Os 5 primeiros livros da Bíblia Sagrada são chamados de
Pentateuco. Segundo as tradições judaica e cristã, neles estão registrados os
padrões éticos e morais determinados pelo próprio Deus, no qual o homem deveria
se espelhar para viver. A lei, também conhecida como Torá, foi revelada pelo
próprio Deus à Moisés. Ela é tão importante na história do povo judeu (povo no
qual Deus atuou para revelar o Messias Salvador, Jesus Cristo) que além de ter sido registrada no Monte
Sinai, escrita pelo próprio dedo de Deus, ela foi repetida para toda a nova
geração (no livro de Deuteronômio, que significa repetição da lei) que entrou
na terra prometida.
É no contexto desta lei que Jesus evolui como ser humano.
Jesus vivia em uma cultura Judaica, a lei estava presente no seu dia a dia.
Naquela época os rabinos estudavam o Pentateuco minuciosamente. Tinham um zelo
gigantesco pela Torá. Não era por menos, pois o povo judeu por diversas vezes
arcou com a consequência de não obedecerem a lei. O problema é que este zelo
foi tanto, tanto...tanto... que a essência da interpretação da lei, que era (é
e sempre será) o amor, foi trocada pela
maldade do ego do ser humano. Obedecer a lei já não era um ato de amor, mas um
ato de injustiça. A lei era mais importante do que a vida de uma pessoa, e Deus havia ficado de lado para o povo hebreu. Os homens que executavam a lei, os chamados fariseus...mestres...doutores
da lei, não à exerciam mais por amor e temor à Deus, mas exerciam a mesma em
benefício próprio e interesses carnais. Os fariseus achavam que eram o próprio Deus.
Jesus era chamado de Rabi, ou seja, Mestre. Ele desenvolvia
o seu ministério em meio a outras escolas rabínicas. O problema começa quando a
interpretação de Jesus para a lei começa à destoar das interpretações dos
demais fariseus. Esse destoar se escancarava cada vez mais: Jesus sentava-se na
mesa juntamente com “pecadores”, fazia milagres no Sábado (dia sagrado segundo
a Torá) e para escandalizar à todos...dizia ser o Próprio Deus!
O povo judeu esperava um messias, um libertador. Quando
Jesus apareceu dizendo através de seus atos, “ – Sou Eu! Eu sou o Messias”, os
mestres da lei se escandalizaram ainda mais. Como poderia ser ele, aquele homem
cujo o modo de viver destoava da lei, o Libertador de Israel?
Aí entra a singularidade de Jesus: Para muitos Jesus era um
“mestre fora da lei”. Para outros, Jesus era o único “dentro da lei”.
Entretanto, para Deus a lei é que está dentro de Jesus, sendo cumprida em
plenitude. Para Deus Jesus é um “mestre fora da lei” por que Ele contém a lei,
por que a lei está dentro Dele. Deus jamais será contido nos limites de
interpretação do homem, ainda que de Sua Própria Lei.
Ao olhar para a vida de Jesus, muita gente acha que Jesus
veio anular a Torá. Entretanto, a aparição de Isaías e Moisés ao lado de Jesus
no monte da transfiguração é Deus falando: “ – Vocês já ouviram os profetas e
Moisés...agora...ouçam apenas o Meu Filho!”.
Este é um ato de Deus para escancarar à humanidade que Jesus
é a interpretação, a hermenêutica da lei.
Olhe para os 10 mandamentos. Eles simplificam o entendimento
de toda a lei. Mas dentre os 10, os dois primeiros resumem toda a Torá. O
primeiro dos mandamentos é amar à Deus sobre tudo e todos. O segundo é um
mandamento “resignificado” por Jesus: amar ao próximo como Deus nos amou. Nas
palavras de Jesus: “Amar ao próximo como Eu vos amei”.
Engraçado que só àqueles que tentam viver os 10 mandamentos,
à risca, e que percebem o quanto é impossível cumprir todos eles, só
estes...dão um passo em direção ao cumprimento dos 2 mandamentos que resumem à
lei.
