Assim como já aconteceu comigo, as vezes encontro alguns
irmãos em fase de transição, procurando uma nova igreja (instituição) para congregar.
Os motivos? Diversos! Uns por que se casaram e estão mudando de cidade, outros
por que acham que o local atual “não há poder, não acontecem milagres”, outros
por que não se sentem bem na igreja atual...e por ai vai. O fato é que nestes
momentos eu ouço sempre um comentário que me incomoda muito: “Encontrei uma
igreja e acho que a partir de hoje vou começar a ir lá...eu me sinto tão bem
lá!”. Para ser mais exato, o problema está no “eu me sinto tão bem lá”.
Abro um parêntese importante aqui...
Entenda...não vejo problema algum as pessoas procurarem uma
nova igreja para congregar. Aliás sempre tive um pé atrás com igrejas que
funcionam como “prisão”, com o discurso afiado de que se sair da instituição é
por que virou um desviado. Lógico que não dá para generalizar todos os casos,
mas a grande maioria das instituições aprisionam os seus fiéis. Sinceramente, não
vejo o cristianismo como uma prisão e instituições assim são muito mais casas
religiosas do que uma comunidade de celebração. Religião aprisiona, abusa, e na
maioria das vezes é demoníaca. Caminhada da salvação é em Cristo Jesus e não em
uma instituição. A instituição é uma maneira de se organizar a comunidade, e
tem sim um papel importante, mas a partir do momento que aprisiona, ela cria
muito mais caminhos de discórdia e morte do que caminhos de comunhão e vida.
Quer um exemplo:
Não consigo entender pessoas que colocam ...Deus em primeiro
lugar...a igreja em segundo e a família em terceiro! É o familiar morrendo na
UTI e o irmão com o peso e a culpa de não poder estar junto do mesmo por que
tem que estar ensaiando com o coral. É o filho que vive na igreja e não vê mais
os pais por que os mesmos não são crentes. É a mãe crente que tem paciência em
dar aula para crianças dentro da igreja mas espanca o próprio filho dentro de
casa! É o pai que não vê o filho crescer por que o ministério de música tem
ensaios excessivos. Há algo errado nisso. Se não conseguimos organizar o nosso
próprio lar...não seria soberba demais achar que podemos conseguir organizar a
igreja?
Creio que a instituição tem um papel fundamental para
organizar a comunidade, mas jamais será mais importante do que a família. De
fato, a única maneira que temos para servir à Deus é servindo pessoas, e neste
contexto, antes de você assumir um compromisso com uma instituição, você deve
assumir um compromisso com o seu lar (obviamente que não podemos esquecer que o
compromisso primeiro é com Deus).
Bom...mas isso é uma opinião própria...consulte a Palavra,
ore e tire suas conclusões.
...fecho parêntese!
Enfim, voltando para o contexto inicial: “Eu me sinto tão
bem lá!”. Será que realmente o Evangelho de Jesus é um convite a nos sentirmos
bem com nós mesmos? Será que o objetivo é nos deixar “de bem com a vida”?
É claro que eu não desejo que as pessoas saiam da igreja
carregando um fardo de culpa nas costas. O Evangelho de Jesus não é um
Evangelho de Culpa. Mas não consigo entender pessoas que recebam a mensagem da
Cruz e não olhem para si mesmo e digam como Paulo: “Miserável homem que sou!”.
Isso me lembra um fato contado pelo Pastor Ricardo Gondim:
Existiam 2 ótimos pregadores em uma comunidade. Diversas
pessoas estavam conversando para ver qual deles era o melhor (...impressionante
como isso ocorre nas igrejas). Então foram até um ancião para questioná-lo
sobre sua preferência. Eis que o ancião respondeu: “Os dois são ótimos teólogos.
Entretanto, quando fulano prega, eu me sinto bem, e quando outro prega, eu me
sinto mal comigo mesmo!”.
O Cristianismo não é uma caixa de chocolate para lhe dar
prazer. Não é uma fatia de tempo reservado no domingo, para que você recarregue
baterias e se sinta bem para encarar o resto da semana. O Cristianismo
escancara a nossa queda, nos expande a consciência de nossa “miserabilidade” e
nos faz cair de joelhos clamando por misericórdia e graça.
Não há nada de errado em se sentir bem, mas há algo de muito
errado em achar que o cristianismo é uma garrafa de vinho que lhe fará relaxar.
Se o evangelho de Cristo não expande a sua consciência de tal forma que você
fique incomodado consigo mesmo, então é bem capaz que você não esteja
encontrando em Jesus um Deus Salvador. Talvez esteja encontrando um ídolo.
Jesus é mais que isso: Ele é Deus!
Igreja não é lugar para se sentir confortável. Não é lugar
para soluções mágicas. Aliás o sobrenatural de Deus não são soluções mágicas. O
sobrenatural de Deus está além da compreensão humana.
Se você, por um acaso, se pegar dizendo “Eu me sinto bem lá”,
acenda uma luz de emergência na sua consciência, pois é bem provável que você
esteja criando uma zona de conforto espiritual. Imagino que para o diabo, você
estando na igreja, se sentindo bem, e fora do caminho de Deus, seja o melhor
dos mundos, pois o comodismo cega, anestesia a consciência e traz a sensação do
autojulgo: “Estou no caminho!”.
Como disse C S Lewis...se você quer se sentir bem...não te
recomendo o Evangelho de Jesus, te recomento tomar uma garrafa de vinho do
Porto. Se o evangelho não incomoda, então dificilmente haverá o ponto de
partida para o velho homem morrer e a nova criatura nascer, pois não há vasão
para o agir do Espírito Santo. Se o evangelho não incomoda, a rebeldia segue o
seu ciclo em direção a morte, com uma consciência anestesiada pelo comodismo
religioso.
Que o Senhor nos dê discernimento para que o Espírito Santo
possa nos convencer cada vez mais de nossos pecados!
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