segunda-feira, 30 de setembro de 2013

GRAÇA: TUDO A VER COM QUEM DEUS É, APESAR DE QUEM NÓS SOMOS

 Compaixão, misericórdia,  perdão ...GRAÇA! Tem tudo a ver com Quem Deus é, apesar de sermos o que somos! Não existe mérito algum em nós, humanos. Somos merecedores do inferno. Se Deus mandasse eu, minha família, meus amigos, inimigos...todos para o inferno, Ele estaria sendo justo. Nenhuma mancha sujaria o Seu caráter. Todos pecamos, todos somos praticantes do mal. E apesar disso, Deus nos busca como pérolas de grande preço. Faz isso por que é Amor. Faz isso por que ama, simplesmente ama. Ama “apesar de”! Pois se tivessem “pesares” não seria amor.

 

Então você se levanta e diz: Deus ama igualmente Madre Teresa de Calcutá, Gandhi, Nelson Mandela, assim como ama Hitler, George W. Bush e Muamar Kadafi? Sim, eu creio! A resposta pode parecer injusta aos pensamentos humanos. Soa estranha aos nossos ouvidos. Mas como disse Deus é Amor. Nisto consiste o Seu Caráter. Nisto consiste Sua Identidade.

 

É complicado imaginar Jesus, o próprio Deus, sentado em uma mesa, tomando café da tarde, com Adolph Hitler. Assim como é difícil imaginar Jesus indo ao Mc Donalds comer um Número 1 com Osama Bin Laden. O problema é que confundimos Amar com Gostar. E nisto consiste aquilo que creio. Jesus amava estas pessoas apesar de não aprovar os atos delas. Ele faz o mesmo conosco. Nos ama apesar de sermos quem somos. É por isso que a Graça de Deus não parte do mérito. É por isso que a salvação de Deus se baseia em Quem Ele é, pois só Ele é. Nós não somos. Só Deus pode dizer: “Eu Sou!”

 

Você pode considerar tudo isso que eu to falando como “Groselha”. Até entendo, pois como é difícil para o ser humano derrubar o seu próprio ego. Ele é um gigante dentro de nós. Todos nós temos um Golias a enfrentar: nós mesmos. Nós nos achamos bons o bastante! Somos legais. Somos educados, agradáveis e temos nossa ética, moral e sabedoria. Como é difícil mirarmos nossa “funda” na testa do nosso gigante ego e cravarmos uma pedra bem no meio da testa do nosso eu. Como é difícil crucificarmos o nosso eu! Como a gente se sabota!

 

Você já parou para pensar como nós somos mentirosos? É nossa natureza. Nós, infelizmente somos mentirosos por essência. A mentira envenena nossa alma. Nós, constantemente, mentimos para nós mesmos. Mentimos criando uma lógica de mérito, criando lógicas para amenizar nosso pecado, para justificar nossos erros e para dar vazão ao nosso eu. Quando acreditamos em uma mentira, seja lá qual for, deixamos de dar lugar ao que Deus tem para nós!

 

Imagine se Davi tivesse dado ouvidos às mentiras de seus irmãos. Jamais ele teria derrotado Golias. É a mesma batalha que vive em nós. Quando damos um passo para assumir o Davi dentro de nós, aquele que irá encarar o Golias que vive em nosso “eu”, o nosso próprio ego, nós ouvimos diversas mentiras, contadas por nós mesmos, de que não somos capazes de derrotar o gigante. Já parou para pensar como damos ouvidos a nossas próprias mentiras? Achamos que se convivermos com ela, um dia elas se tornarão verdades! Pura idiotice. A nossa postura como cristãos tem de ser outra!

 

Certo dia, em terra distante, organizou-se uma corrida de rãs.

A meta era o cimo de uma torre.

Muitas acorreram para ver a anunciada prova e fizeram-se apostas.

Pouco faltava para se dar início à corrida.

Grande parte da assistência não acreditava que alguma das rãs inscritas pudesse chegar ao cimo da torre.

Ouvia-se: " É impossível !!! Nunca conseguirão !!! "

Perante tão maus estímulos as rãs corredoras, resignadamente, resolveram nem sequer iniciar a prova.

Salvo uma. Uma que, obstinadamente, prosseguia a escalada.

E, rãs incrédulas, continuavam: "É impossível!!! É impossível !!! Vais morrer !!!"

Depois de enorme esforço, a solitária atleta chegou ao fim.

Então, todas as rãs, se renderam ao feito da vencedora.

Depois quiseram saber como ela tinha conseguido tal façanha.

Acercaram-se dela e perguntaram-lhe qual era o segredo.

Por mais que gritassem, a rã vencedora não respondia.

Apenas dizia: "O quê !!!" "O quê !!!"

ERA SURDA.

