Aproximou-se dele um dos escribas que os tinha ouvido disputar, e sabendo que lhes tinha respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos?
E Jesus respondeu-lhe: O primeiro de todos os mandamentos é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor.
Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento.
E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes.
Marcos 12:28-31
Podemos enxergar a lei de Deus como um desafio à todo homem, dada pelo próprio Deus, onde Ele nos diz “Duvido você não matar, não roubar, não adulterar...”...em outras palavras: “Duvido que você consiga ser santo como Eu sou!”. Também podemos enxergá-la como um manual, escrito pelo próprio Criador de como nós, criaturas, devemos viver. Podemos enxergar a lei de Deus por diversos ângulos.
A lei de Deus é uma das expressões mais lindas do amor do Pai para conosco. Ela nos revela muito sobre o Seu caráter, que é alicerçado pelo amor. Pois o Próprio Deus é o Amor. Então como poderia a lei não ser uma expressão do (de) Amor (do Pai)?
Todos nós, que nos consideramos “Pequenos Cristos” (Cristãos), por termos contato com a Palavra de Deus constantemente, sabemos que toda a lei pode ser enxergada em 2 mandamentos (como nas palavras de Jesus em Marcos 12:28:31 ou em Mateus 22:35-40):
Amar à Deus sobre todas as coisas e Amar ao próximo como a si mesmo.
O problema é que geralmente cometemos um grave erro ao afirmar isso. Você deve estar pensando: “Pronto, lá vem mais uma heresia”. Calma, tenho consciência de que estas palavras são de Jesus. Mas vamos lá...vamos pensar um pouquinho:
De fato, amar à Deus sobre todas as coisas é o maior mandamento. Pois Ele é (ainda que muitos não enxergam isso) o Criador, Mantenedor e Salvador de nossas vidas. Nele temos vida, e não é este conceito pequeno de vida que o mundo conhece: Nele temos vida eterna.
De fato, o amor ao próximo, unido ao primeiro mandamento, fará com que a gente não cometa assassinatos, furtos, mentiras e todos os demais atos que vão em contrário ao que Deus nos revelou como Suas leis.
Por este motivo, Paulo diz em Romanos:
Com efeito: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não darás falso testemunho, não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Romanos 13:9
Bom, tudo bem, então você me questiona...aonde está o equívoco que cometemos?
O problema é que o parâmetro de partida do amor no qual definimos os segundo mandamento, ou seja “Amarás ao teu próximo como a ti mesmo” foi resignificado por Jesus. A gente se esquece que o Cristo mudou a dimensão deste amor.
Quando? Onde?
Exatamente aqui: O meu mandamento é este: Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. João 15:12
Hummm...Bingo! Se no início desta reflexão eu lhe relatei palavras vindas do próprio Jesus, é claro que uma resignificação deste mandamento deveria ser feita pelo próprio Jesus.
Amar ao próximo com o amor que temos por nós mesmos é muito, aliás eu diria “extremamente”, diferente do que amar como Jesus Cristo amou à nós.
Sendo Cristo Jesus, o próprio Deus, o parâmetro deste amor, na resignificação do mandamento feita pelo próprio Jesus, é o próprio amor de Deus. Em outras palavras os 2 mandamentos se resumiriam em:
Amar à Deus sobre todas as coisas e amar ao seu próximo como Deus lhe ama.
Mas você pode me questionar: “Então por que Paulo usuou o termo ‘a ti mesmo’ e não ‘como Cristo nos amou’?”
Se você ler todo o contexto do livro de Romanos, verá que Paulo, neste ponto específico, se refere a um comparativo explícito à lei de Moisés. E não estou atentando ao fato de que este mandamento é importante. Mas sim ao fato de que Cristo à resignificou.
Então devemos amar ao nosso próximo como Deus nos amou...E quem é o Seu próximo? ...ou de quem devemos ser o próximo?
