quarta-feira, 18 de setembro de 2013

QUEM VAMOS DESPERTAR?

Diz a lenda que Leonardo Da Vinci levou sete anos para completar sua famosa obra chamada de "A Última Ceia". Conta-se que Leonardo desejava pintar todos os personagens baseando-se em modelos, ou seja, a partir de pessoas reais. Então Da Vinci decidiu começar o quadro pintando Jesus, o Cristo, e  saiu em busca de uma primeira pessoa para servir de modelo.
 
Ele buscava um rosto que mostrasse uma personalidade inocente, pacífica e ao mesmo tempo bela. Buscava um rosto livre das cicatrizes e os duros traços deixados pela vida intranquila do pecado. Um rosto que representasse o bem. Finalmente, após alguns meses de busca, selecionou um jovem de 19 anos de idade como seu modelo para pintar a imagem de Jesus. Por 6 meses Leonardo trabalhou para pintar somente o personagem principal da magnânima obra.
 
Terminada a pintura do personagem de Jesus, durante os 6 anos seguintes, Da Vinci continuou sua obra buscando às pessoas que representariam os apóstolos. Foi pintando um a um, mas optou por deixar para o final àquele que representaria Judas, o apóstolo  que traiu o filho de Deus por 30 moedas de prata. Chegado o momento de pintar Judas Iscariotes, Leonardo saiu em busca de um homem que representasse a face do mal. Procurava por um rosto com uma expressão dura e fria, calculista. Um rosto marcado por cicatrizes de avareza, decepção, traição, hipocrisia e crime. Um rosto que pudesse identificar uma pessoa que sem dúvida alguma trairia seu melhor amigo. A busca durou semanas. Então, após muitas frustradas tentativas de encontrar deste modelo, finalmente chegou aos ouvidos de Leonardo que existia um homem com estas características no calabouço de Roma.
 
Era um rapaz que estava sentenciado a morte por ter levado uma vida de roubo e assassinatos. Leonardo não teve dúvidas, partiu para Roma o mais rápido possível e pediu para ver aquele homem. Pediu aos guardas que o mesmo fosse trazido à luz do sol, para que ele pudesse observar o seu rosto. Então o rosto de um homem sem vida, maltratado, com cabelos longos caídos sobre olhos carregados de rancor, ódio e ruína se revelaram para Da Vinci. Ele não teve dúvidas, finalmente havia encontrado a face para modelar Judas em sua obra.
 
Por meio de uma permissão do rei, este prisioneiro foi transladado ao estúdio do artista em Milão e por vários meses o homem sentou-se silenciosamente em frente a Da Vinci enquanto ele continuava dando vida ao personagem na obra de arte.
 
Quando Leonardo deu a última pincelada em seu quadro, voltou-se aos guardas do prisioneiro e solicitou que levassem-no dali. Mas quando saíam do recinto o prisioneiro soltou-se e correu na direção de Leonardo gritando: - "Da Vinci! Olha para mim! Não reconheces quem eu sou?"
 
Leonardo Da Vinci fitou os seus olhos cuidadosamente no rosto do homem e segundos depois lhe respondeu: - "Nunca te vi em toda minha vida, até aquela tarde no calabouço de Roma."
 
O prisioneiro levantou seus olhos ao céu, caiu de joelhos ao chão e desesperadamente falou: - "Será que caí tão baixo assim!?"
 
Então voltou novamente seu rosto ao artista e disse: - "Leonardo! Olhe-me novamente! Eu sou aquele jovem que você escolheu para pintar o rosto Cristo há sete anos atrás!"
 
O ser humano carrega dentro de si a imagem e semelhança de Deus, mas infelizmente optou por troca-la pela imagem e semelhança do demônio. A vida do ser humano consiste em resgatar a imagem e semelhança de Deus. É uma busca diária e constante para descobrir como ser gente como gente deve ser.
 
Kant afirmou que a missão suprema de uma pessoa é saber o que ela precisa para ser pessoa. O cristianismo nos afirma que para sermos verdadeiramente humanos precisamos de Deus e precisamos de gente. É por isso que toda a lei divina se resume em amar à Deus, com toda força e entendimento, sobre todas as coisas e amar ao próximo como Deus nos amou.
 
Jesus foi o único ser que viveu isso plenamente na história. Viveu amando Deus sobre tudo e todos. Viveu amando ao próximo como amava à Deus. O resultado disso: Santidade! Nenhum pecado havia Nele. Tanto que não recebeu o salário do pecado que é a morte. Ressuscitou. Vive!
 
Nietzsche afirmou “Somente onde há sepulturas há também ressurreições”. Mas ouso reformular este pensamento dizendo: “Somente onde há santidade há também ressurreições”.
 
Sim, o salário da santidade é a ressurreição. Ser santo é ser separado, separado para Deus, separado do pecado, que consiste na condição de estar separado de Deus.
 
Você já experimentou responder para si mesmo, de forma sincera, a pergunta: “Por que faço o que faço quando o faço?”
 
A resposta é simples: “Faço o que faço quando faço por que eu quero!”
 
Somos escravos de nossas vontade. Somos puro ego. E a luta diária que todo cristão tem é anular sua própria vontade para dar vazão a vontade de Deus. Diria que 99% das nossas vontades vão de encontro a satisfação do nosso ego, e acabam resultando em pecado!
 
