A palavra “Santidade” pode ser traduzida como “separação”. Em outras palavras, ser “santo” é ser “separado”, separado para (por) Deus.
O mesmo termo, “separação”, pode ser atrelado ao “pecado”. Isso por que o pecado implica em separação (já dilui um pensamento que explica melhor isso no texto “Meu Pecado de Estimação”).
O pecado separa...
O pecado separa...
...O homem do homem:
O pai estará dividido contra o filho, e o filho contra o pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra sua sogra. Lucas 12:53
...Deus do homem:
Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor. Romanos 6:23
...Deus de Deus:
E perto da hora nona exclamou Jesus em alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni; isto é, Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Mateus 27:46
Porém tu és santo, tu que habitas entre os louvores de Israel. Salmo 22:3
Tu és tão puro de olhos, que não podes ver o mal, e a opressão não podes contemplar... Habacuque 1:13
É interessante perceber que este “elo” causado pela palavra “separação”, entre santidade e pecado, nos remete a alguns pensamentos:
A “separação” causada pelo pecado não está presente (dentro) na “separação” causada pela santidade. A “separação” causada pelo pecado não consegue conviver com a “separação” causada pela santidade. Uma não suporta a outra. Vivem uma de costas para a outra. Diria até que, uma nasce da morte da outra. São determinadas por um único termo (”separação”) mas que possuem significados opostos. E se estressarmos mais e mais pensamentos sobre ambos os tipos de separação, chegaremos ao óbvio: que os dois tipos de separação se relacionam entre si, entretanto, implicando posturas radicais de isolamento, uma sobre a outra. A “separação” causada do pecado vive “separada”, em obrigatoriedade, da “separação” da santidade. Uma é amarrada ao Sagrado e outra ao Profano. Por este motivo, não é possível dissertar sobre uma separação em pró da santidade sem mencionar a separação causada pelo pecado. Da mesma forma que o contrário também é uma verdade. Sendo assim, afirmar que uma é complemento da outra não é verdade, mas, talvez, poderíamos afirmar que, uma justifica a outra (ou pelo menos uma justifica a busca da outra: busco ser santo por que sei o que é profano, ou, opto por ser profano por que não acredito no modelo de vida “santo”).
Com base neste pensamento, chamo a atenção ao fato de que todo ser humano, ainda que na parte mais profunda de seu consciênte, tem uma certa noção sobre o que é o bem e o que é o mau, o que é certo e o que é errado (ainda que os parâmetros de comparação entre um e outro sejam limitados). Partindo deste ponto, o homem acaba se vendo em uma bifurcação na rodovia de sua vida, e deve decidir: opto pela “separação profana” ou pela “separação santa”.
Chegamos então ao ponto em que temos que tomar uma posição sobre: “qual será a nossa postura quanto à maneira que viveremos a nossa vida?”. Em outras palavras: “que tipo de separação habita em nossas vidas?”, “Somos ímpios ou pios?”
Como alguém já disse: “Se Deus existe, então, por consequência, existe um modo certo de se viver!”
Se somos Cristãos, acreditamos na Bíblia Sagrada. E como Cristãos, sabemos que a Bíblia Sagrada não foi escrita para provar que Deus existe, e sim para revelar um Deus que existe. Sendo assim, as Escrituras Sagradas partem da premissa que Ele existe.
Como na maioria das reflexões espirituais, o ponto de partida é a sinceridade: precisamos ser sinceros com a nossa própria consciência.
Então podemos unir à esta sinceridade, 2 artifícios indispensáveis para se chegar ao objetivo de identificar que tipo de separação a gente vive e qual é a que devemos viver:
Primeiro, nós cristãos, sabemos que a Palavra de Deus é a raíz de todo o entendimento da vida. Em segundo lugar, também sabemos que o centro da Palavra de Deus é o sacrifício de Jesus Crusto na Cruz do Calvário. Entretanto, esta premissa só é válida se termos a consciência de que este sacrifício não foi consumado, simplesmente, pelo fato de que a motivação da mesma era, tão somente a salvação do homem, e sim (também), um ato necessário para saciar a ira de Deus.
