“No princípio criou Deus os céus e a terra.
E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas.
E disse Deus: Haja luz; e houve luz.
E viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação entre a luz e as trevas.
E Deus chamou à luz Dia; e às trevas chamou Noite. E foi a tarde e a manhã, o dia primeiro.
E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas.
E fez Deus a expansão, e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão; e assim foi.
E chamou Deus à expansão Céus, e foi a tarde e a manhã, o dia segundo.
E disse Deus: Ajuntem-se as águas debaixo dos céus num lugar; e apareça a porção seca; e assim foi.
E chamou Deus à porção seca Terra; e ao ajuntamento das águas chamou Mares; e viu Deus que era bom.
E disse Deus: Produza a terra erva verde, erva que dê semente, árvore frutífera que dê fruto segundo a sua espécie, cuja semente está nela sobre a terra; e assim foi.
E a terra produziu erva, erva dando semente conforme a sua espécie, e a árvore frutífera, cuja semente está nela conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.
E foi a tarde e a manhã, o dia terceiro.
E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos.
E sejam para luminares na expansão dos céus, para iluminar a terra; e assim foi.
E fez Deus os dois grandes luminares: o luminar maior para governar o dia, e o luminar menor para governar a noite; e fez as estrelas.
E Deus os pôs na expansão dos céus para iluminar a terra,
E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom.
E foi a tarde e a manhã, o dia quarto.
E disse Deus: Produzam as águas abundantemente répteis de alma vivente; e voem as aves sobre a face da expansão dos céus.
E Deus criou as grandes baleias, e todo o réptil de alma vivente que as águas abundantemente produziram conforme as suas espécies; e toda a ave de asas conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.
E Deus os abençoou, dizendo: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei as águas nos mares; e as aves se multipliquem na terra.
E foi a tarde e a manhã, o dia quinto.
E disse Deus: Produza a terra alma vivente conforme a sua espécie; gado, e répteis e feras da terra conforme a sua espécie; e assim foi.
E fez Deus as feras da terra conforme a sua espécie, e o gado conforme a sua espécie, e todo o réptil da terra conforme a sua espécie; e viu Deus que era bom.
E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra.
E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.
E disse Deus: Eis que vos tenho dado toda a erva que dê semente, que está sobre a face de toda a terra; e toda a árvore, em que há fruto que dê semente, ser-vos-á para mantimento.
E a todo o animal da terra, e a toda a ave dos céus, e a todo o réptil da terra, em que há alma vivente, toda a erva verde será para mantimento; e assim foi.
E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.”
Gênesis 1:1-31
Estamos tão acostumados com um mundo egoísta que nos deixamos ser levados pelo individualismo e esquecemos o quanto Jesus Cristo nos ensinou o contrário. Este esquecimento também é fruto do nosso egoísmo, pois estamos tão convictos do nosso “ponto de vista” e dos nossos valores que esquecemos do “ponto de vista” e valores do próprio Cristo. Olhamos sempre para o nosso próprio umbigo.
Muitos dizem que viver a mensagem de Cristo é algo impossível para o homem. Alegam que não há como viver a santidade que Deus expressou em Jesus. Aqui começamos a ver os sintomas do quanto somos egoístas. Esquecemos que quando a Palavra nos diz...
“E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” João 1:14
...as escrituras estão nos revelando um Deus buscando o homem e não homem buscando a Deus. Não somos o centro do universo. Isto é fato.
Cristo é o próprio Deus que se esvaziou e desceu de Sua glória (abrindo mão de tudo e se fazendo igual a nós, homens) e com isso Ele nos mostrou que sim: é possível ser santo. Quando olhamos para Cristo vimos Deus mostrando, na prática, que o homem pode sim viver uma vida de santidade desde que Ele tenha comunhão com o Pai. Infelizmente, para o homem, sair da “zona de conforto” e assumir um compromisso com Deus reconhecendo a sua real natureza (somos pecadores e dependemos de Sua graça e misericórdia) é algo muito difícil por que nos obriga a deixar o nosso ego de lado e olhar para Deus.
