Lidar com o vazio é algo constante na vida do ser humano. Fyodor
Dostoevsky disse que o ser humano carrega dentro de si um vazio infinito, que
só pode ser preenchido por algo (alguém) infinito: Deus.
De fato, temos dentro de nós um vazio do tamanho do Deus que
nos criou. Esse foi o resultado daquilo que os teólogos chamam de “queda”
(Genesis 3). Olhemos para nós, humanos. O nosso Projetista, Deus, nos criou
como “máquinas” para funcionar com um “combustível” especial: O próprio Deus. A
queda deixou um “abismo” entre Deus e o homem. Um abismo chamado pecado. O
homem então passou a funcionar com um “restinho” deste Combustível. Como um
notebook que está com a bateria carregada mas não está conectado na tomada.
Este restinho de “bateria/combustível” que há dentro do ser humano foi
concedido por meio daquilo que conhecemos por Graça, ou se preferir...favor
imerecido. E esta Graça não foi um ato que partiu do ser humano. Deus agiu
primeiro.
A má notícia é que a cada tic tac do relógio, o pouquinho de
“Combustível/Bateria”, ou se preferir, sopro de vida que há dentro de nós vai
sendo consumido. A cada segundo, um pouquinho menos de bateria é o que nos
resta. Para piorar a situação (que nós causamos, diga-se de passagem, pois
fomos os autores da “queda”), o abismo do pecado, que isola o homem de Deus, implica
em não podermos chegar na fonte de Vida que é o próprio Deus, para recarregar a
bateria.
Entretanto, existe uma boa notícia: o Evangelho de Jesus, o
Cristo. “Evangelho” significa boa nova. Jesus é o Evangelho. Jesus é a Boa
Nova. Jesus é Deus se fazendo de Boa Nova. Jesus é Deus se fazendo de
Evangelho. Jesus é o cabo que transpassa o abismo do pecado. É a “Extensão” que
rompe o vale profundo do pecado e interliga o homem a Deus. Jesus é a
continuidade. Ele se fez ponte para que o homem pudesse se conectar novamente à
Deus e funcionar como todo ser humano deve funcionar: sendo tabernáculo do Deus
vivo.
A alegria de viver está em Jesus. Nele vemos a concretização
perfeita do projeto de Deus chamado “humanidade”. A vida de Jesus explicita aos
olhos de toda a criação a verdadeira essência de como Deus gostaria que as
pessoas fossem “gente”. Em Jesus vemos gente como gente deve ser. Ele é o
messias, o enviado de Deus. Ele é o próprio Deus encarnado. Senhor sobre tudo e
Todos. Ele é Deus Todo Poderoso que se esvaziou e desceu, entrou no tempo e na
história para trazer reconciliação. Adquiriu rosto humano, pele humana. Vestiu chinelas,
sentiu cansaço, sorriu, irou-se...enfim...se tornou Emanuel, Deus conosco.
Jesus é a esperança de que um dia todos nós poderemos viver
contemplando novamente a face do Criador. Sem abismos. Ele vai voltar para
buscar a igreja, não instituição, mas sim ajuntamento de pessoas que creem que
Ele é o Messias. Jesus é o infinito que pode preencher o infinito vazio que há
dentro de nós. Nossa alma clama de saudade por Sua presença. E esta saudade
pode ser saciada hoje, agora, pois Ele vive. Ele habita em nosso meio. A morte
não teve domínio sobre o Cristo de Deus. Pois Ele viveu em plenitude o projeto
de humanidade que Deus elaborou. Fez isso e não falhou.
Somos vocacionados para ser Tabernáculos Vivos em quem o
Senhor tem prazer em fazer morada. Quem vive consciente disso é bem aventurado.
Se por um lado temos a consciência de que nosso Deus é vivo e deseja moradas
vivas: nós. De fato, por outro, sabemos que nosso Deus é santo, não se suja com
o pecado, sendo assim, Ele deseja moradas limpas, que não se envolvam com a
imundice do pecado. O pecado é sujeira que impregna na alma. Limpar pecado com
sangue impregnado com pecado é o mesmo que tentar enxugar gelo ou tentar curar
HIV com “BandAid”. Pecado se limpa com Sangue Puro e Imáculado...e só um Ser Humano
em toda história tem este sangue: Jesus.
Já pensou se Ele não tivesse compartilhado este sangue com
todos nós? O fato é que Ele optou por compartilha-lo. Fez isso na cruz. Fez
isso sem que merecêssemos. Fez isso sem que pedíssemos. Fez por misericórdia, voluntariamente.
Fez por que Ele era conectado ao Pai sem abismos.
O Reino anunciado e inaugurado com a vida de Jesus nos
convida a viver valores que partem desta consciência. O resultado disso é
concretizarmos a vocação de sermos morada de Deus.
Que Ele continue nos ajudando nesta jornada, por
que isso só é capaz se Ele nos ajudar. Pois a salvação, a reconciliação... não
é um ato que partiu primeiramente do homem, mas sim de Deus. Ele tomou a primeira atitude...tomemos a nossa...Ele já agiu...é a nossa hora de reagir a atitude Dele...
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