segunda-feira, 28 de outubro de 2013

O SENHOR DO TEMPO

“Deus criou o tempo...e o homem criou a pressa”. Certa vez ouvi Martin Valverde dizer essa reflexão para milhares de pessoas enquanto louvava em um encontro cristão. Já parou para pensar nisso? Deus nos criou para viver o hoje, mas o ser humano, em sua inquietude, da muito mais valor ao amanhã do que ao presente. Vive desenfreadamente o futuro, enquanto o presente escorrega entre os dedos. Pior é saber que geralmente, diria que em 99% das vezes, esta inquietação está atrelada ao dinheiro. Somos seres ambiciosos. Queremos ganhar a vida. Entretanto o parâmetro “ganhar a vida” que nós temos é deturpado pela cultura onde achamos que o “ter” é mais importante que o “ser”.

 

Já parou para pensar e analisar a quantidade e qualidade de tempo que nós passamos no trabalho, no trânsito e em casa? Queremos tanto ganhar a vida que já não nos importamos mais com isso, afinal a carreira, a promoção, o “ter” é muito mais importante que uma boa partida de futebol de botão com o filho no chão da sala!

 

Quanto tempo faz que você não rola no tapete com seu filho ou sua filha em meio às gargalhadas e abraços? E aquela piscina que você trabalhou tanto para pagar? Você já nadou nela? E a churrasqueira, que na hora de comprar o apartamento era um diferencial, já fez a diferença? Já queimou uma carne com os seus familiares lá? E o carro, que era tão sonhado, tem dado carona para o irmão da igreja depois do culto, ou o adesivo “propriedade exclusiva de Deus” é só para irmãos verem?  Quando foi a ultima vez que você dormiu o suficiente que seu corpo precisava para descansar? Quando foi a ultima vez que você tirou férias? Quando foi a última vez que você se assentou a mesa com sua família e conversou sobre o dia a dia de cada um enquanto saboreava a macarronada com guaraná? Quando foi a última vez que você sentou para ouvir o seu filho? Para assistir com ele uma partida do campeonato brasileiro de futebol? Quando foi a ultima vez que você ouviu como foi o dia de sua esposa? E o principal: quando foi a última vez que você dedicou uma hora....uma horinha...exclusiva para estar com Deus?

 

A gente trabalha para “ter”...e neste meio tempo esquecemos de “ser”! A alma vai se perdendo e vamos nos iludindo achando que estamos ganhando a vida. Neste processo vamos enxergando muito mais valores nas coisas do que nas pessoas. E ai esquecemos que o nosso viver é um culto à Deus. Que o churrasco com os amigos, a brincadeira na sala de estar com o filho, a partida de futebol com os irmãos, a pizza só sábado a noite e todas as demais situações que vivemos devem ser feitas conscientes que Jesus deseja que celebremos a vida através dos valores de Seu Reino, ou se preferir, que tudo isso deve ser feito para honra e glória do Senhor.

 

O homem pode ter anseios sim, mas jamais pode deixar que estes anseios sobreponham o principal desejo que todo ser humano deve ter: viver uma vida segundo os valores de Deus. Se este desejo se extinguir de nossos corações, o processo de perda da alma se inicia e a ilusão de se querer ganhar o mundo nos cega, ensurdece e anestesia a nossa consciência, em outras palavras, damos espaço ao pecado.

 

O que é ganhar a vida para você? Aonde estão as suas orações? O que elas revelam? Já parou para pensar que suas orações revelam os desejos de seu coração?

 

Estamos alheio ao tempo, Deus nos criou assim. Mas estarmos alheios à pressa, é uma escolha! Não sabemos quanto tempo de vida temos. Não saber isso é o mesmo que não ter tempo algum. Quem não tem tempo algum não tem sequer pouco tempo. Enquanto você lê isso o que escrevo aqui, pode achar que está perdendo seu tempo. Mas não, o tempo que nos resta nem nosso é...pois pertence à Deus.

 

A fatia de tempo que Deus nos concede, chamada vida, é curta, um vapor que num piscar de olhos se dissipa. É incrível como gastamos ele com coisas banais. O homem perde a saúde (e tempo) trabalhando como um louco para ganhar dinheiro. Então, depois de muito trabalhar, gasta todo o dinheiro que ganhou para recuperar a saúde. A saúde, pode até recuperar, mas o tempo...esse não é mais possível.

 

Trabalhar é bom, mas jamais será o propósito da vida do ser humano. A plenitude do ser humano está em Deus, na face de Jesus Cristo. Esta face nós vemos no olhar dos nossos próximos. Filhos, esposas, pais, amigos! Por isso que a vida é um culto à Deus, por que Ele está ao nosso redor sempre, num sorriso, num olhar, num toque de humanos que interagem com a gente. Por isso há quem diga que toda celebração que ocorre no domingo à noite deveria ser finalizada com um “Que a Graça e o Amor de Deus acompanhem à todos...Bom Culto!”.

Dentro deste contexto, me lembro de uma história que certa vez ouvi:
 
Certa vez, um pai chegou em casa superestressado e ligou a televisão para assistir ao telejornal. O filho se aproximou sorridente:
- Pai, vamos brincar?
 O pai respondeu irritado:
- Meu filho, você não está vendo que estou muito ocupado? Vá brincar com seus irmãos que depois a gente conversa.
 O menino saiu, chateado, mas logo em seguida voltou de novo e perguntou:
- Pai, quanto você ganha por hora de trabalho?
 E o pai, irritado, disse:
- Você não está vendo que estou ocupado? Vá falar com sua mãe, já lhe disse que estou ocupado, saia daqui.
 Alguns minutos depois o garoto tentou chamar a atenção do pai novamente:
- Pai, quanto é que você ganha por hora de trabalho?
 O pai não aguentou e explodiu:
- Você é muito mal-educado! Você não percebe que estou ocupado! Vá já para seu quarto.
 O garoto argumentou:
- Mas, pai, eu ainda nem jantei!
- Não quero nem saber! Vá para seu quarto agora e não saia de lá.
 Assustado, o garoto foi para o quarto com fome, sem entender o que estava ocorrendo.
 Terminado o telejornal, o pai se deu conta da bobagem que fizera. Caiu na real e foi chamar o garoto para jantar. Quando abriu a porta, viu que o filho dormia. A consciência pesou. Acordou o menino, que levantou sobressaltado:
- Não, pai, não me bata, desculpe ter atrapalhado seu programa, prometo que isso nunca mais vai acontecer, por favor, não me bata!
 Naquele instante, o coração do pai se apertou, e ele disse:
- Não, filho, desculpe o papai, vamos jantar. Depois a gente vai brincar e eu quero que você me conte como foi seu dia.
 O menino, percebendo a mudança de tom, aproveitou para perguntar de novo:
- Pai, quanto é que você ganha por hora de trabalho?
 O homem parou, pensou e respondeu:
- Ganho mais ou menos 5 reais.
 E o menino pediu:
- Pai, dá para você me emprestar 2 reais?
 O pai, sentindo-se culpado, pegou duas moedas de 1 real e deu ao menino, que então tirou do bolso do calção 3 reais, juntou-as e disse:
- Pai, aqui tem 5 reais. Você me vende uma hora de seu trabalho para a gente brincar?


Trabalhe! Compre a casa com piscina, mas nade com seus filhos! Compre o carro, mas de carona! Construa a churrasqueira, mas queime a carne com os amigos! Dê a bola ao seu filho, mas vá no quintal soar a camisa com ele. Compre o patins para a sua filha, mas vá com ela ao parque para ensina-la a andar. O “ter” não é ruim se ele não estiver acima do “ser”. O “ter” serve para ajudarmos a “ser”. Mas isso não é determinante. É possível “ser” sem “ter”. Sendo assim pergunte-se sempre...será que estou ganhando o mundo e perdendo a alma? Pressa, ansiedade, inquietações...são sintomas do quanto estamos preocupados com coisas que deveriam estar confiadas nas mãos de Deus?
 