Não conseguimos reconhecer que em qualquer tipo de relacionamento existem sempre mais de um lado. Em um mundo extremamente voltado para satisfazer o meu “eu”, naturalmente consideramos apenas a nossa parte e deixamos de nos colocar no lugar do outro.
No caso do nosso relacionamento com Deus, não é diferente. Infelizmente a gente se esquece de que Ele tem um ponto de vista, que Ele é infinitamente maior do que nós e que quando nos relacionamos com Ele considerando apenas o nosso ponto de vista...qualquer argumento é criado com base de uma linha de raciocínio infinitamente menor do que a realidade: por que somos infinitamente menor que Deus.
É por isso que não conseguimos perceber que Deus caminha no contra fluxo:
“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente.
Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra;
E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;
E, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas.
Dá a quem te pedir, e não te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.
Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo.
Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;”
Mateus 5:38-44
Francamente, quem de nós hoje ora pelos inimigos ou oferece o outro lado da face quando levamos uma bofetada na cara?
No texto de Gênesis 1, observe que os versículos 5, 8, 13, 19, 23 e 31 a Palavra vai relatando em cada final de dia a expressão “e foi a tarde e a manhã”. Na lógica humana, o dia caminha da manhã para a tarde. Sentido horário. Mas no texto vemos que para Deus, o tempo anda no sentido anti-horário. Deus sempre caminha para a luz.
Ele nos apresentou em Sua Palavra 3 movimentos, ações, que podemos considerar como consequência da nossa rebelião contra Ele. Em paralelo, o nosso movimento, a nossa ação é única: estamos sempre em queda. Para entender estes 3 movimentos precisamos enxergar alguns detalhes através da ótica do Pai. Precisamos pensar através do seu ponto de vista.
Antes de entendermos estes 3 movimentos é importante saber que os mesmos foram gerados por um amor incondicional do Pai e que nunca fomos e jamais seremos merecedores destas ações (os 3 movimentos). Na realidade o homem não deveria nem ter vida, por que a humanidade rompeu com o Senhor. Merecemos a Morte.
Existíamos Nele:
“Porque Nele vivemos, e nos movemos, e existimos; como também alguns dos vossos poetas disseram: Pois somos também sua geração.”
Atos 17:28
Mas nos extraviamos Dele:
Por que não dizer como alguns caluniosamente afirmam que dizemos: "Façamos o mal, para que nos venha o bem"? A condenação dos tais é merecida.
Que concluiremos então? Estamos em posição de vantagem? Não! Já demonstramos que tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado.
Como está escrito: "Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus.
Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer".
Romanos 3:8-12
“Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros.”
Tito 3:3
Então, se existíamos em Deus e nos extraviamos Dele: deixamos de existir! Só que estamos aqui, e ai vem a pergunta: por que existimos?...
De um ponto de vista mais real: nós “sub-existimos”, por que somos dependentes de Deus. Ele existe, por que é um ser independente. Nós “sub-existimos”, pois dependemos da sua misericórdia infinita.
Esta dependência nos remete ao entendimento dos 3 movimentos:
Se observarmos o antigo testamento, diversos profetas anunciaram acontecimentos sobre a vinda de Jesus. Nenhuma profecia (das que foram cumpridas) foi dita sem inspiração de Deus:
“Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo.” 2 Pedro 1:21
Isso confirma ainda mais o fato de que nosso ponto de vista é infinitamente menor que o do Pai. Só Ele conhece toda a Verdade e tem controle sobre o tempo. Nós somos pó. Precisamos reconhecer isso, assim como fez Abraão:
“E respondeu Abraão dizendo: Eis que agora me atrevi a falar ao Senhor, ainda que sou pó e cinza.” Gênesis 18:27
A crucificação do Cristo é o acontecimento mais marcante da história da humanidade. É com base neste evento que começamos à entender as consequências da nossa rebelião contra Deus:
“Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais,
Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado,
O qual, na verdade, em outro tempo foi conhecido, ainda antes da fundação do mundo, mas manifestado nestes últimos tempos por amor de vós;“
1 Pedro 1:18-20
No texto acima, nos versículos 19 e 20, Pedro diz que a salvação no sangue precioso de Cristo já havia sido o primeiro movimento de Deus, pois Ele já havia definido isso antes da fundação do mundo. Em outras palavras, o Pai antes de dizer “Haja Luz” já havia dito “Haja Cruz”. Era como se Deus já tivesse uma intuição de que iriamos nos rebelar contra Ele e o próprio Senhor já tivesse planejado um “Plano B” para o caso de isto acontecer.
