Testemunhar mudança, transformação, restauração de vida é
glorificar o nome do Senhor. Quando anunciamos ao mundo a transformação de Deus
em nossas vidas, agimos como cooperadores de Deus na implantação do Seu Reino. Falar
de coisas que ouvimos falar, pode ser algo muito bom, mas nada se compara com o
“falar daquilo que se foi vivenciado juntamente com Deus”. Ao falarmos do nosso
andar com Deus, transmitimos às pessoas o poder da transformação que nos
alcançou. Isso é único, e é uma das maneiras mais eficazes que o Espírito Santo
usa para anunciar o Nome de Jesus, pois nenhum testemunho verdadeiro acontece
se o Nome de Jesus não estiver presente.
Testemunhar é algo que todos devemos fazer. Entretanto, ao
fazermos, temos de ter o compromisso com Espírito Santo, de evidenciar Jesus no
testemunho. Infelizmente, às vezes por falta de instrução, ou às vezes por
simples e mera negligência, vemos pessoas com total descaso com o Nome de Jesus
ao relatarem testemunhos. Já parou para perceber que, geralmente, só desejamos
testemunhar aquilo que “era mal” e
tornou-se “bem”? Poucos são os que ousam chegar à frente, pegar o
microfone, e dizer: “ – Gostaria de testemunhar que vejo todos os dias Jesus no
rosto do meu filho de 3 aninhos! Por isso Glorifico o Nome de Jesus!”. Ou
ainda, dizer: “ – Meu testemunho é que minha mãe faleceu de câncer no estômago!
Glorifico a Deus, por que Jesus, assim como desde antes, caminhou conosco no
momento do sofrimento e segue caminhando juntamente a nós hoje!”
Por que só testemunhamos aquilo que é mal e se tornou bem?
Por que não testemunhamos Deus provendo manutenção de Sua bondade e
misericórdia?
Como se não bastasse testemunharmos somente em momentos de
transformação (do mal ao bem), quando vamos relatar testemunhos, temos a tendência
a gerar um certo “glamour” sobre o mal. Cada caso é um caso, mas há muito mais
casos em que as pessoas sentem prazer em relatar nos seus testemunhos os seus
dias de maldade. Enchem a boca para falar...” – Eu assaltava com um revólver
38, colocava gente no porta mala do Vectra e soltava o cara pelado num matagal
lá perto da Represa Billings!”. Não se percebe contrição, ou melhor, um “pesar”
na expressão facial enquanto a pessoa relata o fato. É o “ex-bandido” que enche o peito para dizer
que era o chefe da favela e que desfilava com metralhadora. É a “ex-prostituta”
que relata a quantidade de homens com quem foi para a cama. Mas não se vê
presente na voz do ex-bandido o pesar pela dor de quantas mães choraram pelos seus
respectivos filhos que foram mortos. Não se vê na expressão facial da
ex-prostituta o pesar dos casamentos que foram destruídos e que, de certa
forma, ela teve participação no processo.
Como disse, há casos e casos. Mas percebe-se muito mais “humor”
e “glamour” nos relatos do que um pesar. De certa forma, concordo que quanto maior
a maldade do passado, maior o poder da transformação provido por Jesus. Mas não
concordo com a transformação de um testemunho de vida em um “StandUP Comedy
Gospel”. Muito menos com a “glamourização” da maldade do passado.
Talvez se cada pessoa que fosse testemunhar tivesse
consciência de que, diante de seu relato, nos bancos da igreja, estarão
sentadas as pessoas que sofreram com o fruto de sua maldade do passado, os
testemunhos seriam feitos com menos negligência e mais cuidados. Se o
ex-bandido criminoso soubesse que diante dele, enquanto ele relata o seu
testemunho, estão as mães, os irmãos, os pais, avós e amigos, das pessoas que
ele assassinou, antes de ser transformado por Cristo, acredito que, bem provável,
seu testemunho não seria um “show de humor”. Da mesma forma, penso como seria
se uma ex-prostituta, desse seu testemunho diante das esposas que foram traídas
e contraíram HIV de seus respectivos maridos, que por sua vez, foram
contaminados em seus respectivos programas com ela!
Não há virtude no mal. Assim como, se testemunhamos pobreza,
não há virtude na pobreza. A maldade, a pobreza, tudo aquilo em que não há
dignidade não deve ser objeto de glamorização. A maldade deve ser lamentada. A
pobreza deve é motivo de tristeza.
O problema disso tudo, é que, infelizmente, a maioria das igrejas gostam deste tipo de testemunho. Tem igreja que gosta tanto que provê mais tempo para testemunhos do que para a Palavra de Deus. É uma triste realidade que reside nas congregações cristãs. Preferem muito mais o "testemunho tremendo" à Palavra de Deus.
Por fim, penso: por que gente que testemunha ser um
ex-assassino, ex-traficante, ex-bandido...não se entrega à justiça? Por que não
assumem para seu arrependimento a prerrogativa de pagar pelos seus crimes?
Bom, mas isso talvez seja algo que eu jamais vou entender!
Talvez um dia eu tenha razão para crer que isso seja desnecessário!
Crer é pensar. Sendo assim, não devemos atribuir a Cristo
todos os testemunhos que ouvimos. Devemos acreditar em todos os testemunhos em
que Cristo é protagonista!
Termino dizendo...
Sim, talvez de uma forma genérica, pequei ao escrever este
texto. Pequei por que, mesmo de forma genérica, eu julguei. Ruminei o fruto da árvore
do conhecimento do bem e do mal aqui. Mas decidi publicar este texto por que
como eu disse, existem casos e casos. Creio que precisamos assumir a
responsabilidade de testemunhar o Nome de Cristo. Quando damos um testemunho,
costumamos dizer que é o nosso testemunho. Mas o centro de tudo é Jesus. Sendo
assim, não temos testemunhos, Cristo tem! Inclusive, se o testemunho não é de
Jesus, há algo errado! Provavelmente o protagonista seja outro: o nosso “eu”, o
demônio, sei lá...menos Jesus. Se este é o testemunho que você “diz” ter.
Cuidado! Quando testemunhamos o Nome de Cristo, precisamos zelar por este Nome,
pois não é um nome qualquer! É Nome sobre todo nome!
Que o Senhor tenha misericórdia de mim, pois miserável homem
eu sou.