segunda-feira, 2 de setembro de 2013

ENTRE O "MALA MEN" E O MALÍGNO

O assunto da aula era 'medo'. A professora começou perguntando...” - Pedrinho, do que você tem mais medo?”.
“- Da mula-sem-cabeça, professora” respondeu o menino. Então a professora argumentou: “- Mas, Pedrinho, a mula-sem-cabeça não existe. É apenas uma lenda... Você não precisa ter medo.”
Dando continuidade à aula, a professora virou-se para uma outra aluna e perguntou: “ - Mariazinha, do que você tem mais medo?”
“ - Do saci-pererê, professora.” Respondeu ela. Mais uma vez a professora argumenta: “ - Mariazinha o saci-pererê também não existe. É somente outra lenda... Você não precisa ter medo.”
Chega então a vez do famoso Joãozinho. A professora dispara: “ - E você, Joãozinho? Do que tem mais medo?”
“ - Do Mala Men, professora!”. Responde o Joãozinho de “bate-pronto”.
Então a retruca a professora espantada: “ - Mala Men, Joãozinho? Nunca ouvi falar... Quem é esse tal de Mala Men?”
Logo vem a resposta do Joãozinho “ - Quem é eu também não sei professora. Mas toda noite minha mãe diz na Oração: 'Não nos deixais cair em tentação e livrai-nos do 'Mala Men'.”
 
Piadinha velha esta não é!? Sem graça!? Talvez, Hehe, mas enfim, creio que nos remete a um comportamento muito comum na nossa rotina cristã.
 
Pergunto: Quem é o seu “MALA MEN”? ...bandidos, trombadinhas, azar, acidente de carro, o demônio!?
 
Será que quando Jesus estava ensinando os discípulos a orar (em Lucas 11:1-4), quando ele disse “Livra-nos do mal” ele estava ensinando uma lógica neste sentido?
 
As palavras de Jesus “...e não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos do mal.” em Lucas 11:4, nos convida a uma lógica que vai além de livramentos externos. Ao dizer “livrai-nos do mal”, Jesus estava dizendo o mesmo que “livrai-nos do maligno”, no sentido de que Deus nos livrasse de...
 
...sermos mau
...sermos morada da maldade
...sermos veículos da maldade!
 
“Deus, livrai-nos de que o bem, que somente Tu tens em plenitude, se ausente de nós”....ou ... “Deus, livrai-nos de que o bem, que somente vem de Ti, se ausente de nós”...talvez essa reestruturação de linguagem, mais aproximada para os nossos dias atuais, nos faça entender melhor o que Jesus estava querendo nos ensinar. É claro que a conotação “livra-nos de pessoas más” ou “livra-nos do demônio” está presente, mas muito mais do que isso, o “livrai-nos do maligno” ensinado por Jesus trás a ênfase em preservamos o nosso coração contra a maldade, zelando para que o amor e a bondade que Deus nos concedeu como empréstimo permaneça viva em nós. Como consequência, zelar pelo bem concedido por Deus, implica em viver os valores do Reino do Pai, pois a bondade do Pai jamais é concedida para ficar enclausurada dentro do nosso próprio ego. Ela nos foi concedida para ser compartilhada, pois Deus nos criou seres relacionais, mas muito mais que isso, Deus nos criou seres relacionais para o amor e, consequentemente, para o bem.
 
Muitos podem ser os “mala mens” que resultem na sua proclamação de “livrai-nos do mal”, mas o principal “mala men” que devemos buscar livramento é justamente do nosso próprio “eu”. É fato que o demônio é inimigo de nossas almas. Mas o nosso “eu” muitas vezes se faz mais perigoso do que o próprio demônio. A palavra nos diz que não há nenhum dentre nós que procure o bem. Somos pecadores. O nosso “eu” é dotado de um coração enganoso. Enquanto dentro dele o nosso “ego” ditar as regras, não conseguimos dar espaço para o Espírito Santo se fazer morada em nós. É nisto que consiste o pecado original que a Palavra tanto nos fala. Em colocar no lugar de Deus o nosso próprio “eu”. Devemos lutar constantemente contra isso, pois observe Lúcifer, ele deu espaço para que seu próprio eu dominasse suas atitudes. Resultado: se tornou um ego absoluto. Ficou cego. Permitiu que sua consciência fosse anestesiada. Com isso iniciou uma rebelião. Nós aderimos a esta rebelião nos fazendo semelhantes a ele: dando vazão para o nosso ego. Por isso, muito mais que orar para que Deus nos de que algum mau aconteça conosco, devemos orar para que nós não nos tornemos malignos. Muito mais que aplicar um “livrai-nos do mal” com relação a não sofrer um acidente de carro, devemos aplicar o “livrai-nos do mal” de deixar que o nosso coração procure os interesses do nosso ego. Afinal um homem pode sofrer um acidente de carro e ainda assim ser uma pessoa consciente da dependência de Deus para viver. Diferente de uma pessoa que pode sofrer um livramento de um acidente de carro e que acha que isso aconteceu por que o seu “eu” foi “sensacional” ao ter um reflexo para se desviar de uma colisão.
 
Diariamente, constantemente...que Deus nos livre de sermos mau. Que Deus nos livre de deixarmos o bem, que recebemos pela Divina Graça do Criador, se ausentar de nossos corações. Que Deus nos dê sabedoria para conservarmos nossos corações nos valores do Reino cujo o Rei é Jesus, o Cristo.

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