segunda-feira, 23 de setembro de 2013

PREZADOS SENHORES, EU! ATENCIOSAMENTE G. K. CHESTERTON


Conta-se que em uma Igreja existiam 2 pregadores que eram ótimos na construção de seus sermões. Então começou uma discussão entre os jovens de qual deles pregava melhor (algo nada natural nas igrejas hoje em dia hehe). Uns diziam que era o primeiro e outros preferiam o segundo. Então os jovens, como estavam divididos em suas opiniões, decidiram ir questionar um ancião da igreja para fazer o “tira-teima”. Ao questionarem o ancião, a resposta veio da seguinte maneira: “Os dois são bons, mas quando um prega, fico feliz com tudo, quando o outro prega, fico mau comigo mesmo”.

Acho interessante esta história. Muita gente vai para a igreja buscar a Palavra de Deus para se sentir bem. Mas será que esta é a verdadeira essência do Evangelho!?

CS Lewis recomendou: “Aqueles que querem sentir-se bem, não recomendo o evangelho, recomendo uma boa garrafa de vinho”.

Creio que ele estava certo.

O evangelho, ou se preferir, boa notícia, de Jesus Cristo é um convite a vermos quão imundos nós somos, para que possamos dar vazão à ação de Deus. O Evangelho de Jesus, o Cristo, nos remete a tomar a mesma atitude de Pedro para com Jesus: “Senhor, afasta-se de mim, pois sou pecador”. Nos faz tomar a mesma atitude de Paulo, que batia a mão em seu próprio peito e dizia “Miserável homem que sou”.

Mas será que é essa a verdadeira visão que temos sobre o evangelho?

Vamos pensar...

Se você frequenta a igreja, domingo após domingo, e ao se deparar com a pergunta “Qual o maior pecador que você conhece?” não responder de bate-pronto e com plena convicção “Eu! Eu sou o maior pecador que conheço!” é por que há algo de errado no evangelho que você tem escutado. Da mesma forma, penso que, se ao orarmos, quando terminamos a nossa oração, não sentirmos em nosso coração a sensação “miserável homem que sou”, é por que talvez exista algo de errado em nosso modo de orar.

A Palavra nos ensina que a boca fala daquilo que o coração está cheio. Abro um parêntese aqui...Me lembro quando criança que, ao falar um palavrão, minha mãe me dizia: “vou lavar tua boca com sabão”. Talvez o mais correto seria ela ter dito “vou lavar o teu coração com sabão”...fecho parêntese.

Enfim, se a língua escancara aquilo que vive em nosso coração, dentro desta linha de raciocínio, muitos teólogos dizem que o conteúdo de nossas orações revelam o nosso coração e por consequência, o caráter.

Concordo com G. K. Chesterton, um cristão que reconhecia que a igreja da sua época não representava bem o evangelho de Jesus. Creio que isso ainda acontece hoje. Ele dizia que o comportamento lamentável dos cristãos gerava de fato o argumento mais forte contra o cristianismo. Os cristãos são prova cabal daquilo que a Bíblia ensina sobre a Queda.

Este foi o mesmo pensamento de Gandhi. Certa vez um missionário encontrou-se com ele na Índia, e perguntou-lhe:
“Senhor Gandhi, você sempre cita as palavras do Cristo, por que resiste tão duramente o cristianismo e rejeita tornar-se seu seguidor”?

Então respondeu-lhe Gandhi: "Eu não rejeito seu Cristo. Eu amo seu Cristo. Apenas creio que muitos de vocês cristãos são bem diferentes do vosso Cristo".

Talvez seja exatamente este o problema. Ao olharmos para os modelos de igrejas que se dizem “Cristãs”, fica cada vez mais difícil fazer com que o mundo aceite a Palavra de Deus. O evangelho não é um conjunto de palavras para fazer as pessoas se sentirem bem. Não é um livro de auto ajuda. Muito menos um livro para ensinar como manipular Deus. O evangelho foi escrito com sangue. Não qualquer sangue. Foi o sangue inocente do Filho do próprio Deus que nos criou.

Certa vez um jornalista perguntou a G. K. Chesterton qual o único livro que gostaria de ter caso fosse parar numa ilha deserta. Depois de uma pequena pausa, Chesterton respondeu: "Já sei: Guia prático para a construção de navios".

Pense numa ilha deserta como este mundo sujo no qual vivemos. Estamos jogados nesta ilha. Viemos para cá por causa do nosso pecado. Nós tornamos a nossa situação assim. O cristão é aquele que não se conforma. Que toma a mesma atitude de Chesterton e deseja ter em mãos um guia prático de construção de navios. Este guia é a Bíblia. As Escrituras Sagradas. Ela nos capacita a como sairmos desta situação. Entretanto, só é possível querer sair desta situação imunda causada pelo pecado se termos esta consciência de que somos pecadores.

Por isso volto a Chesterton:

Certa vez o jornal London Times pediu a alguns escritores que respondessem à pergunta: "O que há de errado com o mundo?". Chesterton enviou a resposta mais sucinta:

“Prezados Senhores:

Eu.

Atenciosamente,
G. K. Chesterton”

O Evangelho de Jesus Cristo nos faz cair de joelhos no chão. Elimina todo o discurso de mérito. Elimina toda a justificação da Lei. Elimina toda a justificação do nosso “eu”. Nos remete a perceber que tudo provém de Deus, principalmente o ato de reconciliação com o ser humano. Nos remete à Graça! O favor que Deus nos concede sem que jamais a gente faça por merecê-lo.

É este o Evangelho que você vive? Então responda para sua consciência: Qual o maior pecador que você conhece? Ousemos responder como Chesterton: "Eu!"

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