segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O PARADOXO DO SANGUE

No paradoxo da Cruz temos o espetáculo de amor e o espetáculo de horror caminhando de mãos dadas. Deus mostrando o que é amar verdadeiramente e o homem mostrando o amor corrompido. Jesus se entregando à vontade do Pai, e nós, por outro lado, matando o próprio Deus! Jesus escancarando a Graça e a Misericórdia, e nós assumindo as vestes de agentes de desgraça, executores da maior injustiça que este mundo já viu: Deus morrendo por nossas mãos!

O sangue de Jesus é também um paradoxo: para quem não se arrepende o sangue de Jesus é condenação, mas por outro lado, para aquele que se rende o sangue é salvação!

Creio que o que define se o sangue de Jesus é ou aliado nosso, é o nosso próprio coração!

John Stott certa vez afirmou que o coração do problema humano é o problema do coração humano.

Mas afinal de contas, qual é o problema do coração humano!?

Talvez a melhor resposta venha do pensamento de outro renomado pensador cristão, C. S. Lewis, que disse que o orgulho é a galinha sob a qual todos os outros pecados são chocados.

O coração do ser humano é orgulhoso. Um orgulho demoníaco que serve de raiz para todos os pecados que evaporam em nossas atitudes, pensamentos, palavras e até mesmo omissões. O orgulho nos desconecta de Deus e do nosso próximo. O orgulho nos conecta aos nossos apetites vorazes malignos, que passa por cima de tudo e todos sem medir consequências para satisfazer o nosso ego. O orgulho nos faz imagem e semelhança de Lúcifer, aquele que era um anjo e se fez demônio.

Somos corruptos! Somos corrompidos pelo pecado! Temos em nós um amor corrompido: o pecado! O amor distorcido! O amor ao nosso “eu” que busca satisfazer todas as vontades desproporcionais do nosso ego.

C.S. Lewis certa vez disse: “Se eu encontro em mim um desejo que nenhuma experiência desse mundo possa satisfazer, a explicação mais provável é que eu fui feito para um outro mundo”.

Fiódor Dostoiévski dizia que o ser humano carrega em si um vazio do tamanho de Deus. Em outras palavras, um vazio que só Deus pode preencher. Um vazio infinito que só pode ser preenchido por alguém infinito: Deus!


Já parou para pensar nisso. Que estamos buscando satisfazer em nós um desejo que jamais conseguiremos satisfazer com as coisas deste mundo. Neste sentido acabamos anestesiando nossa consciência e passamos a não medir as consequências para satisfazer o nosso ego, pois nosso orgulho é maior do que tudo.

Não é à toa que a injustiça e o sofrimento permeia o mundo em que vivemos. Mas não se iluda. Lewis nos alerta: “O sofrimento é o megafone de Deus para um mundo ensurdecido”. O ápice deste sofrimento é a Cruz, onde o próprio Deus assume para si o sofrimento de todos os nossos pecados. É o grito para toda a humanidade: Parem! Voltem para Casa! Parem! Não sejam rebeldes!

Quando iremos acordar? Quando o nosso coração se renderá a Deus como um soldado sozinho que joga as suas armas no chão perante a um exército poderosíssimo, reconhecendo que não adianta lutar contra?

Se o coração do problema humano é o problema do coração humano, vemos a solução do homem no coração de Jesus, o Cristo! No coração de Jesus está explícito o coração do Pai. Um coração imaculado, santo, que nos provê a salvação através de um convite que o próprio Jesus nos faz: sermos imitadores Dele, Jesus! Quem faz de seu coração igual ao de Cristo em um mundo como este, só tem um destino: A Cruz!

Para que o nosso coração seja curado precisamos entrega-lo na mão do Pai, para que ele molde os nossos corações conforme o coração de Cristo: esta é a Salvação que Cristo nos escancara na Cruz! A possibilidade de sermos gente como Jesus é gente! A possibilidade de sermos santo como Jesus é Santo. Temos que fazer o nosso melhor e não se conformar com este mundo. Em alguns momentos, na nossa caminhada, iremos tropeçar no pecado. Mas isso não pode ser uma escolha, uma opção nossa. Se isso acontecer, tem que ser um acidente. Para casos como esses, venceremos no Sangue de Jesus, através do nosso arrependimento. Para isso, temos que ter consciência de que o Sangue de Jesus só será nosso aliado se nos rendermos ao sacrifício que Ele nos proveu na cruz!


Então é preciso perguntar para si mesmo: No paradoxo do sangue de Jesus, o sangue do Cristo é motivo de condenação ou salvação para mim?

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