quarta-feira, 6 de março de 2013

O MESMO DEDO

A lei de Deus é uma das maiores expressões de amor do Pai para conosco. Entretanto, existem situações em que a “letra” da lei deve ser quebrada, de tal forma que a lei não seja quebrada. Vamos pensar:

Imagine que você mora na favela do Heliópolis. Você é um pastor. Então de repente toca a campainha da sua casa. Você abre e um jovem desesperado diz: “ – Pastor, os traficantes estão atrás de mim, querem me matar por que eu não dei o dinheiro do tráfico para eles, por favor me deixa entrar, por favor me esconde?”. Então você pensa rápido e diz: “Tudo bem, entra, rápido, se esconde no banheiro”. Minutos depois toca a sua campainha. Você abre a porta e dá de cara com 3 traficantes armados até os dentes. Eles lhe dizem: “ – Pastor, você sabe que a gente não gosta de te incomodar. Mas estamos atrás de um moleque que nos deu um prejuízo e algumas pessoas disseram que ele entrou na sua casa. Ele esta ai?”.

Talvez para uma pessoa qualquer isso seria um caso indiferente. Mas para um cristão, esta seria uma verdadeira “sinuca de bico”. Entregar o menino à morte, ou mentir? O que você responderia?...eis a questão!

Vale entrar no mérito de discutir qual pecado seria maior ou menor? Existe “pecadinho” e “pecadão”?

...vamos lá...abro um parêntese...

Acredito que já comentei isso em um outro pensamento, mas vale à pena comentar novamente. Creio que existe sim pecadinho e pecadão. Creio por causa que a própria Escritura Sagrada nos revela isso:

1.       Quando Jesus Cristo disse à Pilatos durante ao seu interrogatório: Respondeu Jesus: Nenhum poder terias contra mim, se de cima não te fosse dado; mas aquele que me entregou a ti maior pecado tem. João 19:11
2.       Quando Jesus relata que o pecado contra o Espírito Santo não será perdoado: E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do homem, ser-lhe-á perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro. Mateus 12:32
3.       Quando Deus enviou o dilúvio e apenas Noé e sua família foram salvos na Arca. Ali o Senhor mostrava para a humanidade que o pecado tinha uma medida tolerável: A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência. E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra. Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra. Gênesis 6:11-13
4.       Da mesma forma como Deus destruiu Sodoma e Gomorra, pela medida do pecado que havia nestas cidades.

Isso é algo que eu realmente acredito: que exista sim medidas do pecado. Mas tenho consciência de que pecado é pecado e um justo deve buscar integridade desde a pequena até a maior das coisas em que o mesmo é provado/tentado. Enfim...tire suas próprias conclusões.

...fecho parêntese.

Bom...temos um entrave: Dar o menino nas mãos dos traficantes, conscientes de que o destino do mesmo será a morte, ou mentir!?

Adianto a minha resposta. Apesar de me sentir persuadido a dizer um efusivo: “ – Ele esta aqui, mas ninguém vai entrar, em Nome de Jesus”. Creio que eu mentiria.

E você? Responda para si mesmo.

O fato é que existem situações em que a lei tem de ficar em segundo plano, por que a lei não vale mais do que uma vida. É neste sentido que a mesma pode ter a “letra” quebrada sem que o real significado do mandamento seja violado. E atenção: Não...isso não é uma “catraca livre” para pecar. Esse tipo de atitude requer responsabilidade e consciência de que este tipo de atitude é algo em que o amor ao próximo (na essência “de como Deus nos amou) prevalecerá.

Vejamos algo extremamente lindo, que nos foi ensinado por Jesus...

Jesus, porém, foi para o Monte das Oliveiras.
E pela manhã cedo tornou para o templo, e todo o povo vinha ter com ele, e, assentando-se, os ensinava.
E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério;
E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.
E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.
João 8:1-11

Que valia mais? Um apedrejamento para se cumprir uma lei...ou a quebra da “letra da lei” para salvar uma vida? Jesus não aprovou em nenhum momento o pecado desta mulher mais ainda assim zelou pela vida dela com todo o Seu amor.

Extraordinário é ler, durante toda a cena, a maneira como Jesus se portava: “Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.”

