Às vezes tenho a impressão de que algumas músicas de Renato
Russo nos ensinam muito mais do que alguns sermões que são falados nos púlpitos de
algumas igrejas. Bom, mas isso é uma opinião particular!
Hoje tive a alegria de ouvir uma música que fazia muito tempo
que não escutava. Estava eu vindo para o trabalho, antenado em meus fones de
ouvidos, quando “Índios” começou à tocar. E uma estrofe me chamou muito a
atenção: “Nos deram espelhos e vimos um mundo doente”. Ao ouvir esta porção da
música uma luz de entendimento me arremessou para uma das diversas maneiras que
podemos nos definir. Somos espelhos, reflexo do nosso próximo. Quando olhamos
para uma pessoa, vemos o nosso “eu” refletido. Ali está escancarado a nossa
doença, o pecado, a queda, a necessidade de se lutar contra a rebeldia e de
buscar a verdadeira vida.
O mundo doente ao nosso redor é resultado da arrogância do
ser humano de achar que pode ter vida sem Deus. É a soberba do homem que se
acha autossuficiente e detentor de uma ética, moral e justiça incorruptível à
ponto de poder governar tudo e todos da maneira que achar melhor. É o homem
submisso ao seu próprio ego, baixando à cabeça para seus incontroláveis
apetites, passando por cima de tudo e todos para satisfazer as suas próprias
vontades.
O meu/seu próximo é o meu/seu reflexo. O meu/seu próximo
reflete à minha/sua miserabilidade perante ao mundo. Explicita a mina/sua
queda. Neste quadro todos nós se encaixamos e mediante à situação em que toda a
humanidade se encontra, creio que o fato de termos “espelhos”, ou em outras
palavras, pessoas, para nos enxergarmos, é de certa forma um ato de graça de
Deus para conosco. É Deus nos permitindo ver o quanto estamos atolados na queda,
o quanto somos pecadores, o quanto vivemos de modo doentio e o quanto somos, em
estado de pecado, uma doença no (e para) mundo.
Não se iluda, o homem que mata por 5 reais, o filho que mata
a mãe por causa da herança, o deputado corrupto que rouba para manter sua
mansão, o estuprador pedófilo que estrangula a criança sem piedade, o advogado
que defende o culpado, manipulando tudo e todos para inocentá-lo, por que irá
receber uma bolada de dinheiro...todos estes...e nós...todos nós...somos
farinha do mesmo saco! Carcaças de argilas pecadores, rebeldes que carecem, no
dia a dia, da atitude de crucificar o nosso ego juntamente com o Cristo para
que ali, a nossa doença, o nosso pecado, seja purificado e perdoado no sangue
de Jesus.
Quando andamos na rua e olhamos ao nosso redor, vemos os
sintomas da doença que se alastra sobre a face da terra: o pecado. Ao olharmos
para ele, vemos nosso reflexo. Dia após dia, ele vai se alastrando, aparentemente
como um looping, aparentemente como um ciclo infinito, proliferando a
desigualdade, o mal, a doença da nossa queda.
Mas eis que Ele, Jesus de Nazaré, nos deixou uma promessa já
consumada na cruz do calvário: Que, não por mérito/demérito, mas pela Graça de
Deus, pelo favor que jamais seremos merecedores, Deus nos perdoou! E que este
perdão é a cura da nossa doença chamada pecado. Que este perdão tem poder no
sangue de Jesus, e que este sangue rompe com o ciclo do pecado, rompe com o
looping da maldade humana. Que todos nós podemos participar deste perdão, pois
é um ato que provém de Deus e não do homem. E que Jesus irá retornar para
buscar àqueles que crerem e viverem (n)esta promessa.
Fora disso, seguimos doentes, seguimos como doença no mundo.
Fora disso seguimos como o Próprio Cristo falou: “Cegos guiando cegos!”. Cegos
incapazes de enxergar no outro o quanto somos doentes e o quanto precisamos da
graça de Deus.
Que o Senhor nos abençoe!
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