 
 
Eu busco tempo para tantas coisas
São tantos planos para pouco tempo
E em meio a tudo o que exige tempo
Eu já não tenho tempo pra falar com Deus
Eu me disponho para o trabalho
E sem notar eu perco o horário
Só resta tempo pra fechar a porta
Pra tudo o que na realidade importa
Não tenho tempo para descansar
Rever amigos e conversar
Já não consigo me assentar a mesa
E alimentar o que a alma almeja
E quando eu quero viver o tempo,
Tal fumaça some num momento
E antes que tudo perdido esteja
E antes que tarde de mais eu perceba que...
Ganhei o mundo, perdendo a alma
Tentei de tudo, me vi sem calma
Busquei tão longe, quando tão perto
Teria tudo do jeito certo
Vem ser o senhor deste mundo
Vem ser o Senhor da minha vida
Em todo tempo Deus
Em todo tempo Deus
 
No fundo todos nós sabemos o quanto temos corrido atrás de coisas fúteis. Sabemos que estamos correndo atrás das ilusões criadas por Mamón, o deus dinheiro, e o quanto deixamos pessoas queridas e amadas para trás por conta disso. Quando vem a morte de um ente querido, a consciência nos cobra, e então vem a sensação: eu deveria ter dado mais valor! O problema é que a morte pode ser um divórcio, um filho nas drogas, uma filha na prostituição...e por ai vai!
 
Deus nos fez seres em uma dimensão de “tempo” não em uma dimensão de “pressa”. Deus nos fez para “ser” e não para “ter”. Ele é o Senhor do Tempo. Nele temos vida. Nele ganhamos a vida. Nele celebramos vida, VIDA ETERNA!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

APETITE POR DESTRUIÇÃO

Deus nos criou seres com corpo e espírito. Nos fez do pó (corpo) e soprou em nossas narinas o sopro de vida (espírito). Nisto consiste o ser humano, seres que são a junção de corpo e espírito. Esta junção também é chamada de alma. O ser humano possui uma alma = corpo + espírito.
 
Ora, se somos seres dotados de corpo e espírito, naturalmente temos necessidades carnais e espirituais. Aqui mora o dilema do ser humano. Como lidar com estas necessidades, como lidar com estes apetites.
 
O problema é que estas necessidades, ou se preferir, apetites, ganham maior complexidade devido à carne estar imersa no espírito e o espírito estar imerso na carne. Em outras palavras, ao lidar com a alma, os apetites são mais complexos.
 
Se fosse simplesmente apetites da carne, desejaríamos pão. Mas quando a alma entra em cena, e o espírito toca o nosso apetite, o desejo passa a ser muito mais que simplesmente um pão...passa a ser um “pão na chapa com saída de requeijão do jeitinho que eu amo”.
 
É como canta os Titãs, “a gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”. Ou como os historiadores diziam que todo povo deseja pão e circo...ou sendo mais atual...comida e campeonatos de futebol.
 
Os desejos da alma buscam a satisfação do ego. Eles estão presentes, não adiante negar. Mas como lidar com isso, afinal somos humanos, temos corpo e espírito, temos alma?
 
Desejar ser um “ser somente espiritual” ou desejar ser um “ser somente carnal” nos tira a essência de nossa criação. Fomos criados humanos. O demônio sabe disso muito bem, por isso, quando ele induziu Adão e Eva a comerem da árvore do bem e do mal e quando ele tentou Jesus no Deserto, usou artifícios que caminhavam sobre nosso corpo, espírito e em ambos, ou seja, na alma.
 
Para o corpo/carne, o discurso do “fruto atraente” ou do “transforma pedra em pão” estava presente. Para o espírito estava presente o discurso “certamente não morrerão” e o “atire-se do pináculo e os anjos virão te salvar”. Para a alma estava presente “conhecerás o bem e o mal” e “tudo isso será teu se diante de mim se prostrar”.
 
O Pastor Ed René Kivitz nos traz um pensamento libertador, ao olhar para a resposta de Jesus na primeira tentação do deserto:
 
“Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”.
 
É engraçado como damos ênfase na parte final da frase de Jesus, o “mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” e nos esquecemos do “Nem só de Pão viverá o homem”. Isso por que o “Nem só de pão viverá o homem” traz a conotação, importantíssima e muitas vezes esquecida por nós, de que “também de pão” viverá o homem. É legítimo termos fome, pois somos carne também. Neste sentido (não dentro do contexto do jejum e da tentação do deserto, mas da humanidade como um todo) é correto admitirmos:
 
“Nem só da palavra que sai da boca de Deus viverá o homem, mas também de pão!”. Heresia? Creio que não, pois o homem também é carne, foi criado por Deus assim. É natural que o corpo peça cama para descanso, pão para se alimentar, sexo para satisfação, afinal Deus nos criou assim.
 
O problema é quando o apetite desenfreado assume o controle e dita em sua vida a filosofia de que você deve viver em abundante prazer, afundado nestas necessidades, como um animal, uma besta, que não tem consciência do que está fazendo.
 
Deus nos deu o corpo, espírito, criou a fome, a necessidade do homem!  É legítimo dar atenção as necessidades do corpo e não negar os apetites. O que é ilegítimo é se entregar desenfreadamente a estes apetites, deixando que ele prevaleça sobre a alma. Isso é de fato um caminho de morte. Entretanto, é extremamente importante sabermos que negar estas necessidades e apetites também são caminhos de morte. Sabemos que estes apetites nos trazem na bagagem o prazer. É importante termos a consciência de que prazer não é pecado. Mas é essencial sabermos o equilíbrio, a moderação, impor o limite a carne. Por isso o jejum é uma grande arma para o cristão. Ele educa a alma. Aproxima a nossa consciência de que há limites e entregar-se desenfreadamente aos nossos apetites é parecer um bicho, é permitir-se passar por um processo de "bestificação".
 
Quanto ao lado espiritual, é engraçado como vemos gente querendo ser 100% espirituais. Parece que isso é sinônimo de coisa boa. Mas não é, aliás isso é um perigo, pois tem tudo a ver com o pecado de Lúcifer. O pecado do diabo é um pecado espiritual, pois ele não tem corpo. O apetite dele é ser igual a Deus, deixar de ser mortal. Este é o pecado dele. Negar a dimensão de carne e querer ser só espírito,  é negar a nossa humanidade, é querer ser Deus. Por exemplo, negar tomar um comprimido, por que a cura da carne será espiritual, pode ter muito menos a ver com “fé” e muito a ver com o fato de se achar único, sublime, imortal, um deus!
 
Ser somente espiritual é errado. Somos humanos! Fomos criados assim. Temos de ter limites, um equilíbrio saudável ao prazer, pois somos carne e espirito. Todo prazer tem potencialidade de bestializar, por isso devemos, muito mais que negar os apetites, é vigiá-los.
 
Quando a mescla “espírito e corpo” se perdem um no outro e a alma entra em cena, os desejos são ainda mais indomáveis: queremos um carro, mas não basta um carro...tem que ser um carro de marca, com rodas, com ar condicionado individualmente, e por ai vai...O centro da questão “ter um carro” não é mais proveniente do fator “necessidade”, já não é só transporte...passou a ser desejo, status, conforto...afinal junto com a alma o ego entra em cena.
 
Alguém já disse que nenhum homem é tão grande quanto o aquele que está de joelhos. Pois é ali, de joelhos, reconhecendo que somos pequeninos e frágeis, que nos tornamos fortes. É ali, na nossa fraqueza que Deus aperfeiçoa ainda mais o seu poder, amor e graça. Parece um paradoxo, pois como aperfeiçoar aquilo que já é perfeito!? Mas é a verdade em mistério.
 
