Paulo afirmou: “ – Miserável homem que sou!”
Entendo que ao auto afirmar sua miséria, Paulo expôs o
quanto sabia que era pecador. Mais que isso, Paulo auto afirmara ser o próprio
pecado. Em outras palavras, Paulo ao dizer “ –Miserável homem que sou!”, estava
dizendo: “ – Sou mais que pecador, sou o próprio pecado encarnado!”.
A profundidade desta consciência é tamanha e desafiadora a
qualquer ser humano. Assumir a consciência de que a nossa queda nos tornou a
escória da criação é o primeiro passo para estar “nu” diante de Deus!
Interessante que esta consciência é muito mais necessária para nós, criaturas,
do que para o Criador, pois Deus nos enxerga plenamente. Nós é quem nos
sabotamos, nos enganamos, achamos que temos alguma dignidade perante à Deus. Deus
conhece a miséria humana, entretanto, raros são os homens que tem consciência
de sua condição miserável.
“ – Miserável homem que sou!” é o tipo de consciência que
escancara o quão sujo nós somos. Somos a indiferença de Pilatos, o grito da
multidão que escolhe por Barrabás e que clama por crucificação. Somos o beijo
de Judas na face do Cristo. Somos a traição encarnada! Somos o olhar carregado
de ódio dos Fariseus que vai de encontro a Jesus! Somos a saliva dos romanos no
rosto de Jesus, a bofetada do mestre da lei, a chicotada que rasga a pele do
Cristo de forma cruel e abominável! Somos os espinhos de Sua coroa! Somos a
lança que transpassa Jesus. Somos os pregos que o prendem no madeiro! Somos as
marretadas nas mãos dos romanos! O vinagre na esponja que foi colocada em Sua
boca em meio à sede e o Seu ao clamor por água! Somos a miséria da criação! Somos
aqueles que receberam a imagem e semelhança de Deus, mas que transformaram-se
em imagem e semelhança do mal.
No paradoxo da Cruz, nós somos aqueles quem cometeram
Deicídio! Aqueles que mataram o próprio Deus! Ao mesmo tempo que somos o alvo
de reconciliação do Pai, somos a miséria que consome o inocente.
É impressionante ver gente que ainda acha que tem algo a
reclamar com Deus! Gente como nós merece apenas uma coisa: a morte! Somos todos
“farinha do mesmo saco”, pecadores, maldosos. O resquício de bondade que mora
em nós é empréstimo de Deus! Ainda assim, somos tão egoístas, que só pensamos
em usar esta bondade para nós mesmos. Somos egos, miseráveis. O bem que
desejamos fazer, não fazemos! Mas o mal que desejamos fazer flui de nossos
atos, omissões e pensamentos.
Quando a pergunta “ – Qual é o maior pecador que você
conhece?” vem à tona, o que temos respondido!?
Se a resposta não for um “ - Eu, eu sou o maior pecador que
conheço, miserável homem que sou!” carregada de uma consciência de tristeza por
tamanha miserabilidade, então há algo errado no Cristianismo que estamos
vivendo!
Deus escolheu nos amar, mesmo sabendo que somos assim,
miseráveis. Este amor, além de nos propor reconciliação, propõe salvação,
transformação. Isso se chama graça! O ato de Deus em nosso favor sem considerar
quem nós somos.
Quanto mais conscientes do quão pecadores nós somos, maior é
a experiência de misericórdia proporcionada pela graça de Deus. Somos “farinha
do mesmo saco”, pois afinal de contas todos nós somos pecado e estamos destituídos
da Glória de Deus. Entretanto isso não é um fatalismo. O próprio Deus nos diz
isso na Cruz do Calvário! Se hoje temos a consciência de que somos “miseráveis”,
de que somos “desgraça”, somos convidados a nos entregar nas mãos de Jesus,
para que Ele nos transforme. A desgraça, nas mãos de Jesus, é matéria prima
para a graça!
Que o Senhor possa restaurar em nós a imagem e semelhança
que um dia Ele nos depositou!
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