quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

SANTIDADE X PECADO: O ELO DA "SEPARAÇÃO"

A palavra “Santidade” pode ser traduzida como “separação”. Em outras palavras, ser “santo” é ser “separado”, separado para (por) Deus.
O mesmo termo, “separação”, pode ser atrelado ao “pecado”. Isso por que o pecado implica em separação (já dilui um pensamento que explica melhor isso no texto “Meu Pecado de Estimação”).

O pecado separa...
...O homem do homem:
O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra. Lucas 12:53
...Deus do homem:
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor. Romanos 6:23
...Deus de Deus:
E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Mateus 27:46
Porém tu és santo, tu que habitas entre os louvores de Israel. Salmo 22:3
Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar... Habacuque 1:13
É interessante perceber que este “elo” causado pela palavra “separação”, entre santidade e pecado, nos remete a alguns pensamentos:
A  “separação” causada pelo pecado não está presente (dentro) na “separação” causada pela santidade. A “separação” causada pelo pecado não consegue conviver com a “separação” causada pela santidade. Uma não suporta a outra. Vivem uma de costas para a outra. Diria até que, uma nasce da morte da outra. São determinadas por um único termo (”separação”) mas que possuem significados opostos. E se estressarmos mais e mais pensamentos sobre ambos os tipos de separação, chegaremos ao óbvio: que os dois tipos de separação se relacionam entre si, entretanto, implicando posturas radicais de isolamento, uma sobre a outra. A “separação” causada do pecado vive “separada”, em obrigatoriedade, da “separação” da santidade. Uma é amarrada ao Sagrado e outra ao Profano. Por este motivo, não é possível dissertar sobre uma separação em pró da santidade sem mencionar a separação causada pelo pecado. Da mesma forma que o contrário também é uma verdade. Sendo assim, afirmar que uma é complemento da outra não é verdade, mas, talvez, poderíamos afirmar que, uma justifica a outra (ou pelo menos uma justifica a busca da outra: busco ser santo por que sei o que é profano, ou, opto por ser profano por que não acredito no modelo de vida “santo”).
Com base neste pensamento, chamo a atenção ao fato de que todo ser humano, ainda que na parte mais profunda de seu consciênte, tem uma certa noção sobre o que é o bem e o que é o mau, o que é certo e o que é errado (ainda que os parâmetros de comparação entre um e outro sejam limitados). Partindo deste ponto, o homem acaba se vendo em uma bifurcação na rodovia de sua vida, e deve decidir: opto pela “separação profana” ou pela “separação santa”.
Chegamos então ao ponto em que temos que tomar uma posição sobre: “qual será a nossa postura quanto à maneira que viveremos a nossa vida?”. Em outras palavras: “que tipo de separação habita em nossas vidas?”, “Somos ímpios ou pios?”
Como alguém já disse: “Se Deus existe, então, por consequência, existe um modo certo de se viver!”
Se somos Cristãos, acreditamos na Bíblia Sagrada. E como Cristãos, sabemos que a Bíblia Sagrada não foi escrita para provar que Deus existe, e sim para revelar um Deus que existe. Sendo assim, as Escrituras Sagradas partem da premissa que Ele existe.
Como na maioria das reflexões espirituais, o ponto de partida é a sinceridade: precisamos ser sinceros com a nossa própria consciência.
Então podemos unir à esta sinceridade, 2 artifícios indispensáveis para se chegar ao objetivo de identificar que tipo de separação a gente vive e qual é a que devemos viver:
Primeiro, nós cristãos, sabemos que a Palavra de Deus é a raíz de todo o entendimento da vida. Em segundo lugar, também sabemos que o centro da Palavra de Deus é o sacrifício de Jesus Crusto na Cruz do Calvário. Entretanto, esta premissa só é válida se termos a consciência de que este sacrifício não foi consumado, simplesmente, pelo fato de que a motivação da mesma era, tão somente a salvação do homem, e sim (também), um ato necessário para saciar a ira de Deus.
Isaias 53:10 "Ao Senhor agradou moê-lo".
A gente enxerga a Cruz de Cristo tendo como base central o homem (e sua salvação). Esquecemos que o centro do universo (da história) é Deus. Este esquecimento nos limita enxergar a extraordinária visão de que: A Cruz é uma justificativa da vida de Jesus Cristo.
É claro que não podemos deixar de enxergar a Cruz como um ato para a redenção da vida do homem, pois só um sacrifício poderia redimir os nossos relacionamentos com Deus. Isso é verdade.
Mas, diria que a vida de Cristo justifica muito mais a Cruz do que um “ato específico” (que muitas vezes isolamos) para a redenção do Homem. Em outras palavras, isolar o sacrifício sem considerar a vida que Cristo viveu é uma visão medíocre da Graça de Deus.
Uma vida santa automaticamente ausenta o pecado. Sendo o pecado considerado o salário da morte, como poderia Jesus receber tal pagamento?
A vida de Cristo justifica o seu sacrifício e isto é extraordinário.
Extraordinário, por que a cruz é um espetáculo de horror e ao mesmo tempo um espetáculo de amor. Um dentro do outro. E o mesmo só foi possível por que a vida de Jesus Cristo não justificava o espetáculo de horror, mas glorificava o espetáculo de amor.
Bom, mas no que isso implica?
Em muita coisa. Por exemplo, frases como”Ele morreu por ti”, que geralmente é usada para evangelizar pessoas precisam ser trazidas para o enredo real da Palavra. Dizer “Ele morreu por ti”, como por diversas vezes a gente diz, limita todo o significado da cruz. Então é necessário resignificar o nosso diálogo. Há uma necessidade de se complementar o mesmo. Não, simplesmente, por uma questão de zêlo pela Palavra, mas muito mais pelo real significado da cruz.
Ao entender o verdadeiro significado da cruz, trazemos todo um contexto para esse tipo de abordagem (seja no campo de evangelização, seja para nós mesmos, a final nós temos que ser os primeiros à acreditar naquilo que falamos à respeito de Cristo). Passamos a dizer: “Ele viveu por ti, morreu por ti, ressussitou por ti, e virá buscar à ti”.
Em um cenário como este, somos obrigados à dissertar sobre a vida de Jesus.  É necessário dar cores ao que se está dizendo. E para obter estas cores é necessário olhar para a vida de Jesus. Ao olhar para a Vida de Cristo, passamos a entender o real significado da Cruz.
A partir daí, veremos que a ressurreição, filha da Cruz, é a maior evidência de que Cristo viveu em santidade e era plenamente santo (separado para Deus). Nos deparamos com uma Verdade Libertadora e não com uma Verdade Artificial.
Abro um parênteses aqui...
Infelizmente, nos dias atuais, tendênciamos a entender a ressurreição como algo fácil para Cristo, afinal, Ele era Deus. Mas se esquecemos que não é isso que a Palavra nos relata. Quando o Verbo se fez carne (se esvaziando) para habitar em nosso meio, Deus se abdicou de todo o seu poder. Se não fosse assim, então a Vitória do Filho e o Reino de Deus, seriam artificiais: de plástico. Este fato é extremamente importante. Implica, por exemplo, em ler às tentações nas quais Cristo foi submetido no deserto, enxergando aquilo como uma realidade e não como um teatrinho. Já imaginou se Cristo tivesse optado por transformar a pedra em pão, deixando de confiar na providência do Pai que O sustentava no deserto? Ou se Cristo tivesse se jogado do alto da torre do pináculo e se espatifado no chão?! Não haveria Cruz.
...fecho parênteses.
A cruz é o parâmetro que nos torna clara a percepção do que é santidade? É na Cruz que devemos enfatizar o ponto de partida para se sentir separado para Deus?
Sim, precisamos enfatizar a Cruz! Ela é o centro, o ponto de partida do entendimento da Palavra. Mas precisamos enfatizar que a Cruz só foi realmente Cruz, por causa do tipo de vida que Cristo viveu.
Com base nisso podemos olhar para a vida de Cristo e perceber que a lei revelada à Moisés fazia todo o sentido. Que a lei é uma expressão do Amor de Deus. Que para vivê-la era preciso “separação”. E que vivê-la implicava em “separação”. Que para vivê-la era necessário romper com o pecado. E que a consequência de vivê-la era a santidade.
O destino da santidade é a Cruz. Quem vivê a lei de Moisés tendo como modelo a vida de Cristo, chega em um lugar chamado: “Sacrifício pelo próximo”.
Aqui é possível entender que a salvação não é por boas obras, nem pela lei, e sim pela Graça de Deus, por que não é a lei e nem as boas ações que constróem a Graça, e sim a Graça que possibilita viver a lei e as boas obras.
De fato, temos que optar por qual tipo de separação viveremos: “Para Deus” ou “De Deus”?
Você pode se perguntar: Posso optar por nenhuma das duas.
Eu te digo:
“Sim você pode, é um direito seu, afinal somos criaturas feitas por um Criador que nos concebeu livre arbítrio. Mas a separação acontecerá de qualquer maneira, seja por uma opção voluntária da nossa parte, seja pelas mãos do próprio Deus. Esta separação se chama arrebatamento. Será consumada no dia em que Cristo voltar. Ele separá o joio do trigo.”.
Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado.
Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada.
Dois estarão no campo; um será tomado, o outro será deixado.
Lucas 17:34-36

Este acontecimento ocorrerá em questão de segundos, num piscar de olhos, mais rápido do que este vídeo de 3 minutos:


Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. Mateus 24:27

Somos seres entre Adão e Jesus. Entre a maçã e a cruz. Deus nos quer de volta. Escreveu uma história de redenção e nos quer como personagem da mesma. Ele nos Ama plenamente.