A lei revelada por Deus a Moisés, ou se preferir, a Torá, interpretada mediante aos ensinamentos de Jesus, é o parâmetro mínimo da ética e da moral do Cristão. Mas não é possível cumpri-la usando como recurso somente nossas forças. Aliás, somente tentando cumpri-la em plenitude, com nossas próprias forças, veremos que não somos capaz de cumpri-la. Só podemos viver a lei se Deus estiver conosco. A lei de Deus interpretada pela vida e ensinamentos de Jesus, o Cristo, é a lanterna que ilumina a nossa imundice causada pelo pecado mediante as trevas. Por isso que só é possível cumpri-la em Cristo Jesus. Pois o Seus Santo Sangue nos purifica em Graça. E aqui está o ponto extraordinário do caráter de Deus. A Graça! O favor imerecido concedido por Deus à nós, merecedores do inferno.
 
Olhe estas duas situações em que Pedro, o apóstolo, demonstra que sabia muito bem disso...
 
A primeira...
 
E, quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar.
E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede.
E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede.
E fizeram sinal aos companheiros que estavam no outro barco, para que os fossem ajudar. E foram, e encheram ambos os barcos, de maneira tal que quase iam a pique.
E vendo isto Simão Pedro, prostrou-se aos pés de Jesus, dizendo: Senhor, ausenta-te de mim, que sou um homem pecador.
Lucas 5:4-8
 
A segunda...
 
Ao ouvirem isso, muitos dos seus discípulos disseram: "Dura é essa palavra. Quem consegue ouvi-la? "
Sabendo em seu íntimo que os seus discípulos estavam se queixando do que ouviram, Jesus lhes disse: "Isso os escandaliza?
Que acontecerá se vocês virem o Filho do homem subir para onde estava antes!
O Espírito dá vida; a carne não produz nada que se aproveite. As palavras que eu lhes disse são espírito e vida.
Contudo, há alguns de vocês que não creem". Pois Jesus sabia desde o princípio quais deles não criam e quem o iria trair.
E prosseguiu: "É por isso que eu lhes disse que ninguém pode vir a mim, a não ser que isto lhe seja dado pelo Pai".
Daquela hora em diante, muitos dos seus discípulos voltaram atrás e deixaram de segui-lo.
Jesus perguntou aos Doze: "Vocês também não querem ir? "
Simão Pedro lhe respondeu: "Senhor, para quem iremos? Tu tens as palavras de vida eterna.
Nós cremos e sabemos que és o Santo de Deus".
João 6:60-69
 
“Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador” e “Senhor, para quem iremos se só Tu tens as palavras de vida eterna?” (repara que é para “quem” e não para “onde” iremos!)
 
É mediante a estas lentes, as mesmas que Pedro usou nestas situações, que caímos de joelhos dizendo: “Sou a miséria da criação! Obrigado Senhor, por agir assim para comigo baseando-se em Quem Tu és e sem levar em consideração aquilo que sou!”
 
Juliano Son pregou: “A vida é um milagre intencional da vontade de Deus. Você só existe por que Deus te amou antes da fundação do mundo”. Em outras palavras, Deus sonhou com você antes da fundação do mundo. Ele te planejou você antes da fundação do mundo. Ele te amou antes da fundação do mundo.
 
Adélia Prado afirmou acertadamente que aquilo que a memória amou fica para a eternidade. A memória de Deus te amou muito antes deste mundo ser criado. Por isso Ele deu a vida do Seu Filho Amado em resgate pela sua vida. Eu, você e todos ao nosso redor são as ovelhas perdidas que o Bom Pastor procura.
 
Conta-se a história de que um pai tinha dois filhos gêmeos. Ele era alcoólatra e batia muito nos filhos. Espancava ambos por qualquer motivo. Então certa noite, voltando do bar, alcoolizado e dirigindo em uma estrada, o homem bateu o carro e veio a falecer. Os meninos então se separam e cada um foi viver sua vida em lugares diferentes e distantes. Anos depois, o irmão do pai destes meninos resolveu ir visita-los para ver como eles estavam. Encontrou o primeiro sobrinho na sarjeta. Estava envolvido com drogas, crime de tráfegos e havia contraído HIV. Então o tio lhe perguntou: “ –  Como sua vida tomou este rumo?”. Então o rapaz lhe respondeu com imensa amargura: “ – Com o pai que eu tinha, só isso poderia ter acontecido comigo!”. Dias depois o tio foi visitar o outro sobrinho. Encontrou o segundo sobrinho casado, com filhos, bem sucedido profissionalmente. Sem falar da real situação na qual o irmão do rapaz se encontrava e espantado com a diferença das situações entre os seus dois sobrinhos, ele lhe perguntou: “ – Como sua vida tomou este rumo?”. Então o seu segundo sobrinho lhe respondeu sorrindo: “ – Com o pai que eu tinha, só isso poderia ter acontecido comigo!”.
 
Uma atitude! Um passo! Uma maneira de enxergar e sua situação! Bem sabe disso o Pastor Villy Fomin que afirma por diversas vezes em seus sermões que a situação de vida de alguém não a define como pessoa. É exatamente esta a boa nova que Jesus trouxe para a humanidade. A situação de trevas na qual o pecado nos fez cair não nos define como seres. Quem nos define como seres humanos é Jesus.
 
Dentro de nós habita um Tomé, um Pedro, um João, um Judas, um Pilatos, um Hitler, uma Madre Teresa de Calcutá, um Gandhi...e por ai vai...todos adormecidos. Vira e mexe eles despertam como vislumbres de nossa personalidade. A boa notícia é que apesar de todos estes, habita também em nós, Jesus, o Cristo. Quem escolheremos despertar!? Quem prevalecerá em nosso rosto, a face de Jesus ou a face de Judas?

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