segunda-feira, 18 de março de 2013

ONDE OS ANJOS TEMEM IR

O Tabernáculo relatado no livro de Êxodo é impressionante. Isso por que todo o Tabernáculo foi projetado e construído em base profética ao sacrifício de Jesus Cristo. É extraordinário observar que o mesmo tenha sido projetado minunciosamente pelo próprio Deus, o Eu Sou. E ainda, o Criador não só o projetou mas capacitou à todos aqueles que atuaram na construção do mesmo.

O Tabernáculo nos revela muito sobre o sacrifício de Cristo. Dentre todas as revelações, umas das mais impressionantes é um ensinamento a cerca da oração. Particularmente, diria que só realmente entendi o profundo significado do que é orar, quando observei ao Tabernáculo usando as lentes do sacrifício de Jesus Cristo no Calvário. É este pensamento que eu gostaria de compartilhar aqui.

Vejamos...

De forma resumida, observamos que o Tabernáculo possuía 2 salas. Uma, chamada lugar Santíssimo (ou Santo dos Santos), onde ficava a Arca da Aliança, que representava o trono de Deus (lugar onde era manifestada a Sua Glória). E outra chamada lugar Santo, onde haviam os Pães da Presença, Incensário e outros elementos designados por Deus. O que separava um lugar de outro era um véu.

"Todos os que dentre vocês forem capazes virão fazer tudo quanto o Senhor ordenou:
o tabernáculo com sua tenda e sua cobertura, os ganchos, as armações, os travessões, as colunas e as bases;
a arca com suas varas, a tampa e o véu que a protege;
a mesa com suas varas e todos os seus utensílios, e os pães da Presença;
o candelabro com seus utensílios, as lâmpadas e o óleo para iluminação;
o altar do incenso com suas varas, o óleo da unção e o incenso aromático; a cortina divisória à entrada do tabernáculo;
o altar de holocaustos com sua grelha de bronze, suas varas e todos os seus utensílios; a bacia de bronze e sua base;
as cortinas externas do pátio com suas colunas e bases, e a cortina da entrada para o pátio;
as estacas do tabernáculo e do pátio e suas cordas;
as vestes litúrgicas para ministrar no Lugar Santo, tanto as vestes sagradas de Arão, o sacerdote, como as vestes de seus filhos, para quando servirem como sacerdotes".
Êxodo 35:10-19

E aqui temos uma observação importante: Se formos para o livro de Hebreus, Capítulo 9, veremos que este tabernáculo (cujo a construção foi instruída por Deus) era uma cópia fiel do Santuário que existe no Paraíso:

Ora, também a primeira tinha ordenanças de culto divino, e um santuário terrestre.
Porque um tabernáculo estava preparado, o primeiro, em que havia o candelabro, e a mesa, e os pães da proposição; ao que se chama o santuário.
Mas depois do segundo véu estava o tabernáculo que se chama o santo dos santos,
Que tinha o incensário de ouro, e a arca da aliança, coberta de ouro toda em redor; em que estava um vaso de ouro, que continha o maná, e a vara de Arão, que tinha florescido, e as tábuas da aliança;
E sobre a arca os querubins da glória, que faziam sombra no propiciatório; das quais coisas não falaremos agora particularmente.
Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernáculo, cumprindo os serviços;
Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo;
Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo,
Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço;
Consistindo somente em comidas, e bebidas, e várias abluções e justificações da carne, impostas até ao tempo da correção.
Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,
Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção.
Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne,
Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?
E por isso é Mediador de um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam a promessa da herança eterna.
Porque onde há testamento, é necessário que intervenha a morte do testador.
Porque um testamento tem força onde houve morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?
Por isso também o primeiro não foi consagrado sem sangue;
Porque, havendo Moisés anunciado a todo o povo todos os mandamentos segundo a lei, tomou o sangue dos bezerros e dos bodes, com água, lã purpúrea e hissope, e aspergiu tanto o mesmo livro como todo o povo,
Dizendo: Este é o sangue do testamento que Deus vos tem mandado.
E semelhantemente aspergiu com sangue o tabernáculo e todos os vasos do ministério.
E quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão.
De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes.
Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus;
Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio;
De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.
E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo,
Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.
Hebreus 9:1-28