 

Temos de nos tornarmos surdos para o nosso ego. Só assim poderemos assumir a postura para concordar com Deus. Como disse Sandra Querin, para concordar com Deus temos que estar dispostos a admitir que estamos errados. E só podemos aprender a concordar com Deus se pararmos de acreditar nas mentiras do nosso ego. Para isso, temos que nos lembrarmos sempre de que o calvário nos dá o poder do sangue, o túmulo vazio nos dá a autoridade de andar neste poder. E isso tem tudo a ver com Quem Deus é e nada a ver com quem nós somos. Tem a ver com Quem Deus É apesar de quem nós somos.

 

Deus quer nossa obediência mais do que nosso sacrifício, serviço ou dom. Procura gente que viva consciente de que só o sangue de Jesus nos liberta e nos ajuda a andar em obediência aos valores de Seu Reino. Ao viver assim, a obediência nasce por respeito e temor, não por medo à Deus. Quando temos um respeito saudável por Deus, somos provocados a fazer coisas surpreendentes para a honra e Glória Dele. É por isso que não podemos ter confiança, simplesmente, em quem nós somos em Deus, mas muito mais em Quem Deus é em nós. Devemos simplesmente confiar em Deus o suficiente para deixa-lo derrubar os temores que nos impedem de prosseguir.

 

Talvez, vivendo assim, você descubra que muito mais importante do que qual o lugar onde você está caminhando é com Quem você está caminhando, por que o caminho não é um lugar...é uma Pessoa! Uma Pessoa que tem todo o poder, mas move este poder por meio do Amor.

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

O CEGO QUE VIU ALÉM

Então chegaram a Jericó. Quando Jesus e seus discípulos, juntamente com uma grande multidão, estavam saindo da cidade, o filho de Timeu, Bartimeu, que era cego, estava sentado à beira do caminho pedindo esmolas. Quando ouviu que era Jesus de Nazaré, começou a gritar: "Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! " Muitos o repreendiam para que ficasse quieto, mas ele gritava ainda mais: "Filho de Davi, tem misericórdia de mim! " Jesus parou e disse: "Chamem-no". E chamaram o cego: "Ânimo! Levante-se! Ele o está chamando". Lançando sua capa para o lado, de um salto, pôs-se de pé e dirigiu-se a Jesus. "O que você quer que eu lhe faça? ", perguntou-lhe Jesus. O cego respondeu: "Mestre, eu quero ver! ". "Vá", disse Jesus, "a sua fé o curou". Imediatamente ele recuperou a visão e seguia a Jesus pelo caminho.
Marcos 10:46-52
 
Todo cristão que vive consciente da graça de Deus sabe que o sentido correto do raciocínio de servir é alicerçado em o homem servir à Deus. Para muitos teólogos, o inverso é praticamente uma heresia, afinal de contas onde já se viu Deus servir o homem. Mas o evangelho é cheio de relatos que colocam Deus servindo o homem. Vejamos este relato que ocorreu em Jericó. Repare na pergunta que Jesus faz a Bartimeu: “O que você quer que eu lhe faça?”. Esta pergunta desconstrói o nosso raciocínio lógico sobre a palavra “servir”. Veja que aqui há uma inversão de papéis. Deus, Àquele quem deveria ser servido, se propõe a servir Bartimeu, um homem, que em nossa lógica cristã deveria assumir o papel de servo.
 
A desconstrução desta lógica vem logo após um clamor: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”. É neste clamor que vemos o ponto crucial da inversão de valores na relação de Servidão. É aqui que vemos Deus se dispondo a servir o homem. Tudo isso por que Bartimeu não viu Jesus como um ídolo, um profeta ou um homem com poderes especiais. Bartimeu, ainda que cego, viu o Messias. Bartimeu, ainda que cego, viu Jesus como Deus. Com esta consciência, a de que estava perante ao Próprio Deus, Bartimeu clamou: “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim”. Tentaram repreendê-lo, mas ele perseverou no seu clamor. Persistiu clamando pois sabia que Jesus era o Messias. O único que poderia lhe tirar da situação miserável na qual ele se encontrava. Não, simplesmente, a de estar cego, mas, muito mais que isso, a de estar pecador.
 
Jesus, “expert” em ler pessoas, olhou para Bartimeu e interpretou a vida do mesmo. Então lhe perguntou: “O que queres que eu te faça?”. A desconstrução se concretiza: Um Deus que deseja servir! Um Deus que pede permissão!
 
Creio que Bartimeu deva ter pensado: “Ora, Jesus sabe o que eu quero. Então por que Ele me pergunta isso?”. O Pastor Claudio Duarte certa vez brincou dizendo que Jesus tinha um senso de humor muito grande, pois perguntar o óbvio, que Ele sabia, para Bartimeu, só poderia ser um senso de humor. Bartimeu poderia ter ironizado: “Quero um cão-guia! Poxa Jesus, é claro que quero ver!”. Mas de fato, Bartimeu verbalizou: “Quero Ver!”. Jesus desejava que Bartimeu verbalizasse o seu pedido de misericórdia, pois no seu clamor haveria a proclamação e consumação de sua fé. Talvez Jesus poderia simplesmente dizer: “Bartimeu, você já vê! Você vê muito mais do que áqueles que não são cegos, afinal cego não é quem não enxerga o mundo, cego é quem não enxerga a Deus. E os não cegos me veem como um Homem. Mas você, cego me vê Deus, o Messias”. Mas Jesus “leu” o coração de Bartimeu  e muito mais que lhe devolver a visão, lhe concedeu um novo motivo para caminhar: seguir o Messias. Bartimeu foi o cego que viu além!
 
