PERDI O SENTIDO DA VIDA! PERDI A VONTADE DE VIVER!

Vou afirmar algo para ti, porém não se escandalize...apenas dilua o pensamento e depois tire suas conclusões: “Eu sou um idólatra”.

É...eu sou...e meu filho também é ...meus pais também são...eu até diria que todos nós somos. Mas acredito ser mais prudente da minha parte, esperar que você leia esta reflexão e que você se auto examine. Quem sabe chegará a mesma conclusão que eu!

Então vamos pensar...

Todos sabemos que o Primeiro Mandamento é “Amar a Deus Sobre Todas as coisas” (é assim que geralmente resumimos o mesmo). Separei 3 menções deste mandamento na Palavra:

A primeira, é quando Deus fala pela primeira vez sobre este mandamento para Moisés:

"Não terás outros deuses além de mim.  Não farás para ti nenhum ídolo, nenhuma imagem de qualquer coisa no céu, na terra, ou nas águas debaixo da terra. Não te prostrarás diante deles nem lhes prestarás culto, porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que castigo os filhos pelos pecados de seus pais até a terceira e quarta geração daqueles que me desprezam, mas trato com bondade até mil gerações aos que me amam e guardam os meus mandamentos.”

Êxodo 20:3-6

A segunda, é quando o povo está prestes à entrar na terra prometida e a lei é reafirmada ao povo (nova geração) no deserto:

Ouça, ó Israel: O Senhor, o nosso Deus, é o único Senhor.

Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todas as suas forças.

Deuteronômio 6:4-5

A terceira, são Palavras de Jesus:

E Jesus disse-lhe: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento.

Este é o primeiro e grande mandamento.

Mateus 22:37-38

Já se questionou, por que o primeiro mandamento de Deus é: não terá outros deuses além de mim??

Ora, deve haver um motivo no qual este seja o primeiro. Por que este mandamento não foi o quinto, ou décimo?!

Para responder essa questão, poderíamos seguir diversas hipóteses. Poderíamos pensar ...filosofar...teologizar...que Deus era um Ser que evoluía junto com a história de Israel, e que no início Ele era um Deus imaturo, inseguro e que não queria dividir a adoração dos seus súditos como mais ninguém. Absurdo, não!? Mas crer é pensar!

Em uma linha de raciocínio mais sensata, poderíamos ir para uma vertente baseada na soberania de Deus, e diluir pensamentos sobre o poder de Deus e tudo mais. Com certeza chegaríamos a uma conclusão mais sólida.

Entretanto, proponho uma outra alternativa. Eu tenho visto cada vez mais, que quando leio as Escrituras Sagradas, as revelações que o Espírito Santo me proporciona revelam um Deus que vai além de Soberania e Poder. Percebo um Deus Soberano e Poderoso que se revela muito mais em...Amor. Então será que podemos chegar a uma conclusão sólida, baseando-se no amor como “chave de entendimento”, do por que este mandamento, “Amar a Deus sobre todas as coisas”, é o primeiro designado por Deus?

Seria ousado dizer que...sendo Deus identificado como Amor...podemos entender este mandamento, tendo como base de entendimento o fato dele ser o primeiro designado por Deus,  como uma das maiores manifestações...expressões... do amor de Deus por nós? Ora, Deus não é Amor? Ele não nos ama? Será que seria tão ousado assim!?

Acredito que este mandamento foi o primeiro pois Deus sabia que éramos seres tendenciosos à idolatria. Em outras palavras, este mandamento nos foi “carimbado” logo de cara, por que Ele sabia que nós, humanos, somos seres propícios ao amor, entretanto, incapacitados à prover ordem ao mesmo. De uma forma explícita: Deus sabia que éramos essencialmente idólatras.

Raciocine: se enxergarmos a idolatria como uma cápsula, encontraremos dentro dela, uma série de atributos, e dentre deles teremos o amor. A gente acha que Amor é algo bom. Mas amar nem sempre é bom. Se te digo: “Poxa, o Cícero é um sujeito amoroso!”...A imagem que você cria em sua mente é que o sujeito é bom. Mas falta complemento...falta contexto...falta perguntar...”amoroso com o quê?”...

...com a cachaça, que faz ele chegar bêbado em casa e maltratar os filhos?

...com a amante, no qual ele adultera, e anos e mais anos mantém uma segunda família às ocultas?

...com a criança indefesa, com quem ele mantém relações sexuais e pratica a pedofilia?

Temos um conceito muito raso do que é amor. Só que mais raso ainda é o nosso conceito de adoração, que por consequência nos remete a um pensamento muito superficial sobre o que é idolatria.