O “Haja Luz” (a criação do mundo) foi o segundo movimento de Deus. Ele criou este mundo sabendo que o mesmo teria um prazo existencial, ou seja, que este ambiente que nós conhecemos seria temporário/provisório. Sim, o planeta que vivemos tem um tempo de vida útil sim. O prazo expira quando Jesus regressar nas nuvens para resgatar os Seus filhos remidos pelo sangue do Cordeiro Santo.
Éramos merecedores da morte. Mas Deus permitiu que o homem permanecesse no mundo (Haja Luz) por misericórdia e amor incondicional.
No texto de Gênesis 1, versículo 18 vimos que Ele mesmo classificou a qualidade de sua criação como “bom”:
“E para governar o dia e a noite, e para fazer separação entre a luz e as trevas; e viu Deus que era bom.”
Gênesis 1:1-18
Agora, vamos pensar: “Bom” é menos que “Perfeito/Excelente”. Deus sabia que o mundo que Ele estava criando era temporário.
Se formos em Apocalipse 22, versículo 5, encontramos um segundo cenário:
“E ali não haverá mais noite, e não necessitarão de lâmpada nem de luz do sol, porque o Senhor Deus os ilumina; e reinarão para todo o sempre.“
Apocalipse 22:5
Aqui nos deparamos com um outro lugar, que diferentemente do local relatado em Genesis (no qual há dia e noite), nos mostra um reino eterno onde só haverá dia, e que não será iluminado por luz do sol e sim pelo próprio Criador. Sendo Deus perfeito e infinitamente excelente em Suas Criações é natural que o reino que Ele escolheu para que dure por toda a eternidade é o que está descrito em Apocalipse. No caso, um Reino Perfeito, por que é iluminado pela Perfeição.
Por consequência desta análise Genesis versus Apocalipse vem o questionamento: Por que 2 mundos?
Se pensarmos na contra mão, veremos que a misericórdia e o amor de Deus moveu a Sua genialidade à ponto de fazer com que a morte prestasse favor para vida. Tudo isso para que fosse possível eliminar a maldade dos homens sem que o homem fosse eliminado. Isso responde ao questionamento.
Com 2 mundos (um provisório e outro definitivo), Deus criou um cenário perfeito para a eliminação da maldade de todos os homens sem que o homem fosse eliminado. Mas este cenário seria em vão se não estivesse aliado ao primeiro movimento, o Sacrifício de Cristo e o terceiro movimento que comentarei logo a seguir.
Ele criou um mundo temporário, baseando-se no sacrifício e na ressurreição: a morte prestando serviço para a vida. Isso fez com que a vida não acabasse com a chegada da morte (a qual todos somos merecedores).
Para sustentar o mundo provisório, antes que o mesmo fosse criado, Deus já havia determinado que o sacrifício do Cordeiro Santo ocorreria na cruz, para que ali fosse possível eliminar a maldade que habita nos homens. Por isso que antes do “haja luz” veio o “haja cruz”.
Sendo então este mundo algo provisório/temporário, e sendo o homem um ser de natureza ausente do bem, como Deus poderia nos manter vivos, suportando-nos uns aos outros? Ou Sendo o homem um ser em que o bem não habita, como poderíamos nos suportar para que o processo de eliminação do mau pudesse ocorrer?
