No mundo da informática é muito comum ouvir a palavra
"Outsourcing". A terceirização ou outsourcing é uma prática
empresarial que tem como objetivo aumentar a qualidade de determinados serviços
dentro de uma empresa. Um exemplo muito comum de Outsourcing é a contratação de
empresas no ramo de serviços de impressão. Essas empresas terceirizadas
disponibilizam impressoras, papel, cartuchos de tintas e até profissionais
especializados em manutenção de impressoras para que a empresa contratante não
se preocupe em ter uma equipe interna responsável pela parte de impressão.
Sendo assim a responsabilidade de todo o serviço de impressão não fica na
responsabilidade de um departamento interno, mas sim de uma empresa
terceirizada. Resumindo, o outsourcing é a transferência da responsabilidade de
algum serviço para um terceiro.
Interessante que esta mesma prática está presente na vida de
muita gente quando o assunto é pecado. Gente que vive em maldade com atos,
pensamentos e omissões e terceirizam a sua culpa nas costas do diabo, ou até
mesmo de outras pessoas. É o outsourcing do pecado. A culpa é sempre de todos
menos minha.
Isso me faz lembrar uma história que certa vez ouvi um
pregador contar. Dizia ele que um pastor de uma pequena igreja acompanhava bem
de perto a vida dos membros da comunidade. Tinha um irmãozinho fofoqueiro que
vivia acusando os pecados dos outros. No fim da celebração lá vinha ele falar
com o Pastor: " - Que Palavra Pastor, tenho certeza que foi para fulano,
pois ele está com a vida toda em desordem!". E assim seguia a rotina,
celebração a celebração..." - Nossa esta palavra foi para
Siclano!"..." - Pastor, você falou tudo o que beltrano precisava
ouvir!"...e aquilo foi incomodando o Pastor. Ora, nunca a palavra é para aquele
irmãozinho...sempre é para os outros. Até que um dia um temporal caiu sobre a
cidade bem na hora da celebração. Quando o Pastor chegou, a igreja estava vazia
e só aquele irmãozinho fofoqueiro estava no sentado no banco. O Pastor então
pensou " - É hoje que vou pregar para este rapaz!". E assim ele fez,
pregou sobre fofocas, sobre a maldade dos comentários e como não se devia falar
da trave nos olhos dos outros sem antes tentar retirar a trave dos próprios
olhos. Ao final da pregação, a igreja praticamente vazia, o irmãozinho vai até
o pastor e diz: " - Pastor, que palavra extraordinária, ótimo sermão, uma
das pregações fortes que ouvi nos últimos tempos. Iria falar muito com fulano,
pena que ele não veio hoje no culto!".
Ora não é assim com muito de nós? Pecamos, pecamos e pecamos
e na hora de assumir a responsabilidade das consequências do nosso pecado,
terceirizamos a culpa. Acho engraçado o fato da palavra "demônio" ter
o significado de acusador. Isso por que um dos mais acusados de nossos pecados
é o próprio demônio. Quantos de nós não colocamos a culpa de nossos pecados nas
costas do diabo? Ao fazermos isso, quem assume o papel de acusador, ou seja,
demônio, somos nós!
Na tradição da igreja católica há uma oração de confissão à
Santíssima Trindade que diz:
"Eu pecador me confesso, ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, porque
peco muitas vezes por pensamentos, palavras, atos e omissões, por minha culpa,
por minha máxima culpa. Por isso peço ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, o
perdão dos meus pecados e a força e o propósito de me emendar e de não tornar a
pecar."
Por minha culpa, minha máxima culpa...é o escape do
Outsourcing do Pecado. Parece óbvio, mas não é simples. O homem tem a
dificuldade de vencer o próprio ego e assumir em si a culpa de seus erros.
Nisso somos imagem e semelhança muito mais do demônio do que de Deus, pois
assumimos o papel de acusadores, distorcendo em nós a imagem do Pai.
Deus é o Pai que recebe o filho pródigo e o perdoa sem
acusar-lhe de nada. Nós somos (ou pelo menos deveríamos ser) o filho que ao
voltar para casa diz " - Pai, pequei contra ti (por minha culpa, minha
máxima culpa), não sou mais digno de ser chamado como seu filho...trata-me como
um de seus empregados!"
Nas costas de quem temos jogado a culpa de nossos pecados?
Culpa é fardo, não é cruz. O Evangelho de Jesus é uma boa notícia de Graça e
não de culpa. O segredo para se viver em plenitude um evangelho de graça e não
de culpa é assumimos a nossa culpa, nossa máxima culpa, pois só assim o poder
da graça concedida na cruz do calvário tem efeito, afinal de contas saber que
se tem culpa é o primeiro passo para se identificar a necessidade do
arrependimento. Para se clamar por perdão é preciso estar arrependido. Para se
usufruir da graça é preciso saber que o perdão é necessário. Este é o processo
que resume a jornada que nos leva do estado de espírito de Adão para o estado
de Espírito de Jesus.
O nosso pecado não é culpa do diabo nem de Adão ou Eva.
Nosso pecado não é culpa do padeiro, do leiteiro e muito menos do dinheiro, da
cerveja ou do cigarro. O nosso pecado é culpa nossa, nossa máxima culpa. Não
existem terceiros na jogada, existe o nosso "eu", o nosso ego e seus
apetites. Por isso todo tempo é tempo de arrependimento, todo tempo é tempo de
se render ao Pai, todo tempo é tempo de restituir a Deus toda honra e glória
que lhe é devida! Deus glorifica o Seu Santo Nome redimindo a Sua criação. Deus
glorifica o Seu Santo Nome provendo Perdão e Graça na Cruz, nós glorificamos o
Seu Santo Nome assumindo a culpa, a máxima culpa do nosso pecado de forma que
este ato gere em nós contrição e arrependimento, pois com o coração contrito e
arrependido, em outras palavras, quebrantado, nos tornamos participantes da
Cruz de Jesus. É na Cruz de Cristo que nos gloriamos, pois só está glória nos é
cabível. E o que faz ela cabível é o fato de que na Cruz o Nome do Senhor é
Santificado.
Que nosso eu seja diminuído mais e mais para que o Nome de
Deus siga crescendo sempre e sempre...em direção ao infinito!
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