Naturalmente sabemos que se adoramos um elemento por consequência nós acabamos amando o mesmo. Inclusive alguns podem dizer que temos aqui uma via de duas mãos: o caminho para adorar pode começar pelo amor e o caminho do amor pode começar pelo adorar. Um Paradoxo? Creio que...um falso paradoxo. Creio que que quando a gente acaba amando um elemento, é natural que a consequência deste sentimento seja nós acabarmos adorando o que amamos. Aqui começa a linha tênue entre o amor saudável e a idolatria. Diria que a idolatria é o momento em que o amor se torna doente, ou se preferir, quando o amor se transforma em vício. Enxergar amor e idolatria como um complemento do outro parece ser um paradoxo, ainda que numa visão superficial, mas não é necessariamente um, isso por que é possível rompe-lo. Ora, se não fosse possível, este mandamento não faria sentido.

A gente acha que adoração é algo que acontece de domingo em domingo. Ou em raras ocasiões onde celebramos cultos durante a semana. Esquecemos que a nossa vida é um culto. Que quando tomamos café, temos que fazê-lo em sintonia de adoração á Deus. Que quando estamos no trem, ônibus, carro, indo pro trabalho...também temos que fazê-lo em sintonia de adoração à Deus. Que quando estamos no trabalho, temos que fazer as nossas atividades em sintonia de adoração à Deus. Tudo o que fazemos deve ser feito em sintonia de adoração à Deus. Quando não temos esta percepção a gente passa a depositar, muitas vezes sem perceber, adoração em outros elementos. A adoração é algo presente em nossa rotina. Somos seres essencialmente idólatras. A Adoração comunitária é muito importante mas precisamos resgatar a adoração constante, o ato de Adorar a Deus como um estilo de vida, o ato de Adorar a Deus em toda fatia de tempo que nos é dada pela Graça de Deus: dia a dia.

Tudo o que fizerem, seja em palavra ou em ação, façam-no em nome do Senhor Jesus, dando por meio dele graças a Deus Pai.

Colossenses 3:17

Poxa, mas será que eu tenho adorado outras coisas acima de Deus? Será que amo à Deus sobre todas as coisas?

Bom...eu fiz estas perguntas para eu mesmo e só consegui responder as mesmas com o seguinte exercício:

Partiremos da questão: O que é um ídolo?

Creio que uma definição coerente pode ser: Um ídolo é um elemento no qual empenhamos tanto amor e admiração, de tal forma que, por consequência, a adoração e o ato de cultuar o mesmo se torne presente em nossas vidas, retirando Deus do topo de nossas prioridades.

Repare que, durante a definição de ídolo, eu usei a palavra “elemento”. Isso por que, na verdade, não necessariamente o ídolo é uma pessoa. Um ídolo pode ser um objeto, um animal, dinheiro, e até mesmo coisas que a gente nem vê, como por exemplo a cura de uma Leucemia, ou o ganho de uma causa na justiça, talvez uma viagem para o exterior, um emprego...etc.

Poxa mas será que uma benção, ainda que vinda de Deus, pode se tornar um ídolo em minha vida? Sim, pode. Aliás, em geral, a maioria dos ídolos que temos em nossas vidas, foram dádivas concedidas por Deus que nós convertemos em ídolos. É, nem todo ídolo é mau. Quer alguns exemplos: você ama seu filho? Você ama sua mãe, sua esposa e seu pai? E se este amor, sem que você perceba, coloque estas pessoas, em sua vida, na posição de idolatria!? Já se perguntou isso!? Um filho é uma dádiva de Deus...não é considerado algo mau, e sim uma bênção...mas pode se tornar um ídolo em nossas vidas (Lembre-se que neste caso, o problema não é o ídolo (dádiva de Deus) e sim quem transforma a dádiva em idolatria).

Ora, minhas pernas tremem só de pensar na possibilidade de Deus me colocar em um “Monte Moriá da vida” para ofertar o meu filho como prova de que eu O amo mais que meu filho. Que situação!!! Confesso e reconheço que me sinto vazio cada vez que me questiono como agiria no lugar de Abraão. Deus pediu a vida de Isaque para ele, por que Deus não poderia pedir a vida do meu pequeno como oferta também?

Bom, então aqui chego a um ponto crucial. Duas frases muito ditas em tempos de crise na vida dos humanos: “Perdi o sentido da vida” ...”Perdi a vontade de viver”.

Já se deparou com pessoas...

que ao fim de um namoro, ou de um casamento... dizem...”Perdi o sentido da vida!”?

que ao acabarem de sepultar um filho... dizem...”Perdi o sentido da vida!”?

que investem anos e anos em uma carreira profissional...são demitidos e dizem...”Perdi o sentido da vida!”?

que ao acordarem num belo dia e verem que o seu sócio roubou toda a grana da empresa e que não deixou nada...e dizem...”Perdi o sentido da vida!”?

que anos e anos de luta contra o câncer se encontram deitadas em um leito de hospital, tomando morfina para conter a dor...e que após anos de busca pela cura, dizem...”Perdi o sentido da vida!”?

que dedicam anos e anos em um ministério e que, do nada o ministério acaba e dizem “Perdi o sentido da vida!”?

que eram lindas, mas sofreram um acidente e deformaram o seu rosto e dizem “Perdi a Vontade de Viver!”?

