Helena Kolody certa vez disse: “Rezam meus olhos quando
contemplo a beleza. A beleza é a sombra de Deus no mundo.”
Bem sabia ela que Deus é um poeta e que toda a Sua criação
são poemas únicos. O homem era para ser a obra prima de Deus. A poesia mais
bela. Deus o escreveu com carinho especial. Sendo Ele um Poeta, chegou
afirmar...a Poesia chamada “homem” será um poema especial, Nele escreverei a
minha imagem e semelhança. E assim fez o Poeta do Universo. Escreveu estrofes
de amor e soprou vida nas suas narinas. O poema ganhou vida e leu as suas
próprias estrofes. Fez uma auto leitura. Se achou tão belo que imaginou poder
ser interpretado sem os sentimentos do Poeta que o havia escrito. O poema então
decidiu se auto recitar aos ventos, deixando o Poeta de lado.
Mau sabia o poema que a poesia é escrita com a carne e o
sangue do Poeta. É como diz Rubem Alves: “Escrever e Ler são rituais mágicos.
Num primeiro momento, aquele que escreve transforma a sua carne e seu sangue em
palavras. No momento seguinte, aquele que lê transforma as palavras na sua
própria carne e no seu próprio corpo. O sangue do escritor circula no corpo
daquele que lê a sua escrita”. Quando a poesia tentou gritar autossuficiência do
Poeta as suas estrofes tornaram-se palavras mortas. A poesia achou que possuía corpo
e sangue próprios. Ao fazer isso a poesia deixou de ter vida. Ela sabotou a si
própria.
Então o Poeta, na dimensão do eterno, decidiu-se
transformar-se em Poesia e adentrar a dimensão do nosso agora. Como na paráfrase
de Rubem Alves para o Prólogo do Evangelho de João:
“No Princípio, antes que qualquer coisa existisse, antes que
houvesse o Universo, o que havia era a poesia. Deus era a Poesia. A Poesia era
Deus. Deus e a Poesia eram a mesma coisa. E Deus criou as estrelas para, com
elas, escrever Seus poemas nos céus...”
Então nasceu a Poesia perfeita: Jesus Cristo. Nele as palavras
do Poeta também foram registradas com sangue e carne, mas Nele o sangue e a
carne eram imaculados. Não era corrupto. Desde então Jesus Cristo passou a ser o
Poema no qual Deus está dizendo: “ – No Nazareno vocês veem como o Poeta é e ao
mesmo tempo como vocês, poesias corrompidas, devem ser. É no Nazareno, Jesus,
que vocês, poesias, poderão reviver as palavras que hoje se encontram em condição
de morte nas estrofes que um dia escrevi em vocês com Minhas Próprias mãos”.
Jesus é o ápice da criação de Deus. É o ápice da beleza de
Deus. É a plenitude da poesia mais bela que Deus poderia escrever. É o Próprio Poeta em Poesia. !00% Poeta e ao
mesmo tempo 100% Poesia. A Cruz, apesar de ser um paradoxo de horror e amor,
assume para si, na face do amor, a condição de estrofe mais linda escrita pelo
Poeta. Parafraseando as palavras de Ariovaldo Ramos, antes do Poeta dizer Haja
Poesia, Ele disse Haja Amor. Antes de dizer Haja Luz, Ele disse Haja Cruz.
Antes de dizer Haja criação, Ele disse Haja Jesus.
Muita gente pensa que o homem, raça humana, através de Adão
e Eva, foram os únicos expulsos do Jardim do Éden. Mas muita gente esquece que
Deus também se “expulsou do Éden”. Deus deixou o Éden para resgatar o homem.
Jesus é a concretização disso. É Deus explícito e imerso no universo aonde o homem
foi colocado após a expulsão do Paraíso. Quando chamamos Jesus de Emanuel, Deus
conosco, esta implícito exatamente isso: “ – Deus se auto expulsou do Éden,
juntamente com o homem, para resgatar justamente...o homem”. Triste é ver que o
homem expulsou Deus (através da Cruz) do universo no qual o próprio homem foi
colocado depois que foi expulso do Éden. Nós o rejeitamos. Seguimos achando que
somos poesias vivas, mas somos compostos de corrupção, palavras mortas,
estrofes distorcidas.
Fora de Deus somos um texto de caos. Só em Deus somos
poesia!
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