Creio que você já tenha ouvido isso: “O Amor de Deus é Incondicional”.

Isso é lindo...mas o que torna isso lindo não é a ausência de condições para Deus nos amar e sim o preço da condição que Ele se dispôs à pagar para que isso fosse possível.

É aqui que a dimensão do amor de Deus é realmente revelada. Pense:

O Amor de Cristo para conosco é incondicional. Ele nos ama tanto, que acredito que, não há um dia se quer, que Ele fique sem falar bom dia para todo o ser humano que habita na terra. Não há um dia se quer que Ele não vá até o Sol e diz: “Brilhe mais uma vez!”. Não há um dia se quer que Ele não vá até a Lua e diz: “Rompa as trevas mais uma vez!”. Não há um dia se quer que o Deus Pai não vá para Jesus e diga: “Sorria para eles, ilumine mais um dia deles com Teu sorriso!”.

A gente costuma dizer de “boca cheia” que o Amor de Deus é incondicional. Que Deus nos Ama sem condições. Fico pensando, mais um pensamento egoísta do homem. Pois quais foram as condições que Deus assumiu para com Ele mesmo ao decidir não impor condições para nos amar?

Eu te digo uma: “A morte do Seu Próprio Filho”, pois para que a gente esteja vivo, para que Deus nos sustente vivo neste universo, Deus designou à Cruz. Olhe ao seu redor e veja tudo em sua volta. Sem a Cruz, nada disso existiria. Para sermos amados por Deus, precisávamos, no mínimo existir (aqui considero a dimensão cronológica de Deus, não do homem). Como Deus poderia amar algo que não existe?

Para que a gente exista, a Cruz foi, é e sempre será a condição. Então o amor de Deus é incondicional para conosco...mas implicou na mais cruel condição assumida pelo Próprio Deus: a morte de seu próprio filho.

Há um jeito certo de se viver: Cristo é o modelo. Qual a separação que você vive? Precisamos responder esta questão e assumir um compromisso com a resposta da mesma.

Que Deus nos Abençoe

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

UMA BREVE CONVERSA COM MINHA CONSCIÊNCIA

123...câmbio!!! 123...testando!!! Tem alguém ai?!

Olá, faz tempo hein? Há quanto tempo a gente não se falava?

Não, não vem com esse ar de indiferença. Cansei de viver todo esse tempo com esta sua mania de me ignorar. Eu sei que esta será uma conversa muito difícil, mas, uma hora ou outra, você sabia que iria se deparar com esse nosso papo. Poxa, a gente já teve um relacionamento bom, gostaria de resgatá-lo, sabia?.

 Você ainda se culpa, não se culpa? Carrega consigo um fardo pesado, eu sei. Você tenta ignorar as suas feridas, assim como faz comigo, mas elas ainda estão expostas em sua alma. Você sabe disso. Ahhh sabe sim! Sabe exatamente do que eu estou falando. Feridas na qual você achava que o tempo iria curar. Mas “cá entre nós”, eu sei que não foram curadas. Não se faça de desentendido, você sabe que eu sei, ou se esqueceu que sou sua consciência?

Você se lembra da última vez que conversamos de forma sincera um com o outro? Tempos bons àqueles, não? Não haviam segredos entre nós! Todas as vezes que você colocava a sua cabeça no travesseiro, se havia algo de errado, eu lhe incomodava e você me ouvia. E assim prosseguíamos unidos, sabendo que mesmo errando, estávamos comprometidos a viver uma vida justa. Me lembro que neste tempo conversávamos um com o outro a cerca de tudo o que Deus nos havia revelado em nossa caminhada.

Mas infelizmente as coisas foram mudando. Comecei à perceber que, dentro de você, algo havia entrado em concorrência comigo. Fui perdendo voz. Algo começou a falar mais alto do que eu. Algo começou a interferir em nossas conversas. Começou a roubar o tempo que passávamos juntos. Percebi que nos raros momentos em que eu poderia dizer algo, eu era ignorada. Praticamente fui enterrada viva. Poxa, uma consciência só tem vida, só existe, se há vazão para ser ouvida. E ao me tornar uma voz perdida no vácuo, só me restou adormecer. Fui sepultada na cova da indiferença da sua alma, enterrada com pás e mais pás de culpa, que me deixaram a mercê do esquecimento em sua mente.

Enquanto eu era silenciada, vi muitas pessoas serem deixadas para trás. Me entristeci, pois eram rostos que geralmente faziam parte de conversas agradáveis que a gente costumava ter, minutos antes de uma noite de sono, no carro e até mesmo durante um banho, logo depois de um dia cansativo. Cada pessoa deixada era um sorriso apagado dentro de mim. Cada pessoa deixada era uma história esquecida em mim.

Quanto tempo faz que você abandonou o seu lar? Quanto tempo faz que você começou a valorizar muito mais as outras coisas do que as pessoas que verdadeiramente te amavam? Quanto tempo faz que você trocou a sua família pelos seus interesses?

Estas perguntas estão entaladas em minha garganta. Eu não consigo me lembrar! você se lembra? 10, 15, 20 anos?

Você lembra de quais foram os motivos? Você lembra o que te fez partir? O que te fez desistir da sua própria família? Vasculhe sua mente. Traga à tona. Estas coisas me dão vida. Estas coisas me fazem respirar.

Não me lembro de muita coisa. Me lembro de algumas frases como “tenho o direito de ser feliz” e “eu vou buscar a minha felicidade”!

Me lembro de ter sido nocauteada por uma voz mais alta do que eu. A voz que me calou. Você se lembra que voz era esta?

Não se lembra?

Tudo bem, dessa eu me lembro. Foi seu ego! O seu ego entoou uma voz tão alta que passei a ser ignorada. Como eu poderia me esquecer?! Disso eu me lembro. Me asfixiou.

Agora, deixa eu te fazer uma pergunta: por que você me acordou?

Estranho. Sinceramente eu achava que jamais iria conversar com você novamente.

Nossa! Não me diga que esta é uma última chance que você esteja me dando?

Ora, se é realmente uma última chance, então é injusto comigo, você há de concordar, pois estou carregada de culpa. E ainda, tô de laranja nesta história, pois a culpada não fui eu. Por que tenho que pagar o pato?

Bom, tudo bem...se for sua vontade, pode me calar novamente. Deixe-me apenas lhe cantar uma canção ao seu coração. Depois de ouvi-la...fique à vontade para me silenciar novamente dentro de você:


Caso ainda assim desejar me sepultar no mesmo lugar de sempre. Estarei aguardando uma nova oportunidade para estar junto a ti...não se esqueça, sou a sua consciência, nasci para lhe ajudar a encontrar o (único) Caminho certo, Jesus. Sempre haverá uma maneira de voltar. Estarei sempre aqui, dentro de você, esperando ansiosa por nossas agradáveis conversas.

Um abraço de alguém que se importa com você: Sua Consciência.

O PONTO DE PARTIDA DO AMOR

Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.
Marcos 12:28-31

Podemos enxergar a lei de Deus como um desafio à todo homem, dada pelo próprio Deus, onde Ele nos diz “Duvido você não matar, não roubar, não adulterar...”...em outras palavras: “Duvido que você consiga ser santo como Eu sou!”.  Também podemos enxergá-la como um manual, escrito pelo próprio Criador de como nós, criaturas, devemos viver. Podemos enxergar a lei de Deus por diversos ângulos.

A lei de Deus é uma das expressões mais lindas do amor do Pai para conosco. Ela nos revela muito sobre o Seu caráter, que é alicerçado pelo amor. Pois o Próprio Deus é o Amor. Então como poderia a lei não ser uma expressão do (de) Amor (do Pai)?

Todos nós, que nos consideramos “Pequenos Cristos” (Cristãos), por termos contato com a Palavra de Deus constantemente, sabemos que toda a lei pode ser enxergada em 2 mandamentos (como nas palavras de Jesus em Marcos 12:28:31 ou em Mateus 22:35-40):

Amar à Deus sobre todas as coisas e Amar ao próximo como a si mesmo.

