A incógnita da morte é a maior angústia do ser humano. Não
somos donos do nosso tempo. Não sabemos o tempo que temos, consequentemente,
não temos tempo algum. Todos os dias saímos de casa para ganhar o pão de cada
dia, para por o arroz e o feijão sobre a mesa e não sabemos se iremos voltar
para casa. Deixamos nossos filhos na escola, damos um beijo nele e talvez, a
gente vá para casa, mas ele não. Tomamos café da manhã com nossa esposa, nossa
mãe ou nosso pai, e não sabemos se este será o nosso último momento reunidos em
uma mesa. A vida é aleatória, nos trás diversas incógnitas e a maior delas é a
morte.
A esperança é o que nos resta! Mas infelizmente, diante de
tantas tragédias, dos sofrimentos que vemos na face do outro, das dores e calos
que permeiam nossos corações, vemos cada vez mais a esperança ser sufocada pelo
choro, pela tristeza, pela angústia das fatalidades que se fazem concretas
diante de nós mostrando-nos o quanto somos incapazes de controlar as coisas.
O nosso ego diz que temos que ter controle de tudo, mas a
verdade é que não podemos sequer saber o que vai acontecer no próximo segundo.
A angústia da finitude nos move em direção a depressão, a desistência da vida,
nos move até a “não esperança”, o desespero!
Em tempos de fatalidade temos é muito fácil lembrar de que
Jesus nos disse: “ – No mundo terei aflições!” mas é muito difícil viver o “ –
Tende bom animo, eu venci o mundo!”.
Ainda que as fatalidades e as tragédias venham querer
sufocar a nossa esperança, ainda que as lágrimas estejam mais presentes do que
as risadas, temos que seguir em frente. Confiar em Jesus! Olhar para sua cruz.
No caixão um pai de 29 anos, morto numa fatalidade do transito. Imprudência
dele? Sim? quem sabe? Mas a realidade esta ali, na sala do velório. O menino de
8 anos ouve a mãe dizer: “ – O papai foi pro céu!”. O menino então diz: “ –
Então ele foi para um bom lugar”.
Ao mesmo tempo que olhamos para a vida que termina ali, que
olhamos para toda uma história já escrita e para N possibilidades que poderiam
se concretizar na vida deste pai, temos que olhar para uma vida de 8 anos que
tem um caminho imenso pela frente. A desesperança caminhando de mãos dadas com
a esperança. Somos finitos!
Jesus diz ao Pai do alto da cruz: “ – Perdoa-os Pai, pois
não sabem o que fazem!”. Uma frase destinada aos Romanos que o crucificaram ou
uma frase destinadas a mim, a você...a toda humanidade? Não sabemos o que
fazemos! Achamos que sabemos, mas não sabemos! Na aleatoriedade da vida,
seguimos nossos dias no “deixa a vida me levar, vida leva eu”, seguimos no “let
it be”, e uma simples ida na padaria para buscar pãozinho francês pode ser os
nossos últimos passos aqui.
Talvez estas palavras sejam um desabafo diante da morte
prematura do meu primo André Oliveira da Silva, um bom homem, um ser humano que
tive o privilégio de conhecer, apesar do pouco convívio nos últimos anos de sua
vida. Uma vida inteira pela frente que volta ao pó. A fatalidade tenta abafar a
esperança. Mas Jesus é extraordinário e Nele está a nossa esperança, e Ele é
maior do que qualquer fatalidade, afinal de contas a maior fatalidade que nós
conhecemos na história foi a aberração que nós fizemos com Deus na cruz e, Ele,
Jesus, o próprio Deus com rosto humano, venceu!
Se de um lado a incógnita tenta se levantar, por outro a
certeza de que Jesus, em seu sacrifício na cruz, nos faz aceitáveis ao Pai
permeia os nossos corações. O sacrifício de Jesus esta vivo em todo
aquele que se rende a Cruz. Nesta certeza encaramos o mundo. É nesta certeza
que o menino de 8 anos crescerá sem a presença do seu pai e se tornará um homem
de caráter bom. É nesta certeza que a mãe encarará o quarto vazio do seu filho
que morreu prematuramente.
Não podemos perder a esperança. Ouvi diversas vezes no
velório do meu primo o seguinte pensamento: “ – Jesus não permite que uma folha
não caia de uma árvore se não for vontade Dele!”. Jesus delegou a gestão do
mundo nas mãos do homem. Não é à toa que este mundo está cada vez mais um caos,
cada vez mais em trevas. Logo Deus reassumirá a gestão de tudo o que vemos. Não
sei dizer se ele controla tudo aqui. Mas creio que Deus esteja no controle no
sentido de que todos aqueles que pertencem a Ele irão para perto Dele. Sendo
assim, não há motivos para perder as esperanças! Este mundo é provisório, não se
compara com o reino que há de vir! Façamos o nosso melhor aqui, hoje e agora.
Que o presente de nossas vidas seja usufruído na consciência da graça e não na
angustia da finitude, pois aonde a desgraça se faz presente, Deus faz
superabundar a sua graça...a maior prova disso é você, eu, todos nós estarmos
respirando. SIGA EM DIREÇÃO A CRUZ!
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