quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

NÃO QUERO UMA IGREJA EM QUE EU ME SINTA BEM

Assim como já aconteceu comigo, as vezes encontro alguns irmãos em fase de transição, procurando uma nova igreja (instituição) para congregar. Os motivos? Diversos! Uns por que se casaram e estão mudando de cidade, outros por que acham que o local atual “não há poder, não acontecem milagres”, outros por que não se sentem bem na igreja atual...e por ai vai. O fato é que nestes momentos eu ouço sempre um comentário que me incomoda muito: “Encontrei uma igreja e acho que a partir de hoje vou começar a ir lá...eu me sinto tão bem lá!”. Para ser mais exato, o problema está no “eu me sinto tão bem lá”.
 
Abro um parêntese importante aqui...
 
Entenda...não vejo problema algum as pessoas procurarem uma nova igreja para congregar. Aliás sempre tive um pé atrás com igrejas que funcionam como “prisão”, com o discurso afiado de que se sair da instituição é por que virou um desviado. Lógico que não dá para generalizar todos os casos, mas a grande maioria das instituições aprisionam os seus fiéis. Sinceramente, não vejo o cristianismo como uma prisão e instituições assim são muito mais casas religiosas do que uma comunidade de celebração. Religião aprisiona, abusa, e na maioria das vezes é demoníaca. Caminhada da salvação é em Cristo Jesus e não em uma instituição. A instituição é uma maneira de se organizar a comunidade, e tem sim um papel importante, mas a partir do momento que aprisiona, ela cria muito mais caminhos de discórdia e morte do que caminhos de comunhão e vida.
 
Quer um exemplo:
 
Não consigo entender pessoas que colocam ...Deus em primeiro lugar...a igreja em segundo e a família em terceiro! É o familiar morrendo na UTI e o irmão com o peso e a culpa de não poder estar junto do mesmo por que tem que estar ensaiando com o coral. É o filho que vive na igreja e não vê mais os pais por que os mesmos não são crentes. É a mãe crente que tem paciência em dar aula para crianças dentro da igreja mas espanca o próprio filho dentro de casa! É o pai que não vê o filho crescer por que o ministério de música tem ensaios excessivos. Há algo errado nisso. Se não conseguimos organizar o nosso próprio lar...não seria soberba demais achar que podemos conseguir organizar a igreja?
 
Creio que a instituição tem um papel fundamental para organizar a comunidade, mas jamais será mais importante do que a família. De fato, a única maneira que temos para servir à Deus é servindo pessoas, e neste contexto, antes de você assumir um compromisso com uma instituição, você deve assumir um compromisso com o seu lar (obviamente que não podemos esquecer que o compromisso primeiro é com Deus).
 
Bom...mas isso é uma opinião própria...consulte a Palavra, ore e tire suas conclusões.
 
...fecho parêntese!
 
Enfim, voltando para o contexto inicial: “Eu me sinto tão bem lá!”. Será que realmente o Evangelho de Jesus é um convite a nos sentirmos bem com nós mesmos? Será que o objetivo é nos deixar “de bem com a vida”?
 
É claro que eu não desejo que as pessoas saiam da igreja carregando um fardo de culpa nas costas. O Evangelho de Jesus não é um Evangelho de Culpa. Mas não consigo entender pessoas que recebam a mensagem da Cruz e não olhem para si mesmo e digam como Paulo: “Miserável homem que sou!”.
 
Isso me lembra um fato contado pelo Pastor Ricardo Gondim:
 
Existiam 2 ótimos pregadores em uma comunidade. Diversas pessoas estavam conversando para ver qual deles era o melhor (...impressionante como isso ocorre nas igrejas). Então foram até um ancião para questioná-lo sobre sua preferência. Eis que o ancião respondeu: “Os dois são ótimos teólogos. Entretanto, quando fulano prega, eu me sinto bem, e quando outro prega, eu me sinto mal comigo mesmo!”.
 
O Cristianismo não é uma caixa de chocolate para lhe dar prazer. Não é uma fatia de tempo reservado no domingo, para que você recarregue baterias e se sinta bem para encarar o resto da semana. O Cristianismo escancara a nossa queda, nos expande a consciência de nossa “miserabilidade” e nos faz cair de joelhos clamando por misericórdia e graça.
 
Não há nada de errado em se sentir bem, mas há algo de muito errado em achar que o cristianismo é uma garrafa de vinho que lhe fará relaxar. Se o evangelho de Cristo não expande a sua consciência de tal forma que você fique incomodado consigo mesmo, então é bem capaz que você não esteja encontrando em Jesus um Deus Salvador. Talvez esteja encontrando um ídolo. Jesus é mais que isso: Ele é Deus!
 
Igreja não é lugar para se sentir confortável. Não é lugar para soluções mágicas. Aliás o sobrenatural de Deus não são soluções mágicas. O sobrenatural de Deus está além da compreensão humana.
 
Se você, por um acaso, se pegar dizendo “Eu me sinto bem lá”, acenda uma luz de emergência na sua consciência, pois é bem provável que você esteja criando uma zona de conforto espiritual. Imagino que para o diabo, você estando na igreja, se sentindo bem, e fora do caminho de Deus, seja o melhor dos mundos, pois o comodismo cega, anestesia a consciência e traz a sensação do autojulgo: “Estou no caminho!”.
 
Como disse C S Lewis...se você quer se sentir bem...não te recomendo o Evangelho de Jesus, te recomento tomar uma garrafa de vinho do Porto. Se o evangelho não incomoda, então dificilmente haverá o ponto de partida para o velho homem morrer e a nova criatura nascer, pois não há vasão para o agir do Espírito Santo. Se o evangelho não incomoda, a rebeldia segue o seu ciclo em direção a morte, com uma consciência anestesiada pelo comodismo religioso.
Se você estiver se sentindo mal consigo mesmo, pregação à pregação...dê um glória a Deus...pois é bem provável que o Espírito Santo esteja lhe convencendo do seu pecado e lhe conduzindo para a Graça!
Que o Senhor nos dê discernimento para que o Espírito Santo possa nos convencer cada vez mais de nossos pecados!

Nenhum comentário:

Postar um comentário