O problema é que geralmente cometemos um grave erro ao afirmar isso. Você deve estar pensando: “Pronto, lá vem mais uma heresia”. Calma, tenho consciência de que estas palavras são de Jesus. Mas vamos lá...vamos pensar um pouquinho:

De fato, amar à Deus sobre todas as coisas é o maior mandamento. Pois Ele é (ainda que muitos não enxergam isso) o Criador, Mantenedor e Salvador de nossas vidas.  Nele temos vida, e não é este conceito pequeno de vida que o mundo conhece: Nele temos vida eterna.

De fato, o amor ao próximo, unido ao primeiro mandamento, fará com que a gente não cometa assassinatos, furtos, mentiras e todos os demais atos que vão em contrário ao que Deus nos revelou como Suas leis.

Por este motivo, Paulo diz em Romanos:

Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Romanos 13:9

Bom, tudo bem, então você me questiona...aonde está o equívoco que cometemos?

O problema é que o parâmetro de partida do amor no qual definimos os segundo mandamento, ou seja “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” foi resignificado por Jesus. A gente se esquece que o Cristo mudou a dimensão deste amor.

Quando? Onde?

Exatamente aqui: O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. João 15:12

Hummm...Bingo! Se no início desta reflexão eu lhe relatei palavras vindas do próprio Jesus, é claro que uma resignificação deste mandamento deveria ser feita pelo próprio Jesus.

Amar ao próximo com o amor que temos por nós mesmos é muito, aliás eu diria “extremamente”, diferente do que amar como Jesus Cristo amou à nós.

Sendo Cristo Jesus, o próprio Deus, o parâmetro deste amor, na resignificação do mandamento feita pelo próprio Jesus, é o próprio amor de Deus. Em outras palavras os 2 mandamentos se resumiriam em:

Amar à Deus sobre todas as coisas e amar ao seu próximo como Deus lhe ama.

Mas você pode me questionar: “Então por que Paulo usuou o termo ‘a ti mesmo’ e não ‘como Cristo nos amou’?”

Se você ler todo o contexto do livro de Romanos, verá que Paulo, neste ponto específico, se refere a um comparativo explícito à lei de Moisés. E não estou atentando ao fato de que este mandamento é importante. Mas sim ao fato de que Cristo à resignificou.

Então devemos amar ao nosso próximo como Deus nos amou...E quem é o Seu próximo? ...ou de quem devemos ser o próximo?

Bom, tomo a liberdade para lhe contar uma parábola contada pelo próprio Cristo:

“Certa vez um homem estava indo para Santos. E acontece que, estando ele no meio da serra, na Via Anchieta, o pneu do seu carro furou. Ele encostou o carro no acostamento e se dirigiu ao porta mala para pegar o “step” e o “macaco”. Neste meio tempo, alguns homens vieram e lhe anunciaram um assalto. Como o homem não tinha muito dinheiro, bateram muito nele, roubaram o seu carro e lhe deixaram ali, estirado no acostamento da rodovia. Alguns minutos depois, um Pastor Cristão passou pelo local em seu Ford Fusion, e avistando o homem estirado no chão, desviou pensando, “Se eu para para ajudar vou me atrasar para o culto de campanha que tenho no Guarujá, uma outra pessoa vai com certeza ajuda-lo”. Então seguiu viagem sem olhar para trás. Passados alguns outros minutos, um cantor gospel muito famoso e querido por todos os evangélicos passou com sua equipe em uma vã. Seu motorista ao avisar o homem caido, disse ao cantor: “Tem um homem ali estirado no chão todo ensanguentado, vamos parar?”. Então o cantor olhou para o seu relógio de ouro (adquirido com o dinheiro dos shows que ele fazia e com o dinheiro dos cds que ele vendia Brasil a fora), viu que estava atrasado para a sua apresentação e disse: “Não, a gente vai chegar atrasado para o show no Guarujá”. Sucedeu-se então que um grupo de ubandistas desciam a serra em uma perua kombi, tocando os seus instrumentos e cantando canções para “Iemanjá”, pois iam para a práia lançar oferendas para a mesma, e avistando o homem jogado ao chão, o motorista disse à todos dentro do veículo: “Há um homem caído no acostamento, vamos ajuda-lo, pois ele está sangrando muito, acho que foi atropelado!”. Então todos concordaram em parar. Colocaram o homem na perua e o levaram para um hospital na Praia Grande. Fizeram uma “vaquinha” e pagaram ao hospital todos os custos de atendimento ao homem.” Lucas 10:30-37 nos dias atuais.

Temos um pastor e um cantor gospel, com toda sua equipe que não sabem que é o seu próximo. Será que nós sabemos?
Você pode trocar os integrantes da Kombi, por um grupo de pedófilos, prostitutas, traficantes, pastores cheios de heresias e apostasias...pense na escória da humanidade...ou se for o caso, coloque o homem/mulher com quem sua esposa/marido lhe traiu por anos e anos, ou ainda, o homem que te assaltou e lhe deu um tiro que lhe deixou paraplégico, ou , talvez, seu chefe, aquele que você considera injusto...pegue a escória da humanidade...pessoas que você odeia e coloque-os dentro desta kombi. Pensou??? Colocou???

Agora...quem é o seu próximo? ou, repito, a pergunta correta: de quem você deveria ser o próximo?

Você consegue amá-lo, com o amor que Deus ama você? Consegue?

Abra os olhos para a humanidade. Quem precisa de você? Quem? A quem que você tem que tomar uma atitude de amor, para tirar do tremedal de lama, da sarjeta? Talvez seu inimigo?
Todo domingo a gente se reúne no culto para celebrar uma comunhão em Cristo Jesus. Temos um momento de oração, um momento de louvor, então vem a oferta, (as vezes) santa ceia, temos a Palavra e por fim um apelo. Geralmente é assim.

Te surpreenderia se ao iniciar um culto, o Pastor dissesse: “Convido aos irmãos à ficarem em pé e a orarmos à Deus para que abençoe os nossos inimigos!”. Creio que talvez, alguns se levantariam, um ou outro talvez, mas creio que a maioria ficaria sem reação, sentada, tentando reavaliar se era mesmo aquilo que eles tinham ouvido. Pior ainda seria se o pedido do pastor fosse: “Oremos à Deus para que Ele derrame todas as bençãos que Ele tem para nós, não para nós, mas para todos os nossos inimigos. Que derrame em dobro, não pelo fato de que não à desejamos, mas como uma prova de amor ao Deus Vivo em pró de aprendermos a amar o nosso próximo”.

Por que insisto aqui em usar como alvo a oração aos nossos inimigos!? Por que orar por quem amamos e por nós mesmos, ou até mesmo por quem a gente nem conhece, é muito mais fácil do que orar por nossos inimigos. Ainda mais usando o “Amar de Deus” como parâmetro.

Quando temos inimigos, devemos algo, ficamos em débito, à eles. Quais são estes débitos? A graça, a misericórdia e o perdão. Por que se o amor de Deus para conosco é carregado de graça, misericórdia e perdão, então o nosso amor com nosso próximo tem que ser carregado desses atributos. E se temos inimigos, é sinal de que nosso amor não está carregando estes atributos.

A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Romanos 13:8

Só que chamo a atenção ao detalhe de que não devemos nos empenhar em amar ao próximo desta forma simplesmente para se justificar na lei. Não é este o propósito. Veja:

Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. Gálatas 5:4

Por que???

Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.
Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros.
Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.
Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.
Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia,
Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.
Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
Contra estas coisas não há lei.
E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.
Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.
Gálatas 5:13-26

Entendeu????

Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
Romanos 12:20-21

Amar ao seu próximo da maneira como Deus lhe ama, implica em se tornar o menor de todos para encontrar um novo parâmetro de amor. Implica em romper barreiras. Vencer seu próprio “eu”. Sair do egocentrismo e dar um salto para o Reino de Deus. É saltar no Reino de Deus da mesma forma  como uma criança pula em uma piscina para fazer “bala de canhão” num dia quente de verão. Vai água para todos lados, molha todo mundo ao redor. No caso, vai graça para todos os lados...e o Reino de Deus se torna cada vez mais próximo de seus próximos. Sabemos que a lei não salva, pois quem provê salvação é Cristo Jesus. Mas a lei, interpretada corretamente, e aqui me refiro à discernimento adquirido em oração juntamente ao Espírito Santo, nos leva a entender á Cristo Jesus em sua essência. Por que muitos foram os doutores da lei, mas apenas um viveu a lei conforme à vontade de Deus em toda a sua essência: Jesus Cristo, o próprio autor da lei. Por este motivo a lei expressa na vida de Cristo nos mostra que Deus à revelou no Sinai para Moisés como uma forma de amor para conosco.

Ontem, 24/02/2013, fui até a Igreja Cristã do Panamby celebrar o culto com alguns amigos. Durante a celebração, ouvi um testemunho onde o rapaz encerrou o seu relato com uma frase: “Fácil é ter Deus no coração, difícil é ter coração para Deus”.

