjinhos.

E ser mãe é uma benção? Que diria a mãe de Hitler presenciando a matança de Judeus? E a mãe de Judas Iscariotes, presenciando a olho nu seu filho entregando o Filho do Homem para a morte?

Ganhar na loteria é uma benção? Já ouvi muitas pessoas dizerem, logo após de verem suas famílias se desfazerem: “Maldita hora que o dinheiro entrou na minha casa!”.

Conhecer a Palavra é uma benção? Mas conhecer a Palavra e não vive-la...é maldição! Sendo assim, melhor não conhece-la!

Exemplos fúteis!? Previsíveis? Talvez! Mas o objetivo aqui é simplesmente ilustrar!

Sabe por que a nossa lógica é rasa? Por que falta o ponto de vista. Falta considerar o ponto de vista. Jesus nos ensinou isso muitas vezes. Ao dizer “aquele que tem não tem pecado atire a primeira pedra”. Ao dizer “que o próximo do homem caído no caminho era o samaritano”. Sim, Jesus fez isso o tempo todo. Ele quebrou a lógica rasa do homem. Fez isso por que o Reino que Ele anunciava consistia justamente nisso...numa mudança na maneira de pensar. Uma mudança que causava, por consequência, expansão da consciência.

Ao proclamar esta mudança na maneira de pensar Jesus abriu caminho para que o homem alcançasse o verdadeiro viver. Um salto da condição de mortos-vivos para vivos-Vivos. Um salto da independência para a dependência.

Qual tem sido o ponto de partida dos nossos pensamentos? De onde é alavancado o nosso ponto de vista? Onde fundamentamos a nossa fé?

Precisamos revisitar estes pensamentos. Talvez ao fazer isso nos depararemos com algumas surpresas. Por exemplo: Salvação? Do que eu estou buscando ser Salvo? Do Inferno? Da ira de Deus? Dele consumar o seu juízo sobre mim? De eu mesmo? Do demônio?

Engraçado? O fato é que muita gente esquenta o banco das igrejas no domingo e não sabem nem o por que fazem isso!

Alguém já disse: “Se existe um Deus, então existe uma maneira certa de viver”.

Não podemos viver de qualquer jeito. Não podemos aplicar uma lógica qualquer no nosso modo de viver.

Há um jeito certo de se viver! Há um jeito certo de se pensar na lógica da vida! Há sempre um ponto de vista para iniciar a lógica!

O Ponto de Vista parte do Calvário...pense nisso!

DE CERTA FORMA "PRIVILEGIADOS", PORÉM "IRRESPONSÁVEIS"

Eles (Jesus e seus discípulos) estavam subindo para Jerusalém, e Jesus ia à frente. Os discípulos estavam admirados, enquanto os que o seguiam estavam com medo. Novamente ele chamou à parte os Doze e lhes disse o que haveria de lhe acontecer:
"Estamos subindo para Jerusalém e o Filho do homem será entregue aos chefes dos sacerdotes e aos mestres da lei. Eles o condenarão à morte e o entregarão aos gentios, que zombarão dele, cuspirão nele, o açoitarão e o matarão. Três dias depois ele ressuscitará".
Nisso Tiago e João, filhos de Zebedeu, aproximaram-se dele e disseram: "Mestre, queremos que nos faças o que vamos te pedir".
"O que vocês querem que eu lhes faça? ", perguntou ele.
Eles responderam: "Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda".
Disse-lhes Jesus: "Vocês não sabem o que estão pedindo. Podem vocês beber o cálice que eu estou bebendo ou ser batizados com o batismo com que estou sendo batizado? "
"Podemos", responderam eles. Jesus lhes disse: "Vocês beberão o cálice que estou bebendo e serão batizados com o batismo com que estou sendo batizado; mas o assentar-se à minha direita ou à minha esquerda não cabe a mim conceder. Esses lugares pertencem àqueles para quem foram preparados".
Quando os outros dez ouviram essas coisas, ficaram indignados com Tiago e João.
Jesus os chamou e disse: "Vocês sabem que aqueles que são considerados governantes das nações as dominam, e as pessoas importantes exercem poder sobre elas.
Não será assim entre vocês. Pelo contrário, quem quiser tornar-se importante entre vocês deverá ser servo;
e quem quiser ser o primeiro deverá ser escravo de todos.
Pois nem mesmo o Filho do homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos".
Marcos 10:32-45

Jesus é Deus explícito. É Deus revelado. Em Jesus vemos Deus. Jesus é Deus. As maiores e mais explícitas revelações que o homem teve à respeito de Deus foram adquiridas observando a vida de Jesus. A Palavra, as Escrituras Sagradas, a Bíblia Sagrada, nos revela a sua vida. Ela é a Verdade. Por isso a mesma é Viva. Deus é a Palavra. Deus é a Verdade. Deus é Jesus.

Hoje vemos isso com um olhar muito diferente ao olhar daqueles que viveram ao lado de Cristo. Costumo ver pregadores dando “entonações” de que se estivessem no lugar de Tomé, acreditariam sem precisar ver, que se estivessem no lugar de Pedro, jamais negaria Jesus, ainda mais por 3 vezes. Percebo gente que ao pregar a Palavra tendem a pensar que se fossem Pôncio Pilatos, jamais lavariam as suas mãos e entregariam Cristo à crucificação ou que se fossem Judas Iscariotes, jamais trairiam o Mestre.

De certa forma somos “privilegiados” por saber a história de Jesus Cristo “como um todo”. Tudo bem, àqueles que viveram juntamente com Cristo podem ter sido “privilegiados” de terem presenciado a vida de Cristo de perto. Sim, tenho ciência de que o fator “privilégio” é relativo. Mas enfim, pensando neste sentido de “saber a história como um todo”, e tendo isto como ponto de partida proponho uma reflexão...

Quem de nós, “privilegiados” (talvez) por vivermos em uma época em que os acontecimentos da vida de Jesus já foram revelados, ao pensar nestas personagens que citei, não dariam a entender que agiriam de forma diferente?

Por exemplo: Se você fosse Simão Pedro, vivendo ao lado de Jesus, diariamente, observando os Seus ensinamentos, poderia afirmar, sem delongas, jamais te negarei!?

Hoje, com o conhecimento que temos dos fatos, talvez seja tendencioso dizer: “Não, jamais negaria o meu Jesus”.

Mas o fato é que Pedro não tinha o conhecimento que temos hoje, onde sabemos todos os fatos.

Em Marcos 10:32-45 as Escrituras Sagradas nos relatam Jesus e Seus discípulos indo para Jerusalém. Cristo já sabia que iria se entregar e que iria ser crucificado. Ele inclusive revela isso aos seus discípulos. Então, Tiago e João, pedem à Cristo: “Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda”.