Há um paradoxo aqui. Um Deus servindo o homem quando o homem deveria servir a Deus. De fato, creio que a lógica correta é servirmos à Deus. Entretanto Deus nos surpreende. Isso é algo Dele. Algo que Ele faz por que é Amor e não poder! Aliás se Deus fosse simplesmente poder, sem que houvesse amor, seria impossível vermos um relato como este de Bartimeu. Deus é amor. Por mais que afirmemos isso, jamais teremos a compreensão plena do quanto isso custa. Pois para Deus custou a vida de Seu próprio Filho. Quanto vale a vida do Filho de Deus? Vale a vida de um ser humano! Mas esta relação de valores é incompreensível, pois a vida do filho de Deus tem valor imensurável.
 
Infelizmente, vejo diversas “Jericós” por ai. “Jericós” fechadas em 4 paredes denominadas pelos homens como templos de Deus. Mas ali estão pessoas que dizem ver, mas, na realidade, não enxergam. São os “cegos que enxergam”. Deturpam esta extraordinária desconstrução que Deus faz com o conceito de “servir”. Entenderam erroneamente o que Deus pretende nos ensinar com este tipo de atitude que Ele concedeu a Bartimeu. Acham que Deus é refém do homem e deve servi-lo, custe o que custar. Determinam as coisas que Deus deve fazer. Discursam que se Deus não abençoa-los, irão arrombar a porta do céu com um chute para buscar o milagre e a benção. Olham para Jesus e enxergam um ídolo e não Deus.
 
De fato o Sacrifício de Jesus Cristo na Cruz do Calvário nos deu poder. De fato o Seu túmulo vazio nos dá autoridade sobre este poder. Mas o poder que Deus confiou a nós só é poder se no mesmo estiver alicerçado o amor e se toda a glória de sua manifestação for toda para Jesus. Pois Seu sacrifício foi por amor e só Ele é digno de toda a Glória.
 
Extraordinário: Um Deus que serve! Um Deus que não arromba portas, nem entra pela janela, por que não é um ladrão, é um Deus. Um Deus que bate em nossa porta para cear conosco. Aguarda que a gente abra a mesma e Lhe convide para entrar. Um Deus que pede permissão. Gentil e Educado! Um Deus que pergunta: “O que queres que eu Lhe faça?”. Um Deus que é General, mas engraxa as botas de Seus soldados. Um Deus que anda na contra-mão da lógica da humanidade. Um Deus que é Amor sobre o Poder. Um Deus que diz que a Própria Vida vale Sua Vida e entrega a mesma sem reservas. Doa até a última gota de sangue na cruz. Faz isso por você, por mim, por cada ser humano, sem levar em conta “merecimentos”. Faz isso por Graça!
 
O cristão vive, e deve viver, consciente de que a lógica de servir é “homem” servindo “Deus” (e homem servindo homem, o próximo, é claro). Mas Deus, vez por outra, surpreende o homem invertendo esta lógica. Quando isso acontece, o sobrenatural de Deus submerge aos nossos olhos. É o que chamamos de milagres! Deus simplesmente age assim. E isso não tem nada a ver com o que a gente é, mas com o Quem Deus é. Aliás, nós não somos, só Deus “É”! E sim, Ele é Amor!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

PREZADOS SENHORES, EU! ATENCIOSAMENTE G. K. CHESTERTON


Conta-se que em uma Igreja existiam 2 pregadores que eram ótimos na construção de seus sermões. Então começou uma discussão entre os jovens de qual deles pregava melhor (algo nada natural nas igrejas hoje em dia hehe). Uns diziam que era o primeiro e outros preferiam o segundo. Então os jovens, como estavam divididos em suas opiniões, decidiram ir questionar um ancião da igreja para fazer o “tira-teima”. Ao questionarem o ancião, a resposta veio da seguinte maneira: “Os dois são bons, mas quando um prega, fico feliz com tudo, quando o outro prega, fico mau comigo mesmo”.

Acho interessante esta história. Muita gente vai para a igreja buscar a Palavra de Deus para se sentir bem. Mas será que esta é a verdadeira essência do Evangelho!?

CS Lewis recomendou: “Aqueles que querem sentir-se bem, não recomendo o evangelho, recomendo uma boa garrafa de vinho”.

Creio que ele estava certo.