Se a questão da maldade não fosse resolvida, os 2 movimentos citados até aqui seriam em vão. Seria o mesmo que trocar 6 por meia dúzia.
Então vem o terceiro movimento de Deus: O Senhor empresta a Sua bondade a todos os homens.
Um empréstimo de sua bondade para que o nosso mau não precipitasse o nosso fim.
Entenda que Deus é o supremo bem e romper com Ele (que foi o que fizemos) é decidir ser mau. Antes de nos rebelarmos contra Ele, o mau era apenas uma teoria. Quando nos rebelamos contra o Pai, ficamos ausentes do bem, e ai surgiu o mau: a ausência do bem. No caso, para que o mau existisse, e fosse o oposto do bem, ele teria que ter um deus que fosse mau. E aqui vem um outro entendimento importante: o diabo não é o deus da maldade, ele é uma criatura. E ainda, ele não é o oposto de Deus, isso por que ele é criatura e Deus é o Criador. Deus é incomparável, e dizer que o diabo é o oposto de Deus é pecado, por que estamos comparando Deus, o que é uma atitude de afronta a soberania do Senhor, por que Ele é incomparável. Nós e o diabo somos infinitamente menores que Deus. Um deus mau não existe, por que existe apenas um Deus: e Ele é bom.
Aproveitando ainda esta linha de raciocínio, é importante entendermos que o inferno não é o reino de satanás. Só há um reino, um Rei, e Ele é Cristo! E ainda, mesmo os que forem para o inferno dobrarão os joelhos e confessarão que só o Senhor é Rei!
“Porque está escrito: Como eu vivo, diz o Senhor, que todo o joelho se dobrará a mim, E toda a língua confessará a Deus”. Romanos 14:11
O mau só aparece nas criaturas rebeladas. A rebelião compromete a existência. O efeito imediato é deixar de existir. Mas continuamos existindo por que anteriormente à nossa rebelião, Deus já nos proporcionou a Sua Graça. Por isso o sacrifício do Cordeiro Santo foi determinado antes da criação do mundo.
Por isso precisamos compreender que antes de dizermos: “somos salvos pela graça”, temos que dizer “estamos aqui pela graça”. Por que mesmo aqueles que não encontrarem a salvação já foram abençoados pela Graça de Deus (ainda que temporariamente). E o triste disso é saber que usamos a Graça de Deus (o favor do Pai) para pecar contra o Deus da Graça!
É por conta do empréstimo da bondade de Deus aos homens que tantas pessoas que não conhecem ao Cristo fazem coisas boas. Como por exemplo: Um cientista ateu que descobre algo bom para a humanidade.
Em outras palavras, o homem ganhou uma “amostra grátis” da bondade de Deus.
Quando conhecemos à Jesus e nos comprometemos a viver Nele (o que podemos entender como conversão), esta bondade já não é mais entendida como um empréstimo. Passa à ser um patrimônio nosso. Isso por que a partir deste momento nos tornamos um só em Cristo.
Aqui enxergamos uma responsabilidade única na qual devemos levar em nosso coração com muito amor: fazer aquilo que é bom...por que a vida de Cristo está em nós.
“Assim nós, que somos muitos, somos um só corpo em Cristo, mas individualmente somos membros uns dos outros.” Romanos 12:5
É interessante que a língua dos Hebreus é a única no mundo que possui 2 termos diferentes para definir unidade:
“Yachid” e “Echad”. Para um entendimento da diferença entre as duas palavras vamos exemplificar: se você compra uma uva, você usa “Yachid”, entretanto se você compra um cacho de uva, você usa “Echad”.
Quando a Palavra de Deus se refere ao Pai, ela usa o termo “Echad”, o que nos remete a entender que Deus é único em um conjunto de unidades: Pai, Filho, Espírito Santo, eu, você, a igreja (não a construção e sim as pessoas).
“Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR”. Deuteronômio 6:4
Quando somos um só corpo em Cristo, adentramos em comunhão com a Trindade e nos tornamos “Echad”.