Logo pensei: “Mais um jargão evangélico!?”

Mas dei vazão ao pensamento para absorver melhor a frase...

Então me lembrei que o pouco de bondade que existe em nossos corações, vem do próprio Deus, que é o Bem Supremo. Esta bondade nos foi dada para que todos nós, seres essencialmente pendentes à maldade, pudéssemos nos suportar até a obra da redenção se completar. Isso é ter Deus no Coração. Me lembrei que quando reconhecemos à Cristo como nosso único e suficiente salvador, e à partir deste ponto, à gente passa à ser imitadores de Cristo, em comunhão plena com a Cruz, assumimos então às rédeas desta bondade, tomamos posse, neste momento adquirimos a consciência de que somos dependentes de Deus e de Seus atributos. Então por consequência disso, temos um coração para Deus (habitar e agir como ele desejar).

O ponto de partida das Escrituras Sagradas é Jesus Cristo. É por Ele que iniciamos qualquer pensamento sobre Deus. Jesus Cristo é a revelação do Verbo aos olhos humanos. Temos que parar de insistir em um evangelho que coloca o homem no centro de tudo. Mesmo a Cruz, Cristo não morreu por você tão somente. Mais que isso, Cristo morreu pelo Próprio Pai. Morreu para satisfazer a vontade do Pai. Você está implícito nesta vontade. Mas não é o centro de tudo. Cristo é o centro. À Ele os holofotes. Ele é o ponto de partida, seja de qual é o amor que devemos nos basear para amar ao próximo, seja para qualquer outra reflexão para a vida. Ele é a expressão viva de que devemos negar à nós mesmos para que outros tenham vida, pois só assim teremos vida. E vida Nele, Cristo Jesus.

Finalizo este pensamento dizendo que: se o parâmetro que temos de ter como ponto de partida para amar o nosso próximo é o próprio amor de Deus por nós revelado em Cristo Jesus, nada mais lógico que o primeiro mandamento também tenha que ter este ponto de partida. Então é evidente que ao resignificar o modo como temos que amar o nosso próximo, Jesus resignificou o modo como temos que amar à Deus sobre todas as coisas.

Temos diante de nós 2 desafios, não por obrigação, e sim por sermos seres provenientes de um Deus que é Amor: Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao nosso próximo...da maneira como Deus nos ama.

Em outras palavras, o desafio implica em sermos realmente aquilo que a gente diz ser, mas na realidade, nem sempre, é: “Cristão” em outras palavras “Pequeno Cristo”...“imitadores de Cristo”.

Por isso o ponto de partida para amar é Jesus Cristo, O Verbo que se fez Carne, o Amor que se fez Carne.

Que Deus nos abençoe.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

PARA TODOS QUE SE SENTEM ESQUECIDOS POR DEUS

Este é um texto escrito para um público específico. Escrevo para àqueles que já não enxergam à vida com as lentes da alegria. Pessoas que se encontram estacionadas no “inverno” da Vida. Pessoas que estão “empurrando a vida com a barriga”, que já não se consideram vivendo, e sim sobrevivendo. Gente que tem um grande vazio dentro de si, angustiante, carregado de tristeza. Tomo à liberdade para escrever alguns pensamentos direcionados para aquelas pessoas que descobriram que a palavra “alma” realmente existe por se verem vivendo o versículo 3 do salmo 88: “Porque a minha alma está cheia de angústia, e a minha vida se aproxima da sepultura”.

Escrevo para a mãe que arruma todos os dias o quarto daquele filho no qual ela sabe que não vai voltar para casa, pois um motorista bêbado o atropelou numa noite de sábado, logo depois de passar por uma blitz da lei seca. Sábado que ela não tem como esquecer, pois todos os dias para ela é aquele sábado. Diluo palavras para a mulher que foi abandonada pelo marido, que à trocou por uma garota, 20 anos mais nova, pois a àventura era mais sedutora aos olhos do que um companheirismo de 25 anos de casados.
Escrevo para aqueles que os dias se tornaram escassos e que insistem em dizer “até logo”. Áqueles que perderam alguém e que durante o dia o pensamento voa longe e lhe traz a mente “Ele/Ela partiu cedo demais”. Pessoas que são invadidas por uma saudade que entristesse plenamente o ser.
Incluo as pessoas que vivem uma tempestade constante, carregada de tormentas, raios assustadores e estrondosos trovões que assustam a alma.

Ouso esboçar algo, com toda a responsabilidade que meu ser possa ter, para aquele menino que sabe que o pai saiu de casa por causa de uma prostituta, e que não vai mais conviver com ele. Menino que ouve a mãe, mês a mês, discutindo no telefone com o seu pai por que ele não enviou a pensão, coisa que ele, menino de 3 aninhos, nem sabe o que é. Escrevo para a menina que é abusada pelo padastro, mas não abre a boca pois a sua própria mãe não irá lhe dar ouvidos. Escrevo para o menino que usa um óculos “fundo de garrafa” e que, dia após dia, engole o “nó na garganta” à seco para não revidar a zombaria de seus amigos. Garoto que se tranca no banheiro da escola para chorar, pois nem a professora e nem seus pais lhe ouvem quando ele quer desabafar.

Escrevo ao órfão, à viúva, aos pequeninos abandonados, aos alcólatras, aos esquecidos...todos que derramam lágimas e mais lágrimas por uma dor que não existem palavras para expressar.
Incluo o empregado que aguenta aquele chefe insuportável, desumano, que não tem um pingo de senso, que enxerga os seus funcionários como mero “cifrões” e não como pessoas. Chefe que tira o direito do menino de 4 anos de brincar com seu pai, por que o mesmo tem que entregar um relatório extremamente importante, pedido às 18 horas de uma sexta feira, para ser entregue às 08 horas da manhã da próxima segunda feira. Superior que faz deste tipo de relato uma rotina na vida de seus funcionários. Chefe que espera (por anos e anos) o seu empregado vir pedir aumento, pois é incapaz de honrá-lo com um reconhecimento salarial pelo mérito e empenho do mesmo. Chefe que humilha o seu colaborador (as vezes na frente de seus colegas de trabalho) na hora de corrigir alguma falha do mesmo, pois sabe que o seu empregado precisa daquele emprego para sutentar a sua família.

Como poderia me esquecer daqueles que enfrentam uma doença grave. Àqueles que receberam o diagnóstico de câncer no fígado e uma previsão de 6 meses de vida (isso, sendo o médico otimista). Pessoas que foram na campanha de cura, semana após semana, para obter vitória/cura sobre uma doença tão malígna, derramaram o seu coração à Deus, não receberam a cura (a dita vitória), viram outros receberem cura (para doenças até mais graves que as suas) e ainda tiveram que ouvir um sonoro “faltou fé irmão”.

Trago para o pacote, aqueles que foram presos injustamente. Que estão nas penitenciárias mundo a fora, sofrendo as consequências por algo que não cometeram. Por estas pessoas e pelas mães e pais dos mesmos que enfrentam a humilhação das revistas das prisões para visitarem os seus filhos. Também insiro pacote à dentro, aqueles que não tomaram café, nem almoçaram, mas jantaram um miojo, com os R$ 1,50 que conseguiram de esmola no farol. Pessoas que vivem na miséria, passando fome, frio e que não sabem se amanhã terão a mesma sorte de conseguir mais R$ 1,50 para conseguir comprar mais um miojo.
Escrevo para o pai que sai no meio da madrugada para buscar o seu filho, travesti, que se prostitui nas avenidas do mundo. Pai que, ao encostar o carro na esquina aonde o seu filho “faz ponto”, se depara com o mesmo semi-nu, com seios artificiais de fora, negociando o valor do programa com um homem, com cabelos tão branco quanto os seus.

Também direciono este pensamento para a mulher que dorme todos os dias com “roxos” pelo corpo, pois apanhou do marido que chegou bêbado em casa quebrando tudo. Mulher que durante toda a madrugada aguenta o bafo de cachaça do marido calada e chora em silêncio para que os filhos não a ouça.

Escrevo pela mãe que pega dois, três, quatro ônibus para ir até a cracolândia buscar o seu filho viciado. Filho que já roubou tudo o que havia em casa e vendeu para sustentar um vício insaciável. Escrevo pelo idoso esquecido pela família nos asilos da vida.

Diluo pensamentos direcionados para pessoas que respiram um sofrimento sem igual. Sofrimento que muitos tratam com desdém. Sofrimento que rouba noites de sono e lágrimas de olhos cansados. Sofrimento que transformam os dias dessas pessoas em uma eterna escuridão. Sofrimento que lhe fizeram pensar que o suicídio era uma solução, um alívio, uma saída para por fim ao convívio com a tragédia.