O evangelho, ou se preferir, boa notícia, de Jesus Cristo é um convite a vermos quão imundos nós somos, para que possamos dar vazão à ação de Deus. O Evangelho de Jesus, o Cristo, nos remete a tomar a mesma atitude de Pedro para com Jesus: “Senhor, afasta-se de mim, pois sou pecador”. Nos faz tomar a mesma atitude de Paulo, que batia a mão em seu próprio peito e dizia “Miserável homem que sou”.

Mas será que é essa a verdadeira visão que temos sobre o evangelho?

Vamos pensar...

Se você frequenta a igreja, domingo após domingo, e ao se deparar com a pergunta “Qual o maior pecador que você conhece?” não responder de bate-pronto e com plena convicção “Eu! Eu sou o maior pecador que conheço!” é por que há algo de errado no evangelho que você tem escutado. Da mesma forma, penso que, se ao orarmos, quando terminamos a nossa oração, não sentirmos em nosso coração a sensação “miserável homem que sou”, é por que talvez exista algo de errado em nosso modo de orar.

A Palavra nos ensina que a boca fala daquilo que o coração está cheio. Abro um parêntese aqui...Me lembro quando criança que, ao falar um palavrão, minha mãe me dizia: “vou lavar tua boca com sabão”. Talvez o mais correto seria ela ter dito “vou lavar o teu coração com sabão”...fecho parêntese.

Enfim, se a língua escancara aquilo que vive em nosso coração, dentro desta linha de raciocínio, muitos teólogos dizem que o conteúdo de nossas orações revelam o nosso coração e por consequência, o caráter.

Concordo com G. K. Chesterton, um cristão que reconhecia que a igreja da sua época não representava bem o evangelho de Jesus. Creio que isso ainda acontece hoje. Ele dizia que o comportamento lamentável dos cristãos gerava de fato o argumento mais forte contra o cristianismo. Os cristãos são prova cabal daquilo que a Bíblia ensina sobre a Queda.

Este foi o mesmo pensamento de Gandhi. Certa vez um missionário encontrou-se com ele na Índia, e perguntou-lhe:
“Senhor Gandhi, você sempre cita as palavras do Cristo, por que resiste tão duramente o cristianismo e rejeita tornar-se seu seguidor”?

Então respondeu-lhe Gandhi: "Eu não rejeito seu Cristo. Eu amo seu Cristo. Apenas creio que muitos de vocês cristãos são bem diferentes do vosso Cristo".

Talvez seja exatamente este o problema. Ao olharmos para os modelos de igrejas que se dizem “Cristãs”, fica cada vez mais difícil fazer com que o mundo aceite a Palavra de Deus. O evangelho não é um conjunto de palavras para fazer as pessoas se sentirem bem. Não é um livro de auto ajuda. Muito menos um livro para ensinar como manipular Deus. O evangelho foi escrito com sangue. Não qualquer sangue. Foi o sangue inocente do Filho do próprio Deus que nos criou.

Certa vez um jornalista perguntou a G. K. Chesterton qual o único livro que gostaria de ter caso fosse parar numa ilha deserta. Depois de uma pequena pausa, Chesterton respondeu: "Já sei: Guia prático para a construção de navios".

Pense numa ilha deserta como este mundo sujo no qual vivemos. Estamos jogados nesta ilha. Viemos para cá por causa do nosso pecado. Nós tornamos a nossa situação assim. O cristão é aquele que não se conforma. Que toma a mesma atitude de Chesterton e deseja ter em mãos um guia prático de construção de navios. Este guia é a Bíblia. As Escrituras Sagradas. Ela nos capacita a como sairmos desta situação. Entretanto, só é possível querer sair desta situação imunda causada pelo pecado se termos esta consciência de que somos pecadores.

Por isso volto a Chesterton:

Certa vez o jornal London Times pediu a alguns escritores que respondessem à pergunta: "O que há de errado com o mundo?". Chesterton enviou a resposta mais sucinta:

“Prezados Senhores:

Eu.

Atenciosamente,
G. K. Chesterton”

O Evangelho de Jesus Cristo nos faz cair de joelhos no chão. Elimina todo o discurso de mérito. Elimina toda a justificação da Lei. Elimina toda a justificação do nosso “eu”. Nos remete a perceber que tudo provém de Deus, principalmente o ato de reconciliação com o ser humano. Nos remete à Graça! O favor que Deus nos concede sem que jamais a gente faça por merecê-lo.

É este o Evangelho que você vive? Então responda para sua consciência: Qual o maior pecador que você conhece? Ousemos responder como Chesterton: "Eu!"

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

QUEM VAMOS DESPERTAR?

Diz a lenda que Leonardo Da Vinci levou sete anos para completar sua famosa obra chamada de "A Última Ceia". Conta-se que Leonardo desejava pintar todos os personagens baseando-se em modelos, ou seja, a partir de pessoas reais. Então Da Vinci decidiu começar o quadro pintando Jesus, o Cristo, e  saiu em busca de uma primeira pessoa para servir de modelo.
 