Bom, tomo a liberdade para lhe contar uma parábola contada pelo próprio Cristo:
“Certa vez um homem estava indo para Santos. E acontece que, estando ele no meio da serra, na Via Anchieta, o pneu do seu carro furou. Ele encostou o carro no acostamento e se dirigiu ao porta mala para pegar o “step” e o “macaco”. Neste meio tempo, alguns homens vieram e lhe anunciaram um assalto. Como o homem não tinha muito dinheiro, bateram muito nele, roubaram o seu carro e lhe deixaram ali, estirado no acostamento da rodovia. Alguns minutos depois, um Pastor Cristão passou pelo local em seu Ford Fusion, e avistando o homem estirado no chão, desviou pensando, “Se eu para para ajudar vou me atrasar para o culto de campanha que tenho no Guarujá, uma outra pessoa vai com certeza ajuda-lo”. Então seguiu viagem sem olhar para trás. Passados alguns outros minutos, um cantor gospel muito famoso e querido por todos os evangélicos passou com sua equipe em uma vã. Seu motorista ao avisar o homem caido, disse ao cantor: “Tem um homem ali estirado no chão todo ensanguentado, vamos parar?”. Então o cantor olhou para o seu relógio de ouro (adquirido com o dinheiro dos shows que ele fazia e com o dinheiro dos cds que ele vendia Brasil a fora), viu que estava atrasado para a sua apresentação e disse: “Não, a gente vai chegar atrasado para o show no Guarujá”. Sucedeu-se então que um grupo de ubandistas desciam a serra em uma perua kombi, tocando os seus instrumentos e cantando canções para “Iemanjá”, pois iam para a práia lançar oferendas para a mesma, e avistando o homem jogado ao chão, o motorista disse à todos dentro do veículo: “Há um homem caído no acostamento, vamos ajuda-lo, pois ele está sangrando muito, acho que foi atropelado!”. Então todos concordaram em parar. Colocaram o homem na perua e o levaram para um hospital na Praia Grande. Fizeram uma “vaquinha” e pagaram ao hospital todos os custos de atendimento ao homem.” Lucas 10:30-37 nos dias atuais.
Temos um pastor e um cantor gospel, com toda sua equipe que não sabem que é o seu próximo. Será que nós sabemos?
Você pode trocar os integrantes da Kombi, por um grupo de pedófilos, prostitutas, traficantes, pastores cheios de heresias e apostasias...pense na escória da humanidade...ou se for o caso, coloque o homem/mulher com quem sua esposa/marido lhe traiu por anos e anos, ou ainda, o homem que te assaltou e lhe deu um tiro que lhe deixou paraplégico, ou , talvez, seu chefe, aquele que você considera injusto...pegue a escória da humanidade...pessoas que você odeia e coloque-os dentro desta kombi. Pensou??? Colocou???
Agora...quem é o seu próximo? ou, repito, a pergunta correta: de quem você deveria ser o próximo?
Você consegue amá-lo, com o amor que Deus ama você? Consegue?
Abra os olhos para a humanidade. Quem precisa de você? Quem? A quem que você tem que tomar uma atitude de amor, para tirar do tremedal de lama, da sarjeta? Talvez seu inimigo?
Todo domingo a gente se reúne no culto para celebrar uma comunhão em Cristo Jesus. Temos um momento de oração, um momento de louvor, então vem a oferta, (as vezes) santa ceia, temos a Palavra e por fim um apelo. Geralmente é assim.
Te surpreenderia se ao iniciar um culto, o Pastor dissesse: “Convido aos irmãos à ficarem em pé e a orarmos à Deus para que abençoe os nossos inimigos!”. Creio que talvez, alguns se levantariam, um ou outro talvez, mas creio que a maioria ficaria sem reação, sentada, tentando reavaliar se era mesmo aquilo que eles tinham ouvido. Pior ainda seria se o pedido do pastor fosse: “Oremos à Deus para que Ele derrame todas as bençãos que Ele tem para nós, não para nós, mas para todos os nossos inimigos. Que derrame em dobro, não pelo fato de que não à desejamos, mas como uma prova de amor ao Deus Vivo em pró de aprendermos a amar o nosso próximo”.
Por que insisto aqui em usar como alvo a oração aos nossos inimigos!? Por que orar por quem amamos e por nós mesmos, ou até mesmo por quem a gente nem conhece, é muito mais fácil do que orar por nossos inimigos. Ainda mais usando o “Amar de Deus” como parâmetro.
Quando temos inimigos, devemos algo, ficamos em débito, à eles. Quais são estes débitos? A graça, a misericórdia e o perdão. Por que se o amor de Deus para conosco é carregado de graça, misericórdia e perdão, então o nosso amor com nosso próximo tem que ser carregado desses atributos. E se temos inimigos, é sinal de que nosso amor não está carregando estes atributos.
A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros; porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Romanos 13:8
Só que chamo a atenção ao detalhe de que não devemos nos empenhar em amar ao próximo desta forma simplesmente para se justificar na lei. Não é este o propósito. Veja:
Separados estais de Cristo, vós os que vos justificais pela lei; da graça tendes caído. Gálatas 5:4
Por que???
Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade. Não useis então da liberdade para dar ocasião à carne, mas servi-vos uns aos outros pelo amor.
Porque toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.
