No paradoxo da Cruz temos o espetáculo de amor e o
espetáculo de horror caminhando de mãos dadas. Deus mostrando o que é amar
verdadeiramente e o homem mostrando o amor corrompido. Jesus se entregando à
vontade do Pai, e nós, por outro lado, matando o próprio Deus! Jesus escancarando
a Graça e a Misericórdia, e nós assumindo as vestes de agentes de desgraça,
executores da maior injustiça que este mundo já viu: Deus morrendo por nossas
mãos!
O sangue de Jesus é também um paradoxo: para quem não se
arrepende o sangue de Jesus é condenação, mas por outro lado, para aquele que
se rende o sangue é salvação!
Creio que o que define se o sangue de Jesus é ou aliado
nosso, é o nosso próprio coração!
John Stott certa vez afirmou que o coração do problema
humano é o problema do coração humano.
Mas afinal de contas, qual é o problema do coração humano!?
Talvez a melhor resposta venha do pensamento de outro renomado
pensador cristão, C. S. Lewis, que disse que o orgulho é a galinha sob a qual
todos os outros pecados são chocados.
O coração do ser humano é orgulhoso. Um orgulho demoníaco
que serve de raiz para todos os pecados que evaporam em nossas atitudes,
pensamentos, palavras e até mesmo omissões. O orgulho nos desconecta de Deus e
do nosso próximo. O orgulho nos conecta aos nossos apetites vorazes malignos,
que passa por cima de tudo e todos sem medir consequências para satisfazer o
nosso ego. O orgulho nos faz imagem e semelhança de Lúcifer, aquele que era um
anjo e se fez demônio.
Somos corruptos! Somos corrompidos pelo pecado! Temos em nós
um amor corrompido: o pecado! O amor distorcido! O amor ao nosso “eu” que busca
satisfazer todas as vontades desproporcionais do nosso ego.
C.S. Lewis certa vez disse: “Se eu encontro em mim um desejo
que nenhuma experiência desse mundo possa satisfazer, a explicação mais
provável é que eu fui feito para um outro mundo”.
Fiódor Dostoiévski dizia que o ser humano carrega em si um
vazio do tamanho de Deus. Em outras palavras, um vazio que só Deus pode
preencher. Um vazio infinito que só pode ser preenchido por alguém infinito:
Deus!
Já parou para pensar nisso. Que estamos buscando satisfazer
em nós um desejo que jamais conseguiremos satisfazer com as coisas deste mundo.
Neste sentido acabamos anestesiando nossa consciência e passamos a não medir as
consequências para satisfazer o nosso ego, pois nosso orgulho é maior do que
tudo.
Não é à toa que a injustiça e o sofrimento permeia o mundo
em que vivemos. Mas não se iluda. Lewis nos alerta: “O sofrimento é o megafone
de Deus para um mundo ensurdecido”. O ápice deste sofrimento é a Cruz, onde o
próprio Deus assume para si o sofrimento de todos os nossos pecados. É o grito
para toda a humanidade: Parem! Voltem para Casa! Parem! Não sejam rebeldes!
Quando iremos acordar? Quando o nosso coração se renderá a
Deus como um soldado sozinho que joga as suas armas no chão perante a um
exército poderosíssimo, reconhecendo que não adianta lutar contra?
Se o coração do problema humano é o problema do coração
humano, vemos a solução do homem no coração de Jesus, o Cristo! No coração de
Jesus está explícito o coração do Pai. Um coração imaculado, santo, que nos
provê a salvação através de um convite que o próprio Jesus nos faz: sermos
imitadores Dele, Jesus! Quem faz de seu coração igual ao de Cristo em um mundo
como este, só tem um destino: A Cruz!
Para que o nosso coração seja curado precisamos entrega-lo
na mão do Pai, para que ele molde os nossos corações conforme o coração de
Cristo: esta é a Salvação que Cristo nos escancara na Cruz! A possibilidade de
sermos gente como Jesus é gente! A possibilidade de sermos santo como Jesus é
Santo. Temos que fazer o nosso melhor e não se conformar com este mundo. Em
alguns momentos, na nossa caminhada, iremos tropeçar no pecado. Mas isso não
pode ser uma escolha, uma opção nossa. Se isso acontecer, tem que ser um
acidente. Para casos como esses, venceremos no Sangue de Jesus, através do
nosso arrependimento. Para isso, temos que ter consciência de que o Sangue de
Jesus só será nosso aliado se nos rendermos ao sacrifício que Ele nos proveu na
cruz!
Então é preciso perguntar para si mesmo: No paradoxo do
sangue de Jesus, o sangue do Cristo é motivo de condenação ou salvação para
mim?
Nenhum comentário:
Postar um comentário