sexta-feira, 28 de março de 2014

COLISÃO FRONTAL

Imagine uma via em linha reta. De um lado, um carro chamado “circunstância” vem acelerando em uma velocidade absurda, mais rápido que um jato. Do outro lado, um outro carro chamado “caráter” também vem em uma aceleração absurda. Então os dois carros entram em colisão. Batem um de frente com o outro. O resultado disso? ...Maturidade. Assim ouvi o Pastor Ricardo Gondim definir “Maturidade”.
 
A vida é composta por situações como estas. Vira e mexe um carro chamado “circunstância” aparece com uma velocidade absurda e insiste em colidir com o nosso carro chamado “caráter”. Num piscar de olhos, “Bum!!!”, um já se chocou com o outro. A vida é assim, cheio de eventos como estes. Na maioria das vezes nos pegam de surpresa, são eventos inesperados.
 
Quem nunca se pegou na rodovia chamada “Vida”, dirigindo o seu carrinho chamado “caráter”, quando de repente, do nada, um carrinho “câncer” aparece e bate de frente conosco?! Quantos outros carrinhos aparecem nesta rodovia!? Tem o carrinho chamado “SERASA”, que geralmente vem junto com o carrinho chamado “SPC”. Tem o carrinho chamado “desemprego”. Outro chamado “divórcio”. Aquele chamado “morte”...e por ai vai! Carrinhos com os conteúdos mais variados estão rodando por ai, na rodovia da “Vida”.
 
O fato é que somos responsáveis pelo nosso carrinho. Sim, aquele carrinho chamado caráter. E ai é necessário perguntar: quem está guiando este carrinho nas nossas vidas? Nosso ego? Outras pessoas? Ou Deus?
 
Se o volante está nas mãos do nosso ego, estamos fadados à morte, pois o coração humano é enganoso. É justamente como diz o teólogo John Stott: “O coração do problema humano é o problema do coração humano”. Com o volante nas mãos do nosso enganoso coração, corremos o risco de achar que estamos virando em uma direção correta enquanto estamos virando para uma direção de morte.
 
Entretanto, se dentro desta via o nosso carrinho for guiado mediante ao ato fé, que consiste em entregar o volante nas mãos de Deus, e confiar Nele a direção de toda e qualquer manobra, então estaremos em seguros. A segurança do cristão não está no fato dele conhecer a Deus, mas no fato de que Deus nos conhece! Por isso é necessário a fé.
 
Quando Jó estava guiando o seu carrinho chamado caráter na rodovia da vida, alguns carrinhos (talvez algumas “Carretas” seria mais apropriado aqui, pois tamanhas foram as circunstâncias que vieram à ele) colidiram de frente com o dele. O carrinho da doença, da morte, da perda de tudo...se chocaram de frente com os seus valores. Tamanha foi a maturidade de Jó, que até hoje ele é um dos exemplos bíblicos que mais exaltam a atitude de fé, integridade, temor e retidão diante de Deus.
 
Creio que a maturidade do cristão é conhecida nos conteúdos de suas orações. Quando este tipo de colisão entre caráter e circunstância acontecem, é óbvio que o primeiro ato do cristão é cair de joelhos para buscar sabedoria com Deus. Esta atitude já é uma expressão de maturidade. Quando oramos, a nossa mente varre o nosso coração em busca de palavras para que a gente possa se expressar à Deus. Quando montamos o conjunto de palavras que irão ser apresentadas diante do trono (seja por fala ou pensamento) temos diante de nós a essência dos sentimentos que habita em nossos corações. Esta essência é a soma da atitude que daremos como resposta a circunstância e a responsabilidade que temos sobre esta resposta. Em outras palavras é isto que revela o quão maduro somos. A equação que temos diante de nós fica assim: “circunstância + caráter = maturidade” ou se preferir assim...“circunstância + caráter = resposta à circunstância + responsabilidade”.
 
É claro que esta é, de certa forma, uma visão muito simplista do que é a realidade da vida. É claro que no dia a dia, viver isso é um desafio. Mas se Deus existe, então é fato de que existe um jeito certo de se viver. Sendo assim, a Palavra de Deus nos revela em Jesus quais são os valores de vida que devemos adotar quando o carrinho das circunstâncias vier bater de frente com nossas vidas. Só confiando em Deus é que estes valores serão aplicados em plenitude no nosso viver. Só assim estaremos caminhando para um estado de ser igual ao de Jesus. Só assim conseguiremos romper com a rebelião do pecado!
 
Que Deus nos abençoe!

quinta-feira, 27 de março de 2014

PREGADOR SOBRE TRILHOS - O RETORNO

Um dos primeiros textos que publiquei aqui relatava uma pregação que presenciei dentro de um trem da CPTM na linha de Rio Grande da Serra. Postei o artigo com o título "Pregador Sobre Trilhos". Coincidência ou não, um ano depois me deparei com este vídeo abaixo.
 


 
Não é o mesmo pregador que presenciei um ano atrás, é um outro homem. Mas a atitude, a mensagem e, por mais incrível que possa parecer, a linha de trem é a mesma. Considero, particularmente, este vídeo uma grata surpresa, além de ser um ato muito ousado, o conteúdo que está sendo pregado vai em desencontro com o discurso religioso e doentio que vemos em muitas igrejas. Muita gente considera este tipo de atitude um estorvo. O triste é que também vejo nos trens gente que agenda por meio das redes sociais os "encoxamentos". Vejo gente gravando (com celulares) as partes íntimas de mulheres. Basta ler os jornais! Engraçado ver o quanto um pregador da Palavra de Deus incomoda muito mais as pessoas do que esse tipo de gente. Quantos passageiros veem homens safados encoxando mulheres e ficam calados, e ao verem um homem pregando a palavra de Deus saem reclamando e resmungando para todos dentro do vagão. Não é o caso do vídeo acima, mas é o caso que relatei no primeiro artigo "Pregador sobre Trilhos". Os valores da nossa sociedade está cada vez mais invertido. Mas não devemos desistir. Jesus voltará e até que a sua volta seja concretizada, que muitos pregadores viajem nos trilhos da CPTM anunciando que o Pai nos ama e deseja se reconciliar conosco.
 
Que o Santo Nome do Senhor seja Glorificado...sempre e sempre!

PROJETO MAIS ÁGUA


 
Em maio de 2012 foi iniciado no sertão do Piauí o Projeto Mais Água promovido pela JOCUM. O projeto tem como objetivo  promover a mudança social, a resolução de problemas no campo das necessidades básicas da comunidade sertaneja, consequentemente gerando uma transformação nos vilarejos e nas vidas das famílias que vivem neste lugar.
 