Somos humanos. Na condição que estamos, quanto mais longe da terra, tanto mais longe estaremos de Deus. Pois quanto menos humanos desejarmos ser, mais em pecados estaremos.
 
Quando satanás se apresentar a você, seja em forma de seu próprio ego ou na como for, quando ele te levar no alto do monte, e dizer: “ - Te dou tudo isso, se prostrado me adorar!”. Temos que conseguir responder: “Eu quero, mas não tomarei posse disso desta forma. Não estou a venda! Eu quero, mas a minha consciência diante de Deus não tem preço. Ela vale muito mais que os meus desejos e apetites, ainda que eles sejam legítimos.”
 
Quando satanás te levar ao topo do pináculo e disser: “Jogue-se e Ele virá te salvar!”, temos que estar pronto para dizer: “Não! Estou fora, não rivalizo com Deus, não tento a Deus, não coloco meu Senhor em uma ‘sinuca de bico’”, e então dar meia volta e ir embora.
 
Todos os nossos apetites e necessidades devem estar confiados na soberania de Deus. O parâmetro para a moderação de nossos apetites é a sua lei. Todo apetite desordenado é pecado. É apetite de destruição. Me lembro de “Appetite for Destruction”, um álbum de grande sucesso lançado em 1987 pela banda norte-americana Guns N’Roses (ouvi muito na minha adolescência). Como toda banda de rock, o álbum trazia canções que exaltavam o sexo, drogas e rock and roll (simbolizando, de certa forma, o poder). Músicas como Paradise City (cidade paraíso) exaltam um lugar onde os apetites desordenados são atendidos sem mensurar consequências. Ter vontades, apetites, necessidades é natural para o ser humano, mas os mesmos devem seguir os ensinamentos de Deus para que sejam atendidos de forma que não ocorra a usurpação da nossa humanidade. Fora de Deus os nossos apetites são destrutivos, destrói os outros e a nós mesmos. Destrói sem medir consequência. Destrói nos levando para um caminho de morte, um caminho de “bestificação”.

HUMANAMENTE IRRECONHECÍVEIS

"Nem todo aquele que me diz: ‘Senhor, Senhor’, entrará no Reino dos céus, mas apenas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus.
Muitos me dirão naquele dia: ‘Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres? ’
Então eu lhes direi claramente: ‘Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal! ’ "
Mateus 7:21-23
 
Interessante ler esta passagem nas Escrituras Sagradas. Sendo Deus Onisciente (conhecedor de tudo e todos), Onipotente (poderoso em tudo e todos) e Onipresente (capaz de estar em todos os lugares simultaneamente), estaria Ele dizendo uma “mentira” ao dizer “Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês que praticam o mal”.
 
Parece meio contraditório, pois para saber que estas pessoas praticam o mal, Deus tinha de, necessariamente, conhece-los.
 
O fato é que, quando Jesus diz, “nunca os conheci”, creio que Ele está dizendo, “Eu não conheço vocês, não reconheço vocês, seus rostos, foram tão alterados pela maldade que vocês praticam, que não enxergo em vocês a minha imagem e semelhança. Vocês não carregam uma face de humanos, carregam uma face demoníaca, fruto da maldade de seus atos”.
 
As palavras de Jesus parecem soar como um “Eu te conheço?”, do tipo “Se enxerga!”. Mas creio que a conotação desta fala é de lamento, de tristeza e pesar. É Jesus lamentando vidas desperdiçadas, lamentando pessoas que perderam a essência nas quais elas foram criadas para ser: humanos! Sinto uma fala de Jesus com um ar de tristeza, pela vida destas pessoas terem sido compradas pelo Seu próprio sangue e as mesmas não entenderem a realidade de Seu sacrifício.  
 
Fazer coisas em Nome do Senhor não é necessariamente viver os valores do Reino de Deus. É o mesmo que eu ir até a padaria e comprar um pão, dizendo que você vai passar lá para pagar, sendo que na verdade você nem sabe que eu fui lá. Tudo bem, pode ser um exemplo fútil, ridículo, mas é possível perceber a falta de coerência. Dizer que ama a Deus, que Ele é o Senhor de Sua vida, que você obedece (ou pelo menos tenta obedecer) à Deus em todas as circunstância, mas viver em contradição a isso é pura hipocrisia. O problema é: além de esse ser um caminho hipócrita, esse é um caminho de morte. No final desta trilha, a consequência é uma só: seu rosto estará irreconhecível e então você ouvirá Jesus lamentar “Eu não te conheço!”.
 
Imagine como seria horrível ouvirmos isso de Jesus?
 
Vejo pessoas usando o nome de Jesus com desdém. Como tenho temor de estar fazendo isso sem perceber. O demônio é astuto e deseja que a gente fique irreconhecíveis aos olhos de Jesus. Ele deseja roubar a nossa identidade perante à Deus. E pensando nisso, creio não ser problema nenhum para ele, o demônio, realizar um milagre para atestar a oração de um Pastor que representa muito mais o próprio ego do que os valores Reino de Deus e que anda por ai dizendo que faz milagres no Santo Nome de Jesus.
 
O Pai procura por filhos fiéis. Gente que não abre mão de sua imagem e semelhança à Ele. Gente que olha para Jesus e vê no amado Messias a referência para resgatar a imagem e semelhança que perdemos na queda. Gente que não tem mais acordo com a rebelião. Gente que reconhece que só a Graça do Amor de Deus, explícita no sacrifício de Jesus Cristo no Calvário, nos concede a Salvação. Só este sangue nos mantém reconhecíveis como humanos, com harmonia à imagem e semelhança do próprio Criador, à Deus.
 
O Pastor Ricardo Gondim certa vez, pregando, disse: “Nunca diga que você é fiel até que a sua fidelidade seja provada na ausência!”. Jesus exclamou no Calvário: “Deus meu, Deus meu...por que me abandonaste!”, mas logo em seguida disse “...em Tuas mãos entrego minha vida!”. O nosso pecado separou, cainda que por um momento, Deus de Deus. Mas ainda assim, mesmo na ausência, Jesus confiou no Pai e se manteve fiel. A real fidelidade é na ausência. É quando Deus se silencia e parece estar ausente que nós corremos o maior risco de perdermos a nossa imagem e semelhança à Ele. Nestas situações somos provados. Assim como aconteceu com Jó, um homem que foi acusado por satanás, questionado pelos homens, entretanto, aprovado por Deus. Circunstâncias da vida tentarão roubar nossa imagem e semelhança à Deus. Corremos o risco de termos nossa imagem e semelhança à Deus roubadas, e pensarmos que não. E então ficarmos por ai dizendo “Senhor...para isso...Senhor para aquilo”...imaginando que o rosto que prolifera a voz exibe o caráter da bondade, sendo que na verdade, o maligno está escancarado em nossa face.
 
Sabe quando alguém diz que você parecia um demônio em uma determinada situação? Ou quando você pensa, “nossa fulano parecia o diabo falando aquilo”? Não se iluda, é assim que, sutilmente, percebemos o quão longe estamos da imagem e semelhança de Deus.
 
Fomos criados para sermos “seres humanos”. Deus não nos criou para sermos bestas. Não fomos criados para sermos demônios. E acima de tudo, não fomos criados para sermos Deus. Fomos criados para sermos humanos. E ser um humano de verdade é ser igual à Jesus Cristo. Precisamos ser fiéis a isso.
 