A partir daqui temos que ter consciência e o comprometimento de que qualquer pecado em nossas vidas tem que um acidente e não uma decisão. Somos pecadores e isto é fato: vamos pecar. Mas a partir do momento que estivermos em Cristo, o pecado não pode ser por uma decisão nossa. A partir deste momento nós fazemos parte do grupo que rompeu com a rebelião: a igreja de Cristo.
Se Deus é uma unidade composta por outra unidade, seguir no caminho do egoísmo e do individualismo é seguir no caminho contrário à Ele. O que temos visto por aí é que estamos indo exatamente por este caminho, na contra mão do caminho de Cristo.
Muitos de nós nos perdemos justamente pelo individualismo e egoísmo. Pensamos tanto em nós mesmos que buscamos á Deus pelo que ele pode fazer por nós, se esquecendo que Ele já faz o melhor e que a busca verdadeira gira em torno do que Deus é e não pelo que Ele nos dá. É neste momento que os milagres e as bênçãos do próprio Deus se tornam os nossos ídolos. Ficamos tão obcecados por soluções para nossos problemas, que os milagres e as benção do Pai se tornam mais importantes do que Ele, e entramos numa idolatria incontrolável sobre tudo aquilo que Ele pode nos dar ou fazer por nós e não pelo que Ele é.
Os milagres se tornaram o nosso maior objetivo a ponto de desejarmos o mesmo simplesmente pelo resultado imediato que ele pode nos proporcionar. Nos esquecemos que o Pai tem um propósito maior. Os milagres realizados por Cristo testificaram os Seus ensinamentos e nunca foram realizados de forma vazia. Sempre haviam propósitos maiores. Hoje, quando ligamos a tv ou comparecemos aos cultos, observamos pastores ministrando milagres e mais milagres...pessoas que levantavam da cadeira de rodas, saem andando (visivelmente) “toda torta” e o pastor falando “é milagre”. Ai fico incomodado e me digo...”Eu não consigo aceitar que uma pessoa curada por Deus seja curada parcialmente”.
Entenda a minha linha de raciocínio: creio que o cego que lavou os olhos no tanque de Siloé não teve que procurar um oftalmologista depois para fazer um óculos de 5 graus por que Cristo havia curado ele, mas tinha deixado resquícios de miopia! E como comentei, um milagre operado por Cristo vinha carregado de um sentido maior do que a simples cura: vinha com mudança de vida. Acredito que o Cego de Siloé recebeu dois milagres de Cristo: a cura da visão e a devolução da “esperança” para a vida.
Isso por que a história relatada sobre o Cego de Siloé não mostra que o mesmo havia pedido para ser curado...
“E, passando Jesus, viu um homem cego de nascença.
E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?
Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus.
Convém que eu faça as obras daquele que me enviou, enquanto é dia; a noite vem, quando ninguém pode trabalhar.
Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo.
Tendo dito isto, cuspiu na terra, e com a saliva fez lodo, e untou com o lodo os olhos do cego.
E disse-lhe: Vai, lava-te no tanque de Siloé (que significa o Enviado). Foi, pois, e lavou-se, e voltou vendo.
Então os vizinhos, e aqueles que dantes tinham visto que era cego, diziam: Não é este aquele que estava assentado e mendigava?
Uns diziam: É este. E outros: Parece-se com ele. Ele dizia: Sou eu.
Diziam-lhe, pois: Como se te abriram os olhos?
Ele respondeu, e disse: O homem, chamado Jesus, fez lodo, e untou-me os olhos, e disse-me: Vai ao tanque de Siloé, e lava-te. Então fui, e lavei-me, e vi.
Disseram-lhe, pois: Onde está ele? Respondeu: Não sei.
Levaram, pois, aos fariseus o que dantes era cego.
E era sábado quando Jesus fez o lodo e lhe abriu os olhos.
Tornaram, pois, também os fariseus a perguntar-lhe como vira, e ele lhes disse: Pôs-me lodo sobre os olhos, lavei-me, e vejo.