 

Obtemos nossos recursos por meio de doações e mobilizando  equipes de apoio de várias partes do Brasil para somar conosco. A princípio consideramos duas vertentes: em curto e longo prazo.
 
Em curto prazo: Levamos assistência emergencial a população atingida pela seca. Em 2012 foi a maior seca dos últimos 30 anos, atingindo mais 170 cidades dos 224 municípios do Estado.
 
Em longo prazo: Visamos gerar o desenvolvimento sustentável das famílias, fugindo de uma perspectiva paternalista, entretanto criando formas para que todas possam alcançar métodos para suprir suas necessidades básicas.
 
Atualmente estamos focando nossos esforços em duas cidades, Betânia do Piauí e Capitão Gervársio de Oliveira. Já vemos frutos de toda mobilização investidos nesses locais, nesse período foram entregues mais de 100 caminhões pipas nas casas, centenas de galões de água potável, alimentos, roupas, e outros produtos de necessidades básicas.
 
Implantação do Primeiro Poço
 
 
Implantação do Segundo Poço
 
 
Caso você desejar ajudar a JOCUM no Projeto Mais Água acesse o site abaixo:
 
 
 

"REZAR OU ORAR?" EIS A QUESTÃO!

Muita gente se questiona a respeito da diferença entre “rezar” e “orar”. Quando me converti de católico para evangélico, esse assunto me perturbou muito. Logo do início, percebi nitidamente que no mundo religioso, “rezar” era coisa de católico, enquanto “orar” era coisa de evangélico. Em outras palavras, pastor iniciar um culto puxando um “Pai Nosso” era, de certa forma, algo incomodo para os próprios evangélicos. Que diria então ver um evangélico rezando um terço!? Absurdo! Hehe...
 
Mas enfim, existe uma diferença entre “rezar” e “orar”?
 
Sempre me disseram que “rezar” era repetir para Deus algo previamente decorado, reproduzir para Deus o discurso pré-fabricado, falar para Ele algo que alguém já disse. Em contra partida, sempre me disseram que “orar” era falar com Deus usando suas próprias palavras, falar para Deus aquilo que o coração sente. Com o passar do tempo percebi que muitos evangélicos colaram um gigantesco adesivo escrito “pecado” no ato de “rezar”. Explicitamente falando, estas pessoas afirmavam: “ - Orar é o certo, rezar é errado!”.
 
Diante disso tudo uma confusão se formou em minha mente. Afinal de contas, eu vim de um berço católico e até então em minha mente “rezar” era falar com Deus e de repente o ato “rezar” acabava de receber um rótulo de ser “errado”. Me lembro que, logo no início da minha conversão, falei com alguém que tinha “rezado” para expor a Deus um determinado sentimento e uns irmãos engoliram a seco, com um “asco” expresso no olhar, fungando com um ar de incomodo, justamente por eu ter usado a palavra “rezar” ao invés de “orar”. Pensei: “ - Que será que falei de errado?”.
 
Pior então foi ir no primeiro velório da família após minha conversão. O padre começou a rezar o “Pai Nosso”, todos começaram a acompanhar e o impasse veio na mente: “ - e ai...acompanho ou não?”. Depois pensei: “ – Como a religião nos escraviza com cada coisa absurda!”.
 
Vi até o modelo híbrido “Rezoração”, onde a oração e a reza andavam de mãos dadas, sem que a pessoa que estava falando percebesse:
 
“ – Senhor, assim como Jabez orou em Primeira Crônicas Capítulo 4, Versículos de 9 a 10 dizendo ‘Oh! Tomara que me abençoes e me alargues as fronteiras, que seja comigo a tua mão e me preserves do mal, de modo que não me sobrevenha aflição!’ clamo a Ti, Senhor para que faça o mesmo com a nossa comunidade!”.
 
Entende, que não há nada de errado na intensão da oração, mas que supostamente existe uma reza dentro da oração!?
 
Quando comecei a pensar mais sobre o assunto e refletir de forma mais profunda para identificar a diferença entre “orar” e “rezar”, passei a perceber algumas coisas absurdas dentro da igreja. Por exemplo, se realmente “rezar” consiste no ato de se repetir para Deus as palavras ditas por alguém, e se realmente fazer isso  é errado, então toda vez que repetimos a oração do Pai Nosso, consequentemente estamos rezando o “Pai Nosso” e sendo assim, estamos errando.  E o que dizer então da oração em que o Pastor encerra o culto? Não é sempre a mesma coisa? Não seria uma reza?
 
Particularmente acho sim que a “reza” é o ato de repetir para Deus palavras que foram ditas por outra pessoa. Também acho que “oração” é o ato de conversar com Deus sem ter um script em mãos. Entretanto, dentro deste contexto, isso não quer dizer que um ato é pecado e o outro não. Muitos evangélicos acham que “rezar” é pecado. Sinceramente acho que estão equivocados. Isso por que o ato de conversar com Deus, seja procurando nas palavras de outras pessoas o modo mais apropriado para tentar expressar os sentimentos do próprio coração, ou seja utilizando as próprias palavras, não é o parâmetro que se deve levar em consideração para dizer se isso ou aquilo é pecado.
 
Seja o assunto “rezar” ou “orar”, independente de qual seja, temos de ter o cuidado de alinhar o coração com o conteúdo das palavras que iremos apresentar à Deus. É necessário avaliar o conteúdo daquilo que estamos levando para Deus. Pegar as palavras de outras pessoas ou usar as próprias palavras, não fará diferença alguma se as mesmas estiverem alinhadas a um coração sincero.
 
Já ouvi por ai muita gente alegando que cristãos transformam a famosa oração que Jesus nos ensinou, o “Pai Nosso”, em reza. Mas será que o Jesus não ensinou a todos a rezar o “Pai Nosso” para que o conteúdo de Suas palavras fossem transformado em oração? Posso estar equivocado, mas sinto que o caminho entre “rezar” e “orar” aqui parece levar ao mesmo destino.
 
Talvez entenderíamos melhor tudo isso se enxergássemos que no processo de se recitar, repetir, as palavras de Jesus, há um contexto por trás de cada palavra. Sim, aqui está o “pulo do gato”. Aqui está o parâmetro para se saber se enquanto repetimos as palavras de Jesus, estamos ou não comprometidos como o que estamos dizendo. Jesus tinha um entendimento próprio para cada uma das palavras que Ele proferiu na oração do “Pai Nosso”.
 
Já parou para pensar nisso? Já parou para pensar no quanto a oração do “Pai Nosso” possui um conteúdo que só gente ousada, comprometida com Deus é capaz de proferi-la de coração?
 