Para isso, precisamos constantemente dizer como o salmista “sonda-me Senhor e veja se há algo mal em mim”, para que Ele nos mostre tudo o que há necessidade de nos arrependermos. Pois o arrependimento é a matéria prima do perdão. Nele o Sangue de Jesus tem efeito. Não há mal que suporte o sangue do Cristo. É este Santo Sangue que nos restaura e conserva à imagem e semelhança de Deus. Só assim seremos verdadeiros cristãos e não correremos o risco de ficar por ai dizendo o nome do Senhor em vão. Só assim seremos reconhecíveis como verdadeiramente humanos, e não bestas, diante de Deus. Deus não tem parte com o maligno. Ele é Santo e abomina o mau. Nós somos maldosos, mas Deus tem poder para eliminar o mau dentro de nós sem nos eliminar. Ele Já fez isso. Na cruz do calvário Ele nos deu o escape. Custou a vida de Seu próprio filho. Um valor imensurável para nos conceder Graça. Um valor imensurável para nos tornar humanamente reconhecíveis. Ele não precisava fazer isso, mas escolheu fazer. Fez por que é Amor!
 
Àquele que vive hoje, já, agora, o sangue de Jesus Cristo, comprometido com o seu sacrifício, crucificando o próprio “eu” e dando espaço dentro de si para o Espírito Santo viver, já é conhecido de Jesus. Estes não ouvirão de Jesus “Nunca os conheci!”! Ouvirão, venham habitar comigo na Nova Jerusalém!

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

O VERDADEIRO EXORCISMO

Um dos maiores clássicos do cinema, em termos de filme de terror, é O Exorcista lançado em 1973. Cusparadas, vozes distorcidas, vômitos, levitações e a famosa e clássica cena da cabeça da menina (que estava possuída pelo demônio) girando em 360 graus, impressionou a todos que assistiram ao filme. Engraçado que muita gente (inclusive eu) talvez tenha assumido as cenas deste filme como referência para identificar uma pessoa possuída por um demônio.  De fato, pessoas possuídas por demônios também podem agir assim. Entretanto essa visão distorce um pouco a imagem real de pessoas que podem estar sobre um espírito demoníaco. Nem toda pessoa possuída por demônio, estrebucha, têm voz distorcida, e muito menos fica vomitando e cuspindo.
 
Pessoas sob espírito demoníaco são muito mais comuns do que imaginamos. São pessoas que agem visando unicamente seus interesses. Têm olhos apenas para si mesmo. São egos absolutos, assim como o de Lúcifer. O Ego do ser humano é um espírito demoníaco. Faz acreditarmos que somos donos de nossos próprios narizes, que tudo e todos estão ao nosso redor para atender as nossas vontades.
 
Ao olharmos para o relato de nossa queda, em Gênesis 3, vemos que a serpente não fez uma proposta para que virássemos “exatamente” seus servos. O convite não foi “Deixe de ser imagem e semelhança de Deus e se tornem minha imagem e semelhança”, o convite foi “Deixe de ser imagem e semelhança de Deus e seja qualquer outra imagem e semelhança que desejar, crie uma para si mesmo”. Imagino a serpente dizendo “nem precisa me seguir, siga qualquer outra coisa que não seja Deus”.
 
Ser semelhante ao demônio não é ser, necessariamente, obediente à ele. Para ele isso é o de menos. O objetivo dele não é que a gente se submeta a ele, para ele, o objetivo maior é que você não se submeta à Deus. Ele quer que você queira ser singular, que você queira ser único, dono do seu nariz, que viva com o seu próprio julgo, que você seja deus de si mesmo, assim como ele, Lúcifer, desejou ser. Ele não está preocupado que você seja obediente a ele. Ele simplesmente quer que você seja desarmônico com Deus, independente Dele.
 
Para o homem, buscar uma imagem e semelhança que não seja a imagem e semelhança de Deus é “demonizar-se”, é tornar-se uma besta, é estar possuído pelo “eu”, é ser o seu próprio diabo. E somos craques em fazer isso. Somos excelentes em criarmos nossas próprias imagens e semelhanças, afinal temos o nosso próprio julgo.
 
Culpa do diabo? Não creio!
 
Há quem diga que no Éden, após a queda, Deus perguntou quem tinha comido do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, e o homem apontou o dedo para a mulher, que apontou o dedo para a serpente...e a serpente que não tinha dedo ficou com a culpa. Engraçado não!? Ver como o homem insiste em colocar a culpa no diabo. Ele é culpado dos crimes dele. Mas nós temos nossa culpa, própria culpa.
 
Os nossos pecados são nossos. Somos culpados por nossos pecados, não o diabo. É claro que não sou bobo de achar que o diabo é bonzinho, não é isso. Ele é mau, o mau absoluto. Tenho consciência disso. Mas acho que Lúcifer, aquele que se tornou demônio, é muito mais um fator multiplicador (exponencial) de nossa maldade do que o causador dos nossos pecados. Em outras palavras, pecamos por que somos pecadores, e o diabo ama isso, então nos auxilia neste processo. Em outras palavras, quando pensamos “Se eu tivesse um taco de baseball, eu dava na cada dela!”, logo o diabo lhe apresentará o taco em suas mãos.
 
O diabo simplesmente deseja que a gente viva de qualquer jeito, da maneira que você quisermos. Ele deseja que sejamos escravos de nosso ego, pois dele, do nosso ego, é que nascem todos os pecados. Por isso, para o demônio, afirmar o nosso “eu” como o valor mais absoluto da realidade, é muito mais interessante que estarmos sujeitos à ele. Ele sabe que se isso acontecer, se estivermos escravizados por nosso ego, nós nos entregaremos ao nossos próprios apetites, e passaremos a ver o mundo todo como se o mesmo estivesse ao nosso serviço, cobrando de tudo e de todos a nossa satisfação.
 
Autônomo, singular, especial, dono do próprio nariz, autossuficiente, não cabe dentro do ser humano. Só Deus possui estas características. Só Ele é dono de si mesmo, auto determinado...Único!
 
Interessante (e mortal)...durante um bom período da minha vida, na juventude, acreditei no discurso “que tenho eu a ver com o desentendimento entre Deus e o demônio, nesta briga sou neutro e viverei conforme minha consciência”. Mal sabia eu que viver pensando desta maneira estava, na verdade, vivendo de acordo com a vontade do demônio.
 
A realidade diante de nós é uma: Ou você é imagem e semelhança de Deus ou do diabo...não existe neutralidade....se você buscar o seu eu...será aliado do demônio, pois para o diabo só interessa a morte, e tudo fora de Deus é morte, pois só Ele é a vida.
 
É por isso que Jesus nos convida: “Quem quer vir após mim....NEGUE-SE A SI MESMO...retorne a vontade do Pai!”
 
Este é o verdadeiro exorcismo...negar a si mesmo, crucificar-se junto à Jesus o Cristo....é esta atitude que, de glória em glória, exorciza o demoníaco ego que vive em nós e restaura em nós a imagem e semelhança de Deus...imagem e semelhança segundo o Seu Filho Unigênito, pois Nele habitava um ego crucificado, totalmente submisso ao Pai.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

SOU MAIS EU POR QUE SOU MAIS VOCÊ

Rubem Alves, em seu excelente livro “Lições do Velho Professor” nos ensina que todas as ferramentas que criamos são extensões de nossos corpos, criadas para proporcionar uma função que nosso ser não consegue exercer naturalmente. Por exemplo, nosso ser não tem um órgão que seja capaz de criar fogo para soldar um ferro no outro, então o aparelho de soldar ferro, inventado pelo homem, é uma extensão de seu corpo capaz de exercer a função de fundir um ferro no outro. O mesmo vale para, por exemplo, o caso de martelar um prego em uma madeira. Se tentarmos fazer isso como qualquer parte do nosso corpo é bem provável que iremos nos machucar. Para isso criamos o martelo, uma extensão de nossas mãos capaz de afundar o prego na madeira sem que a gente venha a se machucar (logicamente se usarmos ele corretamente).
 
