Certa vez, em uma conversa de café no trabalho, perguntei a um amigo meu: “Você acredita em Extraterrestres?”.
Ele me respondeu: “Só nos que dizem a verdade”.
Brincadeiras à parte, quero te perguntar: Você tem fé? Você acredita em Deus?
Suponho que sua resposta, como um Cristão, seja um belo de um “sim”! Mas antes de responder estas perguntas suponho que exista uma pergunta chave (praticamente uma premissa) que você tenha que responder para si mesmo. Esta pergunta é: O que entendo como fé?
Entenda, se dou um sentido “raso” para o sentido do que é ser “fé”, isso traz, por consequência, um sentido raso no que creio. Um exemplo, é entender que “fé” é simplesmente acreditar se Deus existe ou não. Seguindo a linha do exemplo, isso implica em ler a bíblia sagrada intuindo (com uma visão rasa) que a mesma é um livro para provar que Deus existe. E não! Não é o caso: A Bíblia é um livro que foi escrito por inspiração de Deus, sendo assim...a premissa de leitura é a de que Deus existe. Entenda que o ponto central aqui é que as Escrituras Sagradas são revelações de como Deus traçou o Seu plano de reconciliação com o homem, e implícito nesta linha de pensamento está a revelação do caráter de Deus e de como Ele deseja ser visto pelo homem.
Então proponho que fé seja algo bem mais profundo que isso. Sim muito mais profundo. Mais profundo do que, por exemplo, crer que Deus é poderoso. Sim. Concordo com o Pastor Ariovaldo Ramos que diz que, alicerçar a definição de “Fé” em uma visão de que Deus é poderoso é algo muito mais lógico do que algo que necessite de fé: afinal se nos referimos a um ser como “Deus”, para ser Deus...este ser deve ter um poder!
Sendo assim, tenho para mim (e ai você avalia qual o seu entendimento) o ato “Ter Fé” como acreditar que Deus é o Criador de tudo o que o nosso entendimento pode alcançar e que Ele é um Ser infinitamente Poderoso e Amoroso, cujo o caráter é o bem supremo. Por consequência disso o Seu poder é empenhado em favor do seu amor para com Seus filhos.
Imagine esta cena...
E, entrando Jesus em Cafarnaum, chegou junto dele um centurião, rogando-lhe,
E dizendo: Senhor, o meu criado jaz em casa, paralítico, e violentamente atormentado.
E Jesus lhe disse: Eu irei, e lhe darei saúde.
E o centurião, respondendo, disse: Senhor, não sou digno de que entres debaixo do meu telhado, mas dize somente uma palavra, e o meu criado há de sarar.
Pois também eu sou homem sob autoridade, e tenho soldados às minhas ordens; e digo a este: Vai, e ele vai; e a outro: Vem, e ele vem; e ao meu criado: Faze isto, e ele o faz.
E maravilhou-se Jesus, ouvindo isto, e disse aos que o seguiam: Em verdade vos digo que nem mesmo em Israel encontrei tanta fé.
Mas eu vos digo que muitos virão do oriente e do ocidente, e assentar-se-ão à mesa com Abraão, e Isaque, e Jacó, no reino dos céus;
E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes.
Então disse Jesus ao centurião: Vai, e como creste te seja feito. E naquela mesma hora o seu criado sarou.
Mateus 8:5-13
Por que Jesus cita a fé deste centurião como um exemplo? Por que ele acreditou que Cristo era o Messias? Creio que isso vai além, vai mais no profundo.
Então, por que temos que ter fé? Por causa da dúvida!?
Creio que não. Aliás, não creio que o oposto de fé é dúvida. Creio que o oposto da fé é o medo. Deus se revelou à nós como “Eu Sou o que Sou”. É natural que isso desse margem para dúvidas. O cerne aqui é outro e, sim, creio que o medo seja o caminho contrário desta fé na qual a Palavra nos revela.
Medo de que? Medo de que o caráter de Deus não seja bom! É assim que enxergo a fé.
Talvez agora as respostas das perguntas “Você tem fé? Você acredita em Deus?” possam ser repensadas. Isso é muito bom. Pense nisso!
Enfim, todo este pano de fundo é para intuir alguns pensamentos que tem adentrado minha mente e que gostaria de compartilhar contigo. Já parou para pensar no caminho de volta: Em que Deus crê?
