quarta-feira, 28 de maio de 2014

UMA ÁRVORE E UMA CORDA: FORCA OU BALANÇO?

Quando visito alguns pensamentos de Rubem Alves, sinto que os meus pensamentos ganham asas. Esta semana li em seu excelente livro “Perguntaram-me se acredito em Deus” as seguintes palavras:

“Deus nunca foi visto por ninguém. Por acaso a gente vê os próprios olhos? Quem vê os próprios olhos é cego. Para ver com os olhos é preciso não ver os olhos... Deus é como os olhos. Não podemos vê-lo para ver através dele. Deus é um jeito de ver. Mas uns homens tolos, querendo ver Deus, fizeram um deus com pedaços deles mesmos. E assim, inventaram um deus à sua imagem e semelhança. E, como muitos homens têm corações maus, eles inventaram um deus parecido com eles mesmos, um deus mal que provoca medo."

Se o Deus das Escrituras Sagradas nos revela um jeito novo de ver as coisas, somos convidados a usufruir de uma ótica com N possibilidades. Mas este convite é muito mais profundo do que simplesmente ver as coisas sobre um lado positivo ou um lado negativo.  É muito mais do que a encruzilhada de optar em ser pessimista ou ser otimista. Ver com os olhos de Deus é ousar ver o eterno discernindo o agora, enxergar os processos de vida e faze-los prevalecer sobre os processos de morte, é lidar com o ódio se doando em amor, discernir vida no lugar da morte. Veja a foto abaixo:



Imagine que esta árvore seja a “árvore do conhecimento do bem e do mal” que estava no centro do Éden, a árvore na qual Deus, logo no início do Livro de Gênesis diz: ” - De todas as árvores podereis comer menos desta!”. Imagine que diante de nossos olhos está esta árvore, exatamente como a imagem acima. De um lado o balanço, do outro a forca. De um lado a vida, do outro a morte. Uma única árvore perante duas atitudes diferentes. Imagine Jesus sentado no balanço, brincando de tentar tocar as nuvens do céu com seu AllStar desamarrado, gargalhando no vai e vem do balanço. No galho oposto ao do balanço, imagine Adão pendurado com uma corda no pescoço, em um balanço de morte, silencioso e sombrio.

Ora, a vida não é assim? A realidade da “arvore do conhecimento do bem e do mal” presente em cada atitude humana? O dilema entre optar pela atitude de uma criança que brinca de balanço com o Pai no Éden ou, de contraponto, a atitude do balançar da forca que estrangula o nosso ego soberbo de achar que temos vida sem o Pai?

Não é a toa que Jesus ensinou:

Chamando uma criança, colocou-a no meio deles, e disse: "Eu lhes asseguro que, a não ser que vocês se convertam e se tornem como crianças, jamais entrarão no Reino dos céus.
Portanto, quem se faz humilde como esta criança, este é o maior no Reino dos céus. Quem recebe uma destas crianças em meu nome, está me recebendo.”
Mateus 18:2-5

O desafio lançado por Jesus é voltarmos ao primeiro amor. Lançar para fora, cuspir o fruto da arvore do conhecimento do bem e do mal no qual insistimos em ruminar feito lhamas a caminho do matadouro. O ato de mastigar este fruto é o nosso caminho de morte. É a opção de “adâmica” de usar aquilo que não é nossa prerrogativa de forma distorcida para gerar processos de morte. A prerrogativa de estar acima do bem e do mau é divina, pertence a Deus. No centro do Éden a árvore na qual não deveríamos comer representa exatamente esta prerrogativa. Deus demonstrando que ali estava presente a liberdade e a confiança de Seu Divino Amor por nós. Um voto de confiança por parte de Deus para com a Sua criação, acreditando que o relacionamento entre Criador e Criatura poderia ocorrer firmada no amor. Infelizmente nós cuspimos na face de Deus. Cuspimos em Sua proposta, e não fizemos só isso em Gênesis, fazemos isso todos os dias. Não há um dia se quer em que nós, seres complacentes com a atitude de Adão (a de querer assumir o lugar de Deus), fiquemos sem ir até esta árvore com uma corda na mão. Todos os dias nós amarramos a corda no galho, colocamos a mesma no pescoço e saltamos em direção a morte. Jesus nos convida a uma atitude oposta. A pegar esta mesma corda e construir um balanço. Deixar de comer este fruto que não nos pertence. Usar a árvore não para consumir um fruto que nunca foi destinado a nós, mas sim para balançarmos, brincarmos de tocar as nuvens com nossos pés e confiar nas mãos de Deus o discernir entre o que é bem e o que é mal, o discernir do que é justo e não justo, o reinar sobre tudo!


Arrepender-se é o primeiro passo para se construir este balanço. Crucificar o nosso ego é cuspir fora o fruto que jamais pertenceu a nós. Abraçar a Jesus, o Cristo, reconhecendo Ele como o Próprio Deus em nosso meio, agindo em nosso resgate, é sentar neste balanço e usufruir do ir e vir na tentativa de se tocar os céus com os pés, uma divina brincadeira em que Deus simplesmente deseja estar presente, como um Pai que quer brincar com o filho...por que o ama com todo o seu entendimento. Já parou para pensar nisso: O entendimento de Deus é infinito. Ele ensinou a Sabedoria. Sim a Sabedoria foi aluna de Deus. E Deus nos ama com todo o Seu entendimento, com toda a Sua sabedoria...sem reservas!

Um comentário:

  1. G[Que grata surpresa achar bons pensadores nas redes. Você ainda escreve?

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