Ao derrotar satanás, quando o Seu sacrifício foi consumado
na Cruz do Calvário, Jesus também derrotou a morte. A morte de Jesus matou a
morte. Isso todo cristão sabe (ou pelo menos deveria saber).
O fato é que, ao vermos satanás e a morte, ambos, derrotados
por Jesus, corremos o risco de acharmos que não existam mais “inimigos” que
possam atrapalhar o nosso caminho de reconciliação com Deus. Arrisco dizer que
além da morte, e do diabo, existe um outro “inimigo” mais perigoso que ameaça
ao ser humano: o seu próprio ego.
Dentro do ser humano o ego age silenciosamente. Como uma
doença na alma, o ego afirma o próprio “eu” e nos leva a distorcer a imagem e
semelhança que Deus depositou em nós. Ao afirmarmos o nosso “eu”, gritamos autossuficiência,
damos vasão ao velho Adão, acordamos ele em nossa alma sem percebermos. É um
inimigo oculto. Um ego que busca se afirmar absolutamente. Um ego concorrente
ao de Deus. Achamos que temos vida própria. Seguimos cuspindo na cara de Deus, rejeitando-O. O ego do ser humano o coloca em uma condição de vida infernal.
Deus deseja vencer esse inimigo também. Mas a atitude de
Deus perante a este inimigo oculto que habita em nós, é um pouco diferente com
relação à como Deus tratou satanás.
Deus é Onipotente (pode tudo), é Onisciente (sabe tudo) e
Onipresente (está em todo lugar)! Todos sabemos disso! Mas todos sabemos também
que, Deus, ao conceder o livre arbítrio ao homem (para poder se relacionar com
o mesmo através do amor), decidiu também abrir mão de impor o Seu poder para
forçar um relacionamento Criador x criatura. Isso quer dizer que Deus não
arromba portas. Deu não é ladrão para arrombar portas ou entrar pela janela.
Deus não entra sem ser convidado. Ele está à porta e bate. Aguarda. Ele não
força a maçaneta.
Quando abrimos a porta para Jesus entrar, o Seu Espírito
Santo passa a nos convencer de nossos pecados. Esta atitude do Espírito Santo
nos leva ao arrependimento. Nesta hora, caímos de joelhos e clamamos como
Paulo: “ – Miserável Homem que sou! Sou Pecado! Deus tenha misericórdia de mim”.
Este é o clamor à Deus para que o nosso ego seja crucificado juntamente à Cristo
no Calvário. Aqui, não só nos lavamos do sangue de Cristo, como também
assumimos os valores do Reino anunciado por Jesus. Os frutos deste processo são
imensuráveis. O inferno que há em nós é dissipado. Então o nosso ser é
transformado. O Sangue de Jesus limpa o nosso ser que passa a ser morada para o
Espírito Santo.
A partir daí, o pecado deixa de ser a vida que vivíamos e
passa a ser “acidentes”. Já não somos pecados, somos pecadores remidos. A vida
passa a ser um compromisso em nos tornarmos cada vez mais parecidos com Jesus. Cuspimos
por terra o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, o fruto da queda,
o fruto que afirma o nosso ego e declara autossuficiência e passamos a usufruir
da comunhão da Trindade Santa através do sangue de Cristo. Sendo assim a
consciência do nosso eu passa a ser gerenciada com os valores da vida de Jesus.
O Espírito Santo nos auxilia neste processo, traz para dentro de nós a
capacitação de nos tornarmos cada vez mais parecidos com Jesus (por isso quando
fazemos alguma maldade, quando já estamos neste processo de transformação, o
Espírito Santo nos incomoda, mostra acende uma lanterna em nossa consciência
para escancarar toda a maldade, e nos conduz ao arrependimento).
O diabo já está derrotado. A morte já está derrotada. E o
nosso ego? Quem tem sido o centro do seu viver: você ou Deus? Você enxerga o
rosto de Cristo no rosto do seu próximo? É capaz de pensar primeiro em Deus,
depois na pessoa que está em sua frente, trazendo com ela todas as necessidades
clamando por ajuda, para depois pensar em você mesmo? Só há uma maneira de
crucificar o nosso próprio ego. Só há uma maneira de negarmos o nosso próprio
ego. A única maneira é acolher outros egos: primeiramente o de Deus, um ser que
vive em comunidade (ou seja, não é um ego absoluto), e em segundo lugar
acolhendo o ego do nosso próximo (seja ele quem for). Derrotar o nosso ego é
uma ação que só o Espírito Santo pode fazer. A gente costuma dizer que o Deus,
Pai de Jesus, é o Deus do impossível. Sim Ele é! Mas misteriosamente Ele
escolheu limitar-se e dizer “É impossível Eu lhe ajudar a derrotar o seu ego se
você não abrir a porta do seu coração. Pois é impossível para Mim arrombar o
seu coração como se Eu fosse um ladrão. É impossível para Mim negar os valores
que explicitei em Meu Filho Jesus. Ele é Amor. Eu Sou Amor. O Meu Espírito
Santo é Amor. E para o Amor é impossível impor-se, pois o Amor parte de outra
lógica: doa-se, aceita, relaciona-se sem impor-se como se fosse um ditador. Por
isso, Eis que estou à porta e bato. Se você abrir, cearei contigo, e
transformarei o seu ser. Farei de ti uma nova criatura. Restaurarei em ti a
Minha Imagem e Semelhança. E você verás que salvação consiste em se tornar
gente como Jesus é gente”!
Que a misericórdia do Senhor nos ajude a perceber o inimigo
oculto e silencioso que habita em nós. Que a Sua Palavra fale aos nossos corações
e nos ajude a ter coragem de girar a maçaneta e dizer “ – Seja bem vindo
Espírito Santo de Deus”.
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