“Vocês, orem assim: ‘Pai nosso, que estás nos céus! Santificado seja o teu nome.
Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.
Dá-nos hoje o nosso pão de cada dia.
Perdoa as nossas dívidas, assim como perdoamos aos nossos devedores.
E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal, porque teu é o Reino, o poder e a glória para sempre. Amém’.”
Mateus 6:9-13
 
Se pegarmos cada fatia dela e analisarmos uma a uma, veremos que não é qualquer tipo de gente que a consegue viver o que está sendo dito ali. Reconhecer Deus como Pai...se ver como igual a todos os demais humanos...tendo consciência de que Deus é um ser que está em uma dimensão de santidade, poder e estado de ser inigualável, incomparável...clamar pelos valores de vida eterna do Pai e Sua vontade, com a consciência de que somos participantes neste processo, pois o Pai é um Deus que inclui o homem na história da redenção...confiar que a cada dia Deus provê o Pão da Vida...se comprometer a viver uma vida onde o perdão é visto como ato primário em todas as ações e dentro deste contexto ter o compromisso de perdoar a todos como Deus nos perdoa, a ponto de dizer a Deus para que nos trate como nós tratamos nosso próximo...clamando por integridade para que o mal não faça morada em nós, para que o Espírito Santo sim habite em nós....e restituir à Deus a Glória que lhe é devida....não é uma oração que todos conseguem fazer com uma consciência fixada no valor de cada palavra que esta sendo dita. Todos deveriam viver esta oração. Todos deveriam aprender a rezar esta oração olhando para o próprio coração. Repetir as palavras de Jesus por repetir, falar por falar, sem ter uma conexão com o coração, isso sim é pecado. É tratar com desdém os valores do Reino. Agora repetir cada palavra, rezando, e refletindo trecho a trecho, com o compromisso de viver em realidade tudo aquilo que se está dizendo é bem diferente. Por isso creio que o ato de rezar não é pecado.
 
É óbvio que, ainda que não saibamos plenamente como uma oração ou reza deve ser feita. Mas também é óbvio que o Pai Nosso nos ensina muito.
 
Muita gente acha que sabe orar. Muita gente acha que detém em mãos um script perfeito para se apresentar diante de Deus. O fato é que, humildes são aqueles que reconhecem a sua pequenez, finitude...felizes são aqueles que por muitas vezes não encontrarem palavras para se expressarem diante do Pai, buscam nas orações de irmãos as palavras para se expressarem, e fazem isso com um coração sincero. Ao repetirem as mesmas palavras, estão rezando, estão orando com as palavras dos outros, mas estão em contato com Deus.
 
Usar as palavras dos outros, ou usar as próprias palavras, não é o que importa. O que realmente importa é que ao conversar com Deus devemos ser responsáveis com o conteúdo do nosso coração e palavras, afinal de contas a boca fala do que o coração está cheio. Devemos alinhar o próprio coração com aquilo que estamos falando. Devemos analisar o conteúdo daquilo que estamos sentindo e falando.
 
Rezar, orar, tem uma finalidade: Conversar com Deus. Sendo assim a oração ou reza é muito mais um lugar onde vamos do que simplesmente o ato de falar. Todas as vezes que oramos, rezamos...vamos até a presença de Deus. Ora, mas Deus é Onipresente, Onisciente, Ele está em tudo quanto é lugar e tudo vê, tu sabe, então como isso funciona? Ai entra o entendimento que muitos poucos têm. Quando oramos, rezamos, vamos a um lugar, mas este ato de “ir a um lugar” é muito mais um deslocamento de consciência do que um deslocamento físico. É o ato de deslocar a própria consciência diante de Deus. Isso só é possível através do Sangue de Jesus, afinal de contas foi o Seu sacrifício no Calvário que rasgou o véu do templo e abriu caminho para todos os corações adorarem à Deus em Espírito e em Verdade. A partir daí começamos entender muitas outras coisas. Percebemos que jamais podemos ir na presença de Deus sem levar juntamente conosco os nossos irmãos (por isso é Pai Nosso). Afinal de contas, assim como Deus pergunta para Caim, ” - Onde está seu irmão?”, Deus também pergunta para nós onde está nossos irmãos (e ainda hoje há muitos Caims por ai respondendo: “ – sou eu responsável por meu irmão?”). Percebemos que toda e qualquer oração ou reza, tem uma única finalidade: Glorificar o Nome de Deus! Por isso, ao invés de pedirmos para Deus para que um filho largue das drogas, devemos pedir para que Deus glorifique o Seu Nome na vida deste filho. Por isso, que ao invés de pedirmos para Deus para que faça com que o Marido pare de bater na Esposa, devemos pedir para que Deus glorifique Seu Nome na vida deste marido. Pois Deus Glorifica o Seu Próprio Nome concertando tudo. Quando Deus Santifica o Seu Próprio Nome, Ele é Glorificado.
 
O Espírito Santo intercede por nós com gemidos inexprimíveis.  Faz isso constantemente. Sendo assim, toda oração, seja a mais medíocre, infantil, ridícula...é traduzida pelo Espírito Santo antes de chegar ao Pai. Isso não quer dizer que não tenhamos que ter responsabilidade com o conteúdo de nossas conversas com Deus. Mas isso ajuda muito. Quando nos falta palavras para nos expressar, o Espírito Santo traduz o nosso silêncio. Ele trata as falhas das nossas palavras.
 
Gosto muito de uma maneira que Jung Mo Sung exemplificou a oração: Imagine uma sala abafada, você está dentro dela suando, com um cansaço muito grande, esgotado, fadigado. Então você abre a janela e uma brisa adentra o ambiente e te abraça, renovando tudo. Então você pensa: “ - Ufa!”...Esta brisa que te envolve é a oração.
 
A oração traz alívio. Renova a alma. É claro que de tão ansiosos que somos, muitas vezes queremos apenas vomitar palavras para Deus e nem damos tempo para Ele falar. Quantos de nós não fazemos durante nosso dia a dia uma oração expressa: “ – Ai vai um telegrama expresso Senhor! Cuida da minha mãe!”. Também é verdade que muitas vezes a resposta é simplesmente não ter resposta. Também é verdade que muita gente acha que oração é um artifício para “mover a Mão de Deus”, como se ela estivesse engessada! Gente que acha que Deus está de braços cruzados (como dá vontade de dar um chacoalhão nestas pessoas e dizer: “ - Deus faz muito, trabalha o tempo todo...para com esta petulância de achar que Deus trata a criação com desdém!”).
 
Talvez se enxergássemos Jesus como um Deus comprometido com Sua Criação e não como um Gênio da Lâmpada, um Papai Noel (não como um ídolo), acredito que o conteúdo de nossas orações, rezas mudariam. Que tal se tratássemos a oração como uma conversa com Deus na qual nós alinhamos com Ele tudo aquilo que iremos fazer juntos para ajudar na implantação do Reino do Dele?
 