Quem de nós, conhecendo os fatos, ousaria pedir algo assim para Jesus?

Tem muita gente pedindo isso nas Igrejas. Muita gente querendo ocupar maiores/melhores lugares na Vida Eterna. Sabendo quem é Jesus (pelo menos achando que se sabe quem Ele é), quem não quer?

O fato é: será que realmente sabemos quem é Jesus para desejar estar ou sentados à direita ou à esquerda de Jesus?

Ou ainda: será que realmente sabemos o que significaria estar sentados à direita ou à esquerda de Jesus?

O próprio Jesus, ao responder o pedido de seus dois discípulos, diz: “Vocês não sabem o que estão pedindo”.

Será que nós sabemos o que estamos pedindo!? E olha, temos, de certa forma uma vantagem...ao contrário de Tiago e João, que no momento em que pediram isso à Jesus não sabiam de todos os fatos...nós sabemos qual foi a história completa.

Repare que no pedido dos filhos de Zebedeu... “Permite que, na tua glória, nos assentemos um à tua direita e o outro à tua esquerda”...há uma explícita ênfase: “Na Tua Glória”.

Então pergunto: Onde está a Glória de Jesus?

Sabe onde? Na primeira parte do versículo de Lucas 23:33...

Quando chegaram ao lugar chamado Caveira, ali o crucificaram...

Sim, Jesus é Glorificado no servir ao Pai, na Cruz do Calvário.

E sabe por que Jesus disse aos filhos de Zebedeu “Vocês não sabem o que pedem”?

A resposta está na segunda parte... no complemento... do mesmo versículo onde a Glória de Jesus é consumada...em Lucas 23:33:

...com os criminosos, um à sua direita e o outro à sua esquerda.

Aqui...abro um parêntese...

Será que sabemos o que estamos pedindo para Deus?

Às vezes oro ao Pai e peço para que o Senhor me ajude à ser mais paciente. Coincidência ou não, por exemplo, logo o meu chuveiro queima. Glória à Deus por isso! Sim! Deus e minha esposa sabe o quanto eu fico impaciente em ter que trocar o chuveiro. Desligar os disjuntores, tirar um chuveiro, cortar a capa dos fios, ir comprar o chuveiro novo e depois instalar o mesmo...não levo o menor jeito com isso. Mas louvo ao Senhor, pois Ele está me ensinando a ser paciente. E ensinando com muito carinho. Graças à Deus por isso! Se tenho que aprender, que seja com alguém que se importe comigo.

É um exemplo fútil? Pode ser ...mas pense...quantas vezes reclamamos achando que Deus não responde às nossas orações...e no fundo o que nos falta é percepção. Nos falta expandir a consciência para enxergar a resposta carinhosa de Deus. E aqui vale à pena dizer: a ausência de resposta não é uma resposta ausente. Em outras palavras...o silêncio de Deus e a sua “não ação” pode ser uma resposta.

...fecho parêntese!

Se por um lado somos “privilegiados” por conhecer a história como um todo, por outro somos “irresponsáveis” em repetir os mesmos erros relatados na mesma. Claro que não somos perfeitos. Claro que somos pecadores. Claro que estamos sujeitos a errar. Mas será que a gente se importa? Será que isso justifica persistir em errar irresponsavelmente? Se somos realmente cristãos, como dizemos ser...por que o pecado que cometemos é muito mais uma escolha nossa (uma decisão) do que um “acidente”?

Boa parte de nós, deseja conquistar a Vida Eterna, mas não está disposto a se crucificar. Boa parte de nós deseja ser como o Jesus que cura e anda sobre as águas. Mas ninguém deseja ser como Jesus que é açoitado e permanece inerte às agressões dos romanos.

Creio que dentro de nós existe um pouco de cada personagem que conhecemos nas Escrituras Sagradas. Dentro de nós vive um Jeremias que lamenta, um Judas que trai, um Pedro que nega, um Sansão que é forte, um Zaqueu curioso, um Naamã orgulhoso...enfim...somos um com vários “eus”. Por isso temos a necessidade de nos esvaziar para que o Espírito Santo possa agir.

Hoje, tendo conhecimento de toda a revelação de Deus para conosco nas Escrituras Sagradas, olhamos para as personagens da história e nos identificamos com os mesmos. Com quais você se identifica? E ainda...já tentou pensar nisso tendo como base o fato de que se você estivesse no lugar destas pessoas, tendo uma visão limitada aos acontecimentos da época, como agiria em suas circunstâncias?

Você ousaria, por exemplo, desejar se sentar à direita ou à esquerda de Jesus em Sua Glória? Mas não na glória que as igrejas tem “maquiado”...e sim na Glória revelada nas Escrituras Sagradas. Ousaria?

Talvez fazendo este exercício a gente se depare e se identifique com personagens que entristeceram à Deus (ainda que Ele, sendo Onisciente, soubesse de tudo). Talvez a gente se identifique com personagens que agradaram à Deus.

De fato faça este exercício. E por fim olhe para Cristo. Olhe para a Vida de Cristo. E veja o quanto de Cristo há em você.

Talvez você perceba que esteja vivendo uma vida a “Zeca Pagodinho”: Deixa vida me levar...vida leva eu. Talvez não!

Enfim, no final deste pensamento, creio que o ideal é orar em plena consciência como o salmista, dizendo:

Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos.
E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.
Salmos 139:23-24

Quem sabe ao final desta oração, você então poderá cantar: “Deixa a Vida Eterna me levar...Vida Eterna leva eu”

Que Cristo Jesus nos ajude à nos esvaziarmos para que Ele possa nos preencher plenamente com a verdadeira essência da Vida!

terça-feira, 26 de março de 2013

SURRANDO A GOMA DE MASCAR

Não vos inquieteis, pois, pelo dia amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal. Mateus 6-34

Somos uma sociedade que respira ansiedade. Em tempos como o nosso, onde nós mesmos fabricamos um estilo de vida que impõe cada vez mais “dead lines”, é comum nos vermos praticamente 24 horas do dia inquietos com relação às nossas agendas. Para piorar, a famosa “hora do rush” tem se tornado praticamente um “rush constante”, afinal cada vez mais temos compromissos. Hoje, por exemplo, se você vai para o centro de São Paulo, independente do horário, é bem provável que você enfrente um congestionamento.