Isaias 53:10 "Ao Senhor agradou moê-lo".
A gente enxerga a Cruz de Cristo tendo como base central o homem (e sua salvação). Esquecemos que o centro do universo (da história) é Deus. Este esquecimento nos limita enxergar a extraordinária visão de que: A Cruz é uma justificativa da vida de Jesus Cristo.
É claro que não podemos deixar de enxergar a Cruz como um ato para a redenção da vida do homem, pois só um sacrifício poderia redimir os nossos relacionamentos com Deus. Isso é verdade.
Mas, diria que a vida de Cristo justifica muito mais a Cruz do que um “ato específico” (que muitas vezes isolamos) para a redenção do Homem. Em outras palavras, isolar o sacrifício sem considerar a vida que Cristo viveu é uma visão medíocre da Graça de Deus.
Uma vida santa automaticamente ausenta o pecado. Sendo o pecado considerado o salário da morte, como poderia Jesus receber tal pagamento?
A vida de Cristo justifica o seu sacrifício e isto é extraordinário.
Extraordinário, por que a cruz é um espetáculo de horror e ao mesmo tempo um espetáculo de amor. Um dentro do outro. E o mesmo só foi possível por que a vida de Jesus Cristo não justificava o espetáculo de horror, mas glorificava o espetáculo de amor.
Bom, mas no que isso implica?
Em muita coisa. Por exemplo, frases como”Ele morreu por ti”, que geralmente é usada para evangelizar pessoas precisam ser trazidas para o enredo real da Palavra. Dizer “Ele morreu por ti”, como por diversas vezes a gente diz, limita todo o significado da cruz. Então é necessário resignificar o nosso diálogo. Há uma necessidade de se complementar o mesmo. Não, simplesmente, por uma questão de zêlo pela Palavra, mas muito mais pelo real significado da cruz.
Ao entender o verdadeiro significado da cruz, trazemos todo um contexto para esse tipo de abordagem (seja no campo de evangelização, seja para nós mesmos, a final nós temos que ser os primeiros à acreditar naquilo que falamos à respeito de Cristo). Passamos a dizer: “Ele viveu por ti, morreu por ti, ressussitou por ti, e virá buscar à ti”.
Em um cenário como este, somos obrigados à dissertar sobre a vida de Jesus. É necessário dar cores ao que se está dizendo. E para obter estas cores é necessário olhar para a vida de Jesus. Ao olhar para a Vida de Cristo, passamos a entender o real significado da Cruz.
A partir daí, veremos que a ressurreição, filha da Cruz, é a maior evidência de que Cristo viveu em santidade e era plenamente santo (separado para Deus). Nos deparamos com uma Verdade Libertadora e não com uma Verdade Artificial.
Abro um parênteses aqui...
Infelizmente, nos dias atuais, tendênciamos a entender a ressurreição como algo fácil para Cristo, afinal, Ele era Deus. Mas se esquecemos que não é isso que a Palavra nos relata. Quando o Verbo se fez carne (se esvaziando) para habitar em nosso meio, Deus se abdicou de todo o seu poder. Se não fosse assim, então a Vitória do Filho e o Reino de Deus, seriam artificiais: de plástico. Este fato é extremamente importante. Implica, por exemplo, em ler às tentações nas quais Cristo foi submetido no deserto, enxergando aquilo como uma realidade e não como um teatrinho. Já imaginou se Cristo tivesse optado por transformar a pedra em pão, deixando de confiar na providência do Pai que O sustentava no deserto? Ou se Cristo tivesse se jogado do alto da torre do pináculo e se espatifado no chão?! Não haveria Cruz.
...fecho parênteses.
A cruz é o parâmetro que nos torna clara a percepção do que é santidade? É na Cruz que devemos enfatizar o ponto de partida para se sentir separado para Deus?
Sim, precisamos enfatizar a Cruz! Ela é o centro, o ponto de partida do entendimento da Palavra. Mas precisamos enfatizar que a Cruz só foi realmente Cruz, por causa do tipo de vida que Cristo viveu.