Jesus escrevia algo na terra com o seu dedo. O mesmo dedo que escreveu a lei (que os Fariseus tanto zelavam e usavam para acusa-lo) nas tábuas e às revelou à Moisés no Sinai:

“E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte Sinai) as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus”. Exôdo 31:18

E é lindo ver que Moisés ao repetir a lei no Deserto para a geração que iria entrar na terra prometida, faz questão de frisar que a mesma havia sido escrita pelos dedos de Deus:

E o SENHOR me deu as duas tábuas de pedra, escritas com o dedo de Deus; e nelas estava escrito conforme a todas aquelas palavras que o SENHOR tinha falado convosco no monte, do meio do fogo, no dia da assembleia”. Deuteronômio 9:10)

Jesus escrevia na terra com seu dedo. O mesmo dedo que escreveu uma mensagem nas paredes do palácio de Belsazar:

Enquanto bebiam o vinho, louvaram os deuses de ouro, de prata, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra.
Mas, de repente apareceram dedos de mão humana que começaram a escrever no reboco da parede, da parte mais iluminada do palácio real. O rei observou a mão enquanto ela escrevia.
Seu rosto ficou pálido, e ele ficou tão assustado que os seus joelhos batiam e as suas pernas vacilaram.
Aos gritos, o rei mandou chamar os encantadores, os astrólogos e os adivinhos e disse a esses sábios da Babilônia: "Aquele que ler essa inscrição e interpretá-la, revelando-me o seu significado, vestirá um manto vermelho, terá uma corrente de ouro no pescoço, e será o terceiro em importância no governo do reino".
Todos os sábios do rei vieram, mas não conseguiram ler a inscrição nem dizer ao rei o seu significado.
Diante disso o rei Belsazar ficou ainda mais aterrorizado e o seu rosto, mais pálido. Seus nobres estavam alarmados.
E tendo a rainha, ouvido os gritos do rei e de seus nobres, entrou na sala do banquete e disse: "Ó rei, vive para sempre! Não fiques assustado nem tão pálido!
Existe um homem em teu reino que possui o espírito dos santos deuses. Na época do teu predecessor verificou-se que ele tinha percepção, inteligência e sabedoria como a dos deuses. O rei Nabucodonosor, teu predecessor, sim, teu predecessor, o rei, o nomeou chefe dos magos, dos encantadores, dos astrólogos e dos adivinhos.
Verificou-se que esse homem, Daniel, a quem o rei dera o nome de Beltessazar, tinha inteligência extraordinária e também a capacidade de interpretar sonhos e resolver enigmas e mistérios. Manda chamar Daniel, e ele te dará o significado da escrita".
Assim Daniel foi levado à presença do rei, que lhe disse: "Você é Daniel, um dos exilados que meu pai, o rei, trouxe de Judá?
Soube que o espírito dos deuses está em você e que você possui percepção, inteligência e uma sabedoria fora do comum.
Trouxeram os sábios e os encantadores à minha presença para lerem essa inscrição e me dizerem o seu significado, eles porém não conseguiram.
Mas eu soube que você é capaz de dar interpretações e de resolver mistérios. Se você puder ler essa inscrição e dar-me o seu significado, você será vestido de vermelho e terá uma corrente de ouro no pescoço, e se tornará o terceiro em importância no governo do reino".
Então Daniel respondeu ao rei: "Podes guardar os teus presentes para ti mesmo e dar as tuas recompensas a algum outro. No entanto, eu lerei a inscrição para o rei e lhe direi o seu significado.
"Ó rei, foi a Nabucodonosor, teu predecessor que o Deus Altíssimo deu soberania, grandeza, glória e majestade.
Devido à alta posição que lhe concedeu, homens de todas as nações, povos e línguas tremiam diante dele e o temiam. A quem o rei queria matar, matava; a quem queria poupar, poupava; a quem queria promover, promovia; e a quem queria humilhar, humilhava.
Mas, quando o seu coração se tornou arrogante e endurecido por causa do orgulho, ele foi deposto de seu trono real e despojado da sua glória.
Foi expulso do meio dos homens e sua mente ficou como a de um animal; ele passou a viver com os jumentos selvagens e a comer capim como os bois; e o seu corpo se molhava com o orvalho do céu, até reconhecer que o Deus Altíssimo domina sobre os reinos dos homens e coloca no poder a quem ele quer.
"Mas tu, Belsazar, seu sucessor, não te humilhaste, embora soubesses de tudo isso.
Pelo contrário, tu te exaltaste acima do Senhor dos céus. Mandaste trazer as taças do templo do Senhor para que nelas bebessem tu, os teus nobres, as tuas mulheres e as tuas concubinas. Louvaste os deuses de prata, de ouro, de bronze, de ferro, de madeira e de pedra, que não podem ver nem ouvir nem entender. Mas não glorificaste o Deus que sustenta em suas mãos a tua vida e todos os teus caminhos.
Por isso ele enviou a mão que escreveu as palavras da inscrição.
"Esta é a inscrição que foi feita: MENE, MENE, TEQUEL, PARSIM.
"E este é o significado dessas palavras: Mene: Deus contou os dias do teu reinado e determinou o seu fim.
Tequel: Foste pesado na balança e achado em falta.
Peres: Teu reino foi dividido e entregue aos medos e persas".
Então, por ordem de Belsazar, vestiram Daniel com um manto vermelho, puseram-lhe uma corrente de ouro no pescoço, e o proclamaram o terceiro em importância no governo do reino.
Naquela mesma noite Belsazar, rei dos babilônios, foi morto,
e Dario, o medo, apoderou-se do reino, com a idade de sessenta e dois anos.
Daniel 5:4-31