Chamo a atenção ao fato de que a ansiedade, infelizmente, afeta desde os pequeninos até os mais velhos. Me lembro, por exemplo, de diversas vezes ouvir meu filho me dizer: “ – Pai, meu aniversário está perto?”, ou quando vamos viajar, é comum ouvir a famosa frase “ – Tá chegando?”. Outra situação comum: quando minha esposa me diz: “ – Tenho uma entrevista na sexta-feira!”. Pronto! Até sexta-feira chegar, sei que a cabeça dela vai focar nas “possíveis perguntas que o entrevistador poderá fazer". Quantas vezes, me pego dizendo para a minha sogra: “ – Não almoce em pé, sente-se para comer”. Mas claro, tenho que ser sincero, também sou afetado pela tal da ansiedade. Trabalho com Desenvolvimento de Sistemas, e infelizmente respiro “dead lines”.

Gastrites e úlceras. Unhas comidas, quase “em carne viva”. Pernas balançando constantemente. Dentes surrando a goma de mascar. Isso tudo são evidências de que você está convivendo com ansiedade. E sendo realista: quem não lida, pelo menos uma vez da semana, com a tal da ansiedade?

A ansiedade é realmente um mau que nos rouba preciosidades. Rouba primeiramente a comunhão com Deus e por consequência, furta a nossa Paz, o nosso sono, a qualidade do tempo com a nossa família, a nossa alegria, a nossa saúde e principalmente: o tempo. Rouba o cronos, mas rouba principalmente o kairos. Rouba o presente. Creio que não seria um erro, arriscar dizer que a ansiedade colabora para que os consultórios de Psicólogos e Psiquiatras estejam lotados.

Viver ansioso é viver com o “pé no acelerador”. É viver “pilhado”. Mas não simplesmente “acelerado” ou “pilhado”. É viver “acelerado/pilhado”  por algo que não está sob seu domínio. É exercer excessiva energia na mente, maquinando aquilo que a gente acha que pode acontecer. E ai, ao olhar clinicamente para tudo isso, a gente descobre que vivemos, ainda que sem perceber, com a ilusão de que podemos dominar tudo.

Arriscaria dizer que a ansiedade é, por muitas vezes, consequência do pecado original do homem. Se não 100% de toda a ansiedade, pelo menos 90% dos casos. Pense: o homem proclamou independência de Deus, e então, achando que poderia viver sem depender do Criador, passou a buscar seus interesses. Quem sente ansiedade por aquilo que não lhe interessa? A ansiedade é um sentimento que antecipa a concretização de uma realidade nos interessa.

Veja alguns sinônimos de ansioso: angustiado, perturbado, inquieto, pouco à vontade, sufocado, atormentado.

Em tempos como o nosso, onde temos interesses e mais interesses para correr atrás, achamos que vivemos de “glória em glória”, mas cada vez mais vivemos de “inquietudes em inquietudes”. Nossos dias são construídos em pequenos blocos de ansiedades. Se vou trabalhar de carro, buzino para aqueles que não percebem que o farol abriu, se vou trabalhar de metro, fico na porta para sair correndo e ser o primeiro a chegar na escada rolante. Se vou viajar, penso como será a ida. Mau chego no lugar da viagem, já to pensando em como será a volta. Entramos na celebração do culto à Deus já pensando em ir embora. Sim, é assim que temos vivido! Trocamos o precioso “tempo presente” por unhas roídas ou gomas de mascar surradas. Então lemos as escrituras sagradas e dizemos para nós mesmos: “ – Pedro negou a Cristo por 3 vezes, eu jamais faria isso.” Ou “ – Judas traiu à Jesus por 30 moedas de prata, eu jamais faria isso”. Então eu venho e digo: “ - Será que, durante a celebração do culto, no domingo, cada dentada que você dá na goma de mascar, descarregando sua ansiedade por não ver a hora do culto terminar, não é uma negação à Cristo?!”.  “ – Será que, cada unha comida, ansiando o culto terminar logo, não é o mesmo que trocar a Cristo (ou Seu tempo com Ele) por muito menos que 30 moedas de prata (por 10 unhas comidas)?”

A ansiedade rouba o que temos de mais precioso. Rouba a qualidade do nosso tempo com Deus, com nossa família, com nossos amigos e até mesmo com nossas atividades profissionais. Ela afeta todas as áreas da nossa vida. Parece ser “mais do mesmo” o que digo aqui, mas diria que lidar com ansiedade é o mesmo que lidar com um “mau invisível”, imperceptível, pois andamos tão ansiosos que a própria ansiedade não nos permite “parar um pouco” para vermos o quanto andamos ansiosos.

Não entenda tudo isso pelo lado errado. Planejamento é algo bom e saudável, temos que nos planejar. Use o Outlook e tantas outras ferramentas para que você possa administrar o seu tempo. Mas faça isso consciente de que o planejamento com ansiedade não é saudável, é uma doença. Eu sei disso por que a cada dia que se passa tenho lidado com a “tal” da ansiedade.

Cristo disse aos seus discípulos para que não andassem ansiosos com o dia de amanhã. Isso vale para nós. E quando Ele diz “basta a cada dia o seu mau”, Cristo está nos dizendo que sim...na lógica em que vivemos...existem razões para ter ansiedade...mas que o Reino de Deus veio para quebrar esta e tantas outras lógicas. O Reino de Deus é chegado para que a gente volte à ser dependentes do Pai, de forma que a nossa fé em seu caráter bondoso e poderoso cure a ansiedade (e tantos outros males) que habita em nossos corações.

Pense nisso.

segunda-feira, 25 de março de 2013

A FÉ DE DEUS

Certa vez, em uma conversa de café no trabalho, perguntei a um amigo meu: “Você acredita em Extraterrestres?”.

Ele me respondeu: “Só nos que dizem a verdade”.

Brincadeiras à parte, quero te perguntar: Você tem fé? Você acredita em Deus?

Suponho que sua resposta, como um Cristão, seja um belo de um “sim”! Mas antes de responder estas perguntas suponho que exista uma pergunta chave (praticamente uma premissa) que você tenha que responder para si mesmo. Esta pergunta é: O que entendo como fé?

Entenda, se dou um sentido “raso” para o sentido do que é ser “fé”, isso traz, por consequência, um sentido raso no que creio. Um exemplo, é entender que “fé” é simplesmente acreditar se Deus existe ou não. Seguindo a linha do exemplo, isso implica em ler a bíblia sagrada intuindo (com uma visão rasa) que a mesma é um livro para provar que Deus existe. E não! Não é o caso: A Bíblia é um livro que foi escrito por inspiração de Deus, sendo assim...a premissa de leitura é a de que Deus existe. Entenda que o ponto central aqui é que as Escrituras Sagradas são revelações de como Deus traçou o Seu plano de reconciliação com o homem, e implícito nesta linha de pensamento está a revelação do caráter de Deus e de como Ele deseja ser visto pelo homem.

