segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

A MELHOR FOTO DO ANO: DEUS NÃO ESTÁ NO CONTROLE

Na semana passada (mais precisamente no dia 15/02/2013), o fotógrafo sueco Paul Hansen, do jornal Dagens Nyheter, ganhou o prêmio “Foto do Ano de 2012” (quesito fotojornalismo) concedido pela World Press Photo. A foto que ganhou o prêmio é esta abaixo:



Como é possível observar, a foto (clique aqui para ler a notícia completa e visualizar a imagem) exibe um cortejo fúnebre levando 2 crianças, Suhaib e Muhammad, que foram mortos em Gaza. Na mesma tragédia, o pai das duas crianças também foi morto (é possível ver ao fundo da foto um pano branco, que cobre o corpo do pai).

Hoje pela manhã, tive conhecimento desta notícia ao me deparar com a imagem premiada impressa no jornal Destak. Fiquei por um tempo olhando a mesma e permaneci imóvel diante da face da tragédia exposta em uma foto tão triste. Com o coração entristecido e com os olhos cheios de lágrimas, transportei todos aqueles que amo para a imagem e para o sofrimento destas pessoas. Imaginei meus familiares carregando o corpo de meu filho, sobrinhos ou qualquer criança de minha família envolto em um lençol branquinho, cheio de respingos de sangue. Vi na face daqueles homens o rosto de meus cunhados, sogro, etc. Me compadeci!

Então me dei conta que há uma linha bem fina, chamada aleatoriedade, que separam algumas realidades, por exemplo a da minha família e a daquela.

Enquanto sofremos com um tipo de violência que assolam as ruas da metrópole paulistana, do outro lado do mundo, pessoas morrem vítimas de uma outra face do mesmo tipo de violência. Por que uma outra face? Por que a mesma violência? Outra face por que simplesmente mudam os motivos: disputa de terra, religião/crenças, política, drogas, dinheiro, etc. Mas uma mesma violência: morte e mais morte...sangue e mais sangue derramado.

Ainda assim, é impossível comparar a vida (da minha família, por exemplo) que temos aqui, com a vida (da família na foto, complementando o exemplo) de outras pessoas que vivem uma outra realidade (tendo como parâmetro de diferenciação a cultura, ambiente, etc.).

Diante de uma realidade como esta que foi escancarada em uma foto premiada, eu deveria orar: “Obrigado Senhor por não ter nascido em Gaza”, ou “Obrigado Senhor por me mostrar que eu não devo ir para Gaza quando me oferecerem um emprego por lá, ou quando eu for tirar férias” ???

Ou deveria generalizar uma oração (pretensiosamente rasa): “Pai, acabe com a Guerra em Gaza” ?

Este tipo de oração não seria o mesmo que orar: “Pai, cura o HIV do povo angolano!”

Neste domingo, durante o culto na Betesda, ouvi o pastor Villy falar algo interessante: “orar por pessoas que jamais veremos os rostos”. Coincidência ou não, ao ver aquela foto me senti muito mau. Me perguntei: quais são os anônimos que fazem parte de minhas preces? Quais são as pessoas que jamais terei a o oportunidade de conhecer que fazem parte do desejo do meu coração em abençoar?

Só que em um questionamento como este, não é possível você também não se perguntar: Será que a minha oração...oração que vaga em solitude pelo universo...ainda que carregada de preces e misericórdia por vidas de Angolanos, Judeus ou outras pessoas que morrem vítimas da injustiça...realmente faz alguma diferença?

Como posso clamar por salvação para a vida de alguém que nem conheço!?

Bom, então lendo isso você pode presumir: “Que falta de Fé!”

Não ...a questão aqui não é a falta de fé. O problema aqui é outro. O problema é como orar por motivos “generalizados” sem que a oração seja rasa (superficial)?

Sendo eu um brasileiro que vive outro tipo de realidade, como posso aprofundar o meu coração na realidade de um homem que sofre a agonia da fome no Sudão, ou a perda de um pai morto no Iraque, a ponto de orar com responsabilidade por estas pessoas?

O fato é que enquanto tomamos um café no StarBucks, comemos um McLanche Feliz, tomamos uma Coca cola e vestimos Nike, temos do outro lado do oceano Atlântico crianças que são dizimadas pela fome. É outra realidade!