Com base nisso podemos olhar para a vida de Cristo e perceber que a lei revelada à Moisés fazia todo o sentido. Que a lei é uma expressão do Amor de Deus. Que para vivê-la era preciso “separação”. E que vivê-la implicava em “separação”. Que para vivê-la era necessário romper com o pecado. E que a consequência de vivê-la era a santidade.
O destino da santidade é a Cruz. Quem vivê a lei de Moisés tendo como modelo a vida de Cristo, chega em um lugar chamado: “Sacrifício pelo próximo”.
Aqui é possível entender que a salvação não é por boas obras, nem pela lei, e sim pela Graça de Deus, por que não é a lei e nem as boas ações que constróem a Graça, e sim a Graça que possibilita viver a lei e as boas obras.
De fato, temos que optar por qual tipo de separação viveremos: “Para Deus” ou “De Deus”?
Você pode se perguntar: Posso optar por nenhuma das duas.
Eu te digo:
“Sim você pode, é um direito seu, afinal somos criaturas feitas por um Criador que nos concebeu livre arbítrio. Mas a separação acontecerá de qualquer maneira, seja por uma opção voluntária da nossa parte, seja pelas mãos do próprio Deus. Esta separação se chama arrebatamento. Será consumada no dia em que Cristo voltar. Ele separá o joio do trigo.”.
Digo-vos que naquela noite estarão dois numa cama; um será tomado, e outro será deixado.
Duas estarão juntas, moendo; uma será tomada, e outra será deixada.
Dois estarão no campo; um será tomado, o outro será deixado.
Lucas 17:34-36
Este acontecimento ocorrerá em questão de segundos, num piscar de olhos, mais rápido do que este vídeo de 3 minutos:
Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem. Mateus 24:27
Somos seres entre Adão e Jesus. Entre a maçã e a cruz. Deus nos quer de volta. Escreveu uma história de redenção e nos quer como personagem da mesma. Ele nos Ama plenamente.
Creio que você já tenha ouvido isso: “O Amor de Deus é Incondicional”.
Isso é lindo...mas o que torna isso lindo não é a ausência de condições para Deus nos amar e sim o preço da condição que Ele se dispôs à pagar para que isso fosse possível.
É aqui que a dimensão do amor de Deus é realmente revelada. Pense:
O Amor de Cristo para conosco é incondicional. Ele nos ama tanto, que acredito que, não há um dia se quer, que Ele fique sem falar bom dia para todo o ser humano que habita na terra. Não há um dia se quer que Ele não vá até o Sol e diz: “Brilhe mais uma vez!”. Não há um dia se quer que Ele não vá até a Lua e diz: “Rompa as trevas mais uma vez!”. Não há um dia se quer que o Deus Pai não vá para Jesus e diga: “Sorria para eles, ilumine mais um dia deles com Teu sorriso!”.
A gente costuma dizer de “boca cheia” que o Amor de Deus é incondicional. Que Deus nos Ama sem condições. Fico pensando, mais um pensamento egoísta do homem. Pois quais foram as condições que Deus assumiu para com Ele mesmo ao decidir não impor condições para nos amar?
Eu te digo uma: “A morte do Seu Próprio Filho”, pois para que a gente esteja vivo, para que Deus nos sustente vivo neste universo, Deus designou à Cruz. Olhe ao seu redor e veja tudo em sua volta. Sem a Cruz, nada disso existiria. Para sermos amados por Deus, precisávamos, no mínimo existir (aqui considero a dimensão cronológica de Deus, não do homem). Como Deus poderia amar algo que não existe?
Para que a gente exista, a Cruz foi, é e sempre será a condição. Então o amor de Deus é incondicional para conosco...mas implicou na mais cruel condição assumida pelo Próprio Deus: a morte de seu próprio filho.
Há um jeito certo de se viver: Cristo é o modelo. Qual a separação que você vive? Precisamos responder esta questão e assumir um compromisso com a resposta da mesma.
Que Deus nos Abençoe