quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

USANDO A GRAÇA PARA PECAR CONTRA O DEUS DA GRAÇA

Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo Romanos 7:19
Todos nós conhecemos a “Graça” como “o favor imerecido nos dado por Deus em Sua misericórdia infinita”. Imerecido, devido ao fato de que nós, seres humanos, somos pecadores e nos rebelamos contra Deus, o Criador. Por conta desta rebeldia, fruto do pecado original consumado pelo atitude de Eva em comer o fruto da àrvore proibida, o que mereciamos, em uma visão simples e real, era: a morte. Entretanto, como diria meu caro Pastor Ariovaldo Ramos, interpretando Escrituras Sagradas...
Em Deus nós, humanos, existimos: ‘Pois nele vivemos, nos movemos e existimos’, como disseram alguns dos poetas de vocês: ‘Também somos descendência dele’. Atos 17:28

Entretanto, nos extraviamos do Pai:

Por que não dizer como alguns caluniosamente afirmam que dizemos: "Façamos o mal, para que nos venha o bem"? A condenação dos tais é merecida.
Que concluiremos então? Estamos em posição de vantagem? Não! Já demonstramos que tanto judeus quanto gentios estão debaixo do pecado.
Como está escrito: "Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus.
Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer".
Romanos 3:8-12

Como estou usando a interpretação do Pastor Ari, nada mais justo do que concluir com a frase que ele mesmo usa quando interpreta este cenário: “Mas ói nós aqui outra vez!!!”. É com base nesta premissa que temos a seguinte linha de raciocínio: Nós, seres humanos, só existimos por que Deus abriu mão de consumar a pena que realmente mereciamos, a de morte, e decidiu nos manter.
Esta decisão tomada pelo Pai (de nos manter) já nos revela que Deus, visto muitas vezes aos nossos olhos como um Senhor “poderoso”, se apresenta para nós em misericórdia. E aqui já começamos a perceber uma das qualidades de Deus. Entenda que não questiono o poder de Deus, pois a sua soberania em poder é absoluta, e isto é um tanto quanto lógico, pois Ele é Deus. O que quero chamar à atenção é o fato de começar a separar a maneira como enxergamos Deus e como as escrituras nos revelam diretrizes de como que Deus quer que nós O enxergamos.
Deus quer que a gente enxergue Ele simplesmente como Poderoso? Acredito que não. E ainda ouso dizer que a ênfase em seu poder é algo muito superficial quando analisamos a maneira no qual Ele se revela em Jesus Cristo.
Em Jesus vemos como Deus é e como o homem deve ser. Ele é a referência. E muito mais que demonstrar poder, Cristo demonstrou outras qualidades que nos revelam a essência do caráter de Deus.
Como comentei, a decisão de nos manter vivos após o ato de rebelião, nos revela que Deus tratou cada um de nós com misericórdia. Agora, o ato de misericórdia, de abrir mão de executar uma pena merecida, levando em conta um julgamento justo, provém carregado de 2 elementos fundamentais: Perdão e Amor. Eu diria que o amor é a semente da misericórdia e o perdão é o fruto da mesma.
A Graça de Deus é construída sobre estes 3 pilares: Amor, Misericórdia e Perdão. É por conta destes 3 pilares que Ele decidiu não nos sentenciar a morte.
Entretanto, há um aspecto importante à ser considerado: como Deus daria sustentabilidade à esta Sua decisão?
Em outras palavras, poderiamos reformular a questão da seguinte maneira: Como um Deus Santo poderia manter seres pecadores? Leve em conta à premissa de que nós existimos Nele.
Para entendermos a resposta desta pergunta, preciamos considerar que a decisão de Deus em nos manter vivos tem um único propósito: eliminar o mau que existe no homem sem que o homem seja eliminado.
Tendo como base este entendimento recorro ao seguinte exemplo relatado pelo Pastor Ariovaldo Ramos:
Quando uma pessoa recebe uma doação de um órgão de outra pessoa, o maior risco que se ocorre neste procedimento é a rejeição do organismo receptor ao órgão que será implantado. Neste caso, a medicina aplica uma série de medicamentos que fazem com que o receptor não rejeite o órgão doado.
Deus nos mantém vivos Nele por que há um “medicamento” intermediando o nosso viver com o Dele. Este medicamento é o precioso sangue do Cordeiro Santo, Jesus Cristo, que foi derramado no calvário. Este sangue possui glóbulos de Amor, Misericórdia e Perdão.
Antes da vinda de Jesus, o homem oferecia sacrifícios para remissão de pecados. É por conta disso que a mulher samaritana, ao se encontrar com Jesus lhe disse:
Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar".
João 4:20

Naqueles tempos, “adorar” significava oferecer um sacrifício para remissão dos pecados. Jesus respondeu para a mulher:

Jesus declarou: "Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém.
Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus.
No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.
Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade".
João 4:21-24

Cristo já estava revelando para a samaritana que Ele se entregaria na Cruz e que nenhum sacrifício mais seria necessário, pois o Seu próprio sangue pagaria pelo pecado de todos os homens e que por consequência deste ato o homem teria acesso direto ao Pai para adorá-lo.

Por natureza, o homem é ausente do bem. Escolhemos o mau. Deus nos emprestou a sua bondade, e em Cristo nos deu salvação.

O Pastor Ed René Kivitz relata que as Escrituras Sagradas não foram escritas para provar a existência de Deus. Nem para convencer alguém que Deus existe. A Bíblia foi escrita em um tempo onde seus escritores já acreditavam que existiam diversos deuses. A Palavra foi escrita para mostrar a todos que existe apenas um Deus. Que não existem outros deuses. Todos os outros deuses são falsos. Não é que existem outros deuses e eles são ruins, o fato é que não existem outros deuses. E Ele é bom.