É difícil imaginar uma vida de oração onde a caminhada do cristão não seja simplesmente agradecer e glorificar. Passo esquerdo: Muito Obrigado. Passo direito: Glorificado Seja o Vosso Nome!... Passo esquerdo: Muito Obrigado. Passo direito: Glorificado Seja o Vosso Nome!...e assim por diante...até que no final da caminhada você perceberá que no tempo todo o processo de agradecer e glorificar o Nome de Deus lhe fez ficar cada vez mais parecido com Jesus. O problema é que neste processo queremos incluir um passinho diferente (uma viagem para a Disney, um carro novo...etc).
 
É reconheço que dei uma grande volta sobre o assunto...hehe
 
Concluo aqui com 2 comentários. Primeiramente gostaria de compartilhar um famoso fato na vida de Madre Teresa de Calcutá. Conta-se que uma pessoa lhe perguntou o que ela dizia para Deus em suas orações. Ela respondeu: “ – Nada, eu apenas escuto!”. Então a mesma pessoa insistiu lhe perguntando: “ – E Deus, o que Ele lhe diz?”. E ela respondeu: “ – Nada, Ele apenas escuta!”.
 
Isso nos ensina muito! Rezar ou orar, não é o que importa. O que realmente importa é o coração. Como conversamos com Deus, o nosso coração é apresentado de que maneira? O coração fala muito!
 
Por fim compartilho a linda oração de São Francisco, conhecida como “Oração da Paz”. Para os evangélicos religiosos de plantão que acham que “rezar” é errado, penso que o conteúdo desta “reza” vai muito mais de encontro com os valores de Jesus do que muitas orações que estão sendo “oradas” nas igrejas:
 
“Senhor: Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
 
Ó Mestre, fazei que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado. Pois é dando que se recebe, perdoando que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna! Amém.”
 
Este é o tipo de oração de gente que entende que a resposta de Deus para o sofrimento humano é a igreja (não instituição, mas sim o corpo místico de Jesus).
 
Rezar ou orar...faça como você achar melhor...poder conversar com Deus é uma dádiva indescritível...quantos de nós negligenciamos esta dádiva?! Quantos de nós não estamos nem ai para isso?...Converse com o Pai, da maneira que você consiga expor a Ele seu coração, sem se preocupar se será através de suas próprias palavras ou através de palavras de outras pessoas...busque simplesmente o comprometimento e responsabilidade de fazer isso em espírito e em verdade!
 
Que o Senhor tenha misericórdia de nós!

segunda-feira, 24 de março de 2014

A CRUZ FALA MAIS QUE MILHÕES DE PALAVRAS

Conta-se que muito tempo atrás, em uma época onde não existia luz elétrica, um novo padre chegou em uma paróquia de um pequenino e isolado vilarejo. Como toda cidade pequena, é claro que todos ali começaram a criar uma expectativa de como seria este novo padre. Burburinho daqui, burburinho dali, o novo padre mal tinha desfeito suas malas, já estava ali, em frente da igreja colocando uma pequena placa com os dizeres: “Não percam a missa do próximo domingo à noite, teremos um extraordinário sermão sobre o amor de Deus”. É claro que com uma propaganda desta, juntamente com a novidade de um novo padre na cidade, a expectativa de todos que viviam ali aumentou ainda mais. A semana inteira não se fala em outra coisa a não ser sobre isso. A pequena igreja na pracinha que ficava bem no centro do vilarejo era muito simples. Apesar de não ser muito grande tinha tamanho suficiente para acolher a toda a comunidade que vivia ali. E aconteceu que no domingo, em uma noite linda, a igreja ficou abarrotada de gente. Até quem não costumava ir às missas compareceu. Como não havia luz elétrica, a igreja estava repleta de lampiões e velas. No centro do altar uma pequena mesa com uma pequena imagem de Jesus Cristo na cruz. Todos murmuravam em ansiedade. E então um coroinha sai pela porta ao lado do altar andando lentamente. Todos começam a se silenciar ao perceber o início da missa. Entretanto o coroinha ao invés de ir para o altar começa a caminhar pelas laterais da igreja. Ao passar pelo primeiro lampião, o menino apagou o mesmo. Então caminhou mais alguns passos e soprou algumas velas. Seguiu adiante e apagou outro lampião. Todos em silêncio observavam o menino indo em cada foco de luz e apagando os mesmos, até que finalmente ele apagou o último lampião e igreja ficou em total escuridão. Não se enxergava um palmo a frente. O silêncio era total. Foi ai que uma luz apareceu na sala ao lado do altar. O padre caminhou lentamente em direção ao altar, segurando cuidadosamente uma única vela em suas mãos. Então o padre, sem dizer nenhuma palavra, aproximou a luz da vela para iluminar os pregos encravados nos pés da imagem de Jesus. Em seguida aproximou lentamente a luz para iluminar os pregos na mão esquerda de Jesus. Lentamente fez um movimento com a vela e iluminou a os pregos da outra mão. Com o mesmo cuidado iluminou a cabeça da imagem de Jesus evidenciando os espinhos. Por fim o padre posicionou a vela cuidadosamente de forma que a luz iluminava por inteiro a imagem de Jesus Cristo crucificado. Silenciosamente...sem dizer nenhuma palavra...o padre se retirou do altar e sentou-se juntamente com a comunidade.
 
Ouvi esta história recentemente em uma pregação. É claro que tive que reproduzir a mesma com minhas palavras, pois não encontrei o relato integral para compartilhar aqui. Não sei se é um fato verídico. O fato é que uma história como esta nos convida a refletir sobre muitas coisas. Deixando a discussão religiosa de lado (coisas do tipo, adoração de imagem, católicos versus evangélicos, e tantas outras prerrogativas), é interessante observar que só existe um Nome Próprio nesta história, o de Jesus Cristo. Hoje em dia, o homem se acha tão mais importante que Deus, que o próprio nome fica mais importante que o nome de Jesus. É um ego absurdo. Gente que coloca na frente da igreja placas dizendo “Igreja do Missionário X”, “Igreja do Apóstolo Y”, “Igreja do Pastor Z”...e por ai vai. São igrejas de outras pessoas, menos de Jesus. O nome de Jesus pode até ser dito dentro destes lugares, mas quando vejo alguns programas de TV, rádios, com propagandas evidenciando muito mais o nome do “santo” do que o nome de Jesus, sinto o Espírito Santo incomodar o meu coração e dizer: “ – Nem todo aquele que diz Senhor, Senhor, contemplará entrará no Reino de Jesus!”. As igrejas precisam de gente anônimas! Gente que esteja disposta a agir como a serva, a escrava de Naamã, cujo o nome próprio nem aparece na Palavra, mas o seu ato é digno de ser relatado sempre, afinal de contas a cura da lepra de Naamã não foi só um processo de 7 mergulhos no rio Jordão, antes disso ele teve que dar créditos ao que esta anônima serva lhe disse. Se talvez fizéssemos uma enquete, por mais ridícula que fosse, apenas para ilustrar, perguntando para um grupo de pessoas quais delas gostariam de ter tido a oportunidade de vivenciar o que viveu o Rei Davi, o Apóstolo Paulo, Daniel, José...muitos levantariam a mão. Mas creio que poucos levantariam a mão para estar ali no papel para viver o papel da serva anônima que ajudou Naamã. O ego humano deseja holofotes. Em um paralelo a história do Padre que contei no início desta diluição de pensamento cristã, acredito que muitos supostos cristãos famosos que vemos atualmente, segurariam a vela para iluminar a si mesmos. Triste realidade! Perceba que o padre, após iluminar a cruz, sentou-se em silêncio juntamente com a comunidade que ali estava. Quantos supostos “membros das elites espirituais” hoje em dia não precisam assumir uma consciência como esta. De se ver igual a todos na comunidade na qual ele tem responsabilidade de colaborar com a missão de Jesus.
 
