A maior parte do tempo, o ser humano tenta controlar as
situações ao seu redor. O homem deseja ter o controle em plenitude. A sensação
de que nada pode fugir do nosso controle coloca o nosso radar em ação,
monitorando tudo e todos que está ao nosso alcance, pois afinal de contas o
nosso ego nos prega: “temos que ser autossuficientes”. Queremos que ser deus de
nossos próprios atos. Fazemos isso constantemente. O problema é que esquecemos que
é justamente este o pecado que nos separou de Deus: declararmos que não
precisamos Dele para viver.
Em outras palavras, o que quero dizer é que, o homem vive
buscando ser Deus. Constantemente, o ser humano deseja tomar o lugar do
Criador. Por isso que o homem caído é em si o próprio “pecado consumado” e não
simplesmente um pecador. Pois apesar de Deus ter nos criado à Sua imagem e
semelhança, nós optamos por nos tornarmos imagem e semelhança de Lúcifer, o
demônio, aquele que foi o primeiro a desejar estar no lugar de Deus.
O fato é que esta é a nossa natureza: queremos tomar o lugar
de Deus, queremos ser autossuficiente, achamos que nos “bancamos”. Tem gente
que pensa e age assim fora da igreja. Tem gente que faz isso dentro da igreja. O
resultado disso: seres manipuladores. Pessoas que manipulam o próximo para exercer
senhorio sobre todas as situações e todas as pessoas, ou pessoas que manipulam
Deus para obter o mesmo propósito. Pessoas que fazem isso para suprirem os seus
próprios interesses.
O Pastor Ed René Kivitz afirma acertadamente que uma das
maneiras de querer ser Deus é manipular a Deus. Em outras palavras, é fazer
Deus de marionete. Colocar Deus em uma rédea e querer guia-lo conforme a
vontade humana. Fazer com que Deus use Seus poderes em pró dos interesses do
ego humano. Esta é a pior variação do pecado humano. Por isso Jesus preferia
andar com pecadores do que com Fariseus.
Bom, talvez você ache que pensar assim é muito pesado, algo
que beira ao exagero. Mas como diria CS Lewis, “Aqueles que querem sentir-se
bem, não recomendo o evangelho, recomendo uma boa garrafa de vinho.” O Evangelho de Jesus, o Cristo de Deus, vai
totalmente no oposto desta lógica egoísta do homem e para ser concretizado e
consumado, custou a vida do próprio Deus.
A boa nova de Jesus, ou se preferir, o Reino anunciado pelo
mesmo, se inicia quando o homem adquiri justamente esta consciência: de que
somos pecado, de que somos manipuladores, de que constantemente queremos ser
Deus, de que achamos que somos autossuficiente, mas que na verdade somos
pó...um nada. Sem esta consciência, não há como caminharmos para a
reconciliação com Deus. Pense: como iremos nos arrepender de algo que nem sequer
achamos que erramos!?
Alguém já resumiu (acredito que o próprio CS Lewis) que...
...Pecado...é o homem querendo se colocar no lugar de Deus
...Salvação...é Deus se colocando no lugar do homem (na
Cruz)!
Quando adquirimos esta consciência damos o primeiro passo ao
arrependimento. Quanto maior a consciência do nosso pecado, maior é a
experiência da Cruz em nossas vidas. Ir para a Cruz é “cair em si”, mas é muito
mais “cair de si”. É despojar-se do seu próprio ego. Abrir mão do orgulho.
Tomar a via inversa que leva ao ego absoluto e ir em direção a total
dependência do Pai.
Enquanto não tomarmos esta atitude, seguiremos como seres
criados por Deus condenados ao inferno. Não passaremos de ser “pecado”. Mas se
tomarmos esta consciência e caminharmos em direção à Cruz, iremos ser irmãos
adotivos do único homem que foi gerado por Deus: Jesus. E Nele seremos filhos
de Deus, pois Seu sangue puro e imaculado se fez aliança de reconciliação com o
Pai, Deus Criador. Só por este sangue somos justificados.
Quem é o Deus de sua vida? Você mesmo ou Jesus, o Cristo
crucificado? Quem é Jesus para você, um ídolo, um objeto de manipulação para
satisfazer seus interesses, uma marionete ou Deus lhe provendo reconciliação?
Responda isso para o seu ego, e coloque tudo em seu devido
lugar!
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