Então alguns dos fariseus diziam: Este homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Diziam outros: Como pode um homem pecador fazer tais sinais? E havia dissensão entre eles.
Tornaram, pois, a dizer ao cego: Tu, que dizes daquele que te abriu os olhos? E ele respondeu: Que é profeta.
Os judeus, porém, não creram que ele tivesse sido cego, e que agora visse, enquanto não chamaram os pais do que agora via.
E perguntaram-lhes, dizendo: É este o vosso filho, que vós dizeis ter nascido cego? Como, pois, vê agora?
Seus pais lhes responderam, e disseram: Sabemos que este é o nosso filho, e que nasceu cego;”
João 9:1-20
Ele estava na dele e creio que desacreditado na vida, diferentemente do Cego de Jericó...que clamou por cura...
“Depois, foram para Jericó. E, saindo ele de Jericó com seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto do caminho, mendigando.
E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar, e a dizer: Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim.
E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de Davi! tem misericórdia de mim.
E Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, que ele te chama.
E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se, e foi ter com Jesus.
E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista.
E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho.”
Marcos 10:46-52
Ou seja...o Cego de Siloé não pediu a Cristo para que fosse curado...ele já havia aceitado a sua cegueira e perdido as esperanças.
Hoje os ditos “milagres” ocorrem em abundância...se tornou corriqueiro...algo comum. Acreditamos em milagres, isto é fato, mas de devemos nos questionar: Que tipo de milagres acreditamos? Creio que ao ponto de vista humano, sobre tudo aquilo que o ao homem é impossível realizar, é possível que o agente de um milagre seja o nosso próprio Deus ou até mesmo satanás (ele é enganador). Precisamos de discernimento, precisamos de comunhão com Cristo, precisamos raciocinar e meditar nas escrituras.
Os 3 movimentos descritos à cima são mantidos por misericórdia e amor de Deus. Estes dois elementos são transfigurados na essência mais pura do perdão. É o perdão que sustenta o mundo em que vivemos. Este perdão foi manifestado na Cruz através do clamor Cristo:
“Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem...” Lucas 23:34
Este clamor do Cordeiro Santo ecoa por todo universo e atravessa a dmiensão do tempo. Nos alcança até hoje e seguirá alcançando até que Cristo retorne para buscar os que romperam com a rebelião contra Deus.
O Perdão que temos que buscar vai além do individualismo humano. Somos um em Deus, uma comunidade. Por isso o modelo de oração deixada por Cristo é “Pai Nosso”, “Pão Nosso”, “Não nos deixei cair em tentação”, e não “Pai Meu”, “Pão Meu” e “Não me deixei cair em tentação”. A salvação virá no modelo de arrebatamento de uma igreja, não de uma pessoa. Precisamos nos enxergar como comunidade. Por isso “Perdoai as nossas ofensas” e não “Perdoai as minhas ofensas”.
Cristo nos mostrou o quanto estamos na contra mão do Reino de Deus por diversas vezes, inclusive na questão do perdão.
Isso por que entre os judeus era conhecido um cântico de um herói lendário do deserto chamado Lameque. Este canto era conhecido como o Cântico da Vingança e suas palavras diziam assim: “Caim será vingado sete vezes, mas Lameque será vingado setenta vezes sete”.
“E disse Lameque a suas mulheres Ada e Zilá: Ouvi a minha voz; vós, mulheres de Lameque, escutai as minhas palavras; porque eu matei um homem por me ferir, e um jovem por me pisar.
Porque sete vezes Caim será castigado; mas Lameque setenta vezes sete.”
Gênesis 4:23-24
Um conceito de vingança sem limites.
Andando pela contra mão dos homens, Jesus elabora uma equação no caminho oposto de Lameque:
“Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete?
Jesus lhe disse: Não te digo que até sete; mas, até setenta vezes sete.”
Mateus 18:21-22
Um conceito de perdão sem limites.