Outra coisa interessante nesta história é perceber que a Cruz nos diz tudo. Se você parar para pensar, a Cruz nos diz mais do que milhões... trilhões de palavras! Talvez as pessoas ainda não entendam a Cruz em sua plenitude simplesmente por não entenderem quem foi Jesus. Gente que vê Jesus como um ídolo, um simples líder, um mestre inteligente e por ai vai. Jesus não é um ídolo! Jesus é muito mais que um líder, muito mais que um mestre: JESUS É DEUS! Se as pessoas não entenderem isso, jamais entenderão o que aconteceu no calvário. Jamais entenderão o que aconteceu na Cruz. Mas se entendermos isso, entendermos que Jesus é Deus que se esvaziou e veio habitar juntamente conosco, então a cruz irá falar aos nossos corações em plenitude. Responda para si mesmo: “ – Se você estivesse ali, vendo aquela cena, uma escuridão imensa, e diante de seus olhos só a imagem de Jesus Crucificado, o que a cruz falaria ao seu coração?!”...ou ainda, num contexto mais próximo da sua rotina de vida, da sua maneira de viver, do seu cotidiano...responda: “ – O que a cruz de Jesus tem dito ao meu coração?”.
 
Ao tentar responder estas perguntas, me entristeci comigo mesmo. Percebi o quão medíocre eu sou. No fundo isso não era uma novidade para mim. Isso por que o maior pecador, o mais repugnante, sujo, egoísta, nojento, medíocre, escória da humanidade, que conheço...sou eu! Não se espante se este sentimento vier à tona no seu coração. A cruz nos revela muita coisa!
 
A comunidade sentada na igrejinha em total escuridão é nada mais nada menos do que toda a humanidade em todos os tempos. Vivemos em trevas. Só quem possui Luz é Deus (muita gente acha que é a AES Eletropaulo, a Light...ou qualquer outra companhia de energia elétrica hehe). Só Deus detém em Suas mãos a luz capaz de tirar o ser humano das trevas. Eu sou mais um ali naquela igrejinha, na escuridão, escutando a cruz falar ao meu coração. Cada um de nós, neste universo inteiro, atravessando a barreira do espaço e tempo, cabe dentro daquela igrejinha. Os candeeiros, lampiões, velas deste mundo seguem apagados. O mundo está em trevas. Nós não pertencemos aqui. Jesus nos convida a nos disponibilizarmos a ser luz neste mundo. Deus já compartilhou conosco a luz que Deus detém em Suas Divinas Mãos através de Seu Espírito Santo. Muita gente ainda não percebeu isso, muita gente não sabe disso, falta expandir a consciência. Deus não nos fez seres iluminados. Deus nos fez seres luminosos. Compartilhou conosco Sua Luz. Ele diz para nós: “ – Vós sois a luz do mundo!”. Sendo assim, Deus nos inclui no seu plano de restauração da humanidade para que atuemos juntamente com Ele, sendo veículos de Sua Luz, de Sua Graça, Misericórdia, Justiça e Amor. Só assumindo este compromisso seremos capazes de responder a Jesus: “ – Cristo, muito obrigado, valeu à pena!”
 
Muita gente acha que Deus faz pouco. Outros acham que Deus faz o suficiente. A Cruz nos diz que Deus fez infinitamente muito mais que o suficiente. Pense em um outro exemplo (aparentemente grotesco):
 
Imagine um copo de vidro com um uma tarja vermelha em sua metade. Imagine que Deus, para salvar a humanidade, teria que encher o copo com Seu sangue até a tarja vermelha. Se o Seu sangue atingir a tarja vermelha já seria suficiente para nos salvar. Então Deus vai e derrama ali o Seu próprio sangue, transbordando o copo, fazendo vazar pela boca do mesmo litros e litros...e mais litros....de forma infinita...sangue e mais sangue...de forma que ao olhar para o copo você e para o oceano de sangue jorrando à sua frente venha algo em sua mente: IMENSURÁVEL!
 
É isso que a Cruz nos diz! E diante disso ela nos pergunta: “ – Como você tem vivido?  Este sacrifício valeu a pena?”
 
A Cruz fala muito, nos diz muitas coisas. Conversa diariamente com nossos corações. O que temos ouvido? Ela nos faz uma pergunta pessoal e nos desafia a responder: - Que resposta meu modo de viver tem dado ao sacrifício de Jesus na Cruz?
 
Jamais conseguiremos dar uma respostas imensurável como o sacrifício de Jesus. Mas Deus sabe disso. Sabe que jamais daremos uma resposta à altura. Deus não espera isso de nós. Deus simplesmente deseja que a gente entenda que Ele nos ama, que nos quer de volta em Seus Braços. Que sem Ele só nos resta a morte, pois não há vida sem Ele. Deus deseja que a gente rompa com a rebelião e que assuma os valores de vida, valores do Seu Reino, princípios de vida, para que o Espírito Santo possa agir em nós e nos transformar em seres iguais à Jesus Cristo. Por isso Ele se entregou, para nos resgatar da condição nojenta em que vivemos e nos levar para uma vida eterna, com qualidade eterna, ao Seu lado!
 
A cruz nos diz isso diariamente.
 