Ele buscava um rosto que mostrasse uma personalidade inocente, pacífica e ao mesmo tempo bela. Buscava um rosto livre das cicatrizes e os duros traços deixados pela vida intranquila do pecado. Um rosto que representasse o bem. Finalmente, após alguns meses de busca, selecionou um jovem de 19 anos de idade como seu modelo para pintar a imagem de Jesus. Por 6 meses Leonardo trabalhou para pintar somente o personagem principal da magnânima obra.
 
Terminada a pintura do personagem de Jesus, durante os 6 anos seguintes, Da Vinci continuou sua obra buscando às pessoas que representariam os apóstolos. Foi pintando um a um, mas optou por deixar para o final àquele que representaria Judas, o apóstolo  que traiu o filho de Deus por 30 moedas de prata. Chegado o momento de pintar Judas Iscariotes, Leonardo saiu em busca de um homem que representasse a face do mal. Procurava por um rosto com uma expressão dura e fria, calculista. Um rosto marcado por cicatrizes de avareza, decepção, traição, hipocrisia e crime. Um rosto que pudesse identificar uma pessoa que sem dúvida alguma trairia seu melhor amigo. A busca durou semanas. Então, após muitas frustradas tentativas de encontrar deste modelo, finalmente chegou aos ouvidos de Leonardo que existia um homem com estas características no calabouço de Roma.
 
Era um rapaz que estava sentenciado a morte por ter levado uma vida de roubo e assassinatos. Leonardo não teve dúvidas, partiu para Roma o mais rápido possível e pediu para ver aquele homem. Pediu aos guardas que o mesmo fosse trazido à luz do sol, para que ele pudesse observar o seu rosto. Então o rosto de um homem sem vida, maltratado, com cabelos longos caídos sobre olhos carregados de rancor, ódio e ruína se revelaram para Da Vinci. Ele não teve dúvidas, finalmente havia encontrado a face para modelar Judas em sua obra.
 
Por meio de uma permissão do rei, este prisioneiro foi transladado ao estúdio do artista em Milão e por vários meses o homem sentou-se silenciosamente em frente a Da Vinci enquanto ele continuava dando vida ao personagem na obra de arte.
 
Quando Leonardo deu a última pincelada em seu quadro, voltou-se aos guardas do prisioneiro e solicitou que levassem-no dali. Mas quando saíam do recinto o prisioneiro soltou-se e correu na direção de Leonardo gritando: - "Da Vinci! Olha para mim! Não reconheces quem eu sou?"
 
Leonardo Da Vinci fitou os seus olhos cuidadosamente no rosto do homem e segundos depois lhe respondeu: - "Nunca te vi em toda minha vida, até aquela tarde no calabouço de Roma."
 
O prisioneiro levantou seus olhos ao céu, caiu de joelhos ao chão e desesperadamente falou: - "Será que caí tão baixo assim!?"
 
Então voltou novamente seu rosto ao artista e disse: - "Leonardo! Olhe-me novamente! Eu sou aquele jovem que você escolheu para pintar o rosto Cristo há sete anos atrás!"
 
O ser humano carrega dentro de si a imagem e semelhança de Deus, mas infelizmente optou por troca-la pela imagem e semelhança do demônio. A vida do ser humano consiste em resgatar a imagem e semelhança de Deus. É uma busca diária e constante para descobrir como ser gente como gente deve ser.
 
Kant afirmou que a missão suprema de uma pessoa é saber o que ela precisa para ser pessoa. O cristianismo nos afirma que para sermos verdadeiramente humanos precisamos de Deus e precisamos de gente. É por isso que toda a lei divina se resume em amar à Deus, com toda força e entendimento, sobre todas as coisas e amar ao próximo como Deus nos amou.
 
Jesus foi o único ser que viveu isso plenamente na história. Viveu amando Deus sobre tudo e todos. Viveu amando ao próximo como amava à Deus. O resultado disso: Santidade! Nenhum pecado havia Nele. Tanto que não recebeu o salário do pecado que é a morte. Ressuscitou. Vive!
 
Nietzsche afirmou “Somente onde há sepulturas há também ressurreições”. Mas ouso reformular este pensamento dizendo: “Somente onde há santidade há também ressurreições”.
 
Sim, o salário da santidade é a ressurreição. Ser santo é ser separado, separado para Deus, separado do pecado, que consiste na condição de estar separado de Deus.
 
Você já experimentou responder para si mesmo, de forma sincera, a pergunta: “Por que faço o que faço quando o faço?”
 
A resposta é simples: “Faço o que faço quando faço por que eu quero!”
 
Somos escravos de nossas vontade. Somos puro ego. E a luta diária que todo cristão tem é anular sua própria vontade para dar vazão a vontade de Deus. Diria que 99% das nossas vontades vão de encontro a satisfação do nosso ego, e acabam resultando em pecado!
 