O dedo que havia escrito à lei, a expressão do caráter de Deus, mandamentos expressos em Amor, um manual de como poderíamos conviver uns com outros celebrando o sopro Divino nos dado pela Graça do Pai. O mesmo dedo que havia escrito uma mensagem de aviso a Belsazar, revelando que ele deveria se arrepender. Era o único  dedo que não acusava a mulher adúltera. Era um dedo que apontava para o pó. Como se estivessem nos lembrando: “Sois pó”.

O dedo de Deus, não acusa. O dedo de Deus aponta um caminho. O caminho da redenção. Onde o próprio Deus é o Caminho. Caminho que se porventura lhe trazer algum julgo, será leve e justo.

Por isso que Isaías nos revela que Deus convida a todos nós a não estendermos o nosso dedo à ninguém:

Então romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante de ti, e a glória do SENHOR será a tua retaguarda.
Então clamarás, e o SENHOR te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui. Se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo, e o falar iniqüamente;
E se abrires a tua alma ao faminto, e fartares a alma aflita; então a tua luz nascerá nas trevas, e a tua escuridão será como o meio-dia.
E o SENHOR te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam.
E os que de ti procederem edificarão as antigas ruínas; e levantarás os fundamentos de geração em geração; e chamar-te-ão reparador das roturas, e restaurador de veredas para morar.
Se desviares o teu pé do sábado, de fazeres a tua vontade no meu santo dia, e chamares ao sábado deleitoso, e o santo dia do SENHOR, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, nem pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falares as tuas próprias palavras,
Então te deleitarás no SENHOR, e te farei cavalgar sobre as alturas da terra, e te sustentarei com a herança de teu pai Jacó; porque a boca do SENHOR o disse.
Isaías 58:8-14

Por que o único que poderia nos apontar o dedo, abriu mão de não fazê-lo. Por que o único que poderia “lascar uma pedrada” na cara daquela mulher, decidiu amá-la. Por que o único que poderia proferir a execução da lei, preferiu quebrar a letra da mesma. Por que Àquele que deveria estender o dedo, estendeu, mas para apontar para o pó, lembrando que somos todos pó. Lembrando que vale à pena deixar de ganhar um argumento se neste ganho uma vida for perdia. Lembrando que a vida vale mais. Que todos nós nos encaixamos perfeitamente no lugar da ovelha que se debandou das outras 99. E que o Bom Pastor deixou tudo, para consegui-la de volta. Que o Bom Pastor arriscou tudo, para tê-la em Seus braços. Para que Ele pudesse proporcionar a esta ovelha, viver o salmo 23. Para que a ovelha pudesse dizer: “O Senhor é o meu pastor e nada há de me faltar”. Por que a Sua Presença é tudo...e se Ele está presente...então tenho tudo.

O mesmo dedo que escreveu a lei, foi o mesmo dedo que optou em apontar para o pó ao invés de acusar a mulher adúltera. É o mesmo dedo que mostra para todos nós o que somos: Pó. O mesmo dedo que conduz todas as ovelhas, apontando para o Seu próprio sacrifício na a Cruz do Calvário e dizendo: Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai à não ser por mim.

Que cada vez mais sejamos parecidos com Cristo, para retomar a essência real do tipo de ser humano que devemos ser: Pessoas Submissas e em constante comunhão com Pai.

Que cada vez mais a gente se torne consciente de que Deus nos ama verdadeiramente e o propósito o Seu Reino não é acusar-nos e sim nos proporcionar vida Eterna em Cristo Jesus.

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