 
Louvado Seja o Nosso Grandioso Senhor

sexta-feira, 21 de março de 2014

O KIMARITÊ DE JESUS CRISTO

O livro de Genesis, em seu Capítulo 3, relata como a humanidade decidiu se desligar de Deus e, por consequência disso, caiu em condição de morte. O pecado, aliás não só o pecado, mas também a morte, entrou na humanidade através de Adão e Eva, que achavam que poderiam viver sem estar conectados à Deus. Desejaram ser deus de si mesmos e fizeram isso ao optarem por desobedecer a Deus e comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Mal eles sabiam que não existe vida sem Deus. A Palavra de Deus nos revela que Deus, mesmo recebendo do homem uma cusparada na face, optou por nos amar e traçar um plano de reconciliação. Ao lermos as Escrituras Sagradas é possível perceber que a obra destrutiva de Adão não é maior do que a obra redentora de Jesus Cristo. Interessante ver que em toda a história da humanidade, tudo o que o homem fez foi em “Adão” e tudo o que Deus fez foi em Jesus Cristo de Nazaré. Neste contexto, é possível perceber que havia um abismo entre Adão e Jesus. Este abismo, que de certa forma representa a morte, entretanto recebeu uma ponte. Sim, uma ponte que parte do lugar onde está Adão, passa por cima do abismo e chega do outro lado onde está Jesus. Esta ponte é a cruz!
 
Na cruz Jesus entregou Sua vida sem reservas. Se doou por inteiro, em plenitude. Entretanto, em Jesus não havia mácula alguma. Sua alma era incorruptível. Nele não havia pecado. Nele não havia maldade. Sendo assim Ele não poderia receber a morte como salário. Pois se o salário do pecado é a morte e tendo Jesus vivido uma vida em plena santidade, sua morte foi estornada. Em outras palavras: Ele Ressuscitou! Neste ato Jesus matou a morte. Ou seja, a morte da morte aconteceu na morte de Jesus de Nazaré. Jesus jogou uma pá de cal sobre a morte! Sempre vi a morte como um aspirador de pó gigantesco. Isso por que nós somos pó. E a morte vai aspirando nosso ser aos poucos. Jesus, ao se entregar no Calvário, puxou o fio deste aspirador de pó da tomada. Desligou ele! Inativou a morte. Retirou dela todo e qualquer poder. Como se diz no sumô, Jesus aplicou sobre a morte o Kimaritê (golpe decisivo).
 
O que muita gente não entende é que este ato de entrega por parte de Jesus foi voluntário. Isso não tem nada a ver com méritos e muito menos a ver com quem o homem é. Por outro lado, isso tem tudo a ver com quem Deus é. Costumamos dizer: “ – Jesus morreu por nós!”. Sim isso é uma verdade. Mas acho muita soberba do homem se colocar no centro das coisas. Antes de morrer por nós Jesus morreu primeiro pelo Pai. Depois sim por nós!
 
Infelizmente muita gente tem complicado nos púlpitos das igrejas o evangelho de Jesus. Querem pregar um “Evangelho Requintado” e esquecem de pregar o “Evangelho do Arroz Feijão”...o Evangelho Simples, o Evangelho da Graça. Jesus é o próprio Deus encarnado que veio se reconciliar com o homem e fez isso sem levar em consideração quem nós somos, isso é Graça e ponto final. A salvação é o propósito que cada um de nós tem que assumir voluntariamente de deixar o velho homem para trás e nos entregarmos em plenitude no objetivo de nos transformarmos em gente como Jesus Cristo era gente! Isso implica em compromisso com os valores do Reino do Pai. Implica em compromisso em viver uma vida em submissão ao Pai. Uma vida que crucifica o nosso próprio ego humano constantemente. Somos vocacionados para sermos morada do Espírito Santo, sendo assim é necessário a transformação do nosso ser, para que o nós venhamos a ser purificados pelo próprio Espírito Santo para que Ele faça de nós Sua morada. A consequência disso: a gente se torna veículos da graça de Deus. Passa a transformar a pessoa que está diante de nós, com todas as suas necessidades, em nosso próximo.
 
Como Renato Russo cantou, a humanidade é desumana. Engraçado, Deus é extremamente humanista. Deus se importa muito com o ser humano. Por isso é muito triste ver gente projetando em Deus a maldade humana. Gente medíocre que não entende a graça de Deus. Por isso o Pai nos convida a ser gente como Jesus. Por que gente como Jesus não abandona um recém-nascido em uma caçamba de entulho, não vende drogas em porta de escolas, não explode caixas eletrônicos, não passa por mendigos com um olhar indiferente, não abusa de inocentes, não deixa gente agonizando de dor em corredores dos hospitais, não pisa no galho que já está machucado. Jesus é o posto da maldade humana! Jesus é o primeiro de muitos “Jesuses” que o Pai quer ter como filhos. Este é o reino que o Pai inaugurou em Cristo e propõe a todos nós: um reino onde o ser humano é tratado com amor. Isso significa que você, eu, todos nós não somos a plenitude na qual fomos projetados para ser. Jesus sim é um ser humano de verdade, a plenitude da concretização do projeto “ser humano” que um dia o Criador sonhou. Somos predestinados a ser como Jesus. Ele é o nosso destino. Ele é o Paraíso!
 
Sendo assim é importante repensarmos que a nossa peregrinação não tem como objetivo se ocupar com as circunstâncias da vida e nem com o nosso destino eterno, mas sim em identificarmo-nos como miseráveis homens que somos e buscarmos a transformação necessária para sermos iguais a Cristo. Não podemos tudo, isto é fato. Mas é evidente que podemos muito. O poder da morte nos puxa para baixo mas o poder da ressurreição de Deus nos puxa para cima. O amor é mais forte que a morte! Deus já age em nós, hoje, agora, neste exato momento. Ele nos convida a viver acima da mediocridade humana. Ele nos convida a uma vida com valores eternos.
 
Já parou para pensar nisso: Deus não nos chamou para o céu. Deus nos chamou para sermos iguais a Jesus. Sendo assim, é importante responder para si mesmo: “ - Que tipo de ser humano eu sou, uma vez que entendi o sacrifício de Jesus na cruz? Que tipo de ser humano eu sou, creio no evangelho da graça? Que tipo de homem sou, uma vez que busco me encarar no espelho e vejo o quanto preciso me tornar igual ao Cristo? Quão parecido sou ainda com o velho Adão e quão parecido tenho me tornado a Jesus de Nazaré?”
 
Estas questões só podem ser respondidas de forma verdadeiras se tivermos a consciência de que esta transformação está nas mãos do Espírito Santo, pois só Ele é capaz de agir em nós para nos tornar parecido com Cristo. Afinal de contas não é o Espírito Santo que nos convence de nossos pecados? Sendo assim, o Espírito Santo ao invés de manipular nosso ser, interage com nossa consciência e nosso coração.
 