Então proponho que fé seja algo bem mais profundo que isso. Sim muito mais profundo. Mais profundo do que, por exemplo, crer que Deus é poderoso. Sim. Concordo com o Pastor Ariovaldo Ramos que diz que, alicerçar a definição de “Fé” em uma visão de que Deus é poderoso é algo muito mais lógico do que algo que necessite de fé: afinal se nos referimos a um ser como “Deus”, para ser Deus...este ser deve ter um poder!

Sendo assim, tenho para mim (e ai você avalia qual o seu entendimento) o ato “Ter Fé” como acreditar que Deus é o Criador de tudo o que o nosso entendimento pode alcançar e que Ele é um Ser infinitamente Poderoso e Amoroso, cujo o caráter é o bem supremo. Por consequência disso o Seu poder é empenhado em favor do seu amor para com Seus filhos.

Imagine esta cena...

E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe,
E dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado.
E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde.
E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar.
Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz.
E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé.
Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus;
E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.
Então disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu criado sarou.
Mateus 8:5-13

Por que Jesus cita a fé deste centurião como um exemplo? Por que ele acreditou que Cristo era o Messias? Creio que isso vai além, vai mais no profundo.

Então, por que temos que ter fé? Por causa da dúvida!?

Creio que não. Aliás, não creio que o oposto de fé é dúvida. Creio que o oposto da fé é o medo. Deus se revelou à nós como “Eu Sou o que Sou”. É natural que isso desse margem para dúvidas. O cerne aqui é outro e, sim, creio que o medo seja o caminho contrário desta fé na qual a Palavra nos revela.

Medo de que? Medo de que o caráter de Deus não seja bom! É assim que enxergo a fé.

Talvez agora as respostas das perguntas “Você tem fé? Você acredita em Deus?” possam ser repensadas. Isso é muito bom. Pense nisso!

Enfim, todo este pano de fundo é para intuir alguns pensamentos que tem adentrado minha mente e que gostaria de compartilhar contigo. Já parou para pensar no caminho de volta: Em que Deus crê?

Se você tivesse a oportunidade (e quem sabe a oração não seja um meio de fazer isso) e perguntasse à Deus: Em que o Senhor crê? Em que o Senhor tem fé?

Andei pensando sobre isso. O que será que Ele responderia?

Então imaginei a seguinte cena:

“Estou sentado com Deus no alto de um prédio, numa cobertura. Estamos observando toda a movimentação da cidade de São Paulo. Deus está em silêncio. Então Ele, sendo Deus, e sentindo uma inquietação em meu coração, me diz: - Pode perguntar! Não temas, pergunte!

Então eu digo: - Senhor, nós humanos, carecemos de fé. Sendo o Senhor um ser Onipotente, Onisciente e Onipresente, o Senhor teria a necessidade de ter fé em algo? Grosseiramente dizendo: o Senhor tem alguma “religião”?

Deus então estende sua mão, mostrando todas as pessoas que os meus olhos poderiam ver e diz: - Vê estas pessoas!?

Respondo com um sinal positivo com a cabeça. Então Ele continua: - Neles! Tenho fé neles, assim como tenho fé em você!

Então eu respondi:  - Ainda não entendo!

Ainda com as mãos estendidas, me mostrando à todos, Deus então, com um imenso carinho me diz: Sou o Pai na varanda, olhando para o horizonte, esperando os meus filhos voltarem...nisto consiste a minha fé: Crer que todos voltarão.

Depois de um olhar por todo o horizonte, Ele então diz: Sou Onisciente, Onipotente e Onipresente. Tenho Todo o Poder. Os Céus não podem me conter. Mas Sou o Amor. Amar consiste em prover liberdade. Livre arbítrio. Então não obrigarei nenhum filho voltar. Deixarei que Eles façam às suas escolhas. Mas a minha fé é acreditar que cada filho olhe para a minha Cruz, e que ao fazer isso, abandoe o seu ego e volte para meus braços. Nisso consiste a Minha “grosseira religião”, que não é morta, e sim muito viva: buscar e acolher de volta cada filho Meu!”

Entenda...Deus traçou um plano de redenção...um plano que iniciou com um homem, depois alcançou uma família, então um povo, para por fim alcançar a humanidade...um plano que custou Sua própria vida. Ele acredita que os Seus filhos vão aderir a este plano de reconciliação. Ele acredita na restauração de cada filho Seu.

Olha só...

A história do nosso país, relata um episódio chamado “Grito da Independência”, proclamado por Dom Pedro I. Nesta ocasião o famoso grito, proferido nas margens do Ipiranga, foi “Independência ou Morte”. Em Genesis 3, as Escrituras Sagradas nos relatam um grito de independência da humanidade. Infelizmente o grito foi outro: “Independência e Morte”.

Deus, como um Pai que ama incondicionalmente os Seus filhos, nos dá um grito, um clamor em resposta: “Dependência e Vida”.

Este é o grito vivido por Jesus Cristo. Um grito concretizado no calvário.

Deus proferiu este grito por que sabia que Ele é a Vida...tudo aquilo que rompe com Ele está em morte. Não há nada viva sem depender Dele.

Costumo dizer a minha esposa que a humanidade está “teoricamente” morta. Algumas pessoas já com o fator “morte” concretizado. Outras ainda esperando o fator “morte” se concretizar (o caso de nós, que simplesmente pelo fato de respirar, acha que está vivo). Mas o fato é que Vida...Vida Real...Vida Eterna...que é Vida sem fator “morte”, só provém de Deus. Um Pai sentado na varanda...olhando para o horizonte, esperando cada um de nós aparecer, para que Ele possa se lançar correndo ao nosso encontro, com braços abertos para acolher-nos e festejar a nossa volta para casa.

Deus acredita em você. Deus acredita em uma reconciliação com você. Ele já deu o primeiro passo. Ele já fez a parte Dele. Ele não vai obrigar você, nem eu a fazermos a nossa parte.

Você tem um Lar. Um Lar que é uma Pessoa. Uma Pessoa que é um Lugar. Um Lugar que é uma Pessoa. Uma Pessoa que você pode chamar de Lar. Uma Pessoa que tem fé em você, que tem fé na sua volta para este Lar (com “L” maiúsculo de Senhor).

Deus tem fé...uma fé que se antecipa a nossa fé!

Voltemos para Casa!

sexta-feira, 22 de março de 2013

O QUE HÁ DE ERRADO NESTE MUNDO?

Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos o não fizestes, não o fizestes a mim. Mateus 25:45

Certa vez Edmund Burke, filósofo Anglo-Irlandês, disse: “Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque só pode fazer um pouco”.

Bom...aqui vai uma fatia da minha semana...

Dia 22/03/2013. Chego de manhã no trabalho. Tomo meu café e ligo o meu notebook para iniciar mais uma rotina de trabalho. Minutos depois um amigo de trabalho chega e me diz que no dia anterior ele presenciou um suicídio de um homem que se jogou da escada rolante da linha amarela do metrô de São Paulo. Dizia ele, que ao ir para casa, no dia anterior, quando se aproximava da escada que dava acesso à plataforma de embarque/desembarque, ouviu um grito seguido de um barulho muito alto. Ao olhar para o lado, ele observou o corpo do rapaz caído no chão e uma poça de sangue se espalhando ao redor do mesmo. Ouvi o relato boquiaberto e também impressionado, afinal passo por este local duas vezes ao dia, para ir e voltar do trabalho. É claro que a Via Quatro (empresa responsável pela gestão dos serviços da Linha Amarela ocultou o caso, entretanto este vídeo foi gravado).

Passei o dia construindo em minha mente, ainda que sem desejar, esta cena relatada pelo meu amigo. Eu não havia presenciado, mas eu conseguia enxergar exatamente o acontecimento. Horas mais tarde eu passava pelo mesmo local, juntamente com este meu amigo, que me apontava o lugar (ainda interditado) onde o corpo do rapaz havia caído. Então pensei na família deste rapaz. Será que ele tinha filhos? Por que ele teria se jogado? Teria sido um acidente ou será que realmente tinha sido um suicídio? Afinal enfrentar diariamente uma sequência de trens em São Paulo, no horário de pico, é realmente algo enlouquecedor, digno de se perguntar: onde está o sentido nisso tudo? Então desci a escadaria com os pensamentos voando para muito além daquele local. Depois de enfrentar empurrões para embarques e desembarques e um longo trajeto apertado, ainda com pensamentos na vida desse homem, desci na estação da CPTM em São Caetano do Sul. Ao romper as catracas, liguei para a minha esposa para avisar que estava chegando em casas. Ela me pediu para que eu comprasse, pelo caminho, uma lata de extrato de tomate, para comermos macarrão no jantar. Então me dirigi ao Supermercado que fica perto da estação. Ao chegar na entrada do mesmo vi diversas viaturas da polícia estacionadas e com sirenes ligadas. Os policiais conversavam com a gerente (creio eu) do mercado. Acabara de acontecer um roubo no mesmo. Antes de entrar fui abordado por um mendigo suplicando por uma esmola. Sem dinheiro, acabei tentando educadamente sinalizar que não havia como ajudar. O Homem insistiu por ajuda, mas não por dinheiro e sim por comida. Ainda assim insisti dizendo que infelizmente naquele momento não era possível ajudar.

Final de mês, contas pagas, mas saldo bancário praticamente empatados, gastos/ganhos, sai com a consciência pesando por não poder ajudar o mesmo com algo digno. Uma mera desculpa? Sinceramente não! Me restavam apenas moedas para comprar o molho de tomate e pegar um ônibus direto para casa. Dentro do mercado a interrogação me chumbava os pés entre a prateleira de molhos de tomate e a prateleira dos pacotes de bolacha. Então comprei o extrato de tomate mais barato e comprei um pacote de biscoito. Paguei e saí em direção ao homem. Entreguei o pacote de biscoito em suas mãos. Ele ergueu sua face em minha direção e fitando os olhos nos meus me disse “Que o Senhor te Abençoe”. Eu lhe respondi “Que a minha benção seja a sua”. Então fui orando por este homem até o ponto de ônibus para poder ir embora. Alguns passos a diante moradores de ruas se aqueciam do frio à porta de uma casa de shows que estava fechada. Conversavam enquanto se ajeitavam ao meio de pedaços de caixas de papelão. Os seus rostos mostravam a aflição de ter que enfrentar mais uma noite fria. Passei por eles e então me lembrei da minha cama, do meu cobertor e travesseiro. Mais alguns passos à frente e vi um homem, de aproximadamente 60 anos, caído no chão gelado. Estirado na calçada o cheiro da cachaça o rodeava. Parei para esperar o farol abrir. Na mesma esquina uma senhora de idade andava por entre os carros tentando vender balas. Os vidros dos carros estavam fechados, por causa do frio, mas muito mais por indiferença. Pensei, hoje vou comer macarrão na janta, e essas pessoas!?

Por fim, parei no ponto de ônibus e vi alguns estudantes conversando. Roupas de marcas, tênis de marca e dedos indo e vindo, alternando telas nos seus Celulares G3. Então olhei para as minhas roupas e para o meu tênis. Lembrei do meu guarda-roupa e de tantas parcelas que já paguei na C&A para comprar roupas, com o objetivo de não repetir um “visual” no decorrer da semana. Coloquei a mão no bolso e senti as teclas do meu celular e me envergonhei. Entrei no ônibus e ao observar ao meu redor vi pessoas e mais pessoas sentadas, em pé, disputando um lugar para se acomodar. Pensei: Pra que tudo isso?! Por que tudo isso? Por fim, me vi esticando a cordinha do ônibus, solicitando parada no ponto da rua da minha casa. O motorista, que até então dirigia o ônibus como se tivesse carregando uma manada de boi e não pessoas parou bruscamente e abriu as portas. Desci. Esperei o ônibus partir para que fosse possível ter boa visão para atravessar a rua. Então iniciei a descida da ladeira, quando vi um motoqueiro, destes que entregam pizza, gritando palavrões para um motorista que o havia fechado. Prossegui com meus passos em direção à portaria do meu apartamento. Subi as escadas pensando nas vidas que haviam cruzado o meu caminho durante o dia e então toquei a campainha do meu apartamento. Meu filho, do lado de dentro, me perguntou: “Quem é?”. Já tentando me desligar de tudo o que havia vivido, converti a minha voz em mansidão e respondi com carinho: “Oi Filho, é o Papai”. Então ouvi o girar da chave na fechadura seguido da inclinação da maçaneta. A porta se abriu e então contemplei o sorrido do meu filho e o sorriso da minha esposa. Ao receber um beijo de cada me veio a sensação: “Sobrevivi, Graças ao Bom Deus!”.