Quando olhamos para o padrão ético e moral de Deus e vemos o
quanto é impossível para gente como nós, humanos, conseguirmos viver os mesmos,
só nos resta cair de joelhos e clamar por misericórdia à Deus. O extraordinário
é que Deus jamais rejeita este clamor. Deus responde o mesmo com Graça e
Misericórdia. Expande a consciência humana para a experiência da Cruz.
É como se Deus estivesse nos dizendo:
“Te dei uma lei. Nela estão registrados os meus padrões
éticos e morais. Nela há os valores para se viver como eu projetei o ser humano
para viver. O problema é que Eu duvido que você consiga viver de acordo com
esta lei. Tente, com todas as suas forças. Você irá falhar! Mas tudo bem...não
se desespere, Eu vou te fazer um favor. Ao invés de lhe julgar perante os meus
padrões éticos e morais, no qual Eu sei que jamais você conseguirá viver por si
próprio, e ao invés de anular esta lei, pois jamais anularei os valores nos
quais projetei para que o ser humano vivessem, ao invés de tudo isso, Eu vou
cumprir esta lei por você. Vou abrir mão de
toda a prerrogativa que tenho, de ser Deus, Poderoso, e vou me esvaziar.
Vou entrar no tempo, juntamente com você e vou cumprir a lei por você. Aliás,
muito mais do que isso, vou lhe escancarar a interpretação desta lei, para que
você saiba exatamente o propósito dela. Já fiz isso na eternidade. Você
entenderá que vida, vida de verdade, só existe se os valores desta lei
estiverem vivos em você. Você vai ver que ainda assim, mesmo Eu te mostrando
tudo isso, que você não vai conseguir cumprir esta lei. E Eu morrerei por
cumpri-la. Mas por cumpri-la, nenhuma iniquidade haverá em mim, então Eu
ressuscitarei, pois se o salário do pecado é a morte, como ela me vencerá se
sou santo? Confie em mim. Olhe para esta graça que lhe concedo e acredite em
mim. Siga-me. E deixe de lado a tentativa de se justificar por esta lei. Você
não vai conseguir. Proponho que você se justifique pelo meu ato de cumprir a
lei por ti. Pela graça que lhe concedo, de poder ver o meu rosto em Jesus de
Nazaré, vivendo, morrendo e ressuscitando para matar a morte! Crê somente!”
Se existe um Deus...então existe um jeito certo de se viver.
Se existe um Deus, existe então um padrão ético e moral de se tocar a vida.
Jesus é a interpretação. Ele é a lei concretizada em plenitude. Ele é o nosso
sábado, o nosso descanso. Ele é a atitude de vida, que não mata. Ele é a
atitude que se doa e não rouba. Ele é o traído que ama, e não adultera. Ele é a
verdadeira honra ao Pai. Ele é a porta aberta para amarmos à Deus sobre tudo e
todos. Ele é o convite a amarmos o próximo no padrão de Amor do Pai.
Jesus é a chave de interpretação da Bíblia. Jesus é a chave
de interpretação da Vida. Jesus é a chave de interpretação da Eternidade com o
Pai. Ele é o dono do dedo que escreveu a lei no Monte Sinai. Ele é o dono do
dedo que escrevia no chão segundos antes de dizer “ – aquele que não tem
pecado, atire a primeira pedra”, enquanto homens queriam apedrejar uma mulher
adúltera. Ele é o único que possui a prerrogativa de abrir o livro da vida! Ele
é 100% Deus...100% homem. Ele é o Evangelho. Ele é a Boa Notícia.
Deus tem um reino. Dentro deste reino existe a lei do Rei.
Mas esta lei é escancarada na vida do Rei. Seu modo de vida prega a lei. Este
reino não é importante por causa da lei. Este Reino é importante pelo Rei que o
governa, pois este Rei é singular. O Reino jamais será maior do que o Rei. O
Rei é único, maior que tudo. Nada pode contê-lo. Nada! Ele é o Amor.