É por este motivo que Deus arrisca perder 99 ovelhas para resgatar 1:

Então Jesus lhes contou esta parábola:
"Qual de vocês que, possuindo cem ovelhas, e perdendo uma, não deixa as noventa e nove no campo e vai atrás da ovelha perdida, até encontrá-la?
E quando a encontra, coloca-a alegremente sobre os ombros
e vai para casa. Ao chegar, reúne seus amigos e vizinhos e diz: ‘Alegrem-se comigo, pois encontrei minha ovelha perdida’.
Eu lhes digo que, da mesma forma, haverá mais alegria no céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que não precisam arrepender-se".
Lucas 15:3-7

Jesus esta dizendo: “É VOCÊ OU NADA! ARRISCO TUDO POR VOCÊ”

Todo ser humano na face da terra existe por conta disso. Por causa da Graça de Deus. Somos sustentados pela bondade do caráter de Deus. Seu caráter é o amor. Por isso a fé cristã não deve ser baseada simplesmente no poder de Deus e sim em Seu bondoso caráter.

O caráter de Deus é tão bondoso e se compadece em nosso favor que mesmo antes da vinda de Cristo, o Pai já demonstrava o que Ele faria por nós.

Quando o Senhor resolveu punir o povo de Israel ele soltou víboras letais entre o povo. Moisés rogou pelo povo e o Senhor disse para ele construir uma estátua de uma víbora abrasadora e coloca-la em uma estaca no meio do acampamento:

Então o Senhor enviou serpentes venenosas que morderam o povo, e muitos morreram.
O povo foi a Moisés e disse: "Pecamos quando falamos contra o Senhor e contra você. Ore pedindo ao Senhor que tire as serpentes do meio de nós". E Moisés orou pelo povo.
O Senhor disse a Moisés: "Faça uma serpente e coloque-a no alto de um poste; quem for mordido e olhar para ela viverá".
Moisés fez então uma serpente de bronze e a colocou num poste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, permanecia vivo.
Números 21:6-9

Quem fosse picado pela víbora, tinha que olhar para ela para que o veneno não tivesse efeito. Quando ele olhava para a víbora na estaca ele tinha que acreditar que a víbora já estava morta e não que ele seria curado. Em outras palavras, ele tinha que acreditar que nem picado ele havia sido. Estava implícito que ele tinha que crer que Deus não estava corrigido o futuro e sim o passado. Este cenário nos remete ao entendimento similar ao Cordeiro Santo, Jesus.

Deus nos enviou Cristo como um ato de Graça, repleto de amor, misericórdia e perdão incondicional. Nele somos um. Por isso devemos amarmos uns aos outros. Para que a Graça que nos foi dada se revele em bondade a todos os homens.

Infelizmente nós usamos esta Graça para pecar contra Ele. Uma triste ironia: Usamos a Graça para pecar contra o Deus da Graça. Por conta disso o apóstolo Paulo disse:

Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer, esse eu continuo fazendo. Romanos 7:19
Precisamos reconhecer que somos igual a Paulo. Precisamos ter a consciência de que o pecado em nossas vidas não irá desaparecer, mas que em nossa caminhada, pecar deve ser um acidente e não uma decisão nossa.

Existe uma música do Rosa de Saron chamada Cassino Boulevard:
“Se ganhou, suspire; se perdeu, aprenda
Porque é hora de ser
Não demore ou vai perder sua aposta
Agora é a hora!
Escolha bem suas cartas, o seu jogo já vai começar

O lance está no ar!
É só você gritar bem alto, alto
Mas se prepare, prepare
Porque nada no mundo é de graça,
Você pode até ter medo, mas ande, caminhe
E só não pare, não pare

Qual é o seu limite? Até onde aguenta?
Se tudo aqui tem prazo, qual é o seu?
Pois tudo aqui tem um porquê
A vida é o cassino e você é a ficha
Nunca permita que a sua felicidade dependa de algo que possa perder

O lance está no ar!

Todos querem uma fatia da sua glória,
Todos querem apostar a sua vida,
sua graça, sua culpa, sua calma, sua alma...

Nada no mundo é de graça”

Existem 2 frases que me chamam atenção no contesto. Uma delas causa um grande impacto: “A vida é o cassino e você é a ficha”.
Gostamos muito de apostar a nossa própria vida. Vivendo com desdém e usando a Graça de Deus para satisfazer o nosso próprio “eu”. Somos similar a um viciado em jogo, que vive no cassino...apostando a própria vida...sem limites para parar ...e de aposta em aposta...colocamos a Graça de Deus na mesa e sem enxergar o sacrifício de Cristo estamos dispostos à pagar o preço. É triste, por que preço maior foi pago na Cruz: Ele não mereceu! Ele não pecou!
A outra frase é “Nada no mundo é de graça”. Sim, em um lugar onde a Graça do Pai rege toda a existência, a própria ausência do bem, ou seja, o mal, cobra um preço: a ficha!
Este preço já foi pago, na cruz, no sacrifício de Cristo. Precisamos reconhecer isto para que a nossa vida seja um culto de gratidão permanente à Deus.
Que Deus nos dê entendimento pleno sobre o que é viver com responsabilidade o seu favor imerecido. Para que a Sua Graça alcance nossas vidas de forma que a gente possa estar em Cristo na Cruz. Que Ele nos revele em plena verdade, através do Espírito Santo, o quanto o Seu coração entristece quando usamos à sua Graça para pecar e o quanto Ele se alegra quando à usamos para viver os ensinamentos de Jesus. Pois tendo isso como base, nos capacitaremos em agradar o coração do Pai.
Graça e Paz

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