Tirei da minha mochila o extrato de tomate e entreguei nas mãos da minha esposa. Disse à ela que enquanto ela preparava o jantar eu iria tomar um banho. Durante a chuveirada de água quente pensei: “como posso ousar tomar um banho quente tendo consciência de que aquelas pessoas estão lá fora no frio!”. Minutos depois, já trocado, ajudei minha esposa a colocar a mesa. Então sentamos todos (Meu Filho, Minha Esposa e Eu) e demos às nossas mãos uns aos outros para orar. Pensei: “Como ouso orar e pedir para Deus abençoar o meu alimento consciente de que existem pessoas com fome abandonadas na rua!”. Por fim comemos. Ainda sentado à mesa, fiquei pensando em frases como “A Salvação não vem por Mérito e sim pela Graça”... “Fé sem boas obras é uma fé morta”. Mas para que adianta frases como estas se o sentido das mesmas são tão rasos no mundo cristão. Então me lembrei de Jesus Cristo. E no meu coração percebi que...

...enquanto uns anseiam por sucesso...Cristo preferiu ser o menor.
...enquanto uns preferem os holofotes...Cristo preferiu o deserto.
...enquanto uns querem ser servidos...Cristo preferiu servir...sem procurar os Seus interesses.
...enquanto queremos ganhar argumentos...Cristo preferiu zelar por pessoas.
...enquanto uns desejam mansões...Cristo não tinha onde reclinar Sua Cabeça.
...enquanto uns querem tapetes vermelhos...Cristo andou sobre ramos de oliveiras.
...enquanto uns desejam “camaros amarelos”...Cristo andou de jumentinho.

Pensando nisso me veio uma lembrança, de certa vez ter ouvido um pregador pentecostal dizer: “Se tiverem 1000 pessoas para serem salvas, no mínimo 501 pessoas serão salvas, por que nem nisso Cristo perderá para Satanás”. Então no meu coração pensei: Será? Será que o fator quantidade é mais importante que qualidade!?...

Recolhi a mesa do jantar e então liguei o meu notebook para escrever algo...um desabafo, no qual me solidarizo com G K Chesterton:

Há algo de errado com o mundo! Sim! Há algo muito errado com este mundo: eu!

Graça e Paz!

quinta-feira, 21 de março de 2013

A HISTÓRIA DA PÁSCOA

GRAÇA, UMA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA E NÃO DE CONQUISTA DO HOMEM

Você já deve ter ouvido a frase ou lido em algum cartaz/faixa: “Obrigado (São Fulano de Tal) Pela Graça Alcançada”. Retirando o fato (e a discussão) de que geralmente esta frase está direcionada para um santo (ou uma santa), digamos que... ainda que a mesma fosse escrita para o Deus, Trino, há uma dúvida por trás da mesma: A Graça de Deus tem que ser alcançada?

Faria sentido um cartaz: “Obrigado Senhor pela Graça alcançada”?

Observe que o sentido do questionamento não é o fato de “ser grato”, creio de todo o coração que devemos ser gratos ao Senhor e devemos demonstrar a nossa gratidão à Ele. Mas não é este o direcionamento do questionamento e do ponto que quero levantar.

Repito, o “cerne” da questão é: Graça...precisa ser alcançada!?

Vejamos...nós Cristãos, entendemos Graça como um favor imerecido nos dado por Deus. Muitos acham que este favor é imerecido no sentido de que a mesma é provida por Deus, sendo que não merecemos nada. Entretanto, na verdade, o fator “imerecido” vai além do “não merecer nada”. Isso por que todos nós merecemos a morte. Claro! Todos somos pecadores e o salário do pecado é a morte. Logo, somos merecedores de morte.

Você ousaria orar: “Senhor me dá o que eu mereço?!”

Proponho uma oração mais correta: “Senhor, se tu me mandares para o inferno, estarás sendo justo e nenhuma mancha aparecerá em seu caráter...pois sou merecedor da morte e do inferno!”

Bom, creio que estas duas orações ilustram a raíz da linha de raciocínio que proponho aqui. Partindo deste alicerce, creio que o favor imerecido que nos é provido por Deus é a vida. Esta é a Graça em sua maior essência. E todos nós, cristãos, sabemos que está Graça só nos é provida pelo sacrifício de Jesus Cristo na Cruz do Calvário, já conhecido muito antes da criação deste mundo. Sendo assim, tudo o que vier depois do fato de simplesmente “estarmos vivos” é consequência da Graça.

A coisa se “complica”, por exemplo, quando a gente busca uma cura de uma doença grave. Algo como a cura de um câncer. Então a gente “conquista” (ou a palavra melhor aqui seria “recebe”) a cura, o favor imerecido de Deus. Em outras palavras: receber uma cura é receber uma graça?! Graça é sinônimo de benção?! Graça é sinônimo de Misericórdia?

“Deus me curou por Sua Graça! Deus me curou por Sua Misericórdia!”

Quem sou eu para dar nome aos atos de bondade de Deus!? Ninguém....hehe...não é este o objetivo.

Proponho aqui compartilhar uma maneira de pensar.

Vejo a Graça como a base de tudo. Não é a gente que alcança a Graça...ela é quem nos alcança. E faz isso sem precisar avaliar se somos merecedores ou não...pois nenhum de nós somos...afinal de contas, se assim fosse não precisaríamos da mesma: já que ela é imerecida.

A Graça de Deus alcança: ímpios e pios. Alcança quem ama a Deus e quem não está nem ai para Ele. Ela é assim...de Graça. Alcança o ateu, alcança até satanás...por que ele só está vivo por que Deus lhe concedeu um favor imerecido: mante-lo vivo.

A Graça é uma pessoa: Jesus. A Graça é um caminho: Jesus. A Graça é o alicerce da Misericórdia de Deus. E a Misericórdia de Deus é o alicerce de Sua Graça. A Graça é construída no solo do Amor de Deus. E o Amor de Deus é construído no solo da Graça. A Graça é um paradoxo existencial dentro dos elementos encontrados no caráter de Deus. É um paradoxo que parte da Cruz de Cristo. Um paradoxo banhado no sangue do cordeiro.

A única “conquista” que se refere à graça...não condiz ao Homem...e sim à Deus. Jesus foi quem conquistou a Graça. Conquistou-a na Cruz do Calvário. E ainda...conquistou-a não para Si mesmo...conquistou-a para/por nós. E o fez para nos prover vida eterna em abundância!

Milagres e bênçãos são consequências, partículas, gotas da Graça carregadas nas Asas do Espírito Santo de Deus.  Por isso creio que Graça não é uma questão de conquista do homem.

Graça é muito mais uma questão de consciência do homem. É expansão da consciência. É o homem estar ciente de que este Favor Imerecido de Deus só nos alcança por causa de um clamor na Cruz, clamor este, proferido pelo Favor Imerecido de Deus encarnado: “Pai perdoa-os, pois eles não sabem o que fazem”. Este clamor sustenta a Graça.