A lei revelada por Deus a Moisés, ou se preferir, a Torá, interpretada mediante aos ensinamentos de Jesus, é o parâmetro mínimo da ética e da moral do Cristão. Mas não é possível cumpri-la usando como recurso somente nossas forças. Aliás, somente tentando cumpri-la em plenitude, com nossas próprias forças, veremos que não somos capaz de cumpri-la. Só podemos viver a lei se Deus estiver conosco. A lei de Deus interpretada pela vida e ensinamentos de Jesus, o Cristo, é a lanterna que ilumina a nossa imundice causada pelo pecado mediante as trevas. Por isso que só é possível cumpri-la em Cristo Jesus. Pois o Seus Santo Sangue nos purifica em Graça. E aqui está o ponto extraordinário do caráter de Deus. A Graça! O favor imerecido concedido por Deus à nós, merecedores do inferno.
 
Olhe estas duas situações em que Pedro, o apóstolo, demonstra que sabia muito bem disso...
 
A primeira...
 
E, quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.
E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede.
E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede.
E fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique.
E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador.
Lucas 5:4-8
 
A segunda...
 
Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: "Dura é essa palavra. Quem consegue ouvi-la? "
Sabendo em seu íntimo que os seus discípulos estavam se queixando do que ouviram, Jesus lhes disse: "Isso os escandaliza?
Que acontecerá se vocês virem o Filho do homem subir para onde estava antes!
O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida.
Contudo, há alguns de vocês que não creem". Pois Jesus sabia desde o princípio quais deles não criam e quem o iria trair.
E prosseguiu: "É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai".
Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo.
Jesus perguntou aos Doze: "Vocês também não querem ir? "
Simão Pedro lhe respondeu: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna.
Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus".
João 6:60-69
 
“Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador” e “Senhor, para quem iremos se só Tu tens as palavras de vida eterna?” (repara que é para “quem” e não para “onde” iremos!)
 
É mediante a estas lentes, as mesmas que Pedro usou nestas situações, que caímos de joelhos dizendo: “Sou a miséria da criação! Obrigado Senhor, por agir assim para comigo baseando-se em Quem Tu és e sem levar em consideração aquilo que sou!”
 
Juliano Son pregou: “A vida é um milagre intencional da vontade de Deus. Você só existe por que Deus te amou antes da fundação do mundo”. Em outras palavras, Deus sonhou com você antes da fundação do mundo. Ele te planejou você antes da fundação do mundo. Ele te amou antes da fundação do mundo.
 
Adélia Prado afirmou acertadamente que aquilo que a memória amou fica para a eternidade. A memória de Deus te amou muito antes deste mundo ser criado. Por isso Ele deu a vida do Seu Filho Amado em resgate pela sua vida. Eu, você e todos ao nosso redor são as ovelhas perdidas que o Bom Pastor procura.
 
Conta-se a história de que um pai tinha dois filhos gêmeos. Ele era alcoólatra e batia muito nos filhos. Espancava ambos por qualquer motivo. Então certa noite, voltando do bar, alcoolizado e dirigindo em uma estrada, o homem bateu o carro e veio a falecer. Os meninos então se separam e cada um foi viver sua vida em lugares diferentes e distantes. Anos depois, o irmão do pai destes meninos resolveu ir visita-los para ver como eles estavam. Encontrou o primeiro sobrinho na sarjeta. Estava envolvido com drogas, crime de tráfegos e havia contraído HIV. Então o tio lhe perguntou: “ –  Como sua vida tomou este rumo?”. Então o rapaz lhe respondeu com imensa amargura: “ – Com o pai que eu tinha, só isso poderia ter acontecido comigo!”. Dias depois o tio foi visitar o outro sobrinho. Encontrou o segundo sobrinho casado, com filhos, bem sucedido profissionalmente. Sem falar da real situação na qual o irmão do rapaz se encontrava e espantado com a diferença das situações entre os seus dois sobrinhos, ele lhe perguntou: “ – Como sua vida tomou este rumo?”. Então o seu segundo sobrinho lhe respondeu sorrindo: “ – Com o pai que eu tinha, só isso poderia ter acontecido comigo!”.
 
Uma atitude! Um passo! Uma maneira de enxergar e sua situação! Bem sabe disso o Pastor Villy Fomin que afirma por diversas vezes em seus sermões que a situação de vida de alguém não a define como pessoa. É exatamente esta a boa nova que Jesus trouxe para a humanidade. A situação de trevas na qual o pecado nos fez cair não nos define como seres. Quem nos define como seres humanos é Jesus.
 
