A segurança do Cristão não se baseia simplesmente no fato
dele conhecer Deus. Pelo contrário, se baseia muito mais no fato de Deus conhece-lo.
Em outras palavras, Deus sempre antecipa a ação. Ele sempre age primeiro. Fez
isso ao determinar a Cruz muito antes da fundação deste mundo.
Santo Agostinho dizia que deveríamos orar conscientes de que
Deus cuida de um como se fosse todos e de todos como se fosse um. Em outras
palavras, para Deus, toda humanidade vale como um homem e um homem vale toda a
humanidade. É por este motivo que o povo judeu diz que, durante a segunda
guerra mundial, no holocausto, não foram mortos 6 milhões de judeus. Foi 1
judeu assassinado 6 milhões de vezes.
Isso nos remete a pensar que, todos os marginalizados tem o
mesmo valor para Deus, que aqueles que se sentem privilegiados. Isso por que Deus
nivela a humanidade em igualdade de situação. Não em uma visão material, mas
sim em uma visão espiritual: todos pecamos.
Talvez isso seja difícil para muita gente, pois uns jamais
considerariam a hipótese de serem equiparados a pessoas como Judas Iscariotes,
Hitler, Osama Bin Laden, Maníaco do Parque...e por ai vai.
Mas de fato Deus conhece cada um de nós. Não só do dedão do
pé até o último fio de cabelo, mas também em toda a plenitude dos nossos
sentimentos e pensamentos. Sabe que a natureza de cada um de nós, infelizmente,
é contaminada pelo pecado.
Muitos de nós achamos que fazemos parte do rebanho das 99
ovelhas que o bom pastor deixou no deserto, e acham que não se encaixam no
papel da ovelha desgarrada. Muitos de nós achamos que fazemos parte do povo “eleito”.
Mas esquecemos que só quem pode avaliar isso em plenitude é Jesus, pois só Ele
é digno de abrir o livro da vida.
Para Deus cada ser humano tem um valor absoluto. Pois Deus
nos criou para sermos seres eternos. Ele é eterno. Ele projetou-nos para a
eternidade, pois Ele garante a nossa eternidade. Deus sabe que o eterno não tem
medida. Ele não enxerga o ser humano como um ser finito, pois Ele sabe que o propósito
da humanidade é a eternidade com qualidade de vida eterna.
Somos hipócritas. Vivemos caminhando sobre a corda bamba que
fica entre a obediência integra e desobediência hipócrita. Caminhamos sobre a
linha que limita a consciência de sermos 1 pecador desgarrado ou parte do
rebanho de 99 hipócritas.
Achamos que o próximo é simplesmente o homem assaltado que
ficou jogado à beira do caminho, na Parábola do Bom Samaritano contada por
Jesus. Mas Deus enxerga todos como próximo. O sacerdote que viu o homem caído e
passou sem prestar socorro. O levita que também passou indiferente à situação
do homem caído. Eles também são “próximos”.
O problema é que achamos dignos de julgar quem deve ou não
ser amado. Limitamos o mandamento de amar ao próximo como Deus nos amou a uma
visão “chucra”. Somos pó. A vida que temos é fruto da graça de Deus. Todos são
amados por Deus. Para Deus, o homem tem valor único: vale a própria vida de
Deus. Então por que insistimos em “selecionar” os amáveis e excluir os não
amáveis.
Um ser humano vale a vida de Deus. Isso não é muito, nem
pouco: é imensurável!
O desafio de amar ao próximo é amar àqueles que jamais
teriam justificativas para serem amados. Jesus é a concretização deste ato de
amar. É Deus agindo primeiro e mostrando que é possível sim amar aqueles que
não possuem nenhum mérito para serem amados. Nós somos estas pessoas. Somos
gente que não há um motivo sequer para justificar que alguém nos ame. Mas Ele
nos amou. E a prova mais explícita deste amor foi a entrega de Jesus no
madeiro.
Amar não tem nada a ver com mensurar preço. Lembro-me de ter
ouvido uma história de Madre Teresa de Calcutá. Um milionário, ao saber que ela
dava banho em leprosos, disse a ela: “ – Eu não faria isso nem por um milhão de dólares”. E ela
respondeu: “ – Eu também não!”.
Amar o pedófilo, o ladrão, o traficante, o terrorista, o pastor
corrupto...não implica em aprovar os atos dos mesmos. Implica em enxergar o
verdadeiro ser humano por trás da distorção provocada pelo pecado. Uma atitude
assim só pode partir da misericórdia, perdão e do amor. O parâmetro para
entender estes 3 elementos em sua plenitude é a vida de Jesus, o Cristo de
Deus.
Eis ai o nosso desafio: enxergar todos como um e um como todos,
conscientes de que cada ser humano vale o eterno, vale a vida de Deus.
Os olhos de Deus nos enxergam assim. Desde muito antes da fundação deste
mundo, até hoje. Sempre será assim. Pois Ele é fiel. Ele não muda. É o mesmo
desde antes. É o mesmo agora. Sempre será o mesmo. Um Deus que tem pensamentos
bons a nosso respeito. Que se envolve em nossas emoções e em nossos
sentimentos. Está imerso na humanidade. Tem pensamentos de paz, bondade, amor e
misericórdia a nosso respeito. E para cumprir isso...entregou Sua própria vida.
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