O assunto da aula era 'medo'. A professora começou
perguntando...” - Pedrinho, do que você tem mais medo?”.
“- Da mula-sem-cabeça, professora” respondeu o menino. Então
a professora argumentou: “- Mas, Pedrinho, a mula-sem-cabeça não existe. É
apenas uma lenda... Você não precisa ter medo.”
Dando continuidade à aula, a professora virou-se para uma
outra aluna e perguntou: “ - Mariazinha, do que você tem mais medo?”
“ - Do saci-pererê, professora.” Respondeu ela. Mais uma vez
a professora argumenta: “ - Mariazinha o saci-pererê também não existe. É
somente outra lenda... Você não precisa ter medo.”
Chega então a vez do famoso Joãozinho. A professora dispara:
“ - E você, Joãozinho? Do que tem mais medo?”
“ - Do Mala Men, professora!”. Responde o Joãozinho de
“bate-pronto”.
Então a retruca a professora espantada: “ - Mala Men,
Joãozinho? Nunca ouvi falar... Quem é esse tal de Mala Men?”
Logo vem a resposta do Joãozinho “ - Quem é eu também não
sei professora. Mas toda noite minha mãe diz na Oração: 'Não nos deixais cair
em tentação e livrai-nos do 'Mala Men'.”
Piadinha velha esta não é!? Sem graça!? Talvez, Hehe, mas enfim, creio que nos
remete a um comportamento muito comum na nossa rotina cristã.
Pergunto: Quem é o seu “MALA MEN”? ...bandidos,
trombadinhas, azar, acidente de carro, o demônio!?
Será que quando Jesus estava ensinando os discípulos a orar
(em Lucas 11:1-4), quando ele disse “Livra-nos do mal” ele estava ensinando uma
lógica neste sentido?
As palavras de Jesus “...e não nos deixei cair em tentação, mas livrai-nos
do mal.” em Lucas 11:4, nos convida a uma lógica que vai além de livramentos
externos. Ao dizer “livrai-nos do mal”, Jesus estava dizendo o mesmo que “livrai-nos
do maligno”, no sentido de que Deus nos livrasse de...
...sermos mau
...sermos morada da maldade
...sermos veículos da maldade!
“Deus, livrai-nos de que o bem, que somente Tu tens em plenitude, se
ausente de nós”....ou ... “Deus, livrai-nos de que o bem, que somente vem de
Ti, se ausente de nós”...talvez essa reestruturação de linguagem, mais aproximada
para os nossos dias atuais, nos faça entender melhor o que Jesus estava
querendo nos ensinar. É claro que a conotação “livra-nos de pessoas más” ou “livra-nos
do demônio” está presente, mas muito mais do que isso, o “livrai-nos do maligno”
ensinado por Jesus trás a ênfase em preservamos o nosso coração contra a
maldade, zelando para que o amor e a bondade que Deus nos concedeu como empréstimo
permaneça viva em nós. Como consequência, zelar pelo bem concedido por Deus, implica
em viver os valores do Reino do Pai, pois a bondade do Pai jamais é concedida
para ficar enclausurada dentro do nosso próprio ego. Ela nos foi concedida para
ser compartilhada, pois Deus nos criou seres relacionais, mas muito mais que
isso, Deus nos criou seres relacionais para o amor e, consequentemente, para o
bem.
Muitos podem ser os “mala mens” que resultem na sua proclamação de “livrai-nos
do mal”, mas o principal “mala men” que devemos buscar livramento é justamente
do nosso próprio “eu”. É fato que o demônio é inimigo de nossas almas. Mas o
nosso “eu” muitas vezes se faz mais perigoso do que o próprio demônio. A palavra
nos diz que não há nenhum dentre nós que procure o bem. Somos pecadores. O
nosso “eu” é dotado de um coração enganoso. Enquanto dentro dele o nosso “ego” ditar
as regras, não conseguimos dar espaço para o Espírito Santo se fazer morada em
nós. É nisto que consiste o pecado original que a Palavra tanto nos fala. Em
colocar no lugar de Deus o nosso próprio “eu”. Devemos lutar constantemente
contra isso, pois observe Lúcifer, ele deu espaço para que seu próprio eu
dominasse suas atitudes. Resultado: se tornou um ego absoluto. Ficou cego.
Permitiu que sua consciência fosse anestesiada. Com isso iniciou uma rebelião.
Nós aderimos a esta rebelião nos fazendo semelhantes a ele: dando vazão para o
nosso ego. Por isso, muito mais que orar para que Deus nos de que algum mau
aconteça conosco, devemos orar para que nós não nos tornemos malignos. Muito
mais que aplicar um “livrai-nos do mal” com relação a não sofrer um acidente de
carro, devemos aplicar o “livrai-nos do mal” de deixar que o nosso coração
procure os interesses do nosso ego. Afinal um homem pode sofrer um acidente de
carro e ainda assim ser uma pessoa consciente da dependência de Deus para
viver. Diferente de uma pessoa que pode sofrer um livramento de um acidente de
carro e que acha que isso aconteceu por que o seu “eu” foi “sensacional” ao ter
um reflexo para se desviar de uma colisão.
Diariamente, constantemente...que Deus nos livre de sermos mau. Que Deus
nos livre de deixarmos o bem, que recebemos pela Divina Graça do Criador, se
ausentar de nossos corações. Que Deus nos dê sabedoria para conservarmos nossos
corações nos valores do Reino cujo o Rei é Jesus, o Cristo.
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