Dentro de nós habita um Tomé, um Pedro, um João, um Judas, um Pilatos, um Hitler, uma Madre Teresa de Calcutá, um Gandhi...e por ai vai...todos adormecidos. Vira e mexe eles despertam como vislumbres de nossa personalidade. A boa notícia é que apesar de todos estes, habita também em nós, Jesus, o Cristo. Quem escolheremos despertar!? Quem prevalecerá em nosso rosto, a face de Jesus ou a face de Judas?

terça-feira, 17 de setembro de 2013

SOBRE PECADINHO E PECADÃO


Muitos dizem que não existe nem “pecadinho” e nem “pecadão”. Esta é uma discussão antiga dentro do cristianismo e aparentemente, parece ser um assunto indiferente para os verdadeiros cristãos, afinal somos chamados a ser santos, separados para Deus, e neste sentido pecado é simplesmente pecado. Dentro deste contexto, o cristão não deve pecar. Se pecar, deverá ser um acidente e não uma escolha. Particularmente acredito que as escrituras sagradas nos mostram um cenário bem diferente do fator “pecadinho” ou “pecadão”.

 

A maior evidência disso é Lucas 12:10:

 

Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado. Lucas 12:10

 

A blasfêmia contra o Espírito Santo é um pecado sem perdão. Ora, se há um pecado cujo o peso é tão grande que não há perdão, então este pecado é maior do que outros. Você pode me dizer, “ahhh, mas isto não evidência que existem pecados maiores ou menores, é um pensamento muito raso!”. Bom,  a Palavra também nos diz que quando Jesus foi levado para ser julgado por Pôncio Pilatos, Ele lhe disse:

 

Jesus respondeu(a Pilatos): "Não terias nenhuma autoridade sobre mim, se esta não te fosse dada de cima. Por isso, aquele que me entregou a ti é culpado de um pecado maior". João 19:11

 

Ao dizer “aquele que me entregou a ti é culpado de um pecado maior” Jesus poderia estar se referindo que o pecado dos fariseus era maior do que o de Pilatos, assim como poderia estar se referindo que o pecado Lúcifer era maior do que o de Pilatos. Mas de fato há um pecado maior do que o de Pilatos dentro do contexto.

 

Se esta linha de raciocínio ainda lhe parece muito rasa, pense no que aconteceu com Sodoma e Gomorra (Genesis 19:24). É um sinal de que Deus tolera o pecado até um “certo nível”. O pecado tem limite. Ambas cidades foram destruídas por Deus por que seus pecados passaram o nível de tolerância aceitável pelo Senhor. Entraram em um nível de pecado em que não havia mais volta. Seus corações estavam possuídos por seus egos absolutos. O mesmo aconteceu em Gênesis 7:6 quando Deus enche a terra com águas, varrendo da face da terra todos os pecadores que se permitiram tornar-se egos absolutos e salvando apenas Noé e sua família.

 

Sim, creio que existe “pecadinho” e “pecadão”. Me lembro de um exemplo relatado pelo Pastor Ricardo Gondim que ilustra bem este pensamento:

 

“Pense em dois motoristas de ônibus. Um acabou de tirar a carteira de motorista. Outro já dirige há 25 anos. Ambos farão a mesma manobra. O primeiro, aquele que é novato, ao estacionar, rala a lateral do ônibus. O mesmo acontece com o outro, o experiente. Ele também rala a lateral do ônibus. Pense que ambos cometeram o erro sem considerar fatores externos, como o fato de um acordou mal no dia e outro não. Pense em ambos nas mesmas circunstâncias, levando em consideração o fato de um ser mais experiente e o outro não. Para qual deles a consequência da “ralada” irá ser maior? Claro que para o mais experiente, afinal o cara está a 25 anos trabalhando com isso”.

 

Dentro do contexto de “pecadinho” e “pecadão” não podemos esquecer que temos um Deus justo. Um Deus que tudo sabe. Um Deus que não julgará um índio que vive isolado na Amazônia, sem nunca ter visto alguma bíblia ou ter recebido um missionário para lhe levar a boa nova do evangelho, com o mesmo peso que julgará Hitler. É claro que a Palavra diz que todos pecaram, mas ela também fala que Deus é justo.

 

Termino dizendo...

 

Sim, concordo que pecado é pecado. Pecado tem que ser visto como pecado e não deve ser cometido. Concordo que um pecadinho, por mais pequeno que seja, é uma afronta à santidade de Deus. Concordo também que é impossível viver sem pecar, mas dentro de todo este contexto ficam os desafios essenciais de todo cristão:

 

- Viver consciente que o pecado, para aqueles que se tornaram nova criatura em Jesus, o Cristo, não é uma escolha, ou seja uma opção. Se ele acontecer, será um acidente e neste caso, deveremos voltar correndo para a cruz do calvário.

- Viver consciente de que sendo o corpo do ser humano um “monte de pó, argila, barro”, o do cristão é o monte calvário, sua consciência é a cruz e seu coração é o Cristo crucificado.

- Viver consciente que o seu pecado sempre será maior do que o do seu irmão, para que você tenha plena consciência de que é o menor de todos e que carece hoje e sempre a graça e misericórdia de Deus. Afinal quanto maior sermos conscientes do nosso pecado, maior será a experiência da Cruz de Jesus, da Sua Misericórdia e de Seu Perdão. Vivendo assim, deixaremos de lado o nosso juízo e daremos o espaço devido ao Juízo de Deus, que é perfeito.