Imagino que da mesma forma que as ferramentas são extensões de nosso corpo, nós somos extensões do corpo de Deus. Não no pensamento de que Ele precise de nós por que Nele há alguma deficiência (afinal de contas Ele é Deus e Tudo pode em Todos), mas sim no sentido de Ele desejar nos usar como suas ferramentas. É claro que o contexto aqui é muito maior. Deus nos usa como veículos de Sua Graça.
 
Somos os olhos de Deus, somos as mãos de Deus, somos o Seu falar, o Seu andar, o Seu sorrir, somos a extensão do “corpo” de Deus, a extensão do infinito. Somos isso por que somos vocacionados a sermos Tabernáculos vivo do Espírito Santo. Ele se move em nós. através de nós e apesar de nós. Nele, a Graça de Deus é distribuída. O Consolador deseja alcançar almas através do nosso ser, para que sejamos um em Cristo Jesus. Por isso nos criou com esta vocação.
 
Neste contexto, somos convidados a viver com a consciência de que “sou mais eu por que sou mais você”. Sou mais humano por que te trato com a dignidade de ser humano. Me vejo como humano por que te vejo como humano. Sou mais ser humano por que te vejo, te trato, te amo como se fosse a mim mesmo. Quanto mais me doar em viver consciente de que a dignidade de “ser” do meu próximo é responsabilidade minha, mais próximo estarei de resgatar a minha imagem e semelhança à Deus. Por isso que os 2 mandamentos maiores do cristão é “Amar à Deus sobre todas as coisas”, pois só amando Ele sobre tudo e todos aprenderemos o que é realmente amar, e “Amar ao próximo como Jesus, o Cristo, nos ama”, por que o amor de Jesus é sem reservas.
 
É movido por estes dois mandamentos que devemos assumir a responsabilidade de sermos extensões do “corpo” de Deus, mais que isso, de sermos o próprio “corpo” de Deus. Sendo assim é necessário perguntarmos para nós mesmos... Se somos os olhos de Deus, o que temos olhado por ai? Se somos as mãos de Deus, o que temos tocado por ai? Se somos o falar de Deus, quais são as coisas que estão dentro dos nossos corações e que movem nossas línguas? Afinal de contas a língua não fala daquilo que o coração está cheio?
 
Deus não tem parte com o pecado. Deus não tem parte com a iniquidade. Se somos o seu olhar, escutar, falar, tocar, etc... não podemos exercer estas funções tendo parte com o pecado. Temos que buscar fazer tudo isso em santidade, cumprindo o “ide” que Jesus nos confiou, conscientes de que toda honra e toda a glória é do Cordeiro, Jesus, o nosso amado Messias.
 
Que o Senhor nos expanda cada vez mais a consciência de que somos ferramentas em Suas mãos, movidas por uma amor imaculado, por valores de um Reino cujo o Rei é o Próprio Amor.

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

POR QUE ME CONVERTI AO CRISTIANISMO?

Dois Rabinos discutiam se Deus existia ou não. Passaram praticamente a madrugada inteira nesta discussão, até que ambos chegaram à conclusão que não: Deus não existia. Então, discussão encerrada, ambos foram dormir. No dia seguinte, logo pela manhã, como de costume, um dos rabinos foi orar. O outro rabino, percebendo a atitude de seu amigo, dirigiu-se até ele e lhe perguntou: “- Ontem à noite, nós não chegamos à conclusão de que Deus não existe?”. Então o outro lhe respondeu: “Sim!”. Ainda sem entender a atitude de seu amigo, o rabino retrucou: “Então por que você ora?”. Seu amigo então lhe respondeu: “O que Deus tem a ver com isso?” e continuou suas orações.
 
Deus, está acima de todo debate humano. Ele é o único que pode afirmar que É! Pois Ele se banca por si só. É o único ser que tem autonomia. Nós?! Ahhhh, nós! Pensamos que nos bancamos. Pensamos que temos autonomia. Mas não passamos de Walking Deads aguardando pelo momento em que a morte venha se concretizar. Fora de Deus, estamos mortos. Somos mortos vivos. Como um notebook que tem bateria, mas está com a tomada desligada da fonte de energia. Logo a energia da bateria vai se acabar e o notebook vai se desligar. Não entendeu? Então tudo bem, exemplifico de outra maneira: somos como ventiladores ligados à tomada, com a hélice girando e produzindo vento. Agora imagine que a tomada tenha sido desligada da energia. A hélice, ainda que de forma mais fraca, irá continuar girando. A força da mesma irá diminuir, até que a mesma irá parar. O “resquício” de vida que temos dentro de nós, e faz com que os nosso corações sigam batendo, não é nosso, vem de Deus, e Ele nos concede por Graça, em outras palavras, faz isso sem que a gente mereça, faz isso partindo do Seu Próprio caráter, sem levar em consideração o que somos.
 
Alguns ateus dizem que Deus é um delírio. Outros dizem que não acreditam em Deus devido ao mal e a injustiça que existe no universo. Outros vão além, dizem que não acreditam em Deus por que não se pode provar Sua existência cientificamente.
 
Deus não é um delírio. O homem é quem delira ao acreditar que pode se manter vivo por conta própria. Acha que pode ser Deus de si mesmo. Ao olhar para a carcaça de argila que somos e ver o quanto a lógica que existe em nossa mente é contaminada por um vírus chamada pecado, onde sua natureza é a maldade, vejo o quanto deliramos ao achar que somos algo. Quanto ao mal, me lembro de algo que certa vez ouvi do Pastor Ariovaldo Ramos:
 
Disse ele que certa vez um menino lhe falou que não acreditava em Deus, por causa do mal. Ele então lhe respondeu: “Mas eu acredito em Deus justamente por causa do mal! Pois o mal não conhece limites, não respeita a moral, não respeita o limite étnico, não respeita a lei, não respeita a vontade humana. Então, por que o mal ainda não tomou conta de tudo? Justamente porque existe um poder que impede o avanço dele. A Bíblia diz que esse poder é uma pessoa, Jesus, e é Nele que eu creio”.
 
De fato, a existência de Deus não se prova com ciência. Mas também é fato que a Sua não existência também não é possível ser provada através da ciência. Quando o assunto é a existência ou não de Deus, ficamos iguais aos Rabinos, tentando especular isso ou aquilo...mas no fim, tudo será apenas especulação. É por isso que concordo com o pensamento do Pastor Ed René Kivitz: Deus não se prova. Ou crê ou não crê. Deus não é objeto de lógica. Deus é “objeto” de fé. Primeiro se crê para depois entender. Enquanto não se crê o debate é estéril, mais afasta do que aproxima. Só quando creio, a inteligência se faz presente.
 
Por que me converti ao Cristianismo?
 
