Conta-se que muito tempo atrás, em uma época onde
não existia luz elétrica, um novo padre chegou em uma paróquia de um pequenino
e isolado vilarejo. Como toda cidade pequena, é claro que todos ali começaram a
criar uma expectativa de como seria este novo padre. Burburinho daqui,
burburinho dali, o novo padre mal tinha desfeito suas malas, já estava ali, em
frente da igreja colocando uma pequena placa com os dizeres: “Não percam a
missa do próximo domingo à noite, teremos um extraordinário sermão sobre o amor
de Deus”. É claro que com uma propaganda desta, juntamente com a novidade de um
novo padre na cidade, a expectativa de todos que viviam ali aumentou ainda
mais. A semana inteira não se fala em outra coisa a não ser sobre isso. A
pequena igreja na pracinha que ficava bem no centro do vilarejo era muito
simples. Apesar de não ser muito grande tinha tamanho suficiente para acolher a
toda a comunidade que vivia ali. E aconteceu que no domingo, em uma noite
linda, a igreja ficou abarrotada de gente. Até quem não costumava ir às missas
compareceu. Como não havia luz elétrica, a igreja estava repleta de lampiões e
velas. No centro do altar uma pequena mesa com uma pequena imagem de Jesus
Cristo na cruz. Todos murmuravam em ansiedade. E então um coroinha sai pela
porta ao lado do altar andando lentamente. Todos começam a se silenciar ao
perceber o início da missa. Entretanto o coroinha ao invés de ir para o altar
começa a caminhar pelas laterais da igreja. Ao passar pelo primeiro lampião, o
menino apagou o mesmo. Então caminhou mais alguns passos e soprou algumas
velas. Seguiu adiante e apagou outro lampião. Todos em silêncio observavam o
menino indo em cada foco de luz e apagando os mesmos, até que finalmente ele
apagou o último lampião e igreja ficou em total escuridão. Não se enxergava um
palmo a frente. O silêncio era total. Foi ai que uma luz apareceu na sala ao
lado do altar. O padre caminhou lentamente em direção ao altar, segurando
cuidadosamente uma única vela em suas mãos. Então o padre, sem dizer nenhuma
palavra, aproximou a luz da vela para iluminar os pregos encravados nos pés da
imagem de Jesus. Em seguida aproximou lentamente a luz para iluminar os pregos
na mão esquerda de Jesus. Lentamente fez um movimento com a vela e iluminou a
os pregos da outra mão. Com o mesmo cuidado iluminou a cabeça da imagem de
Jesus evidenciando os espinhos. Por fim o padre posicionou a vela
cuidadosamente de forma que a luz iluminava por inteiro a imagem de Jesus
Cristo crucificado. Silenciosamente...sem dizer nenhuma palavra...o padre se
retirou do altar e sentou-se juntamente com a comunidade.
Ouvi esta história recentemente em uma pregação. É
claro que tive que reproduzir a mesma com minhas palavras, pois não encontrei o
relato integral para compartilhar aqui. Não sei se é um fato verídico. O fato é
que uma história como esta nos convida a refletir sobre muitas coisas. Deixando
a discussão religiosa de lado (coisas do tipo, adoração de imagem, católicos
versus evangélicos, e tantas outras prerrogativas), é interessante observar que
só existe um Nome Próprio nesta história, o de Jesus Cristo. Hoje em dia, o
homem se acha tão mais importante que Deus, que o próprio nome fica mais
importante que o nome de Jesus. É um ego absurdo. Gente que coloca na frente da
igreja placas dizendo “Igreja do Missionário X”, “Igreja do Apóstolo Y”,
“Igreja do Pastor Z”...e por ai vai. São igrejas de outras pessoas, menos de
Jesus. O nome de Jesus pode até ser dito dentro destes lugares, mas quando vejo
alguns programas de TV, rádios, com propagandas evidenciando muito mais o nome
do “santo” do que o nome de Jesus, sinto o Espírito Santo incomodar o meu
coração e dizer: “ – Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, contemplará
entrará no Reino de Jesus!”. As igrejas precisam de gente anônimas! Gente que
esteja disposta a agir como a serva, a escrava de Naamã, cujo o nome próprio
nem aparece na Palavra, mas o seu ato é digno de ser relatado sempre, afinal de
contas a cura da lepra de Naamã não foi só um processo de 7 mergulhos no rio
Jordão, antes disso ele teve que dar créditos ao que esta anônima serva lhe
disse. Se talvez fizéssemos uma enquete, por mais ridícula que fosse, apenas
para ilustrar, perguntando para um grupo de pessoas quais delas gostariam de
ter tido a oportunidade de vivenciar o que viveu o Rei Davi, o Apóstolo Paulo,
Daniel, José...muitos levantariam a mão. Mas creio que poucos levantariam a mão
para estar ali no papel para viver o papel da serva anônima que ajudou Naamã. O
ego humano deseja holofotes. Em um paralelo a história do Padre que contei no
início desta diluição de pensamento cristã, acredito que muitos supostos
cristãos famosos que vemos atualmente, segurariam a vela para iluminar a si
mesmos. Triste realidade! Perceba que o padre, após iluminar a cruz, sentou-se
em silêncio juntamente com a comunidade que ali estava. Quantos supostos
“membros das elites espirituais” hoje em dia não precisam assumir uma
consciência como esta. De se ver igual a todos na comunidade na qual ele tem
responsabilidade de colaborar com a missão de Jesus.