Quando alcançamos esta consciência, o nosso modo de vida se torna próximo ao modo de vida de Jesus. Então estaremos sendo mais parecidos com Ele. Então estaremos vivendo o Reino de Deus. Então estaremos sendo “partículas da graça” na vida de outras pessoas, sem que elas precisem conquistar algo algum.

Quando Jesus dizia “O Reino de Deus está próximo!”, era como se a “Graça” personificada em um Homem (gosto sempre de dizer, 100% Homem e 100% Deus) dissesse “O Reino de Deus está pertinho de você, do seu lado, estenda a mão e você irá tocá-lo, expanda a sua consciência e você irá tocá-lo”.

A Graça é um Poema Vivo escrito por Deus, carregado de versos que não faz acepção de pessoas. Um Poema Vivo onde cada um de nós é citado, onde cada um de nós é encaixado com um amor sem igual em estrofes de rimas ricas. A Graça é um Poema Vivo que Deus acrescenta melodia e ritmo. Sons que se fazem presentes em sopro de vida em toda a criação.

Sendo assim creio que a frase “Obrigado Deus Pela Graça Alcançada” talvez deveria ser substituída por “Obrigado Deus Pela Graça Que Me Alcança Todos os Dias”. E sinceramente, tenho que dizer algo que creio profundamente em meu coração, vejo que esta frase só se pode aplicar para Deus, e para ninguém mais, pois só Ele arcou com a responsabilidade e consequências de prover a Graça. Aliás, só um Deus Poderoso, Bondoso, Misericordioso e Justo poderia tomar para Si um ato como este. Só Ele seria, foi e é capaz de prover a Graça.

Penso...quando Deus diz:

Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Apocalipse 3:20

É como se estivesse dizendo: “Eis que estou te convidando a expandir sua consciência, para que você entenda que a Graça é lhe conduzirá a viver o Reino de Deus.”

Então o que devo fazer para conquistar a Graça de Deus? Nada...você já recebeu! Quando? No dia em que Deus lhe projetou...muito antes do seu nascimento...só o fato de você ter sido planejado a existir...foi lhe dado de graça!

Penso que a Graça é assim...uma questão de consciência...de graça...simplesmente...de graça...não uma questão de conquista...e sim uma questão...assim...”de graça”...o bem mais precioso que podemos ter na vida...a Graça em forma humana: Jesus...que para Deus teve um preço...alto...aliás ...incalculável...mas que para nós...foi...de graça!

Por isso é maravilhoso, consciente de tudo isso...dizer a todos os nossos irmãos: Graça e Paz.

segunda-feira, 18 de março de 2013

ONDE OS ANJOS TEMEM IR

O Tabernáculo relatado no livro de Êxodo é impressionante. Isso por que todo o Tabernáculo foi projetado e construído em base profética ao sacrifício de Jesus Cristo. É extraordinário observar que o mesmo tenha sido projetado minunciosamente pelo próprio Deus, o Eu Sou. E ainda, o Criador não só o projetou mas capacitou à todos aqueles que atuaram na construção do mesmo.

O Tabernáculo nos revela muito sobre o sacrifício de Cristo. Dentre todas as revelações, umas das mais impressionantes é um ensinamento a cerca da oração. Particularmente, diria que só realmente entendi o profundo significado do que é orar, quando observei ao Tabernáculo usando as lentes do sacrifício de Jesus Cristo no Calvário. É este pensamento que eu gostaria de compartilhar aqui.

Vejamos...

De forma resumida, observamos que o Tabernáculo possuía 2 salas. Uma, chamada lugar Santíssimo (ou Santo dos Santos), onde ficava a Arca da Aliança, que representava o trono de Deus (lugar onde era manifestada a Sua Glória). E outra chamada lugar Santo, onde haviam os Pães da Presença, Incensário e outros elementos designados por Deus. O que separava um lugar de outro era um véu.

"Todos os que dentre vocês forem capazes virão fazer tudo quanto o Senhor ordenou:
o tabernáculo com sua tenda e sua cobertura, os ganchos, as armações, os travessões, as colunas e as bases;
a arca com suas varas, a tampa e o véu que a protege;
a mesa com suas varas e todos os seus utensílios, e os pães da Presença;
o candelabro com seus utensílios, as lâmpadas e o óleo para iluminação;
o altar do incenso com suas varas, o óleo da unção e o incenso aromático; a cortina divisória à entrada do tabernáculo;
o altar de holocaustos com sua grelha de bronze, suas varas e todos os seus utensílios; a bacia de bronze e sua base;
as cortinas externas do pátio com suas colunas e bases, e a cortina da entrada para o pátio;
as estacas do tabernáculo e do pátio e suas cordas;
as vestes litúrgicas para ministrar no Lugar Santo, tanto as vestes sagradas de Arão, o sacerdote, como as vestes de seus filhos, para quando servirem como sacerdotes".
Êxodo 35:10-19

E aqui temos uma observação importante: Se formos para o livro de Hebreus, Capítulo 9, veremos que este tabernáculo (cujo a construção foi instruída por Deus) era uma cópia fiel do Santuário que existe no Paraíso:

Ora, também a primeira tinha ordenanças de culto divino, e um santuário terrestre.
Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candelabro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o santuário.
Mas depois do segundo véu estava o tabernáculo que se chama o santo dos santos,
Que tinha o incensário de ouro, e a arca da aliança, coberta de ouro toda em redor; em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas da aliança;
E sobre a arca os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.
Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernáculo, cumprindo os serviços;
Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo;
Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo,
Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço;
Consistindo somente em comidas, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção.
Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,
Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.
Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne,
Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?
E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.
Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador.
Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?
Por isso também o primeiro não foi consagrado sem sangue;
Porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissope, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o povo,
Dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado.
E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do ministério.
E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão.
De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes.
Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;
Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio;
De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.
E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo,
Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.
Hebreus 9:1-28

Chamo a atenção ao fato de que, em todo o tempo, o véu, que dividia uma sala da outra, recebia o sangue de sacrifício de cordeiros (imaculados) para que o pecado do povo fosse propiciado (perdoado). Vemos isso em diversas passagens do Antigo Testamento:

“Molhará o dedo no sangue e o aspergirá sete vezes perante o Senhor, diante do véu do santuário.” Levítico 4:6

Isso acontecia para que o povo pudesse ter os seus pecados perdoados por Deus e para que o Senhor pudesse habitar no meio do Povo.  O livro de Levíticos é praticamente a relação de todos os rituais de purificação.