 

Perceba que o em todos os desafios estão presentes a palavra “consciente”. Ora, o que é o pecado senão uma anestesia na consciência do homem? O Cristão preserva a consciência. Faz isso dando vasão ao agir do  Espírito Santo. Quem preserva a consciência se preserva íntegro. Se você pratica o mau e ao colocar a sua consciência no travesseiro para dormir à noite não se sente incomodado, é sinal de que sua consciência pode estar anestesiada. Se você tenta praticar o bem, e ainda assim faz coisas ruins, e quando coloca a sua consciência no travesseiro para dormir à noite se sente muito mal, é o Espírito Santo lhe guiando para o caminho de volta, do arrependimento.

 
O Reino de Deus nasce no coração do homem e se consuma em sua consciência. Os bons frutos que vemos nas atitudes daqueles que nasceram novamente em Jesus são movidos pela consciência. É ela quem dirige os nossos pensamentos e atos. Talvez ela é o coração da alma. Precisamos aprender a amar com a consciência.

Que Deus nos abençoe.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

O INVENTOR DA MÁQUINA DO TEMPO

Rubem Alves relata em seu livro “Lições do Velho Professor” relatou...

“...recebi um e-mail em inglês: uma mulher... Desculpava-se pelo inglês. Era uma emigrante egípcia. Entendia bem o português, lia os meus livros e gostava deles. Escrevia-me para me dizer que, no meu livro para as minhas netas, eu usara uma palavra que a apunhalara...

Uma única palavra com o poder de apunhalar! Que palavra poderosa poderia ter sido essa?

"Fui apunhalada pelo guarda-comida", ela disse. "Eu havia me esquecido de que essa palavra existia. O tempo a mergulhara no esquecimento. Mas, quando a li, o meu passado voltou. Instantaneamente, me vi menina de seis anos na cozinha da minha casa no Cairo, sessenta anos antes. Lá havia um guarda-comida."  E ela disse o nome em francês: garde-manger . "A palavra anulou o espaço: atravessei o Atlântico... A palavra anulou o tempo: o passado ficou presente, ressuscitou do esquecimento..."

Ele finaliza o relato dizendo...

“Aprendi então que máquinas do tempo existem. Elas se chamam ‘palavras’.“

 
Quando li este texto de Rubem Alves me lembrei das palavras do evangelista João:
 
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.
Ele estava no princípio com Deus.” João 1:1-2
 
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.”
João 1:14
 
Pensei: As Escrituras Sagradas são palavras inspiradas por Deus. Palavras inspiradas pelo Espírito Santo. Deus é a própria palavra. Ele vive acima do tempo. Para Ele o tempo não é uma “prisão”. Ele é Deus, sendo assim é Deus também sobre o tempo. Ele criou o tempo. Sua Palavra desliza sobre o tempo. Ele desliza sobre o tempo. Sua Palavra Vive. Ela permaneceu desde o antes de tudo e segue viva hoje. Viverá sempre. Pois a Palavra do Senhor do Tempo se faz Máquina do Tempo. Deus se faz máquina do tempo. Transporta a mensagem de reconciliação de Deus a todos nós rompendo o tempo e o espaço. Traz para os dias de hoje o clamor de Jesus Cristo na cruz do calvário que diz: “Pai, perdoa-os pois eles não sabem o que fazem!”. Escancara diante de nós o convite para vivermos os valores do Reino de Deus.
 
A Palavra é Deus. Deus é Amor. O Amor Sonha. O Amor tem Esperança. Talvez João poderia ter dito...
 
“No princípio era o Sonho....e o Sonho se fez carne”...ou “No princípio era a Esperança...e a Esperança se fez carne”...
 
Heresia!? Creio de coração que não...
 
Pois Deus tinha um sonho: relacionar-se com um ser humano à Sua Imagem e Semelhança...mas num primeiro momento este sonho não se concretizou...o homem lhe virou as costas.
 
Mas Deus tinha esperança (não se desesperou com o nosso ato) de que seu sonho se tornaria realidade. E o sonho e a esperança de Deus se concretizaram na Vida, Morte e Ressurreição de Jesus de Nazaré, o Messias. Nele o sonho de Deus se concretizou. Nele a esperança de Deus se tornou realidade. O Sonho e a Esperança estão conectadas no Amor. O Amor é Deus. Ele é o Verbo. Ele se fez carne. Ele inventou a Máquina do Tempo. Ele se fez “Máquina do Tempo” para que todos nós possamos ser adotados como filhos através do Santo Sangue de Jesus Cristo. Ele se fez Máquina do Tempo para nos resgatar, para se reconciliar conosco.
 
Concordo com Rubem Alves...Máquinas do Tempo existem...mas penso um pouco além...a verdadeira Máquina do Tempo é a Palavra de Deus, pois é a única que tem o poder de nos arrebatar, para fora do tempo, para fora deste espaço, para dentro dos átrios do Pai.