Para todas estas pessoas, feridas, desacreditadas, excluídas, injustiçadas, envergonhadas, marginalizadas, sem esperança, sem dignidade, abandonadas, que se sentem sozinhas, venho dizer algumas palavras tendo consciência de que jamais saberei a medida exata da dor que as mesmas sentem. Quero dizer à vocês, que ouviram nestes momentos da vida, frases feitas, clichês, ou versículos da bíblia carregados de um “vazio indiferente”, como forma consolo, que Deus tem algo à dizer.

Deus quer lhe dizer que você tem valor. É um valor que só Ele enxerga. É um valor que só Ele, mais ninguém, sabe qual é. Um valor que custou muito caro. Deus quer que você saiba que você custou caro. Um preço altíssimo. Deus quer que você saiba que você custou uma vida. Mas não uma vida qualquer. Você custou a vida do Próprio Deus. Deus que vem neste exato momento lhe pedir: “Olhe para a Cruz e veja o preço”. Deus que te pergunta: “Você consegue ver o valor que você custou para Mim?”.

Deus quer lhe dizer que você está sofrendo, mas que Ele sofreu primeiro. Deus quer lhe dizer que sabe que você quer achar um culpado pelo seu sofrimento, mas que você é culpado pelo sofrimento que Ele sofreu muito antes de você estar sofrendo. O Senhor quer te dizer que ainda assim Ele optou por te amar, e não por lhe odiar. Que Ele optou pela graça (o famoso, mas infelizmente ignorado, favor imerecido que Ele nos concede). O Pai quer lhe dizer que Ele é Poderoso, Soberano, Autoridade Maior, mas que a Sua Identidade Plena é o Amor. Que o Seu Caráter Pleno é o Amor. Ele não é simplesmente um ser amando: Ele é o AMOR. Que este fato é o suficiente para que Ele jamais lhe abandone. Deus quer que você saiba que Ele sofre junto. Que Ele é Emanuel, Deus conosco. E ...não...de jeito nenhum...Ele permanece inacessível, indiferente, sentado em Seu trono sem se importar com o seu sofrimento.

O Senhor quer que você saiba que você é um poema que Ele começou a escrever com Suas Próprias mãos. Um poema vivo que Ele iniciou com todo o amor, escrevendo em uma folha de papel chamada Eternidade, mas que infelizmente o poema ganhou vida e que decidiu dar prosseguimentos nos versos com suas próprias palavras. Você é um poema vivo e inacabado, nas Deus não deixou de ler você. Todas as vezes que Ele lê, Ele se emociona, enche os olhos de lágrimas e diz para si mesmo: “Quero retomar esta poesia e dar vida à ela”.

O Pai quer que você saiba que o sofrimento que ecoa no universo, sofrimento que contempla a dor que você sente, chega até Ele por meio da Cruz de Jesus Cristo. Que suas lágrimas, as que você chora, são as gotas de sangue de Cristo. Que sua dor, que invade sua alma, é a dor de Cristo. Que o injusto que te assolou, e te fez inclusive questionar a Deus, é o mesmo injusto que visitou à Cristo em sua Paixão. Que sua tristeza, angústia que arde à flor da pele, é a mesma que consumia Cristo no Getsêmani, que na ocasião transpirou sangue.

O Pai quer que você se lembre que todas as vezes que você se sentir esquecido, que Ele é esquecido por toda a humanidade. Raros são os que se lembram Dele com amor. Que todas as vezes que você se sentir traído, lembrar-se que Ele conviveu com um Judas Iscariotes, eternizado como traidor. Que ao se sentir-se negado, excluído, lembrar-se que Ele foi negado por 3 vezes por um Pedro que acompanhou de perto todo o seu ministério messiânico. Que ao se sentir julgado, lembrar-se que Ele foi julgado por um Pôncio Pilatos indiferente, que lavou às mãos perante a humanidade. Que ao se sentir injustiçado, lembrar-se que o povo preferiu Barrabás e clamou por crucificação.

Deus quer que você saiba que entristecer-se é algo natural do ser humano, que tristeza faz parte do nosso ser e que Ele se entristece juntamente conosco. Ele permanece ao nosso lado nesses processos de angústia de nossas almas. O Senhor deseja que você entenda que a depressão é a tristeza que não é saudável, e que Ele pode lhe ajudar a curar isso. O Pai quer que você seja feliz, ainda que a tristeza possa vir lhe visitar algumas vezes. O Senhor deseja ser o seu Verão, a sua Primavera em tempos de Inverno e de Outonos.
O Senhor quer lhe dizer que tudo isso é passageiro. Que há uma promessa de um Novo Céu e uma Nova Terra, onde não haverá mais dor e nem lágrima...um lugar onde nenhum choro se ouvirá. O Pai quer que você saiba que essa promessa é a Esperança consumada na Cruz, e que Ele zela por Seu Caráter e que se há alguma coisa impossível para Ele, é exatamente o fato Dele não poder negar o Seu Caráter Majestoso em bondade, e que justamente por isso Ele irá cumprir essa promessa.

O Pai sabe que você tem se entregado ao desânimo. Que você “surra uma goma de mascar” diante de tanta ansiedade ao se deparar com estas situações. O Pai sabe o conteúdo de suas orações. Sabe que você muitas vezes fala e fala...e só tem como retorno um “Silêncio”. O Pai quer que você saiba que este Silêncio é Ausência Presente. Que a experimentar Ausência (com “A” Maiúsculo) não é ausência de experiência. O Senhor quer que você saiba que o silêncio não é indiferença, não é ausência (com “a” minúsculo). Deus quer que você saiba que quando você dobra os joelhos para orar, Ele está pertinho de você. Se você se mexer, ainda que seja um movimento insignificante...você vai se esbarrar Nele. Sim Ele te ouve e lhe diz: “Não Pare de Orar, estou lhe ouvindo”. O Pai quer que você saiba que para Ele, não existem elites espirituais. Que Ele ouve os pequenininhos.

O Senhor lhe convida a confiar Nele. Ele não é aquele tipo de pessoa que vai vir te falar/fazer “aquilo que você quer ouvir/que aconteça”. Ele vai te falar/fazer “aquilo que é melhor para ti”. E o “melhor de Deus” é o melhor parâmetro que nós, humanidade, podem experimentar. Mas só fará se você permitir, pois Ele é um Deus respeitoso, que não interfere se não for convidado. Ouça a voz Dele, num silêncio arrebatador: “Confie Em mim, deixa Comigo”.

O Pai te convida a experimentar a graça, o perdão, a misericórdia, um novo jeito de viver, regados pelo Amor, que é o Próprio Deus, Verbo Vivo.

O Pai lhe diz aqui, que todas as vezes que você olha para o sofrimento e pergunta “Onde está Deus?”, Ele responde: “Estou aqui do seu lado, sofrendo contigo e ao mesmo tempo estou ali, estirado no chão, Sou o seu filho que acabou de ser atropelado por aquele bêbado, Sou a sua filha que acabou de ser estuprada pelo maníaco, Sou o Inocente morto injustamente”.

Deus quer que você saiba que Ele quer ser seu amigo, que Ele é contigo, que ainda que você ache que esteja decepcionando Ele, não está, por que Ele sabe de tudo. Deus quer que você saiba que quando o mundo cai ao seu redor, os braços Dele estarão lá para te segurar a ti, como uma rede que segura o trapezista que cai do trapézio.

Ele quer que você saiba que as tempestades virão, mas que Ele enfrenta ela ao Seu lado. Deus quer que você saiba que, muito mais que um jargão...”O choro dura uma noite, mas a alegria vem ao amanhecer”...ainda que a noite possa ser, simplesmente uma noite, ou uma semana, um mês, anos...ou até uma vida. Ele permanecerá contigo. O Deus que venceu a morte permanece ao seu lado, Ele trará o amanhecer.

Ainda que a tragédia venha sobre você. Deus quer que você saiba que a mão que te sustenta não é qualquer mão...é a destra Dele.

O Pai te coloca duas canções em sua vida hoje, para que você não mais “sobreviva em sofrimento”, mas que “tenha vida, apesar do sofrimento:




Deus quer ser o seu reencontro com a Paz, não uma paz vazia onde não existam problemas...mas uma Paz que lhe permita vencer o sofrimento, a depressão e qualquer outra situação que lhe roube a dignidade que o Senhor nos dá através do Seu Reino (proposta de vida).

O Pai te diz agora, neste exato momento: “Eu te amo de todo o meu ser. Eu Sou o Amor. Paguei o Maior Preço por você: A Minha Própria Vida entregue em Meu Filho, Cristo Jesus, no qual somos Um, juntamente com o Espírito Santo. Eu sempre estive contigo. Eu não te abandonei!!! Arrisco tudo por você, deixo 99 ovelhas por você. É Você ou nada! Quero Você!”