Esta é uma resposta que vivo a cada dia, não simplesmente um pensamento. Me converti ao cristianismo por que sei que se “eu” ou qualquer outro “ser”, a não ser o Deus explícito no rosto de Jesus Cristo, exercer o papel de “deus” em minha vida, o caminho será de morte. Pois somos gente que pensa em nós mesmos. Somos seres cheios de ego. Deus não nos criou assim. Nós nos fizemos assim. Me converti ao Cristianismo por que sei que a vida do ser humano só será plena, em termos de justiça, igualdade, fraternidade, bondade, se todos nós formos semelhantes à Jesus. Ora não é esta a Nova Jerusalém descrita na Palavra de Deus, um lugar onde todos serão perfeitamente imagem e semelhança de Deus, sem distorções. Me converti ao cristianismo por que sei que só é possível ser esse tipo de gente se eu tomar como ponto de partida a vida de Jesus, pois Nele está a absoluta concretização de como o ser humano deve ser, de como Deus projetou o ser humano para ser. É por isso que creio que a bíblia foi escrita para aprendermos a viver, e não para provar a existência de Deus. Ela é um livro que precisa ser lido através da fé. Por isso é elementar que só aprenderemos a viver através das Escrituras Sagradas se crermos nelas. Me converti ao cristianismo por que dentro de mim há um infinito vazio, clamando para ser preenchido. E como disse Fiodor Dostoievski, só o infinito pode preencher um vazio infinito. E este infinito para mim é uma pessoa: Deus. Me converti ao cristianismo na esperança de um dia conseguir ter o meu caráter plenamente transformado pelos valores do Reino de Jesus, descrito na Bíblia. Não aguento mais esta lógica de morte, roubo, imoralidade, injustiça. Creio em Deus, pois Ele é o Único capaz de acabar com a maldade. E aqui é importante dizer que não vejo a maldade como uma criação concretizada de Deus. Vejo a maldade como uma teoria baseada na ausência do bem. Uma teoria que o homem concretizou ao achar que poderia ser a hélice do ventilador girando por conta própria enquanto o mesmo está desligado da fonte de energia. Me converti ao Cristianismo por que o mesmo anuncia um evangelho, uma boa notícia, uma boa nova, de que Deus, a “fonte de energia”, deseja se reconciliar com o ser humano, “o ventilador”, e viver conectado com o mesmo para que a vida prevaleça. Me converti ao Cristianismo por que o mesmo traz um Deus, o único Deus, capaz de eliminar o mau sem aniquilar os maldosos. Me converti ao Cristianismo por que este Deus faz isso sem tirania, e sim com amor. Um Deus todo poderoso, onde o amor é o caráter que move o poder. Um Deus que derruba qualquer teologia de mérito, prosperidade ou culpa. Um Deus que se move através da Graça!
 
Fora disso, o ser humano é uma bolinha de frescobol tomando "raquetadas" de seus próprios deuses ilusórios (dinheiro, ego, luxúria, ira...e por ai vai).
 
É claro que há muitos motivos que me fizeram “titubear” a me converter ao Cristianismo. Foi necessário me perguntar também “Por que não deveria me converter ao Cristianismo?”. Homens manipulando dízimo sem temor à Deus. Roubando fiéis. Tirando alimento da mesa de gente humilde, sem condições de ter uma refeição digna durante o dia, para embolsarem ofertas. Gente que mais julga do que ama. Gente que se sente estrela. Cantores e bandas que, assim como Lúcifer, desejam brilhar mais do que Deus. Gente impiedosa e indiferente ao próximo. Não tem como se iludir, as igrejas estão cheias de escândalos, estão cheias de gente usurpadoras. Gente praticando a maldade em nome do Senhor Jesus. Mas, o que Deus tem a ver com isso? Vai ser chegada a hora em que Deus irá dizer: “Afastem-se de mim, pois não os conheço! Pois nem todo o que diz Senhor, Senhor, herdará o reino dos céus”.
 
Ainda existem igrejas comprometidas com a Palavra. Ainda existem igrejas que vivem os valores ensinados por Jesus. Ainda existem igrejas que caminham em comunidade com a consciência de que os seus passos só podem ser dados mediante à graça de Jesus. Concordo que é raro achar. Mas é necessário. Pois todo ser humano precisa de Deus, mas também precisa de gente para viver. A caminhada cristã é uma caminhada comunitária. Uma caminhada de culto diário à Deus, e celebração em comunidade aos domingos. Na mesa, com os irmãos, diante do Pão, o Corpo de Cristo e o Vinho, Seu Precioso Sangue.
 
O Cristianismo me liberta de crer em mim. Me liberta de crer no meu “eu”. Não é uma alto ajuda. É Ajuda do alto. É eu me desarmando. É eu despondo de meus argumentos. É eu me rendendo, me esvaziando. É eu gritando: “Miserável Homem Eu Sou!”. É Deus dizendo: “Eu sei disso, mas te enxergo, te amo e te acolho, banhado pelo Sangue Imaculado de Meu Filho, para fazer de você o ser que planejei desde o princípio!”
 
O Cristianismo, como diria CS Lewis, se resume em...o homem se colocando no lugar de Deus (pecado) e Deus se colocando no lugar do homem (salvação)...no Calvário.
 
Enfim, me converti ao Cristianismo por que sei quem sou (carcaça de barro de natureza maligna), o que me tornei (de imagem e semelhança de Deus, passei a ser imagem e semelhança do diabo) e o que mereço (morte). Me converti ao Cristianismo por que creio ser Deus, através de Seu Filho Jesus, o Único a me retirar do tremedal de lama do pecado que é a minha vida, quando outro ser ou coisa está exercendo o papel de deus no lugar de Deus. Me converti por que vi na face de Jesus o Amor!

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

DUAS ÁRVORES AINDA REAIS EM NOSSAS VIDAS

...Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás.
Gênesis 2:17
 
De um lado a árvore da vida, o próprio Deus, do outro a árvore do conhecimento do bem e do mal. Muita gente acha que estas árvores estão plantadas em Gênesis, e que as mesmas são uma realidade passada, na qual apenas Adão e Eva tiveram que lidar. Talvez por pensarem assim, muitas pessoas se perguntam: “Ora, se foram Adão e Eva quem comeram da Árvore do conhecimento do bem e do mal, e nisto consistia o pecado original, por que eu sou considerado pecador, se não fui eu quem comi?”
 
O fato é que bem diante de nós, constantemente, a árvore da vida e a árvore da morte, ou se preferir, a árvore do conhecimento do bem e do mal, se encontram plantadas com seus frutos à mostra. Escolher comer o fruto de uma ou de outra não foi uma exclusividade de Adão e Eva. É uma realidade atual, diária e constante. Está escancarada bem diante da nossa consciência. E assim como no Éden, a serpente induziu Eva a comer do fruto proibido, ainda hoje ela o faz. O problema é que não temos só a serpente nos induzindo a dar uma gigantesca mordida no fruto da árvore que provê o conhecimento do bem e do mal. Temos o nosso ego em paralelo nos induzindo às mesmas sugestões da serpente.
 
Escolher entre a árvore da vida e a árvore da morte é a luta da consciência humana em decidir se a governança de sua alma será confiada à Deus, que é a própria Árvore da Vida, ou ao nosso ego. Escolher o nosso ego como governante de nossa alma é o mesmo que colocar o nosso “eu” como deus de nossas próprias vidas. Aqui mora o pecado original. Mas não um pecado original adormecido em Gênesis Capítulo 3 e sim um pecado original que se enraiza dentro do nosso ser. A luta do cristão contra o mesmo é diária. A realidade se concretiza diante de nós: Escolher Deus para governar o nosso ser ou governarmos o nosso “eu” por conta própria.
 
Quando Deus governa o nosso ser, o Amor depositado por Ele em nossas alma vira o combustível que move nossas atitudes. O resultado disso é escancarado na vida de Jesus, o Cristo de Deus. Jesus, um ser 100% homem e 100% Deus. E diante da face 100% humana, Ele escancarava a exata imagem e semelhança do Deus criador. Por isso Ele é Santo. Por isso Ele anda vive. Por que Nele não havia pecado algum. Nele havia os nossos pecados.
 
Quando damos vazão ao nosso próprio “eu” para governar nosso ser, o amor que motiva as nossas atitudes é distorcido. Neste sentido, passamos a amar de forma errada. Amamos partindo do nosso ego orgulhoso. Aqui se faz presente o pecado. Motivado pelo amor narcisista e corrompido, que só pensa em si mesmo, nossas atitudes, pensamentos e omissões trazem como consequência o pecado: roubamos, matamos, adulteramos...enfim, agimos de forma errada... para satisfazer o nosso ego, pois nos amamos tanto que queremos aquilo de qualquer jeito.
 
