sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

A CONSCIÊNCIA DA GRAÇA X A ANGUSTIA DA FINITUDE

A incógnita da morte é a maior angústia do ser humano. Não somos donos do nosso tempo. Não sabemos o tempo que temos, consequentemente, não temos tempo algum. Todos os dias saímos de casa para ganhar o pão de cada dia, para por o arroz e o feijão sobre a mesa e não sabemos se iremos voltar para casa. Deixamos nossos filhos na escola, damos um beijo nele e talvez, a gente vá para casa, mas ele não. Tomamos café da manhã com nossa esposa, nossa mãe ou nosso pai, e não sabemos se este será o nosso último momento reunidos em uma mesa. A vida é aleatória, nos trás diversas incógnitas e a maior delas é a morte.

A esperança é o que nos resta! Mas infelizmente, diante de tantas tragédias, dos sofrimentos que vemos na face do outro, das dores e calos que permeiam nossos corações, vemos cada vez mais a esperança ser sufocada pelo choro, pela tristeza, pela angústia das fatalidades que se fazem concretas diante de nós mostrando-nos o quanto somos incapazes de controlar as coisas.

O nosso ego diz que temos que ter controle de tudo, mas a verdade é que não podemos sequer saber o que vai acontecer no próximo segundo. A angústia da finitude nos move em direção a depressão, a desistência da vida, nos move até a “não esperança”, o desespero!

Em tempos de fatalidade temos é muito fácil lembrar de que Jesus nos disse: “ – No mundo terei aflições!” mas é muito difícil viver o “ – Tende bom animo, eu venci o mundo!”.

Ainda que as fatalidades e as tragédias venham querer sufocar a nossa esperança, ainda que as lágrimas estejam mais presentes do que as risadas, temos que seguir em frente. Confiar em Jesus! Olhar para sua cruz. No caixão um pai de 29 anos, morto numa fatalidade do transito. Imprudência dele? Sim? quem sabe? Mas a realidade esta ali, na sala do velório. O menino de 8 anos ouve a mãe dizer: “ – O papai foi pro céu!”. O menino então diz: “ – Então ele foi para um bom lugar”.

Ao mesmo tempo que olhamos para a vida que termina ali, que olhamos para toda uma história já escrita e para N possibilidades que poderiam se concretizar na vida deste pai, temos que olhar para uma vida de 8 anos que tem um caminho imenso pela frente. A desesperança caminhando de mãos dadas com a esperança. Somos finitos!

Jesus diz ao Pai do alto da cruz: “ – Perdoa-os Pai, pois não sabem o que fazem!”. Uma frase destinada aos Romanos que o crucificaram ou uma frase destinadas a mim, a você...a toda humanidade? Não sabemos o que fazemos! Achamos que sabemos, mas não sabemos! Na aleatoriedade da vida, seguimos nossos dias no “deixa a vida me levar, vida leva eu”, seguimos no “let it be”, e uma simples ida na padaria para buscar pãozinho francês pode ser os nossos últimos passos aqui.

Talvez estas palavras sejam um desabafo diante da morte prematura do meu primo André Oliveira da Silva, um bom homem, um ser humano que tive o privilégio de conhecer, apesar do pouco convívio nos últimos anos de sua vida. Uma vida inteira pela frente que volta ao pó. A fatalidade tenta abafar a esperança. Mas Jesus é extraordinário e Nele está a nossa esperança, e Ele é maior do que qualquer fatalidade, afinal de contas a maior fatalidade que nós conhecemos na história foi a aberração que nós fizemos com Deus na cruz e, Ele, Jesus, o próprio Deus com rosto humano, venceu!

Se de um lado a incógnita tenta se levantar, por outro a certeza de que Jesus, em seu sacrifício na cruz, nos faz aceitáveis ao Pai permeia os nossos corações.  O sacrifício de Jesus esta vivo em todo aquele que se rende a Cruz. Nesta certeza encaramos o mundo. É nesta certeza que o menino de 8 anos crescerá sem a presença do seu pai e se tornará um homem de caráter bom. É nesta certeza que a mãe encarará o quarto vazio do seu filho que morreu prematuramente.


Não podemos perder a esperança. Ouvi diversas vezes no velório do meu primo o seguinte pensamento: “ – Jesus não permite que uma folha não caia de uma árvore se não for vontade Dele!”. Jesus delegou a gestão do mundo nas mãos do homem. Não é à toa que este mundo está cada vez mais um caos, cada vez mais em trevas. Logo Deus reassumirá a gestão de tudo o que vemos. Não sei dizer se ele controla tudo aqui. Mas creio que Deus esteja no controle no sentido de que todos aqueles que pertencem a Ele irão para perto Dele. Sendo assim, não há motivos para perder as esperanças! Este mundo é provisório, não se compara com o reino que há de vir! Façamos o nosso melhor aqui, hoje e agora. Que o presente de nossas vidas seja usufruído na consciência da graça e não na angustia da finitude, pois aonde a desgraça se faz presente, Deus faz superabundar a sua graça...a maior prova disso é você, eu, todos nós estarmos respirando. SIGA EM DIREÇÃO A CRUZ!


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