Nós clamamos a Deus para que transforme nosso casamento, para que traga para casa nosso filho que está envolvido com drogas, nosso pai alcoólatra, para que mude nosso emprego e tantas outras coisas. Talvez falta-nos entender que para transformar o nosso casamento Deus precise transformar primeiramente a nós. Que para trazer o filho drogado ou o pai alcoólatra para casa, Ele precise primeiramente nos transformar. Que para transformar o nosso emprego ou tantas outras coisas, Ele precise nos transformar. Pois enquanto o velho Adão estiver presente, e Jesus ficar em segundo plano, as coisas seguirão em desordem.
 
Deus é misericordioso. Escolheu nos amar. Escolheu reconciliar-se. De fato podemos clamar para que Ele não nos trate segundo nossos pecados mas sim segundo a sua graça. Aliás como carecemos disso! Mas é preciso assumir o compromisso de dar uma resposta à Deus ao sacrifício de Jesus na cruz do calvário. Dizer com o modo de viver: “ - Jesus, não foi em vão, valeu a pena!”. Deus fez a parte Dele, já aplicou um Kimaritê sobre a morte. Ele nos convida a participar deste Seu ato, a usufruir deste Seu ato, que diga-se de passagem foi infinitamente dolorido para Ele. Imensurável! Qual é a nossa resposta?

quinta-feira, 20 de março de 2014

CRISTIANISMO DE VITRINE

Viver o cristianismo não é viver um conto de fadas. Viver o cristianismo não é caminhar sobre uma simples filosofia de vida. Muita gente se diz cristã simplesmente por achar que o cristianismo está na moda, que é bom ter uma religião ou até mesmo para ser visto perante a sociedade como o “politicamente correto”. Há quem diz ser cristão simplesmente pelo fato de ver em Jesus um ótimo líder. Pessoas que simpatizam com os relatos da vida de Cristo. O fato é que o Cristianismo é tratado com desdém por muita gente. Gente que se diz, crente, evangélica, cristã, mas que no fundo, vive um “Cristianismo para inglês ver”, um Cristianismo de Vitrine: “ – Ah eu vou no show do meu ídolo gospel!”, “ – No meu carro eu só escuto música gospel”, “ – Vai na igreja hoje para ver eu cantar!”, “ – A Palavra do meu Pastor é uma benção!”. Gente com discursinhos medíocres. Fica no ar a pergunta: “ - Onde está Jesus nisso tudo? Cadê a face de Jesus expressa na vida de gente assim?”. Pessoas que ainda não entenderam o evangelho da graça. Pessoas que ainda não enxergam Jesus como o próprio Deus encarnado que viveu entre nós. Pessoas que ainda acham que o homem é o centro de tudo. Cadê a expansão da consciência para os valores de Jesus?
 
Como se não bastasse isso, há aqueles que enxergam em Jesus Cristo o espírito de “Papai-Noel”, um “Deus-gênio-da-Lâmpada”. Gente que acha que oração é feita para mover o braço de Deus. Gente que acha que Deus precisa de oração para trabalhar. Gente que acha que Deus vai parar o universo inteiro só para atender as vontades do ego. Não é à toa que existam pessoas que peçam para Deus se transformar em “cone” para guardar uma vaga no estacionamento do Shopping. Pessoas que tiram textos do contexto para usar como pretexto. Colocar Deus em uma “saia justa”. Colocar Deus em uma “sinuca de bico”. Gente que para conseguir o que deseja acha que pode colocar Deus de mãos atadas. Quantos versículos não são manipulados de forma a fazer com que Deus nos dê um cheque em branco e assinado em nossas mãos?
 
Precisamos enxergar o Cristianismo de maneira diferente. A vida do Cristão não é um conto de fadas. Deus não é o tipo de Pai que compra um brinquedo para nós criancinhas que ficam fazendo escândalos em uma loja da PB Kids. Precisamos nos colocar em nossos devidos lugares: Somos Pó! Nada! Sub-existimos pela Graça de Deus, sim “sub-existimos” por que “existir”...só Deus!
 
Quem dera se os cristãos enxergassem Deus não como um simples solucionador de problemas, mas como um solucionador de pessoas! Quem dera se nós cristãos começássemos a enxergar Deus, não como um simples solucionador de circunstâncias, fases, momentos, mas como um solucionador de consciências humanas! Quem dera se a bíblia fosse lida pelos cristãos de forma que os mesmos vissem cada página como um espelho, de forma que enquanto cada versículo fosse lido, pudéssemos olhar o nosso rosto e perceber o quanto Deus “é” e nós não somos!
 
Os valores do Cristianismo não são uma simples filosofia de vida. O cristianismo é um conjunto de valores que nos conduz à reconciliação com o nosso Criador, trazendo como consequência uma vida eterna, com qualidade eterna! Jesus não foi apenas um líder, mártir, revolucionário. Jesus é Deus! Ele é o Cristo! Deus que se vestiu com pele humana e veio nos tirar desta condição miserável em que nós mesmos nos colocamos: atolados no pecado!
 
Quando os anjos soarem as trombetas, quando o arrebatamento acontecer, quando Jesus retornar para buscar a sua Santa Igreja, quando formos prestar contas de como nós decidimos viver nossas vidas, a vitrine já não fará mais sentido. Nós não nos importaremos mais se fulano ou siclano nos considera “politicamente corretos” por irmos na igreja todo domingo. Jesus se demonstrou politicamente incorreto. Os líderes religiosos de sua época acusavam-lhe por não cumprir a lei da maneira que eles, doutores da lei, cumpriam. Jesus não agiu conforme a política desses homens. Jesus optou por amar, e  fez-se amor, se fez “interpretação da lei” com seu modo de vida.
 
Creio que já passou da hora de darmos uma bela de uma pedrada nesta vitrine. Deixar o vidro se estilhaçar. Deixar os pedaços da nossa face, se estilhaçarem pelo chão. E então recolher todos os cacos, um por um... e depositar nos pés da cruz. Só assim daremos vazão para o verdadeiro cristianismo. Só assim daremos um passo em direção a uma consciência fundamentada pelo verdadeiro evangelho de Jesus: o Evangelho da Graça!
 
