sexta-feira, 23 de maio de 2014

COLABORE COM O SEU BIÓGRAFO



Conta-se que em uma época em que o imperador romano Nero tinha uma obsessão em exterminar os cristãos, vivia e o servia, em Roma, uma tropa de soldados conhecidos como "Lutadores pelo Imperador".

Eram homens excelentes e corajosos, escolhidos entre os melhores e mais bravos da terra, e recrutados entre os grandes atletas do anfiteatro romano.

No grande anfiteatro eles erguiam as armas [como a equipe oficial representativa] do imperador contra todos os desafiadores. Antes de cada competição eles se punham de pé, ao lado do trono do imperador. Em seguida, pelas cortes de Roma, soava o grito: “Nós, lutadores por ti, ó Imperador, para ganhar para ti a vitória e de ti a coroa de vencedor”.

Quando o grande exército romano foi enviado a lutar na distante Gália, nenhum soldado foi mais bravo ou mais leal do que os dessa tropa de lutadores conduzida pelo centurião Vespasiano. Entretanto, chegaram a Nero notícias de que muitos soldados haviam aceitado a fé cristã. Ser cristão significava morrer, mesmo para os que melhor serviam Nero. Portanto, este decreto foi despachado expressamente para o centurião Vespasiano: “Se houver qualquer um dos teus soldados que tenha aderido à fé cristã, esse deve morrer”.

O decreto chegou no final do inverno. Os soldados estavam acampados na praia de um lago de gelo, no interior. O inverno havia sido cruel, porém eles haviam suportado a dureza do mesmo, sempre unidos, e essa dureza havia servido para uni-los ainda mais. Foi com o coração aflito que Vespasiano, o centurião, leu a mensagem do Imperador. Contudo, para um soldado a palavra suprema é - o dever!

Vespasiano convocou todos os soldados e fez a pergunta: “Há entre vós alguém que tenha aderido à fé cristã? Se é assim, que dê um passo à frente”. Quarenta lutadores imediatamente deram dois passos à frente, saudaram-no respeitosamente e ficaram em posição de sentido. Vespasiano fez uma pausa. Ele não havia contado com tantos e tão seletos. “O decreto veio do vosso Imperador”, disse ele, “que qualquer um que aderir à fé cristã deve morrer. Por amor ao vosso país, a vossos camaradas e aos vossos entes queridos, renunciai à fé cristã”.

Nenhum dos quarenta se moveu. Vespasiano, então, falou: “Até o anoitecer estarei aguardando uma resposta”. A noite chegou. Novamente ele fez a mesma pergunta: “Há entre vós alguém que tenha aderido à fé cristã. Se é assim, que dê um passo à frente”. Novamente os quarenta lutadores vieram à frente e ficaram em posição de sentido.

Vespasiano argumentou com eles, longa e energicamente, sem conseguir, porém, que um só deles renegasse o seu Senhor. Finalmente ele disse: “O decreto do Imperador tem que ser obedecido, mas não quero que vocês, meus camaradas, derramem o sangue um do outro. Vou ordenar-lhes que marchem para dentro do lago de gelo e lá permaneçam à mercê dos elementos. Contudo, o calor do fogo estará pronto a dar as boas vindas a qualquer um que renunciar a Cristo”.

Os quarenta lutadores despiram-se e, em seguida, sem pronunciar palavra alguma, enfileiraram-se em colunas de quatro e marcharam para o centro do lago de gelo. À medida em que marchavam, iam cantando a canção da arena: “Quarenta lutadores por Ti, ó Cristo, para vencer por Ti e de Ti receber a coroa de vencedor”. No decorrer da longa vigília daquela noite, Vespasiano permaneceu de pé no acampamento, em observação. Enquanto esperava, naquela longa noite insone, a canção dos lutadores ia chegando cada vez mais fraca aos seus ouvidos.

Quando já ia amanhecendo, um vulto vencido pelo sofrimento se arrastou até o fogo. No ápice do sofrimento, havia renunciado ao seu Senhor. Fraca, mas claramente, vinha agora da escuridão a canção: “Trinta e nove lutadores por Ti, ó Cristo, para vencer por Ti e de Ti receber a coroa de vencedor”. Vespasiano contemplou o vulto que se achegava ao fogo e, então, de dentro do seu íntimo brotou uma canção de fé. Talvez ele tenha visto a luz eterna brilhando, bem no centro do lago. Quem pode garantir? Então, ele retirou o seu elmo, suas vestes, e disparou sobre o lago de gelo, cantando os plenos pulmões: “Novamente, quarenta lutadores por Ti, ó Cristo, para vencer por Ti e de Ti receber a coroa de vencedor”.

Imagino que um dia todos nós teremos as nossas biografias relatadas por alguém. Um dia nossa história será contada para outras pessoas. Imagino que um dia nosso nome será motivo de lembranças, sejam boas ou ruins. O fato é que hoje estas lembranças são o nosso presente. Nossas atitudes, num futuro que só Deus sabe, serão lembranças. Uma forma de se ter um propósito de vida é exatamente esta, colaborando com os biógrafos de nossas vidas. Colaborando com aqueles que um dia contarão as nossas histórias. É fato que alguns destes biógrafos serão pessoas próximas, como nossos filhos por exemplo. Neste contexto sempre acreditei no pensamento: “forme sucessores e não herdeiros”...”deixe um legado e não uma herança”...”sucessores e legados sobrevivem...permanecem no atemporal, pois por fazerem a diferença na vida de outras pessoas, são lembrados por gerações e mais gerações, enquanto heranças materiais e herdeiros obcecados pelas mesmas, ficam para trás como a mais pura vaidade). Mas também é fato que muitos de nossos biógrafos serão pessoas que jamais saberemos quem são. Seremos lembrados como o soldado que abandonou a tropa dos 40 que se declaravam cristãos, ou seremos lembrados como parte daqueles que permaneceram até o fim com Cristo. Quais os valores que estamos escrevendo em nossas vidas que um dia serão publicados em nossa biografia. Hoje é dia de colaborar com os nossos biógrafos. Hoje é dia de escrever páginas dignas de serem lembradas por aqueles que um dia encontrarão em nossa história uma atitude digna de ser copiada para encarar esta tão grande e misteriosa jornada chamada vida!

Nunca é tarde para correr em direção à tropa dos 40!

“Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” Filipenses 1:21.

Que cada dia mais a gente expanda a consciência de que só os valores do Reino de Deus são valores de Vida com qualidade Eterna! Que cada dia mais a gente expanda a consciência de que o Maior biógrafo de nossas vidas é o Próprio Deus!

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