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

TEOLOGIA, UM DEVANEIO PRESO EM UM RELICÁRIO

Teologia é algo presente na vida de todo ser humano (seja de forma implícita ou explícita). Se não está presente em sua vida agora, pelo menos em algum momento você teve ou terá contato com ela. Tudo bem, você pode me dizer... “mas não sou teólogo!” Eu te digo, basta pensar em Deus e você já esta teologizando. Entretanto você pode ainda me questionar: “mas eu sou ateu, ou ainda...agnóstico... como posso ter dado passos sobre o solo da Teologia?” Bom, para decidir rejeitar Teologia ou se tornar indiferente para com a mesma, você, no mínimo, teve que saber o que era Teologia. Ninguém pode rejeitar (ou se tornar indiferente a) algo sem que tenha um contato, ainda que superficial, com este “algo”. Escrevo aqui para aqueles que ao se depararem com ela, a Teologia, decidiram entende-la.
Pelo que me lembre em primeira instância, eu sempre achei que “Teologia” era “estudar a cerca de Deus”. Então descobria-se algo aqui, algo acolá...e tendo consciência de que jamais saberia tudo sobre Deus, poderia me “contentar” com aquilo que o próprio Deus me revelava (de Glória em Glória) e, por consequência, eu poderia tomar isso como matéria prima para desenvolver aquilo que chamamos de espiritualidade (no caso, a minha espiritualidade). 
De um tempo para cá, comecei a perceber que esta minha visão sobre teologia é um tanto quanto simples. Isto não quer dizer que eu não à considere correta e coerente. Ela é. Mas comecei a observar alguns teólogos como Rubem Alves, Ariovaldo Ramos, Ricardo Gondim, Ed René Kivitz, dentre outros, e percebi que há algo além deste meu conceito. Bom, você pode criar um “pré-conceito”: “xiii, mais um contaminado pelo Teísmo Aberto!”. Calma, não é este o cerne do ponto de vista que quero expor. Não tenho nada contra o Teísmo Aberto, e sinceramente não sei nem dizer se eu conheço o assunto plenamente para tomar uma posição particular sobre o mesmo (como se isso fosse relevante).

Teologia não é um produto. Teologia não é um mero estudo sobre Divindades. Teologia não é provar que Deus existe. Muito menos provar que Ele não existe. Teologia é pensar assuntos que jamais dominaremos. É lidar com pequenos paradoxos que somados resultam em um imenso paradoxo. É caminhar com pés descalços sobre um solo que pode ser ao mesmo tempo, tão gelado como um Iceberg que flutua sobre oceanos incertos, e quente como um dia de verão onde crianças se banham com mangueira no quintal da casa de seus avós. Teologia rompe protocolos. Implica em digerir saudade, em se deixar se sentir amado. Você pode praticar Teologia lendo a Palavra, enquanto outros praticam Teologia sentindo à Palavra. Teologia nos remete ao desconhecido. Nos faz experimentar Ausência (com “A” maiúsculo) que é Presente (com um “P” tão maiúsculo quanto o “A”). Teologia implica em “ousar” e ao mesmo tempo em “temer”. “Teo” é solo desconhecido, regado de “Eu Sou o que Sou”. “Logia” implica em estudar, conhecer, que ao ser ligado ao “Teo”, consequentemente implica em responsabilidade. Mas como seres tão falhos podem possuir a pretensão de se acharem capazes de assumir uma responsabilidade tão grande de entender o “Eu Sou”. Tentamos ser mais assertivos em pensamentos tomando como base 2000 anos de tradições religiosas  dissolvidas pela Igreja (instituição), unindo a mesma à pitadas de nossos entendimentos, que consideramos inspirados pelo Infinito. Somos carne regadas por espírito e caminhamos em uma corda bamba que nos remete ao questionamento sobre o fato de que: aquilo que nos é revelado em pensamentos, é da carne ou do espírito. E ainda....qual espírito, o nosso ou o de Deus?
Teologia não é simplesmente um processo de adquirir conhecimento sobre Deus. Teologia é mais que isso, implica em experimentar sensações que nem se quer sabemos se é ou não de Deus. Ausência, Transcendência, Imanência, etc.
Como um ser finito pode entender um ser infinito?
O fato é que somos seres finitos que possui dentro de si um espaço infinito e que tentamos buscar conhecimentos à cerca de um Deus que é Infinito e que deseja se complementar em seres finitos (afinal Ele habita em nós). Teologizar é buscar preencher este espaço interno. Ora, mas é possível? Não sabemos. Mas tentamos. Olhamos para dentro de nós mesmos e vemos um horizonte infinito, similar ao de um oceano, e não sabemos nem por onde começar a organizar tudo aquilo que já consideramos como revelação de Deus.

Questiono: isso é tarefa nossa? Ou tarefa do próprio Deus?
Incógnita paradoxal. Uns acham que temos que entrar no caminho (que é Jesus). Outros acham que é o Caminho (e aqui vale à pena explícitar o “C” maiúsculo) que nos encontra. Se vasculharmos por versículos nas Escrituras Sagradas teremos oportunidade de tendenciar qualquer resposta. Basta querermos. Basta ousarmos. Então estaremos teologizando. Mas fazer isso implica no risco de se torar um herege ou um apóstata. Calma! Não é bem assim. Afinal de contas, 2000 mil anos de Igreja nos permitiram gerar metodologias de fazer isso. Tudo bem, mas quem somos nós para definir o que é ou não uma heresia ou uma apostasia!? Lógico que existem pensamentos que são absurdamente incoerentes. Esses são mais fáceis de rotular: “Nossa que Heresia!”. Mas me refiro aqui àquele ponto no meio do versículo, ou àquela preposição que antecede ao nome de Deus. Isso é pano pra manga para qualquer discussão. O “ponto e vírgula da discórdia”. Tudo isso faz valer o ditado popular: Religião não se discute. É, tudo bem, mas Deus não é religião e muito menos Teologia, Deus é o que é e a gente insiste em discutir o Todo Poderoso. Quer heresia maior do que esta?

É, não sei. Tenho muito mais dúvidas (que não é pecado, ou é?) do que certeza. Só posso afirmar que “as maiores “Seitas” nasceram de heresias, camufladas” (frase que já ouvi por diversas vezes). Será!? Será que posso afirmar isso!? Como posso afirmar isso se não conheço (pelo menos até o momento) a Teologia das mesmas de forma profunda para se afirmar isso. É tenho que estudar mais, pois não da para ficar aceitando frases assim sem saber o que há nas entrelinhas. Aliás, não da pra aceitar nada que venha como clichê (que geralmente são criados para resumir situações extremamente complicadas que as pessoas passam em um único parágrafo – quer um exemplo: “ – irmão, acabei de descobrir que estou com câncer” – ai vem a frase: “Calma irmão, tenha fé...você vai ser curado, afinar você tudo pode Naquele que te fortalece”...semanas depois o irmão que estava com câncer morre...e o outro ainda tem a cara de pau de dizer: “faltou fé!”).
Hereges, Apóstatas, Pastores “Ungidos”, Apóstolos, Pai Apóstolos...e pregações, sermões e mais sermões...onde está Deus!?
Quantos de nós já nos questionamos se Deus está ausente? em crise? indiferente? de Férias?
Será que Deus desistiu de nós e decidiu Se perder, Se deixar esquecido nos versos de “Busca Vida” dos Paralamas do Sucesso?:
Vou sair pra ver o céu
Vou me perder entre as estrelas
Ver de onde nasce o sol
Como se guiam os cometas pelo espaço
e os meus passos
Nunca mais serão iguais
Se for mais veloz que a luz
Então escapo da tristeza
Deixo toda a dor pra trás
Perdida num planeta abandonado
no espaço
E volto sem olhar pra trás
No escuro do céu
Mais longe que o sol,
Perdido num planeta abandonado
no espaço
Ele ganhou dinheiro
Ele assinou contratos
E comprou um terno
Trocou o carro
E desaprendeu
A caminhar no céu
E foi o princípio do fim
Se for mais veloz que a luz
Então escapo da tristeza
Deixo toda a dor pra trás
Perdida num planeta abandonado
no espaço
E volto sem olhar pra trás.
Talvez Deus realmente vague por ai, em outros Planetas, desacreditado com a raça humana ao ver como tratamos o sacrifício do Seu Filho Unigênito na cruz com tanto desdém. Talvez não. Quem pode afirmar?...Graças ao Pai por Sua Palavra Viva, que é o Próprio Deus. Ela pode. É por isso que temos sede por conhecer à Deus. Sede de Deus. Graças ao Pai por nos dar uma Palavra não para provar se Ele existe ou não...e sim para nos revelar o Seu Caráter Santo.
A Teologia nos convida à poesia. Poesia expressada nas Escrituras Sagradas. Podemos enxerga-la simplesmente como um livro à cerca de leis. Ou como, por exemplo, um lindo romance.

