E também por cima dele, estava um título, escrito em letras
gregas, romanas, e hebraicas: ESTE É O REI DOS JUDEUS.
Lucas 23:38
Uma das penas mais cruéis e vergonhosas que o tribunal de
Roma aplicava sobre os criminosos era a crucificação. O que muita gente não
sabe é que toda crucificação trazia, sobre a cruz, uma placa expondo o crime do
crucificado. A crucificação com a placa expondo o crime era uma forma de fazer
com que todas as pessoas, que vissem a concretização da pena, tivessem uma
noção do senso de justiça de Roma.
No caso de Jesus, a inscrição escolhida por Pilatos
(representante do tribunal Romano no julgamento de Jesus) foi “INRI”, ou “Iesus
Nazarenus Rex Ioderum”, que traduzida para o português significa “Jesus de
Nazaré, Rei dos Judeus”, ou ainda, em algumas traduções, “Este é o Rei dos
Judeus”.
Interessante lembrar que o cenário político que existia em
Jerusalém, na época em que Jesus foi crucificado, tinha um contexto muito delicado.
Roma dominava Israel. Os Romanos tinham o imperador César como um deus. Israel
esperava pelo Messias prometido. A expectativa dos judeus era que este Messias
fosse um libertador político. Os judeus esperavam que o Messias libertaria
Israel dos domínios de Roma. Israel já estava esperando o Messias havia muito
tempo. Era muito comum aparecer pessoas que diziam ser o Messias. Quando isso
acontecia, o Sumo Sacerdote e “sua equipe” abriam uma investigação para saber
se aquele que alegava ser o Messias era realmente quem dizia ser. Com Jesus não
foi diferente! Por isso que nos evangelhos constam diversos relatos onde os
mestres da lei questionam os atos de Jesus.
Agora imagine, dentro deste contexto: Diante dos olhos de
todos, a Cruz! Jesus, o homem que dizia ser o Messias, está preso ao madeiro,
com os Seus braços abertos. Em cima de sua cabeça uma placa com a inscrição: “Este
é o Rei dos Judeus”!
Esta inscrição denunciava muito mais do que o crime no qual
Jesus cumprira pena. Roma, de certa forma dizia na placa “ - Este é o tal rei,
messias, libertador que vocês, Judeus estavam esperando? Vejam como ele é
frágil!”
O (suposto) crime de Jesus foi ter sido o Rei dos Judeus
(povo que Deus escolheu para se revelar a toda humanidade). A sentença da cruz
foi resultado de um julgamento extremamente injusto. Muita gente ainda pergunta
“quem matou Jesus?”. A Palavra nos diz que Jesus não foi morto por causa da
incapacidade de Pilatos em exercer justiça, nem por causa da conspiração do Rei
Herodes, tão pouco em virtude da má fé de seus acusadores ligados ao Sinédrio. A
Palavra nos diz que o sangue de Jesus foi voluntária e propositalmente
“derramado em favor de muitos, para remissão de pecados” (Mt 26.28). Isso não
quer dizer que não haja maldade nas ações de Pilatos, Herodes ou nos religiosos
do Sinédrio. Pelo contrário, os atos destas pessoas representam, de certa
forma, a maldade que há em nós. A cruz é um paradoxo. De um lado o ato de amor
de Deus que entrega a sua vida em favor de muitos. Do outro, as mãos humanas
sujas com o sangue de um inocente! Por isso é considerada por muitos como uma
loucura!
Jesus foi acusado pelo crime de ser Rei dos Judeus. Em uma
dimensão mais real, Jesus foi acusado pelo crime de ser Deus. Mas ser Deus é um
crime? Para o ego humano, é sim! Pois o ego humano deseja tomar o lugar de
Deus. O ego humano deseja ser Deus de si. Deseja ser autossuficiente. Deseja
assumir a prerrogativa de julgar o que certo e o que é errado. Ao olharmos para
o julgamento de Jesus fica exposto a olho nu o quanto somos incapazes de
discernir isso! Jesus era o cordeiro imaculado. Nele não havia mal algum. Ainda assim, nós o crucificamos. Cometemos Deicídio! Matamos o Deus Santo, Criador de tudo e todos!
Deus está acima do bem e do mal. É o único capaz de Julgar! Ele é Deus. Rei dos Reis. O homem acusa Deus por este
crime, pois no dentro de si, o homem carrega o medíocre e arrogante desejo de ocupar este lugar. Este é o pecado original. O pecado de Lúcifer. O pecado de Adão. O pecado de cada um de nós. O pecado do qual nasce todos os demais pecados!
Engraçado e contraditório saber que o princípio fundamental
da justiça romana espelhava-se numa máxima popular (que Pilatos, sem dúvida,
conhecia, mas optou por ignorar): “A justiça é o propósito determinado e
constante de retribuir a cada um o que lhe é devido”. Assim, portanto, também
há uma decisão pessoal diante de cada um de nós:
Após olharmos para a vida de Jesus e considerarmos as
alegações, seus ensinamentos, o fato de Ele ser o Messias, o Filho de Deus em
carne, Deus em pele humana, o Salvador, a perfeita e definitiva oferta pelo
pecado que habita em nós, será que nós – eu e você – temos retribuído a Jesus
“o que lhe é devido”?
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