Comer da Árvore da vida é se alimentar do Amor em sua verdadeira essência. O Amor explícito nas atitudes do Cristo. Comer da Árvore do conhecimento do bem e do mal é se alimentar de morte, de um amor por si próprio, um amor que dá as costas à Deus, um amor que é iludido e alicerçado na desconfiança de que se pode viver, ter vida, sem Deus. Este é o amor que cria os seus próprios mandamentos e vive uma lei própria. Amor que, de tão corrompido, cega, ensurdece e emudece o homem no pecado, tornando a consciência do mesmo anestesiada e deixando-o indiferente aos valores do Reino de Deus.
 
A rotina da vida nos cobra constantemente: mentir ou falar a verdade? matar ou gerar vida? roubar ou pedir? amar ou odiar? Deus no controle ou eu? minha lei ou a lei de Deus? A árvore da morte ou a Árvore da Vida?
 
A situação em que Adão e Eva se encontravam no Éden, diante do pedido do Pai em escolher nunca comer da árvore da morte, é a mesma que temos hoje. Pensar que esta situação ficou “estacionada” em Gênesis 3 e que simplesmente vivemos a consequência das atitudes de Adão e Eva em optarem por comer da árvore da morte é viver em constante perigo, pois esta árvore ainda está diante de nós. Não reconhecer a possibilidade de se estar continuando à comer dos frutos desta árvore é seguir em caminho de morte eterna. Jesus nos dá o escape. Ele é a Videira. Ele é a Árvore da Vida plantada no Monte Calvário. Nele está o alimento que dá vida eterna. Por isso que celebramos o Seu Corpo e Sangue. Por que Nele somos reconciliados com Deus. Por que Ele é o caminho de volta para casa.
 
Que o Senhor nos abençoe em Sua abundante Graça nos concedendo a oportunidade de seguirmos nos alimentando da Árvore da Vida, Jesus, o Seu Santo Cristo!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

SENHOR, ESCREVA O QUE DESEJAR!

Santo Agostinho certa vez disse que ter fé é o mesmo que assinar uma folha em branco e deixar que Deus escreva nela o que Ele quiser. A fé vence o medo. A fé não só extrapola o caminho da dúvida, como toca a compreensão de que Deus detém em Suas mãos Todo o Poder, mas que este Poder Absoluto é movido pelo Seu Amor.
 
Talvez isso explique por que tantas pessoas dizem que Deus é Amor. Ao olhar para as Escrituras Sagradas e associarmos Quem Deus é e o que somos, não há como não afirmar: Deus é Amor! Quem vive consciente de que é amado por Deus enxerga a vida com outros olhos. Não é à toa que o próprio Santo Agostinho certa vez expressou o seguinte pensamento:
 
“Dois homens olharam através das grades da prisão;
um viu a lama, o outro as estrelas”
 
Viver pela fé consiste é viver consciente de que se é amado por Deus. E isso é extraordinário, pois ser amado por Deus é algo incomparável, pois o amor de Deus não visa reservas e nem contrapontos...Ele apenas ama, por que Ele é Amor.
 
Aqui temos um paradoxo único:
 
Ao mesmo tempo que Deus nos ama incondicionalmente na condição do sacrifício de Seu Filho Jesus, Ele expõe a entrega de Seu filho como uma prova de que não existe nenhuma condição, nem mesmo a vida de Seu Filho Unigênito, para que Ele nos ame. Em outras palavras, Deus nos vê como Pérolas de Grande Preço, pois está disposto, e O fez, em entregar a vida do Próprio Filho em resgate à nossa vida. O sacrifício de Seu Filho é o preço que Ele, o próprio Deus, assume para nos conceder a Graça, o favor que jamais mereceremos. E ai está o ponto chave, a hermenêutica, o ponto crucial de entendimento do quanto vale a nossa vida: a vida de um ser humano vale a vida de Deus!
 
Então pergunto: quanto vale a vida de Deus?
 
A resposta é única: Imensurável! Impossível de se medir!
 
Ora então é isso que o Cristianismo nos diz, que o valor da vida de Deus é imensurável e que Ele a entregou para pagar o preço de nosso resgate, pois estávamos condenados ao inferno? Ou em outras palavras: A minha vida vale o valor da vida de Deus, e isto é imensurável?
 
Sim, absolutamente sim! E o que atesta esta resposta é a auto entrega de Jesus na cruz do calvário. Lá Ele cravou o carimbo: TETELESTAI! Está pago, está quitado, está encerrada a dívida!
 
Jesus crucificado é o clamor de Deus para cada um de nós: “VOCÊ VALE A MINHA VIDA E EU JÁ ENTREGUEI ELA AO SEU RESGATE!”.
 
Ora, como pode Deus nos dizer que nossas vidas tem um valor imensurável, se nossa natureza atesta: “Não valemos o que comemos!”?
 
Somos pecadores, falhos, praticantes da maldade!
 
Deus anda na contra mão da lógica humana. Faz isso pois Ele sabe que é o Único que pode aniquilar o mal sem aniquilar os maldosos. O olhar de Deus a nosso respeito parte daquilo que Ele sabe que podemos ser. E Ele sabe que podemos ser seres onde o mal não faz morada. Tanto que pagou o preço imensurável. Tanto que arcou, assumiu para Si a condição imensurável.  
 
Viver consciente de que Deus está o tempo todo nos amando, de forma que Sua Graça e Misericórdia correm atrás de cada um de nós, implica em andar pela fé. Saber que Deus tem bons pensamentos a nosso respeito. Que estes pensamentos partem de uma lógica que Ele tem absoluto controle. Feliz é quem sabe disso. Feliz é quem vive isso.
 
Esta é a consciência que move o cristão a manter a esperança: Temos o mesmo Pai de Jesus, o Nazareno que foi crucificado mas venceu a morte. Um Pai que, através deste sacrifício não só prova, mas também provê um amor que nos liberta de querer buscarmos outra maneira de viver a não ser a de sermos morada viva para a Trindade Santa. Temos um Deus Vivo que detém todo o poder em Suas Mãos. Mas o combustível, o caráter, a essência que move este poder é um amor que arca com qualquer preço ou condição para nos acolher como filhos.

 
 
Convide Deus à entrar no Seu Lar. Deixe Ele te abraçar. Deixe Ele agir. Apenas diga: Pode entrar Senhor, a casa é Sua! Renda-se a Ele. Renda-se ao Amor! Deixe Ele fazer morada em você! Assine a folha branca da sua vida, deixe Ele escrever o que Ele desejar...Diga: "Tome Senhor, esta é a folha em branco do futuro da minha vida. Está assinada. Confio em Ti. Escreva nela o que for de Sua vontade!" Confie Nele!!!
 
Que o Senhor nos abençoe!

 


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

ONDE ESTÁ DEUS?

Ilustremos algumas situações para refletirmos...
 
Primeiro...
 
Uma menina de 12 anos é violentada por dois moleques. Fora os machucados, consequência da violência, e fora o trauma psicológico, resta a gravidez. A infância desta menina é assaltada, e a brincadeira que outrora consistia em ser mamãe de uma boneca, cria traços de realidade em uma mãe de 12 anos, com um filho de verdade. O medo assusta. Uma menina de 12 anos, tão pequenina, e já é cobrada pelas circunstância a amadurecer. A pular fases da vida. A sensação de revolta invade os seus pais.
 
Segundo...
 
Campo de concentração nazista. Soldados alemães armados enfileiram judeus. Logo à frente algumas forcas estão montadas. Um a um, dos judeus, vão sendo enforcados. Os filhos vão primeiro, para que os pais assistam. A corda vai esticando e estrangulando pescoço à pescoço. A sensação de impunidade invade o coração.
 
Terceiro...
 
É domingo de tarde. As lágrimas rolam pelo rosto da mãe. O quarto do filho está intacto, exatamente da mesma forma como ele havia deixado da última vez que saiu de casa. O problema é que ele não vai mais voltar. Foi assassinado brutalmente em um assalto onde tentavam lhe roubar a carteira. Ele nem reagiu. Atitaram por atirar. O pai, que assistia os jogos de futebol juntamente com o filho, pois torciam para o mesmo time, nem sequer liga mais a TV. O vazio é imenso.
 