O Escritor Britânico Aldos Huxley certa feita disse “É de maus sentimentos que se escrevem bons romances”. Em Gênesis 3 um sentimento muito mau que provocamos em um Deus tão amoroso deu início ao maior romance de todos os tempos: A História da Redenção.
Teologia é ler, interpretar, experimentar este romance, onde há um Noivo e uma Noiva que protagonizam um enredo que era para ser horrível, mas foi reescrito por uma Mão única.
Teologia nos obriga a trocar as nossas lentes limitadas (se não o fizermos, não estaremos caminhando em solo teológico). Faz o olho nu ver coisas vestidas de amor, que jamais poderíamos ver caso não usássemos as lentes da Palavra de Deus, nem se usássemos um microscópio mais avançado criado pelo homem. Se a teologia é distorcida ou roubada de nós...então podemos dizer como Adélia Prado:
“Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”
Lindo não? Mas até o que é lindo tem que ser alvo de questionamento: e se a poesia enviada por Deus seja simplesmente ver...uma pedra?
Quem faz Teologia não é o homem. Quem faz Teologia é o Próprio Deus. Ele se revela através do Espírito Santo, e nós absorvemos. Quando estamos em uma montanha, no topo, e olhamos uma cidade sobre um vale. Não há sentido. Mas se olharmos para o mesmo vale, ainda que a cidade esteja lá, e enxergarmos o projeto inicial de Deus: estamos recebendo Teologia das mãos de Deus. A glória faseada que o homem recebe de tempo em tempo é revelada pelo próprio Deus conforme o buscamos. Jesus Cristo, expressão mais escancarada ao homem de Quem Deus É ainda assim é um mar de interpretações.
Podemos considerar a Palavra de Deus e o Discernimento do Espírito Santo como faca e queijo em nossas mãos. O problema é que se não existe fome...de nada adianta tê-los em mãos. Adélia Prado, novamente cito ela, nos diz: “Não quero faca, nem queijo. Quero a fome.”
Faço uma releitura da frase dela trocando algumas palavras: “Quero a faca, o queijo e água na boca”. Nhami nhami nhami...é claro que aqui se aplica o contrafluxo de raciocínio. Evidente!
Por que insistimos em tratar teologia como um mero devaneio (capricho da imaginação; fantasia, sonho, quimera) no qual guardamos em um relicário preso ao nosso pescoço?
Estamos carentes de interpretações!? Estamos limitados à visões literárias? Ou é medo de termos nossa fé abalada?
Talvez seja o medo de ser visto como um herege ou um apóstata? Mas quem não corre este risco, infelizmente, não encontra Deus. Será que é realmente um caminho sem volta se arriscar nessa trilha. Poxa, se um irmão aponta uma heresia em meu pensamento, não há um meio em que eu possa reconhecer que eu realmente estou errado? Não há um caminho de volta? Por que não haveria? Talvez pelo fato da religião nos cegar.
Precisamos enxergar a busca de Deus com um olhar mais elevado. Deixar de lado o tapume da “religião”. Deixar de lado as visões limitadas. Visões que, por exemplo, definem um bom Cristão simplesmente pelo fato de que o mesmo tem versículos e mais versículos decorados na ponta da língua (isso é boa memória...não espiritualidade). Precisamos sensibilizar ouvidos, olhos e demais sentidos para que a Teologia flua em nós. Precisamos ter a consciência de que é maravilhoso ouvir um bom pregador discernir o evangelho em um culto de domingo, mas que, às vezes, nós precisamos pregar a Palavra para nós mesmos. E ainda mais importante, ser consciente de que Deus também esta (pregando) se revelando constantemente à nós.
Abra o relicário...de asas ao devaneio...deixe que ele voe conforme o bater de asas de Deus...pois o Vento sopra para onde Ele quer...tudo ficará mais claro...tudo ficará mais simples. Arrisque-se em conhecer Deus. Faça isso com Amor à Ele. Faça isso em oração. Faça isso em comunhão. O risco de errar (se deparar com heresias ou apostasias) vai estar presente. Faz parte: somos pó!. Então caso você se veja neste solo, calma, não se desespere, converse com Deus, busque a Verdade Dele. Não se desespere, pois Deus não pode se decepcionar conosco: “Como pode alguém se decepcionar, se o mesmo já sabe o que vai acontecer?”. Calma, ande com antenas ligadas, com os sentidos sensíveis ao Pai. Ele lhe auxiliará.
Não proponho aqui sair pensando em Deus deliberadamente sem considerar aquilo, pouco, que já o temos como “Verdade Explícita de Deus”. A proposta aqui é...deixe que os seus pensamentos voem em Deus...questione, questione muito...pois as respostas (que nem sempre serão exatas) lhe causarão mais dúvidas (que não é pecado)...e lhe farão buscar mais...e mais...e mais...e você entrará em um looping infinito...e quando menos esperar ...se verá encharcado de Deus.
Você diria: “Olha ai, um texto cheio de heresia, falando...de heresia!”...Eu diria...”Tudo bem respeito sua visão, mas o que você chama de heresia pra mim soa apenas como incertezas...algo natural quando se trata de um Deus que se autodefine...Eu Sou”.
Ainda assim acho necessário lhe dizer: “Me perdoe por este texto!”.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

BREVE TEOLOGIA SOBRE O PARADOXO DA HABITAÇÃO

Quando já estava chegando a Páscoa judaica, Jesus subiu a Jerusalém.
No pátio do templo viu alguns vendendo bois, ovelhas e pombas, e outros assentados diante de mesas, trocando dinheiro.
Então ele fez um chicote de cordas e expulsou todos do templo, bem como as ovelhas e os bois; espalhou as moedas dos cambistas e virou as suas mesas.
Aos que vendiam pombas disse: "Tirem estas coisas daqui! Parem de fazer da casa de meu Pai um mercado! "
Seus discípulos lembraram-se que está escrito: "O zelo pela tua casa me consumirá".
João 2:13-17

E entrou Jesus no templo de Deus, e expulsou todos os que vendiam e compravam no templo, e derribou as mesas dos cambistas e as cadeiras dos que vendiam pombas;
E disse-lhes: Está escrito: A minha casa será chamada casa de oração; mas vós a tendes convertido em covil de ladrões.
Mateus 21:12-13

Na época de Jesus, antes de sua morte, o povo judeu ainda tinha que oferecer sacrifícios no Templo em pró de obter redenção por seus pecados. Eles ainda viviam os rituais de expiação de pecados revelados por Deus à Moisés no deserto. Por este motivo, muitos comerciantes iam até o pátio do Templo e permaneciam por ali comercializando cordeiros, bois, e outros animais que poderiam ser usados em sacrifício no próprio Templo. Eram “cambistas”. Algo parecido com o que acontece hoje na porta de estádios de futebol, quando vai haver jogo ou algum show, onde os cambistas ficam na entrada oferecendo ingressos (teoricamente de uma forma “facilitada”, porem com valor alterado) para quem ainda não comprou. Parece uma analogia fútil, mas creio que são realidades próximas, e perceba, a própria Palavra (versão NVI) usa o termo “cambista”.

O fato é que as Escrituras Sagradas relatam que por duas vezes Jesus se irou com estes cambistas. Aqui tem um detalhe importante, que, apesar de não é o foco do pensamento, creio que vale à pena comentar. Abro um parêntese: A ira, considerada um dos sete pecados capitais (algo que não está exatamente presente na bíblia), não necessariamente é um pecado. A própria Palavra nos diz isso:

“Irai-vos, e não pequeis; não se ponha o sol sobre a vossa ira.” Efésios 4:26

Entretanto, quando a ira cega o homem, a partir daí ela se torna pecado. Irar-se consciente de que se tem domínio sobre o sentimento de ira, é algo normal, que diria até, presente na natureza do ser humano. É no “perder o controle” da ira e de seus sentimentos derivados, que mora o perigo. Fecho o parêntese.

Voltando ao contexto: Jesus fez um chicote de cordas e “enxotou” todos os cambistas do templo. Ele fez isto por duas vezes. E o fato de ter ocorrido duas vezes me remete à lembrança de reportagens na TV em que a Polícia enxotava os camelôs da 25 de Março e dias depois os mesmos camelôs voltavam, ou em cenário parecido na Cracolândia onde os enxotados eram os viciados em craque ao invés dos camelôs.

Quando vemos, em João 2:17 a passagem “Seus discípulos lembraram-se que está escrito: "O zelo pela tua casa me consumirá" e atrelamos a palavra “Zelo” juntamente ao contexto da cena de Jesus expulsando todo mundo do templo, podemos chegar à conclusão de que Deus tem um “amor” sem igual pela Sua Casa.

Então se a gente se esforçar um pouquinho e vasculhar em nossa mente tudo aquilo que já vimos em nossa caminhada cristã, iremos nos deparar com um versículo muito importante (e famoso) que diz:

O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do céu e da terra, não habita em templos feitos por mãos de homens;
Atos 17:24

Em um contexto mais atual, a frase por muitas vezes dita é “Deus não habita em templos feitos por mãos humanas”.