Outra coisa interessante nesta história é perceber
que a Cruz nos diz tudo. Se você parar para pensar, a Cruz nos diz mais do que
milhões... trilhões de palavras! Talvez as pessoas ainda não entendam a Cruz em
sua plenitude simplesmente por não entenderem quem foi Jesus. Gente que vê
Jesus como um ídolo, um simples líder, um mestre inteligente e por ai vai.
Jesus não é um ídolo! Jesus é muito mais que um líder, muito mais que um
mestre: JESUS É DEUS! Se as pessoas não entenderem isso, jamais entenderão o
que aconteceu no calvário. Jamais entenderão o que aconteceu na Cruz. Mas se
entendermos isso, entendermos que Jesus é Deus que se esvaziou e veio habitar
juntamente conosco, então a cruz irá falar aos nossos corações em plenitude.
Responda para si mesmo: “ – Se você estivesse ali, vendo aquela cena, uma
escuridão imensa, e diante de seus olhos só a imagem de Jesus Crucificado, o
que a cruz falaria ao seu coração?!”...ou ainda, num contexto mais próximo da
sua rotina de vida, da sua maneira de viver, do seu cotidiano...responda: “ – O
que a cruz de Jesus tem dito ao meu coração?”.
Ao tentar responder estas perguntas, me entristeci
comigo mesmo. Percebi o quão medíocre eu sou. No fundo isso não era uma
novidade para mim. Isso por que o maior pecador, o mais repugnante, sujo,
egoísta, nojento, medíocre, escória da humanidade, que conheço...sou eu! Não se
espante se este sentimento vier à tona no seu coração. A cruz nos revela muita
coisa!
A comunidade sentada na igrejinha em total
escuridão é nada mais nada menos do que toda a humanidade em todos os tempos.
Vivemos em trevas. Só quem possui Luz é Deus (muita gente acha que é a AES
Eletropaulo, a Light...ou qualquer outra companhia de energia elétrica hehe).
Só Deus detém em Suas mãos a luz capaz de tirar o ser humano das trevas. Eu sou
mais um ali naquela igrejinha, na escuridão, escutando a cruz falar ao meu
coração. Cada um de nós, neste universo inteiro, atravessando a barreira do
espaço e tempo, cabe dentro daquela igrejinha. Os candeeiros, lampiões, velas
deste mundo seguem apagados. O mundo está em trevas. Nós não pertencemos aqui.
Jesus nos convida a nos disponibilizarmos a ser luz neste mundo. Deus já
compartilhou conosco a luz que Deus detém em Suas Divinas Mãos através de Seu
Espírito Santo. Muita gente ainda não percebeu isso, muita gente não sabe
disso, falta expandir a consciência. Deus não nos fez seres iluminados. Deus
nos fez seres luminosos. Compartilhou conosco Sua Luz. Ele diz para nós: “ –
Vós sois a luz do mundo!”. Sendo assim, Deus nos inclui no seu plano de
restauração da humanidade para que atuemos juntamente com Ele, sendo veículos
de Sua Luz, de Sua Graça, Misericórdia, Justiça e Amor. Só assumindo este
compromisso seremos capazes de responder a Jesus: “ – Cristo, muito obrigado,
valeu à pena!”
Muita gente acha que Deus faz pouco. Outros acham
que Deus faz o suficiente. A Cruz nos diz que Deus fez infinitamente muito mais
que o suficiente. Pense em um outro exemplo (aparentemente grotesco):
Imagine um copo de vidro com um uma tarja vermelha
em sua metade. Imagine que Deus, para salvar a humanidade, teria que encher o
copo com Seu sangue até a tarja vermelha. Se o Seu sangue atingir a tarja
vermelha já seria suficiente para nos salvar. Então Deus vai e derrama ali o
Seu próprio sangue, transbordando o copo, fazendo vazar pela boca do mesmo
litros e litros...e mais litros....de forma infinita...sangue e mais sangue...de
forma que ao olhar para o copo você e para o oceano de sangue jorrando à sua
frente venha algo em sua mente: IMENSURÁVEL!
É isso que a Cruz nos diz! E diante disso ela nos
pergunta: “ – Como você tem vivido? Este
sacrifício valeu a pena?”
A Cruz fala muito, nos diz muitas coisas.
Conversa diariamente com nossos corações. O que temos ouvido? Ela nos faz uma pergunta
pessoal e nos desafia a responder: - Que resposta meu modo de viver tem
dado ao sacrifício de Jesus na Cruz?
Jamais conseguiremos dar uma respostas imensurável
como o sacrifício de Jesus. Mas Deus sabe disso. Sabe que jamais daremos uma
resposta à altura. Deus não espera isso de nós. Deus simplesmente deseja que a
gente entenda que Ele nos ama, que nos quer de volta em Seus Braços. Que sem
Ele só nos resta a morte, pois não há vida sem Ele. Deus deseja que a gente rompa
com a rebelião e que assuma os valores de vida, valores do Seu Reino, princípios
de vida, para que o Espírito Santo possa agir em nós e nos transformar em seres
iguais à Jesus Cristo. Por isso Ele se entregou, para nos resgatar da condição
nojenta em que vivemos e nos levar para uma vida eterna, com qualidade eterna,
ao Seu lado!
A cruz nos diz isso diariamente.
Louvado Seja o Nosso Grandioso Senhor
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