O perdão é a base da justiça. Mas não a justiça elaborada pelos homens e sim a justiça vinda de Deus. Aqui encontramos o alicerce da nossa fé: acreditando no caráter bondoso e justo de Deus muito mais que no poder Dele. Por que a fé no poder de Deus é acreditar em algo lógico, por que se Ele é Deus, Ele por natureza é Poderoso.
Quando oramos por nossos inimigos (um ensinamento de Cristo que vai no contra fluxo do estilo de vida que temos hoje) começamos a diluir o perdão. Iniciamos um processo no qual o nosso coração se purifica a ponto de abrirmos mão das nossas próprias bênçãos para que elas caiam em dobro na vida daqueles que tramam contra nós.
Ao pedir perdão pelos nossos pecados temos a tendência de nos colocarmos na frente de Deus com o “bonzinho que errou”. Precisamos ser sinceros com o Pai. Reconhecer que a nossa natureza vem à tona e que cada vez que a gente peca, a gente desce da cruz. Neste momento traímos ao Cristo por menos que 30 moedas de prata (muitas vezes de graça).
O perdão é o processo abre o caminho para encontrar Cristo. Ele é concedido através do arrependimento que desperta em nós ao entender o 3 movimentos de Deus. Neste momento rompemos com a rebelião e buscamos a face de Deus.
O Senhor deseja que todos alcancem a este entendimento e, por consequência, tenham um encontro com Cristo na cruz:
“O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para conosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se.” 2 Pedro 3:9
Deus providenciou tudo para que a nossa existência fosse mantida e prolongada com o objetivo de que a salvação fosse alcançada a todo os prisioneiros do tempo: Nós.
O amor de Deus é a base de tudo. Por meio deste amor veio a misericórdia e a graça. Por consequência veio o perdão. O arrependimento cabe a nós. Se passarmos por todo este processo com entendimento pleno sobre o sacrifício de Jesus, temos por consequência a adoração, que vai além do fato de cantar louvores (achamos que adorar ao Senhor é simplesmente cantar um hino...não é). Para obter este entendimento pleno, precisamos orar, buscar comunhão com Deus e entender o contra fluxo proposto nas escrituras.
Não podemos agir como Judas Iscariotes, achando que Jesus não é misericordioso e que seu perdão é condicional. Eu creio que se ao invés de ir se enforcar, Judas tivesse procurado ao Cristo para clamar por misericórdia e perdão, ele teria encontrado a compaixão do Cristo.
Sem o entendimento destes 3 movimentos de Deus alguns questionamentos nos parecem impossíveis de encontrar no mínimo um “norte” para buscar conforto. Buscamos respostas e ficamos dando voltas e mais voltas e não chegamos à lugar nenhum. A consequência disso são homens que não acreditam em Deus por que não obtém respostas para perguntas do tipo: Por que há sofrimento? Qual a posição de Deus com relação ao sofrimento? Sempre tentamos responder estas perguntas usando o nosso ponto de vista. Mas esquecemos que Deus sofreu primeiro, que Ele se posicionou na Cruz para relativizar o sofrimento e que Ele foi o primeiro à se importar, afinal houve cruz antes que houvesse cruz.
Em outras palavras:
Por que há sofrimento? Por que a humanidade rompeu com Deus.
Qual a posição de Deus com relação ao sofrimento? É o Consolador no nosso sofrimento!
E Deus não se importa? Ele foi o primeiro a se importar, pois foi o primeiro a experimentar o sofrimento. Foi a gente que fez Ele sofrer e foi a gente que fez Ele experimentar o sofrimento, algo que Ele nunca havia experimentado. O sofrimento não foi criado por Deus, era também uma teoria, que se concretizou quando nós optamos pela ausência do amor.
A gente se importa com o que a gente sente, precisamos nos importar primeiro com o que Deus sente. Precisamos ir na contra mão.