Linda esta frase, não!?...Mais lindo ainda é ir na raiz de seu significado: Deus é nossa habitação e nós somos a habitação de Deus. Não é este o real significado desta frase?...

Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? 1 Coríntios 3:16

E, se o Espírito daquele que dentre os mortos ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dentre os mortos ressuscitou a Cristo também vivificará os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que em vós habita. Romanos 8:11

Somos casa de Deus, templos vivos, morada do Altíssimo. Apenas este “simples” motivo já deveria ser suficiente para que a gente se perguntasse dia a dia o que temos feito com nosso corpo. Me lembro que uma vez questionei um Frei, amigo meu, sobre o que Ele pensava a respeito de tatuagens. Ele me disse: “ora se somos templos vivos de Deus...fazer uma tatuagem é o mesmo que pichar os muros do templo do Altíssimo”. Eu particularmente achei isso suficiente para jamais pensar em fazer uma tattoo. Mas é claro que isso é algo que tomei para mim...acho que a decisão de uma tatuagem implica em outro tipo de discussão, que não é o meu foco aqui. Aliás acho válido deixar claro que não tenho nada contra quem tem tattoo.

O fato é que somos templos vivos, morada do Senhor. E isso só foi possível por que na Jesus se entregou na Cruz. Ao se entregar em sacrifício por nós, Cristo satisfaz todos os sacrifícios e rompe a necessidade de se ter que expiar os pecados através de sacrifícios de animais. Por isso que quando a sua morte é consumada na cruz o véu (que implicava em uma “separação” entre Deus e o homem) se rompe dentro do Templo.  Ao se entregar na Cruz Jesus, o Messias, assume o “papel” do véu, entretanto não como separação, mas como intermediação entre o homem e Deus.

Então lhe digo: ora, se Jesus tinha um amor tão imensurável pela casa de Seu Pai, que dirá por nós templos vivos?

Ou vocês acham que é sem razão que a Escritura diz que o Espírito que ele fez habitar em nós tem fortes ciúmes?
Tiago 4:5

Acontece que, vendo Jesus tudo aquilo que os homens estavam fazendo com a Casa de seu Pai, Cristo não permaneceu lá.

Nós, seres humanos, templos de Deus, somos extremamente complexos. Possuímos vários “eus” em concorrência com o verdadeiro “eu” (aquele que se espelha em Cristo) que devemos ser.  O fato é que estes outros demais “eus” são cambistas, comercializando coisas em solo que deveria ser sagrado. Eles tornam uma morada que deveria ser sagrada em profana. Quais são os cambistas que estão dentro de você? Talvez seja a sua sexualidade, o seu “eu” pervertido, obcecado, egoísta? Talvez seja a sua negligência com relação ao seu cônjuge, o seu “eu” adultero, o seu “eu” bruto, agressor? Talvez seja a sua indiferença com o seus filhos, o seu “eu” irresponsável em pagar uma pensão, o seu “eu” indiferente em educa-los ou simplesmente amá-los? O que estes cambistas estão negociando? Talvez a sua integridade, sua santidade, seu nome no livro da vida eterna, a sua salvação? Talvez os seus relacionamentos com os seus próximos? Talvez o seu caráter!? Será que Jesus tem tentado enxotá-los de dentro de você, templo vivo, e você tem permitido que os mesmos cambistas retornem ao mesmo local, dentro do seu “eu”, no seu coração?

Pergunto, como é possível algo sagrado viver dentro de algo profano?! Ou em outras palavras: como é possível algo Santo, Limpo, habitar dentro de algo enfestado de pecado, sujo?

Ora, se o limpo habitar em algo sujo...por consequência ...o limpo se sujará!

Mas Deus sabia disso desde o início. Sabia que era necessário prover alguma maneira de nos limpar, de nos esvaziar, consagrar (tornar santo), para que Ele pudesse habitar em nós. Por este motivo, antes mesmo da fundação deste mundo, Ele designou o Sangue de Seu Filho amado. Um Sangue híbrido: sagrado e ao mesmo tempo carregado de pecado (nosso pecado), sangue divino e ao mesmo tempo humano. Sangue derramado na cruz do calvário.

Ler “Jesus, com um chicote de cordas, enxotou os cambistas do templo” é o mesmo que ler “Jesus, com seu sangue, enxotou o pecado de nós”.

O problema é que os velhos cambistas insistem em voltar, trazendo consigo as suas propostas de negociação. E infelizmente a gente aceita! Ai pegamos o nosso próprio chicotinho de cordas e... enxotamos quem? Quem? Jesus!

Você pode até tentar enxotar os seus cambistas (e deve)...mas creio que a nossa tarefa maior seja outra: permitir Jesus adentrar e deixa-lo agir. Permitir que Ele enxote os nossos “eus” que nos sabotam.

Um cambista quando negocia algo, vê seus próprios interesses, por consequência cobra um preço absurdo pela “facilidade oferecida” (por exemplo, evitar a fila imensa de uma bilheteria de um show). O preço é tão absurdo que é praticamente um roubo. Os cambistas que habitam em nós também roubam. Mas infelizmente o roubo que é cometido aqui leva o que mais de precioso podemos ter: A Presença de Jesus.

Infelizmente é isso que temos negociado com os nossos cambistas. Eles oferecem uma parafernalha de coisas e damos a “Presença de Deus” como moeda de troca.

A “Presença de Deus” não é moeda de troca. Mas insistimos em trata-la como tal.
É por isso que Jesus, segue eternamente, à porta de nossos corações, batendo...
Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo. Apocalipse 3:20
Ao abrir a porta, temos de estar cientes de que Deus terá que enxotar cambistas. Pois, para estar conosco, o próprio Deus consagra o nosso ser, para que em nós, Ele possa habitar. Jesus pega algumas cordas (seu sangue) e põe os cambistas (pecado) para correr do templo (de nós).

Por isso o salmista diz:

...lava-me, e mais branco do que a neve serei
Salmos 51:7

O sangue de Jesus entra em nosso ser como uma “cândida sagrada”, que passa pelas salas do nosso eu, lava as escadarias do nosso íntimo, o rejunte das nossas almas...por onde passa...limpa...e nos torna mas branco (alvo) do que a neve.

Deus tem zêlo, ciúmes por nós. Ele cuida de cada templo Seu. Ele ama cada morada em que Ele habita.

Que tipo de morada será que Deus quer que a gente seja? Uma mansão? Uma cobertura no prédio mais caro da melhor cidade do mundo?!

Engraçado que estamos falando de um Deus que ao se fazer homem, nasceu em uma manjedoura, num estábulo, cercado de animais, sem nenhuma regalia, nenhum conforto. Estamos falando de um Deus que afirmou que...

... As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça". Mateus 8:20

Acho que Deus não está preocupado se você será uma mansão com piscina, sauna, cinema particular e outros itens incomparáveis de conforto ou se você será um Casebre caindo os pedaços. Deus apenas quer habitar em você. Apenas isso. O fator “casebre ou mansão” não importa. Afinal Deus é Criador...vento que sopra para onde quer...Ele constrói, destrói e reconstrói o que quer ...da maneira que quer...não se preocupe com nada...deixe Ele agir.

Você pode tentar entender, e se dizer/perguntar: Mas eu não sou nada. Sou pó. Finito. Como pode um Deus infinito querer habitar dentro de mim, finito? Como pode isso acontecer? O que tenho de tão atrativo para que Deus me queira?

Sim, somo pó, não temos nada de atrativo, absolutamente nada, somos desprezíveis, uma arrogância perante à Santidade de Jesus e Ele ainda sim nos quer. Loucura não?

Mas Deus é assim...escolhe coisas loucas deste mundo para confundir as sãs. Escolhe aquilo que “não é” para reduzir a nada o que “é”. Deus escolhe as coisas desprezíveis do mundo, pois são exatamente estas coisas que lhe são consideradas as mais preciosas. Este é o Deus que insistimos em dizer que “escreve em linhas tortas” o certo. Somos linhas tortas. Então que cada vez mais a gente permita Deus escrever em nós aquilo que só, tão somente, apenas...ELE sabe o que é certo.

Somos filhos de um Deus Emanuel, Deus Conosco, Deus Perto...mais perto do que você pode imaginar...pois Ele habita inclusive na imaginação...habita dentro de nós. Sofre junto conosco, sorri junto conosco, vive tudo o que vivemos junto conosco...simplesmente por que está em nós. Ausência Presente em nós! Experiência Mista! Somos habitação de Deus por que Deus é a nossa habitação. Perfeito paradoxo sagrado. Vivo em algo que vive em mim...sou habitação de algo que é a minha habitação! Lindo!

Exaltado seja este Senhor Maravilhoso. Esvazie-se para que Deus possa se encharcar de Você no sangue de Cristo Jesus.