quarta-feira, 30 de julho de 2014

ENTRE O SOBRENATURAL E O NATURAL

Costumamos dizer que quando Deus age, ocorre o sobre natural. Em outras palavras, acreditamos que nós, seres humanos, vivemos no “natural” e Deus está “fora do natural”, e por isso quando Ele age, intervém no nosso ambiente “natural”, Ele faz o “sobre natural”. Engraçado e de certa forma arrogante e soberbo da nossa parte, seres humanos, pensarmos assim. Achamos que a nossa natureza é o padrão correto no universo, que tudo fora disso é errado. Já parou para pensar nisso? Que o padrão que está como “correto” em nossas mentes é o nosso, a nossa natureza, e não a de Deus? Isso é fruto da nossa queda, fruto do pecado que há em nós, da ilusão de acharmos que somos autossuficiente e capazes de termos vida em nós mesmos, de achar que nos bancamos e que temos a capacidade de julgar plenamente o que é certo e o que é errado.
 
Certa vez ouvi o Pastor Ariovaldo Ramos pregar que a vontade de Deus é a norma de funcionalidade do universo e que qualquer coisa fora disso é disfuncional. Concordo com ele. Tudo o que vemos e chamamos de natural, e de fato é natural para nós, não é o que deveria ser em plenitude. A “queda” descrita no capítulo 3 de Gênesis não afetou só o ser humano, mas toda a criação. O grito de independência do homem com relação à Deus colocou toda a criação em queda. É nesta realidade da queda que nós, seres humanos e toda a criação se encontra atualmente. A realidade da queda é a realidade na qual chamamos de “Natural”. Quando Deus vestiu-se de pele e osso em Jesus Cristo e veio habitar no meio de nós, Ele operou milagres, fez o que chamamos de sobre natural. Mas ai é que entra o ponto crucial da coisa: Jesus operou aqui, diante dos nossos olhos aquilo que para Ele e para Deus é natural. Ações como as que Deus manifestou no antigo testamento, ações sobre pleno domínio com relação à criação. O padrão de “natural” e “sobre natural” depende do ponto de vista. De fato Jesus é de natureza divina e nós somos de outra natureza. Jesus possui o DNA de Deus, é ser gerado por Deus. Nós somos seres criados. Ser gerado é ser participante da natureza de quem gera. Ser criado não é necessariamente ser participante da natureza de quem criou.
 
Natural, na realidade, é tudo aquilo que para Deus é comum, ou seja tudo o que existe no universo. Este é o verdadeiro natural. Nós, com nosso pecado, estamos em uma realidade que achamos ser a verdadeira naturalidade. O universo foi criado para funcionar de acordo com a vontade de Deus. Neste contexto, o “natural” é o padrão de Deus e não o dos homens. A “queda”, o pecado, nos coloca diante da soberba arrogância de acharmos que o nosso padrão é o correto. Se vivêssemos em plenitude a vontade de Deus, acredito fielmente que dificilmente encararíamos milagres como “sobre natural”, pois os atos de Deus em nossas vidas e em todo o nosso redor passariam a ser algo natural para nós, mas é claro, um outro padrão de natureza, a Divina. Deus está no Natural, naquilo que é verdadeiramente natural. Nós estamos fora dessa natureza, pois nosso pecado nos corrompeu. Estamos em rebelião contra o padrão de natureza de Deus. Mas Deus deseja que rompemos com esta rebelião e participemos desta natureza. Por isso Jesus é o primeiro de muitos filhos que Deus deseja ter. Por que em Jesus Cristo somos participantes da Natureza Divina do Pai. É por isso que celebramos o sangue e a carne através do Pão e do Vinho, por que nesta celebração está a esperança de um dia sermos em plenitude como Jesus, santos e participantes da Trindade Santa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário