segunda-feira, 8 de julho de 2013

FIÉIS, APRECIADORES DA PALAVRA OU DISCÍPULOS DE JESUS?

Jesus Cristo se fez libertação. O seu sacrifício nos liberta da morte. Liberta-nos das algemas do pecado. Liberta-nos do nosso orgulho, do nosso ego. Quebra as correntes da lógica da queda, onde achamos que podemos ser deuses do nosso próprio “eu”. Todo cristão comprometido com a Palavra de Cristo sabe que este é o alicerce da caminhada para a vida eterna. O Reino anunciado por Cristo era fundamento nos valores de negar o próprio “eu” e viver em submissão ao Pai e em comunidade com o próximo. E quando Jesus disse “próximo” estava incluindo no pacote todas as pessoas, desde os que amamos, até aqueles que dificilmente encontraríamos “motivos” para amar, principalmente nossos inimigos.
 
De certa forma, considero o fator “amar o nosso inimigo” como o “Calcanhar de Aquíles” da fé do cristão. Primeiro pelo fato de que o parâmetro de “amor” descrito por Jesus pertence a uma dimensão muito mais profunda daquela que estamos acostumados a ver no mundo. Sim, por que é o amor que parte dos 2 principais mandamentos: Amar à Deus sobre todas as coisas e Amar ao próximo como Jesus nos amou. E olha que interessante, se não conseguirmos viver o primeiro mandamento, jamais conseguiremos viver o segundo. Pois só aprende a amar de verdade, aquele que ama a Deus sobre todas as coisas. A consequência disto é que para poder amar à Deus sobre todas as coisas, o seu “eu” deverá ser colocado no devido lugar, ou seja, na cruz do calvário. E se formos mais afundo, a base do amor proposto por Cristo é o perdão. Então para amar o nosso inimigo tem que haver perdão. É ai que entendemos o por que Jesus disse para orarmos pelos nossos inimigos. É ai que entendemos por que Jesus nos ensinou a orar clamando ao Pai para que nos perdoe na mesma medida em que perdoamos àqueles que nós odiamos. É ai que entendemos por que Jesus nos ensinou a jamais nos apresentarmos à Deus em oração sem levar conosco (em coração) o nosso inimigo. ora, não foi isso que Jesus nos ensinou na oração do Pai Nosso?. E de fato, acho que “amar o nosso inimigo” é um dos maiores desafios do cristão, pois o maior inimigo de todo homem é o próprio “eu”, e que desafio temos em frente quando temos que amar de “forma saudável” o nosso próprio “eu”!?
 
Sinceramente, não creio que isso seja uma mera “receita de bolo”. Muito menos que isso seja um processo fácil de se passar. Reconheço que é um caminho árduo para todo ser humano, pois sabemos que somos fruto da queda, do pecado. O caminho é longo. Mas, como disse C S Lewis, não existe outro caminho que nos leve para Casa. Não é um caminho “mamão com açúcar”, mas é um caminho necessário.
 
Como disse, creio que o fator “amar o nosso inimigo” possa ser uma atitude que divida as águas dentro nosso caráter de cristão. Pois é um bom ponto de partida para vermos se somos simplesmente apreciadores da mensagem de Jesus Cristo, ou se realmente somos discípulos do Mestre. E preste atenção no que eu vou dizer: A mensagem de Jesus encanta, é linda, enche os olhos, os ouvidos e a mente, mas só enche o coração se ela for vivida na prática. Este é o desafio do cristianismo. Confesso que meu coração se enche de temor e tremor quando me pego em situações onde me vejo como um simples “apreciador da palavra de Deus”, quando sinto que falta o “agir”, a prática. Nestas horas é necessário correr de volta para a cruz.
 
Billy Graham extraordinariamente disse: “A salvação é de graça, mas o discipulado custa tudo o que temos”. Por isso Jesus disse ao Jovem Rico (que conhecia os ensinamentos de Deus): “Entregue tudo o que tem aos pobres e me siga!”. O simples apreciador da palavra de Deus, que não põe em prática os ensinamentos do Mestre, pode ser o discípulo dando o primeiro passo. Mas se o segundo, o terceiro, o quarto passo vier, e a prática não se concretizar, há algo errado. Se o velho homem não morrer, é sinal que o discípulo ainda não nasceu.
 
As igrejas de hoje estão lotada de fiéis. Fiéis não necessariamente são discípulos. Assim como apreciadores da palavra de Deus não são necessariamente discípulos.

Creio que este é, talvez, um dos grandes males que a igreja (instituição) vive atualmente. Estão lotadas de fiéis. Gente disposta a acreditar e até viver uma vida para Deus. Quando não seguem no caminho de permanecerem simplesmente como fiéis, acabam sendo, domingo a domingo, discipuladas com ensinos de um Jesus, “taxado” subliminarmente como ídolo e não o Jesus 100% Homem e 100% Deus. Vejo pessoas colocando as suas “escadas da fé” nos muros do evangelho. Elas sobem...sobem...sobem...e quando chegam no topo e olham para baixo, veem que encostaram a escada no muro do evangelho errado: Evangelho do Mérito, da Culpa, da Prosperidade Distorcida, quando o muro correto é o do Evangelho da Graça e do Amor Misericordioso de Deus.
 
Um discípulo de Jesus tem o atributo de ser um apreciador da palavra de Deus e de seu um fiel. Mas um apreciador da palavra de Deus pode não ser necessariamente um discípulo de Deus. Assim como um fiel não é necessariamente um discípulo de Deus. Um simples apreciador da palavra de Deus provavelmente está distorcendo a visão real do Cristo, enxergando-O como um grande pensador, um grande líder, um bom Mestre, e Jesus, não apenas foi, mas é e sempre será mais que isso, Jesus é Deus. Da mesma forma o fiel, que acredita sem pensar e dá vazão a uma fé com lógica movida por interesse. Este provavelmente limita Jesus a um ídolo.
 
Este é um conflito que vivo intensamente. Será que sou apenas um fiel, um apreciador da palavra, ou sou realmente um discípulo? Será que sou discípulo de Cristo 100% do meu tempo? Sim!? Então por que dou tantas “escorregadas” no meu modo de agir? Talvez você se identifique. O que tem me ajudado é crer que Jesus busca, não discípulos perfeitos, mas sim discípulos que possuam corações íntegros, compromissados com os valores do Seu Reino. Neste sentido, quando surgir a sensação de que está faltando “a mesma atitude do Cristo” no nosso agir, corra para a Cruz, pois é sinal de que o nosso “eu” discípulo está dando lugar para o nosso “eu” caído. Faça isso, pois quanto mais o “eu caído” for crucificado, mais vida ganhará o “eu discípulo”.
 
Pode ser mera "groselha" o pensamento que diluí aqui, mas tenho a sensação de muita gente vive esse conflito!
 
Que o Senhor nos Abençoe!

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