Impressionante é ver que no lugar Santo havia um incensário, e que o mesmo era aceso pelo Sumo Sacerdote diariamente:

"Arão queimará incenso aromático sobre o altar todas as manhãs, quando vier cuidar das lâmpadas,
e também quando acendê-las ao entardecer. Será queimado incenso continuamente perante o Senhor, pelas suas gerações.
Não ofereçam nesse altar nenhum outro tipo de incenso nem holocausto nem oferta de cereal nem derramem sobre ele ofertas de bebidas. Uma vez por ano, Arão fará propiciação sobre as pontas do altar. Essa propiciação anual será realizada com o sangue da oferta para propiciação pelo pecado, geração após geração. Esse altar é santíssimo ao Senhor. "
Êxodo 30:7-10

Extraordinário é saber que, ao acender os incensos, a fumaça gerada pelos mesmos passava através do véu e adentrava o lugar Santíssimo, onde era manifestada a Glória de Deus. Esta fumaça representava as orações dos santos de Deus. Que não podiam entrar na presença de Deus e não serem consumidos por Sua Glória. Tiramos este entendimento em Apocalipse:

E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.
Apocalipse 5:8

E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono.
E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus.
Apocalipse 8:3-4

Saber que, depois de Deus estabelecer o Tabernáculo para habitar no meio do povo,  as orações só chegavam ao trono de Deus através de uma fumaça que era gerada pelo um incensário que passava pelo véu (que recebia o sangue de cordeiros imaculados, representando o sacrifício de Cristo) é impressionante. Mas, mais extraordinário ainda é ver que, ao consumar o seu sacrifício na Cruz do Calvário, Cristo Jesus assumiu a responsabilidade de ser a ponte entre o homem e Deus. O “ritual em si” foi removido entre o homem e Deus. E o sacrifício abriu caminho livre entre Criador e Criatura.

Por isso que logo após do sacrifício de Cristo ter sido consumado, o Evangelista Mateus relata:

E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; Mateus 27:51

Hoje as nossas orações passam, não mais por um véu com sangue aspergido, mas pela Cruz de Cristo, banhada pelo Sangue Vermelho Carmesim de Jesus Cristo que se entregou por nós.

A Oração é um dos maiores meios que proporciona relacionamento entre nós e o Deus Trino. Ouso dizer: Talvez o único meio. Seja em palavras, em lágrimas, em silêncio. Ela é uma ponte que interliga o homem ao Infinito. Uma ponte cujo o solo é de madeira (madeiro da cruz do Calvário) encharcado com o sangue de Jesus Cristo. Esta ponte existe muito antes do sacrifício de Cristo ter se consumado no Calvário, antigamente representada pelo Véu aspergido pelo sangue de cordeiros imaculados e hoje consumado no sacrifício de Jesus.

Creio que caminhar por esse solo requer muito mais cuidado do que imaginamos. Por exemplo, não esse recurso (que custou tão alto para Deus, diga-se de passagem) como se fosse uma lâmpada mágica, que nos dá desde vagas em estacionamentos até um carro novo. Creio que a oração é a via que nos leva ao lugar que os anjos temem ir, um lugar que os anjos temem pisar, pois eles são mais conscientes (do que nós) da real glória de Deus. Oração é um lugar que a gente só pode caminhar conscientes do sacrifício de Cristo Jesus. Pois o ponto de chegada da oração é o lugar onde se manifesta a glória de Deus, e para chegar lá...só encharcado pelo sangue de Cristo.

Deus nos ama tanto que Ele facilita o processo para nós. Quando a nossa oração passa pelo Sangue de Cristo, entra em ação o Espírito Santo:

“Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis.”
(Romanos 8:26)
Talvez este pensamento lhe dê um novo significado quando você se pegar cantando hinos como o da Aline Barros, que diz “O Véu rasgou, o caminho se abriu, tudo consumado está” ou como o do Trazendo a Arca, que diz “No Santo dos Santos, a Fumaça me esconde, só os Teus olhos me vêem!”. Talvez ao se deparar com este entendimento...você passará do status de estar “cantando” para “louvando”.

Pense: Se hoje você tivesse a necessidade, um caso de vida ou morte, de falar com o presidente do seu país. Você teria que enfrentar uma série de procedimentos, protocolos, burocracia para, talvez, conseguir falar com o mesmo. Temos todo o tempo que quisermos para conversar com Deus, na hora em que quisermos, aonde quisermos. Por que negligenciamos tanto essa preciosidade que é a oração. O que temos conversado com Deus? Quais são os conteúdos das nossas orações? Será que temos orado conscientes que tão somente, pelo sangue de Cristo, é que as nossas orações chegam à Deus?  

Certa vez um homem chamado Dan Rather perguntou a Madre Teresa de Calcutá: “O que você diz a Deus quando ora?”
Madre Teresa respondeu, suavemente: “Nada, eu só escuto”
Surpreendido, Rather voltou à questionar: “Pois bem, e o quê diz Deus?”
Madre Teresa sorriu e respondeu: “Nada, Ele só escuta”

Recentemente ouvi uma definição do teólogo Jung Mo Sung sobre oração. Não lembro exatamente as suas palavras mas resumidamente, e usando minhas palavras, disse ele: “Imagine que você está em uma sala abafada. Uma sala com um ar muito quente, praticamente uma sauna. Tão abafada que você está suado. Se sente pesado com o bafo quente que rodeia o ambiente. É difícil respirar e você se sente refém do calor. Então você abre a janela da sala, e instantaneamente adentra uma brisa suave trazendo um novo ar, transformando o ambiente. Orar é abrir esta janela.”

Imagino esta janela banhada pelo sangue de Cristo!

Encerro deixando um louvor do Livres Para Adorar, que me ajudou e talvez lhe ajude a caminhar mais consciente por este solo sagrado que é a oração:


Se não fosse Tua graça
Se não fosse Teu amor
Se não fosse Tua doçura
O que seria de mim?
Se não fosse Tua pureza
Se não fosse por Teu sangue
Se não fosse Tua bondade
O que seria de mim?
Estou aqui mais uma vez
Onde os anjos temem ir
E só me atrevo a andar
Pela pureza do Teu sangue
Contigo há perdão
Por isso Te tememos
Cristo é Tua bondade
Que me leva a ajoelhar
Na beleza da Tua santidade
Formosura
Na beleza da Tua santidade
Se não fosse Tua graça
Se não fosse Teu amor
Se não fosse Tua doçura
O que seria de mim?

Que o Senhor Nosso Deus nos ajude a alcançar plenitude em consciência do real significado do Sangue de Jesus Cristo.