3 situações distintas, mas totalmente reais no mundo onde estamos. O fato é que em casos como estes uma pergunta vem à tona: “Onde está Deus?”
 
Onde está Deus no momento onde uma menina de 12 anos é estuprada por moleques? Onde está Deus enquanto judeus estavam sendo enforcados simplesmente por serem “judeus”? Onde está Deus onde o rapaz recebe um tiro no peito sem sequer reagir? Onde está Deus enquanto crianças na Somália morrem lentamente de fome? Onde está Deus??? Cadê Ele?
 
Muitas são as perguntas para o sofrimento e injustiça na humanidade. O problema é que, qualquer resposta para aqueles que se deixaram cegar-se, calar-se e ensurdecer-se espiritualmente, soaram como rasa, superficial ou evasiva.
 
Procurando respostas para esta pergunta, confesso que me senti tentado a abandonar tudo o que aprendi e tentei viver como cristão. A pergunta paradoxal de Epicuro, o filósofo, me anestesiava a alma:
 
“Se Deus é Onipotente (pode tudo), Onisciente (sabe tudo) e Bom! Então por que o mal continua existindo?”
 
Entenda...o nó que Epicuro propõe com este pensamento...
 
Se Deus é Onipotente, Onisciente e Bom, então o mal não poderia continuar existindo. Para Deus e o mal continuarem existindo ao mesmo tempo é necessário que Deus não tenha uma das três características. Ora...
 
Por um lado... se Deus for Onipotente e Onisciente, então tem conhecimento de todo o mal e poder para acabar com ele. Neste caso, se o mal existe, e Deus não o aniquilou, então Ele não é Bom.
 
Por outro lado...se for Onipotente e Bom, então tem poder para extinguir o mal e quer fazê-lo, pois é bom. Mas não o faz, pois não sabe o quanto mal existe, e onde o mal está. Então Ele não é Onisciente.
 
Ou ainda...se for Onisciente e Bom, então sabe de todo o mal que existe e quer mudá-lo. Mas isso elimina a possibilidade de ser Onipotente, pois se o fosse, se realmente tivesse poder, erradicava o mal. E se Ele não pode erradicar o mal, então por que chamá-lo de Deus?
 
Os teólogos dizem que este paradoxo é um sofisma. Ou seja, é uma mentira propositalmente maquiada por argumentos verdadeiros para que possa parecer real. Confesso que demorei muito para enxergar esse pensamento como sofisma. Mas hoje, tenho plena convicção de que o pensamento de Epicuro é um sofisma.
 
Deus, é o Bem Supremo. Ele não criou o bem: Ele é o Bem! Muita gente acredita que Deus é o criador do mal. Sim Deus criou tudo. Entretanto o mal é exatamente a ausência do bem. Entenda, não é o oposto do bem, mas sim sua ausência. Em outras palavras, o mal sempre foi uma teoria. O mal só se concretizou em Lúcifer, quando o mesmo permitiu que o seu ego se tornasse absoluto. A consequência disso: se tornou demônio e se rebelou contra o Criador. O problema é que o homem aderiu à rebelião de Lúcifer e permitiu que a maldade se concretizasse também no coração humano.
 
Agora pensamos:
 
Deus criou o homem não para conhecer e consumar o mal. Deus não predestinou o homem a se rebelar contra Ele. Deus criou o homem para que Ele pudesse compartilhar a Sua bondade. Deus criou o homem para ser bom. Amou o homem muito antes de consumar a sua criação. Deus é BOM. Muito mais que isso: Deus é Amor. O Amor não impõe. O Amor aceita. Se fosse “imposição” não seria amor, seria ditadura.
 
Deus não aniquila o mal, justamente por que é Amor. O homem conheceu e consumou o mal em seu próprio coração. A maldade não habita em outro lugar a não ser no coração humano. Já parou para pensar que a aniquilação do mal implica na aniquilação dos maldosos?
 
Muita gente acredita num Deus que é indiferente ao sofrimento humano. Ora, mas será que Deus permanece de braços cruzados perante o mal?
 
Deus não determinou, mas sempre soube que o homem poderia conhecer e consumar o mal, como o fez. Logo Deus, além de Bom, é Onisciente. Pois previu que isso aconteceria. Mas Deus não destruiu imediatamente a consumação do mal. Poderia, mas isso implicaria na aniquilação da raça humana, os consumadores do mal, ato que não iria de encontro com Sua bondade. Deus é inteligentíssimo. Provedor de sabedoria única. Ele é a Sabedoria. Então ao optar por agir desta forma, não destruindo a maldade imediatamente, mas concedendo tempo para que os consumadores do mal se arrependessem, Ele manteve Sua Onisciência, Onipotência e Bondade!
 
Ora, mas onde entra a Onipotência de Deus neste contexto? Em tudo, mas principalmente na consumação do sacrifício de Jesus, o Messias, na cruz do calvário!
Logo Deus é não só Onisciente e Bom, mas também Onipotente, por controlar  as circunstâncias naturais, respeitando o livre arbítrio (que é liberdade e não libertinagem) para prover tempo aos consumadores do mal para que se arrependem de sua maldade.
 
O homem conheceu o mal, poderia consumar o mal e optou em consumá-lo. Logo homem é mau, pois poderia E PODE escolher não consumá-lo!
 
 Portanto Deus é sim Onisciente, Onipotente e Bom e Epicuro, um sofista!
 
Quanto aos três casos ilustrado no começo deste pensamento e tantos outros, a pergunta que paira no ar é Onde está Deus?
 
Deus está ali, na forma de bebê, dentro do ventre da menina de 12 anos. Deus está ali, na forca, pendurado injustamente pelo pescoço em meio a chacota dos nazistas (por isso a cultura judaica diz que no holocausto não foram mortos 6 milhões de judeus, mas sim 1 judeu morto 6 milhões de vezes, por que o homem carrega em si a imagem e semelhança de Deus). Deus está ali, levando um tio no peito sem impor reação. Deus está ali, na Somália, com o estômago doendo, morrendo aos poucos com uma fome que dói na alma. Deus está ali, debaixo da ponte, encolhido, abraçando os joelhos para se proteger do frio que castiga a pele. Deus está ali na cruz do calvário clamando: “Pai, perdoa-os pois não sabem o que fazem!”.
 
Deus é Sonho. Sonhou por que é Amor. Sonhou uma humanidade bem diferente desta que contemplamos com os nossos olhos. Sonhou uma humanidade repleta de “Jesuses”. Mas o homem criou uma humanidade repleta de “Lúcifers”. Entretanto, dentro da boa notícia que Jesus nos trouxe escancara em misericórdia o seguinte pensamento: O seu passado e a sua situação de vida atual não te define como ser humano!
 
Quando perguntar para si mesmo "Onde está Deus?" perceba que Deus está ao lado do injustiçado e oprimido, jamais ao lado daquele que oprime ou pratica o mal.


Por ser Onisciente, Onipotente e Bom, Deus fez tudo antecipadamente por nós. Escreveu na história o sacrifício de Jesus, o Seu Filho, na cruz: um meio de eliminar a maldade sem eliminar os maldosos.

E você é um maldoso cujo Deus está eliminando o mal?
 
Mas lembre-se...o Amor não impõe...não arromba janelas, não é um ladrão. O Amor é gentil...ama...é educado ...entra se é convidado...e entra apenas pela porta da frente...
 
Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo.
Apocalipse 3:20
 
Escute! Escute...ouça com os ouvidos da fé...e simplesmente tome a decisão de abrir a porta!
 
Que Deus nos abençoe