Glorificado seja o Nome do Senhor, que mesmo em meio a tanta mediocridade de nossa parte, segue nos amando sem reservas!

quarta-feira, 19 de março de 2014

TEMPO DE PARAR DE PERDER TEMPO

Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.
Que proveito tem o trabalhador naquilo em que trabalha?
Tenho visto o trabalho que Deus deu aos filhos dos homens, para com ele os exercitar.
Tudo fez formoso em seu tempo; também pôs o mundo no coração do homem, sem que este possa descobrir a obra que Deus fez desde o princípio até ao fim.
Já tenho entendido que não há coisa melhor para eles do que alegrar-se e fazer bem na sua vida;
E também que todo o homem coma e beba, e goze do bem de todo o seu trabalho; isto é um dom de Deus.
Eu sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar, e nada se lhe deve tirar; e isto faz Deus para que haja temor diante dele.
O que é, já foi; e o que há de ser, também já foi; e Deus pede conta do que passou.
Vi mais debaixo do sol que no lugar do juízo havia impiedade, e no lugar da justiça havia iniqüidade.
Eu disse no meu coração: Deus julgará o justo e o ímpio; porque há um tempo para todo o propósito e para toda a obra.
Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais.
Porque o que sucede aos filhos dos homens, isso mesmo também sucede aos animais, e lhes sucede a mesma coisa; como morre um, assim morre o outro; e todos têm o mesmo fôlego, e a vantagem dos homens sobre os animais não é nenhuma, porque todos são vaidade.
Todos vão para um lugar; todos foram feitos do pó, e todos voltarão ao pó.
Quem sabe que o fôlego do homem vai para cima, e que o fôlego dos animais vai para baixo da terra?
Assim que tenho visto que não há coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua porção; pois quem o fará voltar para ver o que será depois dele?
Eclesiastes – Capitulo 3
 
O ser humano vive o ditado: “ - Tempo é dinheiro!”
 
A consciência do ser humano foi contaminada pelo capitalismo. Não é à toa que muita gente, quando vai fechar um acordo de trabalho, assina um contrato baseado no valor/hora. Por isso é muito comum ouvir empresários perguntarem em determinadas situações: “ – Sabe quanto custa uma hora deste profissional?”.
 
A Palavra de Deus nos diz que existe um tempo para cada propósito na terra. O problema é que o ser humano negligência este tempo. Quantas pessoas, muitas delas cristãs, não estão com suas bundas acomodadas em suas vidas medíocres, sentadinhas de forma confortável, vendo a vida passar. O tempo escorre pelos dedos e estas pessoas estão ali, paradas, simplesmente no “deixa a vida me levar...vida leva eu”.
 
O homem é pó. Hoje está aqui, amanhã, pode estar comendo formigas. Esta é a realidade do ser humano. Não sabemos nem a hora e nem o lugar do nosso último suspiro. Quem não sabe o tempo que tem, na verdade, tem muito pouco tempo...aliás...não tem tempo algum. O tempo pertence a Deus. Ele detém em Suas mãos o eterno. Ele é o eterno.
 
A pergunta então é: hoje, na sua vida, é tempo do que?
 
Creio que a resposta deve ser discernida em oração junto à Deus. Somente Ele pode nos ajudar a discernir o tempo de nossas vidas.
 
Entretanto há uma coisa que precisamos ter consciência. Um fato: Hoje é tempo de não se perder mais tempo! Sim! Hoje é tempo de parar de negligenciar o tempo que temos. É tempo de se dar um basta na mediocridade de se gastar uma vida, dom que Deus nos deu por graça, com coisas fúteis e de valores vãos.
 
C S Lewis certa vez disse que aquilo que não é eterno, é eternamente inútil.
 
Por que então insistimos em gastar nosso tempo com coisas inúteis? Deus a todo tempo está nos chacoalhando...dizendo...acorda! ACORDA! DISPERTA TU QUE DORMES!
 
Todo tempo é tempo de glorificar o nome de Deus. Todo tempo é tempo de se render à Deus. Todo tempo é tempo de se disponibilizar a ser um agente da graça de Deus. Todo tempo é tempo de restituir a Deus a glória que lhe é devida. Todo tempo é tempo de agradecer à Deus. Todo tempo é tempo de cuidar do próximo. Todo tempo é tempo de se obedecer a Sua Palavra e zelar pelos valores do Seu Reino. Todo tempo é tempo de reconhecer a Soberania de Deus e reconhecer a nossa finitude e dependência do Pai. Todo tempo é tempo para que os filhos pródigos tomem o caminho de volta para a casa do Pai misericordioso. Todo tempo é tempo de amar. Todo tempo é tempo para andar com Jesus. Todo tempo é tempo para fazermos o nosso melhor para deixar que o Espírito Santo restaure em nós a imagem e semelhança do Pai, que um dia Ele depositou em nós. Todo tempo é tempo de crucificar nosso ego junto a cruz do calvário!
 
O tempo que nós temos é o hoje, o agora! Por isso hoje é dia de se parar de perder tempo. Por isso agora é tempo de parar de negligenciar o tempo. Deus tem em mãos o Eterno. Nós temos, por parte de Deus, um empréstimo de tempo no qual podemos chamar de “agora”. Por isso o “agora” é chamado de “presente”. Um presente que Deus nos concede. O amanhã é assunto de Deus. O futuro pertence à Ele.
 
Você já parou para pensar que os nossos “valores” estão diretamente ligados a maneira de como utilizamos o nosso tempo. No livro “O Pequeno Príncipe” há uma frase interessante: "Foi o tempo que dedicaste à tua rosa que a fez tão importante". O tempo dedicado em algo nos revela o quanto este algo é importante para nós. Por exemplo: gastamos 4 horas diariamente no trânsito de São Paulo, para ir e voltar do trabalho. A gente não percebe, mas uma pesquisa recentemente mostrou que nós perdemos 1 mês no trânsito a cada ano. Isso por que valorizamos o trabalho. Afinal além das 4 horas para ir e vir, temos as 8 horas de jornadas no trabalho. Percebe como a vida vai passando e a gente não vai percebendo?
 
Se você tiver sorte: Hoje de manhã você olha seu filho brincando de carrinho no tapete da sala, na hora do almoço você está parabenizando ele pelo êxito no vestibular e no jantar você já está cantando parabéns para o aniversário de 15 anos do filho do seu filho.
 
Precisamos aprender a fazer este exercício de avaliar os nossos valores, ter o compromisso de sermos íntegros quando formos discernir como iremos usar o tempo que Deus nos confiou. Gastaremos este tempo com bebidas, mulheres, futebol, atendendo a tantos outros apetites do nosso ego, ou nos empenharemos em usar este tempo com algo nobre, que glorifique o Nome do Senhor? Talvez você esteja se perguntando: “ - o que você está querendo dizer, que eu tenha que virar um missionário no Sudão, no Haiti, é isso?”. Sinceramente o que estou querendo dizer é que talvez o Sudão, o Haiti, esteja bem perto de você: na casa ao lado, no quarto ao lado, ao lado da sua mesa de trabalho ou até mesmo no ônibus, ao seu lado. Em outras palavras, pense como C S Lewis... procure os valores eternos...deixe para trás os valores eternamente inúteis!
 
O primeiro passo? Assumir para si a responsabilidade de que hoje é tempo de não se perder mais tempo.
 
Glorificado seja o Nome Santo do Senhor pelo empréstimo de tempo que Ele nos concede: o Hoje!