Se vós, porém, vos mordeis e devorais uns aos outros, vede não vos consumais também uns aos outros.
Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne.
Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis.
Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.
Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia,
Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,
Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus.
Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança.
Contra estas coisas não há lei.
E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências.
Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.
Não sejamos cobiçosos de vanglórias, irritando-nos uns aos outros, invejando-nos uns aos outros.
Gálatas 5:13-26
Entendeu????
Portanto, se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoarás brasas de fogo sobre a sua cabeça.
Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem.
Romanos 12:20-21
Amar ao seu próximo da maneira como Deus lhe ama, implica em se tornar o menor de todos para encontrar um novo parâmetro de amor. Implica em romper barreiras. Vencer seu próprio “eu”. Sair do egocentrismo e dar um salto para o Reino de Deus. É saltar no Reino de Deus da mesma forma como uma criança pula em uma piscina para fazer “bala de canhão” num dia quente de verão. Vai água para todos lados, molha todo mundo ao redor. No caso, vai graça para todos os lados...e o Reino de Deus se torna cada vez mais próximo de seus próximos. Sabemos que a lei não salva, pois quem provê salvação é Cristo Jesus. Mas a lei, interpretada corretamente, e aqui me refiro à discernimento adquirido em oração juntamente ao Espírito Santo, nos leva a entender á Cristo Jesus em sua essência. Por que muitos foram os doutores da lei, mas apenas um viveu a lei conforme à vontade de Deus em toda a sua essência: Jesus Cristo, o próprio autor da lei. Por este motivo a lei expressa na vida de Cristo nos mostra que Deus à revelou no Sinai para Moisés como uma forma de amor para conosco.
Ontem, 24/02/2013, fui até a Igreja Cristã do Panamby celebrar o culto com alguns amigos. Durante a celebração, ouvi um testemunho onde o rapaz encerrou o seu relato com uma frase: “Fácil é ter Deus no coração, difícil é ter coração para Deus”.
Logo pensei: “Mais um jargão evangélico!?”
Mas dei vazão ao pensamento para absorver melhor a frase...
Então me lembrei que o pouco de bondade que existe em nossos corações, vem do próprio Deus, que é o Bem Supremo. Esta bondade nos foi dada para que todos nós, seres essencialmente pendentes à maldade, pudéssemos nos suportar até a obra da redenção se completar. Isso é ter Deus no Coração. Me lembrei que quando reconhecemos à Cristo como nosso único e suficiente salvador, e à partir deste ponto, à gente passa à ser imitadores de Cristo, em comunhão plena com a Cruz, assumimos então às rédeas desta bondade, tomamos posse, neste momento adquirimos a consciência de que somos dependentes de Deus e de Seus atributos. Então por consequência disso, temos um coração para Deus (habitar e agir como ele desejar).
O ponto de partida das Escrituras Sagradas é Jesus Cristo. É por Ele que iniciamos qualquer pensamento sobre Deus. Jesus Cristo é a revelação do Verbo aos olhos humanos. Temos que parar de insistir em um evangelho que coloca o homem no centro de tudo. Mesmo a Cruz, Cristo não morreu por você tão somente. Mais que isso, Cristo morreu pelo Próprio Pai. Morreu para satisfazer a vontade do Pai. Você está implícito nesta vontade. Mas não é o centro de tudo. Cristo é o centro. À Ele os holofotes. Ele é o ponto de partida, seja de qual é o amor que devemos nos basear para amar ao próximo, seja para qualquer outra reflexão para a vida. Ele é a expressão viva de que devemos negar à nós mesmos para que outros tenham vida, pois só assim teremos vida. E vida Nele, Cristo Jesus.
Finalizo este pensamento dizendo que: se o parâmetro que temos de ter como ponto de partida para amar o nosso próximo é o próprio amor de Deus por nós revelado em Cristo Jesus, nada mais lógico que o primeiro mandamento também tenha que ter este ponto de partida. Então é evidente que ao resignificar o modo como temos que amar o nosso próximo, Jesus resignificou o modo como temos que amar à Deus sobre todas as coisas.
Temos diante de nós 2 desafios, não por obrigação, e sim por sermos seres provenientes de um Deus que é Amor: Amar a Deus sobre todas as coisas e amar ao nosso próximo...da maneira como Deus nos ama.
Em outras palavras, o desafio implica em sermos realmente aquilo que a gente diz ser, mas na realidade, nem sempre, é: “Cristão” em outras palavras “Pequeno Cristo”...“imitadores de Cristo”.
Por isso o ponto de partida para amar é Jesus Cristo, O Verbo que se fez Carne, o Amor que se fez Carne.
Que Deus nos abençoe.
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