domingo, 3 de março de 2013

E JESUS SE ATIROU DA ARQUIBANCADA

Nas Olímpiadas de Barcelona, em 1992, o atleta Derek Redmond era o favorito a ser medalha de ouro na prova de corrida dos 400 m. Ele havia se preparado por muito tempo para esta prova. Havia treinado como nunca. Uma vida inteira de treinamentos e mais treinamentos. Seus números eram impressionantes. Todos os especialistas apostavam que ele era um dos favorito para a prova e que levaria o ouro, afinal, era muito veloz, e nas provas classificatórias para a grande final, o seu tempo já era impressionante.

Então todos os atletas classificados para a disputa em uma final por medalhas estavam posicionados. 400 metros, sem obstáculos, separavam todos eles da medalha de ouro. Ao ouvir o tiro de largada, Derek saiu como um foguete, acompanhado pelos outros corredores. Ao atingir, com suas passadas firmes, os 250m, a corrida de Derek passou de “400 m sem obstáculos” para uma corrida de 150 m com “O obstáculo”. O músculo da sua coxa havia se rompido e depois de mancar por mais algumas passadas ele caiu prostrado ao chão em lágrimas. Os outros corredores seguiam rápidos como “linces” em disparada à linha de chegada.

Derek permanecia prostrado. Diversos médicos adentraram a pista de corrida para ajuda-lo, mas ele ignorou à todos e seguiu mancando em direção a linha de chegada. Os médicos tentavam pará-lo, mas ele se desvencilhava e seguia com suas dores, mancando, em direção ao alvo. Segundos depois, um homem pula da arquibancada, rompe a segurança do estádio e corre até ao Derek. Era seu pai. Ele o ampara em seu ombro e o ajuda, passo à passo a se aproximar à linha de chegada. O Estádio ao ver a cena se levanta e profere aplausos e mais aplausos para o corredor, que em lágrimas cruza a linha de chegada.

O vídeo impressiona. É quase impossível conter as lágrimas ao assistir o mesmo:



Muito mais do que uma lição de motivação ou perseverança este vídeo ilustra que a vida é similar a uma corrida olímpica. Ao nascermos, é como se ouvíssemos um “tiro de largada” dado para o alto, sinalizando a nós (atletas): “Corram!”. Então saímos em disparada a um alvo, afinal, ainda que de forma inconsciente, sabemos que temos diante de nós uma linha de chegada. Uns enxergam o trajeto como uma corrida de 50m, outros como uma corrida de 100m, outros como uma maratona, outros como uma corrida de revezamento e ainda, outros como uma corrida de obstáculos. O fato é que a corrida da vida é uma incógnita. Afinal a gente quer alcançar um determinado “alvo”, mas as vezes o alvo é que nos alcança primeiro. Somos todos Dereks. Iniciamos as nossas corridas achando que não teremos obstáculos no percurso, quando de repente nos deparamos com um estiramento muscular que nos impede de (ou pelo menos nos dificulta em) prosseguir.

Talvez você possa pensar neste exato momento: “Já sei! Vai rolar um esforço teológico para elaborar alguns paralelos entre Jacó (que teve a coxa ferida em sua luta com o Anjo no vale de Jaboque) e o fato da distensão muscular do Derek ter sido também na coxa. Então será empenhado alguns esforços para gerar um pensamento sobre algumas coisas que poderiam interligar o modo como Deus tratou Jacó e como o Pai do Derek encenou, de certa forma, a maneira como Deus nos trata.”

Confesso para você que seria uma linha interessante. Tentadora até! Quem sabe um dia eu me arrisque por este terreno.

Mas aqui proponho algo diferente. Gostaria de lhe perguntar:

Quais são os estiramentos musculares que impedem você de prosseguir? A perda de um ente querido? Um HIV? Uma Leucemia? Uma Metástase? Um casamento que chegou ao fim? Um desentendimento familiar?

Se você está com os músculos da coxa doendo, e a “passada” é dolorosa, uma “passada” que não lhe permite sequer apoiar o pé no chão e te faz chorar de dor, gostaria de lhe dizer algo:

Jesus viu você caído. Ele pulou da arquibancada e saiu correndo como um louco correndo em sua direção. Rompeu os obstáculos (como os seguranças), e neste momento te ampara em Seus ombros, assim como Ele carregou à Cruz, Ele te coloca em Seus ombros. Cristo te diz: “Vamos! Vamos terminar juntos!”. Ele te diz: “O tempo todo eu estava com os olhos colados em você, te acompanhando, torcendo por você!”. Ainda no trajeto, Ele enxuga as suas lágrimas e lhe diz: “Quando cruzarmos a linha de chegada vou te tratar, e logo verás que não haverá mais lágrimas nem dor”. Diz ainda: “Não importa se você será o primeiro ou o último, nesta corrida todos os que chegarem serão vencedores, mais importante é você chegar!”. Te diz mais: “Sempre serás o meu campeão”.

Você pode achar que está é uma analogia muito fútil de como Deus nos trata.

Mas não considero não. Acredito que Deus nos trata assim, de forma Imanente e ao mesmo Transcendente. Ao mesmo tempo em que Ele é Inacessível e Ausente (Fisicamente e Espiritualmente), Ele é totalmente Acessível e Presente (Fisicamente e Espiritualmente). Afinal Ele é o Eu Sou.

E sim...Ele se importa! Ele se importa por que Ele te ama. Ele se importa sim. E Ele sabe que esta corrida é difícil, e que não somos capazes de cruzar a linha de chegada sozinhos. Ele sabe que as distensões musculares nos afetarão e que iremos mancar. Ele sabe que precisamos de Seu amparo misericordioso. Sabe que a dor é grande. Sabe por que a nossa dor dói Nele. Sabe por que o nosso choro é o Choro Dele. Sabe por que o nosso lamento se move dentro Dele. Deus nos ama. Se atira da arquibancada em nossa direção inúmeras vezes...infinitas vezes. Ele vai cruzar a linha de chegada conosco. Esta é a maior esperança que nós “Dereks” temos que ter. Não podemos desistir. Não podemos deixar que os obstáculos (dores musculares, médicos ou outras coisas da vida) nos impeçam de caminhar a diante, pois Deus virá ao nosso encontro e nos auxiliará.

Ele nos ama como Filhos, se auto define como nosso Pai. Jesus O chamava assim! Um Pai que vai até à beira da pista de corrida (da vida) torcer por cada filho Seu, torcer não por uma medalha de ouro...mas simplesmente para que complete o percurso e cruze a linha de chegada.

Que Deus nos abençoe em Seu misericordioso e infinito amor Paterno por cada um de Nós.

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