Se você tivesse a oportunidade (e quem sabe a oração não seja um meio de fazer isso) e perguntasse à Deus: Em que o Senhor crê? Em que o Senhor tem fé?
Andei pensando sobre isso. O que será que Ele responderia?
Então imaginei a seguinte cena:
“Estou sentado com Deus no alto de um prédio, numa cobertura. Estamos observando toda a movimentação da cidade de São Paulo. Deus está em silêncio. Então Ele, sendo Deus, e sentindo uma inquietação em meu coração, me diz: - Pode perguntar! Não temas, pergunte!
Então eu digo: - Senhor, nós humanos, carecemos de fé. Sendo o Senhor um ser Onipotente, Onisciente e Onipresente, o Senhor teria a necessidade de ter fé em algo? Grosseiramente dizendo: o Senhor tem alguma “religião”?
Deus então estende sua mão, mostrando todas as pessoas que os meus olhos poderiam ver e diz: - Vê estas pessoas!?
Respondo com um sinal positivo com a cabeça. Então Ele continua: - Neles! Tenho fé neles, assim como tenho fé em você!
Então eu respondi: - Ainda não entendo!
Ainda com as mãos estendidas, me mostrando à todos, Deus então, com um imenso carinho me diz: Sou o Pai na varanda, olhando para o horizonte, esperando os meus filhos voltarem...nisto consiste a minha fé: Crer que todos voltarão.
Depois de um olhar por todo o horizonte, Ele então diz: Sou Onisciente, Onipotente e Onipresente. Tenho Todo o Poder. Os Céus não podem me conter. Mas Sou o Amor. Amar consiste em prover liberdade. Livre arbítrio. Então não obrigarei nenhum filho voltar. Deixarei que Eles façam às suas escolhas. Mas a minha fé é acreditar que cada filho olhe para a minha Cruz, e que ao fazer isso, abandoe o seu ego e volte para meus braços. Nisso consiste a Minha “grosseira religião”, que não é morta, e sim muito viva: buscar e acolher de volta cada filho Meu!”
Entenda...Deus traçou um plano de redenção...um plano que iniciou com um homem, depois alcançou uma família, então um povo, para por fim alcançar a humanidade...um plano que custou Sua própria vida. Ele acredita que os Seus filhos vão aderir a este plano de reconciliação. Ele acredita na restauração de cada filho Seu.
Olha só...
A história do nosso país, relata um episódio chamado “Grito da Independência”, proclamado por Dom Pedro I. Nesta ocasião o famoso grito, proferido nas margens do Ipiranga, foi “Independência ou Morte”. Em Genesis 3, as Escrituras Sagradas nos relatam um grito de independência da humanidade. Infelizmente o grito foi outro: “Independência e Morte”.
Deus, como um Pai que ama incondicionalmente os Seus filhos, nos dá um grito, um clamor em resposta: “Dependência e Vida”.
Este é o grito vivido por Jesus Cristo. Um grito concretizado no calvário.
Deus proferiu este grito por que sabia que Ele é a Vida...tudo aquilo que rompe com Ele está em morte. Não há nada viva sem depender Dele.
Costumo dizer a minha esposa que a humanidade está “teoricamente” morta. Algumas pessoas já com o fator “morte” concretizado. Outras ainda esperando o fator “morte” se concretizar (o caso de nós, que simplesmente pelo fato de respirar, acha que está vivo). Mas o fato é que Vida...Vida Real...Vida Eterna...que é Vida sem fator “morte”, só provém de Deus. Um Pai sentado na varanda...olhando para o horizonte, esperando cada um de nós aparecer, para que Ele possa se lançar correndo ao nosso encontro, com braços abertos para acolher-nos e festejar a nossa volta para casa.
Deus acredita em você. Deus acredita em uma reconciliação com você. Ele já deu o primeiro passo. Ele já fez a parte Dele. Ele não vai obrigar você, nem eu a fazermos a nossa parte.
Você tem um Lar. Um Lar que é uma Pessoa. Uma Pessoa que é um Lugar. Um Lugar que é uma Pessoa. Uma Pessoa que você pode chamar de Lar. Uma Pessoa que tem fé em você, que tem fé na sua volta para este Lar (com “L” maiúsculo de Senhor).
Deus tem fé...uma fé que se antecipa a nossa fé!
Voltemos para Casa!
Nenhum comentário:
Postar um comentário