Quando visito alguns pensamentos de Rubem Alves, sinto que
os meus pensamentos ganham asas. Esta semana li em seu excelente livro
“Perguntaram-me se acredito em Deus” as seguintes palavras:
“Deus nunca foi visto por ninguém. Por acaso a gente vê os
próprios olhos? Quem vê os próprios olhos é cego. Para ver com os olhos é
preciso não ver os olhos... Deus é como os olhos. Não podemos vê-lo para ver
através dele. Deus é um jeito de ver. Mas uns homens tolos, querendo ver Deus,
fizeram um deus com pedaços deles mesmos. E assim, inventaram um deus à sua
imagem e semelhança. E, como muitos homens têm corações maus, eles inventaram
um deus parecido com eles mesmos, um deus mal que provoca medo."
Se o Deus das Escrituras Sagradas nos revela um jeito novo
de ver as coisas, somos convidados a usufruir de uma ótica com N
possibilidades. Mas este convite é muito mais profundo do que simplesmente ver
as coisas sobre um lado positivo ou um lado negativo. É muito mais do que a encruzilhada de optar
em ser pessimista ou ser otimista. Ver com os olhos de Deus é ousar ver o
eterno discernindo o agora, enxergar os processos de vida e faze-los prevalecer
sobre os processos de morte, é lidar com o ódio se doando em amor, discernir vida
no lugar da morte. Veja a foto abaixo:
Imagine que esta árvore seja a “árvore do conhecimento do
bem e do mal” que estava no centro do Éden, a árvore na qual Deus, logo no
início do Livro de Gênesis diz: ” - De todas as árvores podereis comer menos
desta!”. Imagine que diante de nossos olhos está esta árvore, exatamente como a
imagem acima. De um lado o balanço, do outro a forca. De um lado a vida, do
outro a morte. Uma única árvore perante duas atitudes diferentes. Imagine Jesus
sentado no balanço, brincando de tentar tocar as nuvens do céu com seu AllStar
desamarrado, gargalhando no vai e vem do balanço. No galho oposto ao do balanço,
imagine Adão pendurado com uma corda no pescoço, em um balanço de morte,
silencioso e sombrio.
Ora, a vida não é assim? A realidade da “arvore do
conhecimento do bem e do mal” presente em cada atitude humana? O dilema entre optar
pela atitude de uma criança que brinca de balanço com o Pai no Éden ou, de
contraponto, a atitude do balançar da forca que estrangula o nosso ego soberbo
de achar que temos vida sem o Pai?
Não é a toa que Jesus ensinou:
Chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse:
"Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como
crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.
Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o
maior no Reino dos céus. Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me
recebendo.”
Mateus 18:2-5
O desafio lançado por Jesus é voltarmos ao primeiro amor. Lançar
para fora, cuspir o fruto da arvore do conhecimento do bem e do mal no qual
insistimos em ruminar feito lhamas a caminho do matadouro. O ato de mastigar
este fruto é o nosso caminho de morte. É a opção de “adâmica” de usar aquilo
que não é nossa prerrogativa de forma distorcida para gerar processos de morte.
A prerrogativa de estar acima do bem e do mau é divina, pertence a Deus. No
centro do Éden a árvore na qual não deveríamos comer representa exatamente esta
prerrogativa. Deus demonstrando que ali estava presente a liberdade e a
confiança de Seu Divino Amor por nós. Um voto de confiança por parte de Deus para
com a Sua criação, acreditando que o relacionamento entre Criador e Criatura
poderia ocorrer firmada no amor. Infelizmente nós cuspimos na face de Deus.
Cuspimos em Sua proposta, e não fizemos só isso em Gênesis, fazemos isso todos
os dias. Não há um dia se quer em que nós, seres complacentes com a atitude de
Adão (a de querer assumir o lugar de Deus), fiquemos sem ir até esta árvore com
uma corda na mão. Todos os dias nós amarramos a corda no galho, colocamos a
mesma no pescoço e saltamos em direção a morte. Jesus nos convida a uma atitude
oposta. A pegar esta mesma corda e construir um balanço. Deixar de comer este
fruto que não nos pertence. Usar a árvore não para consumir um fruto que nunca
foi destinado a nós, mas sim para balançarmos, brincarmos de tocar as nuvens
com nossos pés e confiar nas mãos de Deus o discernir entre o que é bem e o que
é mal, o discernir do que é justo e não justo, o reinar sobre tudo!
Arrepender-se é o primeiro passo para se construir este balanço.
Crucificar o nosso ego é cuspir fora o fruto que jamais pertenceu a nós.
Abraçar a Jesus, o Cristo, reconhecendo Ele como o Próprio Deus em nosso meio,
agindo em nosso resgate, é sentar neste balanço e usufruir do ir e vir na
tentativa de se tocar os céus com os pés, uma divina brincadeira em que Deus
simplesmente deseja estar presente, como um Pai que quer brincar com o
filho...por que o ama com todo o seu entendimento. Já parou para pensar nisso:
O entendimento de Deus é infinito. Ele ensinou a Sabedoria. Sim a Sabedoria foi
aluna de Deus. E Deus nos ama com todo o Seu entendimento, com toda a Sua sabedoria...sem
reservas!
G[Que grata surpresa achar bons pensadores nas redes. Você ainda escreve?
ResponderExcluir