Chamo a atenção ao fato de que, em todo o tempo, o véu, que dividia uma sala da outra, recebia o sangue de sacrifício de cordeiros (imaculados) para que o pecado do povo fosse propiciado (perdoado). Vemos isso em diversas passagens do Antigo Testamento:

“Molhará o dedo no sangue e o aspergirá sete vezes perante o Senhor, diante do véu do santuário.” Levítico 4:6

Isso acontecia para que o povo pudesse ter os seus pecados perdoados por Deus e para que o Senhor pudesse habitar no meio do Povo.  O livro de Levíticos é praticamente a relação de todos os rituais de purificação.

Impressionante é ver que no lugar Santo havia um incensário, e que o mesmo era aceso pelo Sumo Sacerdote diariamente:

"Arão queimará incenso aromático sobre o altar todas as manhãs, quando vier cuidar das lâmpadas,
e também quando acendê-las ao entardecer. Será queimado incenso continuamente perante o Senhor, pelas suas gerações.
Não ofereçam nesse altar nenhum outro tipo de incenso nem holocausto nem oferta de cereal nem derramem sobre ele ofertas de bebidas. Uma vez por ano, Arão fará propiciação sobre as pontas do altar. Essa propiciação anual será realizada com o sangue da oferta para propiciação pelo pecado, geração após geração. Esse altar é santíssimo ao Senhor. "
Êxodo 30:7-10

Extraordinário é saber que, ao acender os incensos, a fumaça gerada pelos mesmos passava através do véu e adentrava o lugar Santíssimo, onde era manifestada a Glória de Deus. Esta fumaça representava as orações dos santos de Deus. Que não podiam entrar na presença de Deus e não serem consumidos por Sua Glória. Tiramos este entendimento em Apocalipse:

E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos.
Apocalipse 5:8

E veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro, que está diante do trono.
E a fumaça do incenso subiu com as orações dos santos desde a mão do anjo até diante de Deus.
Apocalipse 8:3-4

Saber que, depois de Deus estabelecer o Tabernáculo para habitar no meio do povo,  as orações só chegavam ao trono de Deus através de uma fumaça que era gerada pelo um incensário que passava pelo véu (que recebia o sangue de cordeiros imaculados, representando o sacrifício de Cristo) é impressionante. Mas, mais extraordinário ainda é ver que, ao consumar o seu sacrifício na Cruz do Calvário, Cristo Jesus assumiu a responsabilidade de ser a ponte entre o homem e Deus. O “ritual em si” foi removido entre o homem e Deus. E o sacrifício abriu caminho livre entre Criador e Criatura.

Por isso que logo após do sacrifício de Cristo ter sido consumado, o Evangelista Mateus relata:

E eis que o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo; e tremeu a terra, e fenderam-se as pedras; Mateus 27:51

Hoje as nossas orações passam, não mais por um véu com sangue aspergido, mas pela Cruz de Cristo, banhada pelo Sangue Vermelho Carmesim de Jesus Cristo que se entregou por nós.

A Oração é um dos maiores meios que proporciona relacionamento entre nós e o Deus Trino. Ouso dizer: Talvez o único meio. Seja em palavras, em lágrimas, em silêncio. Ela é uma ponte que interliga o homem ao Infinito. Uma ponte cujo o solo é de madeira (madeiro da cruz do Calvário) encharcado com o sangue de Jesus Cristo. Esta ponte existe muito antes do sacrifício de Cristo ter se consumado no Calvário, antigamente representada pelo Véu aspergido pelo sangue de cordeiros imaculados e hoje consumado no sacrifício de Jesus.