Enquanto dormimos em uma cama quentinha e aconchegante, temos bombas e mais bombas explodindo nas “Gazas” pelo mundo a fora.

Talvez aqui seja o ponto chave para uma pessoa se tornar um ateu: a injustiça que resulta no sofrimento humano.

Por que existem privilegiados que nascem em um país de primeiro mundo onde a condição de vida é excelente e existem pessoas que nascem em um ambiente propício ao sofrimento (seja causado pela fome, violência, doenças, etc.)??? Por que???

Será que somos mais privilegiados pelo fato de nascer em um país como o Brasil onde é possível ter acesso, praticamente vindo de berço, ao Cristianismo, enquanto diversas crianças nascem em um mundo totalmente propício ao Islã?

A realidade deste lado do Atlântico é bem diferente da realidade da África, de Israel, etc.

Então de quem é a culpa?

E ai a culpa de tudo isso cai nas costas de Deus. Como se já não bastasse a Cruz que nós jogamos sobre as costas de Cristo...ainda continuamos jogando mais coisas nas costas Dele.

Vou te fazer uma pergunta: Vamos supor que você é Paul Hansen, o fotógrafo. Você está em Gaza, acabou de dar um click na sua máquina e registrou o cortejo das duas crianças e do pai. De repente a avó das crianças se lança ao seu pescoço clamando por uma palavra de conforto: o que você diria para ela?

Vamos além: ...supondo que você, ainda nesta cena, concretizado como Paul Hansen, fosse um Cristão...extremamente reto em discipulado com Cristo...e esta mesma mulher culpasse à Deus...e lhe questionasse: Cadê Deus???

O que você responderia!? Há resposta?

Me perguntei estas mesmas perguntas e sinceramente creio que seria de uma arrogância sem igual da minha parte achar que algumas respostas poderiam confortar algum familiar (por exemplo a vó das crianças).

Entretanto se há algo que tenho aprendido em minha caminhada cristã que poderia trazer alguma esperança em uma situação como esta...seriam as seguintes respostas:

Uma palavra de conforto?...Se há, não vejo outra que possa superar: “Deus sofreu primeiro, mas venceu a morte e sofre junto com todos nós. Deus é Emanuel...Deus conosco”.

Cadê Deus?...Será que precisamos procura-lo?..Talvez basta simplesmente olhar para a premiada foto e você o encontrará: “Está ali na foto, enrolado em panos branco ...sendo carregado pelo cortejo fúnebre”.

Acho que precisamos rever algumas frases fúteis que jogam muitas responsabilidades do homem nas costas de Deus. Dizer, por exemplo, que “Deus está no controle”, talvez seja algo que a gente precise reavaliar. Será mesmo que Deus está no controle? O que fundamenta o conceito de “Deus está no controle”?

É confortável pensar que Deus está no controle, não é?

Se Deus é amor...e Ele nos Ama...será que Ele nos controlaria? Quem ama Controla? Então o que é realmente o “Livre Arbítrio”? Será que Deus controla tudo pra você passar na entrevista de emprego enquanto deixa de controlar as circunstância daquele que morre debaixo de uma ponte por causa do rigoroso frio que uma madrugada de inverno traz sobre a cidade de São Paulo? Deus é um Ser que age com base em uma realidades diferentes de acordo com público alvos diferentes?

Não, não acredito que Deus esteja no controle (entenda...afirmar que Deus não está no controle não é o mesmo que afirmar que Deus não tem o poder de controlar). E tomara que realmente não esteja, por que se realmente Ele está no controle, como podemos amar um Deus que controla a circunstâncias favoráveis à minha família enquanto muitos morrem de fome do outro lado do mundo?

Os céus são os céus do SENHOR; mas a terra a deu aos filhos dos homens.
Salmos 115:16

O que fizemos com o universo que Deus nos confiou? A culpa é realmente de Deus? Ora se Deus nos confiou o Universo, Ele está controlando algo?

É uma pena que a melhor fotografia que foi tirada no ano, ainda que no quesito de jornalismo, tenha sido um retrato do sofrimento humano. Enquanto negligenciarmos a gerência daquilo que Deus nos confiou...estas serão as imagens que premiaremos por anos e anos.

Espero na Cruz o dia em que Cristo irá voltar, para assumir novamente o controle de tudo, por que ai sim o mundo será justo, não baseada na justiça do homem...mas sim na justiça do bondoso e misericordioso Deus.

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