terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A GLAMOURIZAÇÃO DA MALDADE

Testemunhar mudança, transformação, restauração de vida é glorificar o nome do Senhor. Quando anunciamos ao mundo a transformação de Deus em nossas vidas, agimos como cooperadores de Deus na implantação do Seu Reino. Falar de coisas que ouvimos falar, pode ser algo muito bom, mas nada se compara com o “falar daquilo que se foi vivenciado juntamente com Deus”. Ao falarmos do nosso andar com Deus, transmitimos às pessoas o poder da transformação que nos alcançou. Isso é único, e é uma das maneiras mais eficazes que o Espírito Santo usa para anunciar o Nome de Jesus, pois nenhum testemunho verdadeiro acontece se o Nome de Jesus não estiver presente.

Testemunhar é algo que todos devemos fazer. Entretanto, ao fazermos, temos de ter o compromisso com Espírito Santo, de evidenciar Jesus no testemunho. Infelizmente, às vezes por falta de instrução, ou às vezes por simples e mera negligência, vemos pessoas com total descaso com o Nome de Jesus ao relatarem testemunhos. Já parou para perceber que, geralmente, só desejamos testemunhar aquilo que “era mal” e  tornou-se “bem”? Poucos são os que ousam chegar à frente, pegar o microfone, e dizer: “ – Gostaria de testemunhar que vejo todos os dias Jesus no rosto do meu filho de 3 aninhos! Por isso Glorifico o Nome de Jesus!”. Ou ainda, dizer: “ – Meu testemunho é que minha mãe faleceu de câncer no estômago! Glorifico a Deus, por que Jesus, assim como desde antes, caminhou conosco no momento do sofrimento e segue caminhando juntamente a nós hoje!”

Por que só testemunhamos aquilo que é mal e se tornou bem? Por que não testemunhamos Deus provendo manutenção de Sua bondade e misericórdia?
Como se não bastasse testemunharmos somente em momentos de transformação (do mal ao bem), quando vamos relatar testemunhos, temos a tendência a gerar um certo “glamour” sobre o mal. Cada caso é um caso, mas há muito mais casos em que as pessoas sentem prazer em relatar nos seus testemunhos os seus dias de maldade. Enchem a boca para falar...” – Eu assaltava com um revólver 38, colocava gente no porta mala do Vectra e soltava o cara pelado num matagal lá perto da Represa Billings!”. Não se percebe contrição, ou melhor, um “pesar” na expressão facial enquanto a pessoa relata o fato.  É o “ex-bandido” que enche o peito para dizer que era o chefe da favela e que desfilava com metralhadora. É a “ex-prostituta” que relata a quantidade de homens com quem foi para a cama. Mas não se vê presente na voz do ex-bandido o pesar pela dor de quantas mães choraram pelos seus respectivos filhos que foram mortos. Não se vê na expressão facial da ex-prostituta o pesar dos casamentos que foram destruídos e que, de certa forma, ela teve participação no processo.

Como disse, há casos e casos. Mas percebe-se muito mais “humor” e “glamour” nos relatos do que um pesar. De certa forma, concordo que quanto maior a maldade do passado, maior o poder da transformação provido por Jesus. Mas não concordo com a transformação de um testemunho de vida em um “StandUP Comedy Gospel”. Muito menos com a “glamourização” da maldade do passado.

Talvez se cada pessoa que fosse testemunhar tivesse consciência de que, diante de seu relato, nos bancos da igreja, estarão sentadas as pessoas que sofreram com o fruto de sua maldade do passado, os testemunhos seriam feitos com menos negligência e mais cuidados. Se o ex-bandido criminoso soubesse que diante dele, enquanto ele relata o seu testemunho, estão as mães, os irmãos, os pais, avós e amigos, das pessoas que ele assassinou, antes de ser transformado por Cristo, acredito que, bem provável, seu testemunho não seria um “show de humor”. Da mesma forma, penso como seria se uma ex-prostituta, desse seu testemunho diante das esposas que foram traídas e contraíram HIV de seus respectivos maridos, que por sua vez, foram contaminados em seus respectivos programas com ela!

Não há virtude no mal. Assim como, se testemunhamos pobreza, não há virtude na pobreza. A maldade, a pobreza, tudo aquilo em que não há dignidade não deve ser objeto de glamorização. A maldade deve ser lamentada. A pobreza deve é motivo de tristeza.

O problema disso tudo, é que, infelizmente, a maioria das igrejas gostam deste tipo de testemunho. Tem igreja que gosta tanto que provê mais tempo para testemunhos do que para a Palavra de Deus. É uma triste realidade que reside nas congregações cristãs. Preferem muito mais o "testemunho tremendo" à Palavra de Deus.

Por fim, penso: por que gente que testemunha ser um ex-assassino, ex-traficante, ex-bandido...não se entrega à justiça? Por que não assumem para seu arrependimento a prerrogativa de pagar pelos seus crimes?

Bom, mas isso talvez seja algo que eu jamais vou entender! Talvez um dia eu tenha razão para crer que isso seja desnecessário!

Crer é pensar. Sendo assim, não devemos atribuir a Cristo todos os testemunhos que ouvimos. Devemos acreditar em todos os testemunhos em que Cristo é protagonista!

Termino dizendo...

Sim, talvez de uma forma genérica, pequei ao escrever este texto. Pequei por que, mesmo de forma genérica, eu julguei. Ruminei o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal aqui. Mas decidi publicar este texto por que como eu disse, existem casos e casos. Creio que precisamos assumir a responsabilidade de testemunhar o Nome de Cristo. Quando damos um testemunho, costumamos dizer que é o nosso testemunho. Mas o centro de tudo é Jesus. Sendo assim, não temos testemunhos, Cristo tem! Inclusive, se o testemunho não é de Jesus, há algo errado! Provavelmente o protagonista seja outro: o nosso “eu”, o demônio, sei lá...menos Jesus. Se este é o testemunho que você “diz” ter. Cuidado! Quando testemunhamos o Nome de Cristo, precisamos zelar por este Nome, pois não é um nome qualquer! É Nome sobre todo nome!

Que o Senhor tenha misericórdia de mim, pois miserável homem eu sou.

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