Creio que caminhar por esse solo requer muito mais cuidado do que imaginamos. Por exemplo, não esse recurso (que custou tão alto para Deus, diga-se de passagem) como se fosse uma lâmpada mágica, que nos dá desde vagas em estacionamentos até um carro novo. Creio que a oração é a via que nos leva ao lugar que os anjos temem ir, um lugar que os anjos temem pisar, pois eles são mais conscientes (do que nós) da real glória de Deus. Oração é um lugar que a gente só pode caminhar conscientes do sacrifício de Cristo Jesus. Pois o ponto de chegada da oração é o lugar onde se manifesta a glória de Deus, e para chegar lá...só encharcado pelo sangue de Cristo.

Deus nos ama tanto que Ele facilita o processo para nós. Quando a nossa oração passa pelo Sangue de Cristo, entra em ação o Espírito Santo:

“Do mesmo modo também o Espírito nos ajuda na fraqueza; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inexprimíveis.”
(Romanos 8:26)
Talvez este pensamento lhe dê um novo significado quando você se pegar cantando hinos como o da Aline Barros, que diz “O Véu rasgou, o caminho se abriu, tudo consumado está” ou como o do Trazendo a Arca, que diz “No Santo dos Santos, a Fumaça me esconde, só os Teus olhos me vêem!”. Talvez ao se deparar com este entendimento...você passará do status de estar “cantando” para “louvando”.

Pense: Se hoje você tivesse a necessidade, um caso de vida ou morte, de falar com o presidente do seu país. Você teria que enfrentar uma série de procedimentos, protocolos, burocracia para, talvez, conseguir falar com o mesmo. Temos todo o tempo que quisermos para conversar com Deus, na hora em que quisermos, aonde quisermos. Por que negligenciamos tanto essa preciosidade que é a oração. O que temos conversado com Deus? Quais são os conteúdos das nossas orações? Será que temos orado conscientes que tão somente, pelo sangue de Cristo, é que as nossas orações chegam à Deus?  

Certa vez um homem chamado Dan Rather perguntou a Madre Teresa de Calcutá: “O que você diz a Deus quando ora?”
Madre Teresa respondeu, suavemente: “Nada, eu só escuto”
Surpreendido, Rather voltou à questionar: “Pois bem, e o quê diz Deus?”
Madre Teresa sorriu e respondeu: “Nada, Ele só escuta”

Recentemente ouvi uma definição do teólogo Jung Mo Sung sobre oração. Não lembro exatamente as suas palavras mas resumidamente, e usando minhas palavras, disse ele: “Imagine que você está em uma sala abafada. Uma sala com um ar muito quente, praticamente uma sauna. Tão abafada que você está suado. Se sente pesado com o bafo quente que rodeia o ambiente. É difícil respirar e você se sente refém do calor. Então você abre a janela da sala, e instantaneamente adentra uma brisa suave trazendo um novo ar, transformando o ambiente. Orar é abrir esta janela.”

Imagino esta janela banhada pelo sangue de Cristo!

Encerro deixando um louvor do Livres Para Adorar, que me ajudou e talvez lhe ajude a caminhar mais consciente por este solo sagrado que é a oração:


Se não fosse Tua graça
Se não fosse Teu amor
Se não fosse Tua doçura
O que seria de mim?
Se não fosse Tua pureza
Se não fosse por Teu sangue
Se não fosse Tua bondade
O que seria de mim?
Estou aqui mais uma vez
Onde os anjos temem ir
E só me atrevo a andar
Pela pureza do Teu sangue
Contigo há perdão
Por isso Te tememos
Cristo é Tua bondade
Que me leva a ajoelhar
Na beleza da Tua santidade
Formosura
Na beleza da Tua santidade
Se não fosse Tua graça
Se não fosse Teu amor
Se não fosse Tua doçura
O que seria de mim?

Que o Senhor Nosso Deus nos ajude a alcançar plenitude em consciência do real significado do Sangue de Jesus Cristo.

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