domingo, 14 de julho de 2013

REVISITANDO AS VERDADES

A Palavra de Deus é a Verdade. Deus é o Verbo. Deus é a Verdade. O Verbo se fez carne. Deus se fez carne. A Verdade se fez carne. Jesus é a verdade. O cristianismo é fundamentado no sacrifício e na ressurreição de Jesus. Esta é a verdade fundamental. Entretanto ao homem, não existe uma verdade absoluta. A Palavra de Deus carece ser interpretada. Jesus Cristo é a interpretação explícita. Ele é a hermenêutica (chave de interpretação) central. Mas Jesus sempre esteve certado de mistérios. Assim como as escrituras sagradas são repletas de mistérios. Os “Mistérios” podem alavancar dois tipos de atitudes: um contentamento em achar que o misterioso existe pela limitação humana, e neste sentido a consequência é se acomodar com o conhecimento adquirido, ou um sentimento de que aquilo que não podemos compreender seja o combustível em busca de seguir conhecendo à Deus, e para este sentimento a consequência é uma possível revelação de Deus sobre si mesmo.

Enfim, o fato é que, nós cristãos, vivemos com base em algumas verdades fundamentais (essenciais) mas nunca com uma verdade absoluta. E, como não temos em mãos uma verdade absoluta, o desafio maior é ter que lidar com o “eu não sei”. Sempre suspeito de gente que tem respostas prontas para tudo. Pessoas que nunca dizem “eu não sei” são dignas de se desconfiar. Ainda que a mesma lhe dê uma resposta na qual ela esteja convicta em si de que esta dizendo uma verdade inabalável, fico com o pensamento de Friedrich Nietzche de que “as convicções são inimigas mais perigosas da verdade do que as mentiras”.  Se isso não bastar para você, então fundamento o meu argumento com o pensamento de Aristóteles, de que “o menor desvio inicial da verdade multiplica-se ao infinito à medida em que a mesma avança”. Em outras palavras, pessoas convictas de que possuem verdades absolutas são perigosíssimas, pois acreditam em uma verdade interpretada por um ponto de vista da queda (pecaminosa) e como se não bastasse isso, incluem nessas interpretações pequenos erros que vão crescendo e crescendo, tirando a essência do entendimento da verdade.

Em toda história da humanidade, a única pessoa que se encaixa no perfil de possuir a verdade absoluta é Jesus Cristo, pois Ele era a Verdade em pele humana. Fora disso, pensamos que somos “donos da verdade” (ou se preferir “donos de Jesus Cristo”) sendo que não passamos de carcaças de argilas que pensam que sabem discernir tudo.

De fato a verdade anda de mãos dadas com a liberdade. A verdade liberta. Por isso Léon Tolstói disse “não alcançamos a liberdade buscando a liberdade, mas sim a verdade. A liberdade não é um fim, mas uma consequência.”

Até que Jesus volte, nenhum ser humano possui liberdade absoluta. Pois a liberdade absoluta é fruto da verdade absoluta, e só Cristo, o Ungido do Senhor, é quem detém a mesma.  Enquanto a volta de Jesus não se consuma, nós somos desafiados a revisitar nossas verdades. Precisamos desarmar o nosso “eu arrogante” e assumir que as vezes é necessário reconhecer que “algumas verdades” são, na verdade, meras convicções pessoais, ou, de fato, meras mentiras. Precisamos perder o medo de dizer frases como “eu não sei”, “agora penso diferente”, “eu estava errado”. O problema é que muitas vezes estas frases estão armazenadas em uma caixa dentro de nossas mentes, e em volta da mesma, está uma cerca com o arame farpado das nossas convicções. O arame cria uma “zona de conforto” para o nosso “eu arrogante”. Revisitar nossas verdades é pegar um alicate e cortar este arame. É eliminar a zona de conforto.

Revisitar verdades implica, necessariamente, em revisitar as nossas convicções. Viver com uma verdade absoluta, fruto de convicções próprias, é viver com um fardo nas costas. Viver com a Verdade de Jesus, consciente de que a mesma não é engessada, é viver carregando a própria cruz.

Pablo Neruda certa vez disse que “a verdade é que não há verdade”. Concordo com Ele, principalmente no sentido de que, aquilo que é verdade para uns, não é necessariamente uma verdade para o outro. Isso já é o suficiente para alavancarmos revisitações em nossas verdades.

A verdade é que toda verdade precisa ser revisitada, seja para resignifica-la ou seja para fundamenta-la como modo de vida.

Que Deus nos abençoe em Sabedoria.

Nenhum comentário:

Postar um comentário