É duro...é triste...e até mesmo pode parecer cruel o que vou dizer...mas ...estas pessoas caminhavam sobre a trilha da idolatria! São pessoas que, ainda que sem perceber, quebraram o primeiro mandamento.

Sim, pois amavam o namorado, o marido, o filho, a carreira, o ministério, a si mesmo e até uma cura...mais do que o próprio Deus.

Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.

Romanos 1:25

Abro um parêntese aqui: Perder um filho, um pai, uma mãe, por exemplo, não são situações fáceis de se encarar na vida. O elemento principal que abordo aqui não é o fato de menosprezar a dor de pessoas que sofrem com situações como estas que exemplifico aqui. Só estou abordando ao fato de que isto é algo presente em nossas vidas. Não quero desconsiderar a dor de ninguém. Fecho o parêntese.

Você pode estar pensando: mas você está julgando estas pessoas!? ...Só que eu faço parte deste time.

Somos seres essencialmente idólatras! E se você acha esse pensamento raso, te convido a ir um pouco mais além e te chamar a atenção ao fato de que somos tão cegos à tudo isso, que muitas vezes convertemos o próprio Deus em um ídolo. Quando esquecemos que Ele é o Eu Sou e criamos em nossas mentes imagens de Deus definidas por nós mesmos estamos simplesmente diminuindo Deus em um ídolo. Quando alicerçamos em nossa mente limitações sobre o caráter de Deus e seus atributos, nós reduzimos Ele em algo “finito”. Por consequência temos um ídolo.

O sentido da vida do ser humano não só “está”, como “é” Deus. Quando distorcemos esta visão, é por que provavelmente estamos amando algum outro elemento muito mais do que amamos à Deus. Então se escapar de nossas bocas, ou se sentirmos em nossos corações, algo como “Perdi o sentido da vida”...”Perdi a vontade de viver”...precisamos nos auto examinar.

Pergunte-se: Quais são as pessoas, coisas, sentimentos que se fossem retirados de sua vida seria motivo de uso das frases: “Perdi o sentido da vida! Perdi a vontade de viver!”?

Ouse responder. É bem possível que ao responder esta pergunta você se depare com seus ídolos. Chega de se sabotar!

“Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não é digno de mim; quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim não é digno de mim”.  Mt 10.37

Palavras de Jesus!

Não estou dizendo que é errado amar o seu filho, sua esposa, nem que é errado se dedicar em sua carreira e em suas conquistas...muito menos em dizer que não devemos ter esperança em uma cura de uma doença grave. Estou dizendo que jamais esses elementos devem ter valor em nossas vidas maiores do que Deus é para nós. Qualquer teologia vai nos mostrar que Deus é infinitamente maior que tudo em nossas vidas, inclusive o Seu amor...mas será que a gente trata isso como verdade em nossas vidas?

Somos todos seres essencialmente idólatras. Um ídolo escraviza...consome os seus adoradores...Deus liberta, por que ele é essencialmente Amor.

A idolatria é o amor desordenado. Aquele que ama desordenadamente é idólatra. Santo Agostinho diz que o pecado é exatamente isso: o amor em desordem. Sempre que pecamos, é por que o nosso amor está fora de ordem. Por exemplo: amar sua esposa é algo certo, amar seu filho é algo certo, etc...entretanto quando adulteramos, por exemplo, invertemos a ordem do amor, desordenamos o mesmo, pois amamos mais a nós mesmos do que o próximo, por consequência pensamos apenas no nosso “eu”, e queremos a nossa satisfação...deixamos de amar o nosso cônjuge do que a nós mesmos. O amor desordenado traz o caos. Lutero nos diz... nos 10 mandamentos...a quebra do primeiro está presente na quebra de todos os demais mandamentos. Em outras palavras, quem adultera, idolatra, quem rouba, idolatra, quem cobiça, idolatra...etc...  

Eu ainda não sei as respostas de muitas das perguntas que fiz nesse artigo. Mas reconheço que sou um idólatra. Sinto vergonha por isso. Mas Graças à Deus por reconhecer isso, pois os conteúdos de minhas orações estão mudando a cada dia. Busco o constrangimento da minha alma em Cristo Jesus na Cruz do Calvário.

Fonte de diluição...

http://www.youtube.com/watch?v=hAos89uiBMY – Ricardo Agreste