Temos um Deus Santo que carrega em si os pecadores:
É similar a uma pessoa que já recebeu transplante de um órgão, o maior problema que ela pode enfrentar é rejeição: o corpo rejeitar o órgão estrangeiro, tendo como consequência um colapso e a morte. No caso, para que isto não ocorra, o paciente é tratado com uma medicação. Entre nós pecadores e o Deus santo tem uma medicação: O sague carmesim do Cordeiro Santo. Deus nos carrega nos sacrífico do cordeiro.
Deus ama o pecador mas repudia o pecado. Ele ama o pedófilo mas abomina e amaldiçoa o orgasmo do pedófilo. Ele voltará para dizer que estas crianças pertencem à Ele.
O interesse de Cristo é em Pessoas. Nem a lei foi maior do que a vida de uma prostituta:
“E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério;
E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando.
E na lei nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Isto diziam eles, tentando-o, para que tivessem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia com o dedo na terra.
E, como insistissem, perguntando-lhe, endireitou-se, e disse-lhes: Aquele que de entre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela.
E, tornando a inclinar-se, escrevia na terra.
Quando ouviram isto, redargüidos da consciência, saíram um a um, a começar pelos mais velhos até aos últimos; ficou só Jesus e a mulher que estava no meio.
E, endireitando-se Jesus, e não vendo ninguém mais do que a mulher, disse-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou?
E ela disse: Ninguém, Senhor. E disse-lhe Jesus: Nem eu também te condeno; vai-te, e não peques mais.”
João 8:3-11
O mundo é mau...e a igreja (o povo de Jesus) não deve andar no mesmo sentido que o mundo, precisamos ir no contra fluxo. Fazer com que o entendimento “no sentido anti horário” seja a boa nova para aqueles que não conhece ao Cristo. Afinal o paraíso não é um lugar, e sim um ser: Deus.
Deus nos desafia a pensar no contra-fluxo da lógica do homem. Veja o texto abaixo:
Jacó partiu de Berseba e foi para Harã.
Chegando a determinado lugar, parou para pernoitar, porque o sol já se havia posto. Tomando uma das pedras dali, usou-a como travesseiro e deitou-se.
E teve um sonho no qual viu uma escada apoiada na terra; o seu topo alcançava os céus, e os anjos de Deus subiam e desciam por ela.
Ao lado dele estava o Senhor, que lhe disse: "Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão e o Deus de Isaque. Darei a você e a seus descendentes a terra na qual você está deitado.
Seus descendentes serão como o pó da terra, e se espalharão para o Oeste e para o Leste, para o Norte e para o Sul. Todos os povos da terra serão abençoados por meio de você e da sua descendência.
Estou com você e cuidarei de você, aonde quer que vá; e eu o trarei de volta a esta terra. Não o deixarei enquanto não fizer o que lhe prometi".
Quando Jacó acordou do sono, disse: "Sem dúvida o Senhor está neste lugar, mas eu não sabia! "
Gênesis 28:10-16
Pensemos: Uma escada que o topo atinge o Céu. Os anjos sobem e descem. Na nossa lógica deveria ser o contrário, isso por que o céu é em cima e a terra em baixo e pelo nosso entendimento, os anjos vivem no céu. Então não deveria ser: os anjos desciam e subiam?
Mais uma vez somos desafiados a pensar no contra fluxo: O Senhor estava perto de Jacó e o céu era o lugar onde Deus estava se manifestando. Os anjos subiam e desciam por que o ponto de partida é o Senhor. Ou seja o ponto de partida não era um lugar e sim uma pessoa: Deus.
Precisamos renovar a maneira de pensar. Paulo nos diz isso:
Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos,
a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.
Efésios 4:22-24
O propósito de sermos salvo não deve ser não querer ir para o inferno e ir para um lugar bom. O verdadeiro propósito de buscarmos a salvação é desejar estar por toda a eternidade com Cristo, pelo que Ele é.
Que o Senhor nos capacite a entender os Seus propósitos da forma na qual Ele enxerga, a ponto de que nossos atos possam resultar em um lindo sorriso no rosto de Cristo.
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