“ - Ele não vale um real!”...assim era noticiado no telão da
estação Pinheiros do metro de São Paulo o comentário de uma “sister” para uma
outra “sister” a respeito de um “brother” do reality show Big Brother Brasil. Enquanto
subia a escada rolante e lia a notícia, logo me veio algo em mente “ – Ela está
certa! O preço de um ser humano é imensurável, pois um homem vale a vida de Deus!
Todos nós não valemos um real!”. É claro que a conotação do comentário da “sister”
tinha outro objetivo. Mas o fato é que tal situação me fez pensar em algo: Qual
a distância entre o sagrado e o profano? Qual a distância entre o sacro e o
secular? Ou no linguajar evangélico: qual a distância entre o que é do mundo e
o que é de Deus? Aliás interessante este linguajar evangélico, afinal de contas
o mundo não é de Deus?
Enfim, se olharmos para o cenário no qual vivemos hoje, diante
das atitudes de “consagrar” (tornar sagrado, santo) e “profanar” (tornar
profano), fica evidente o quanto o ser humano caminha por estas duas vias de
forma medíocre e irresponsável.
Sinceramente acho muito difícil, aliás praticamente
impossível, as mãos dos homens (salvas as mãos de Jesus, em seu lado 100%
homem), conseguirem consagrar algo. Só quem torna algo sagrado, ou se preferir,
santo, é Deus. O ser humano pode ser encaixado por Deus neste processo,
simplesmente como uma ferramenta nas mãos do Senhor. Infelizmente estamos muito
longe de uma consciência como esta. O resultado disso? É o que comentei
anteriormente: o ser humano caminhando nas vias do “consagrar” e “profanar” de
forma medíocre e irresponsável.
É evidente que um cristão jamais deveria caminhar sobre o
solo da profanação. O problema é quando confundimos religioso com sagrado e não
religioso com profano. Vejamos algumas evidências fortes desta confusão...
Anos atrás li uma notícia de que um grupo de estudantes de
uma universidade raspou a cabeça para receber um amigo que estava careca devido
a um tratamento de quimioterapia para se curar de um câncer. Pensei: “ – Deus tornou
aquele momento sagrado. Usou uma sala de aula inteira para sacralizar um
momento na vida de uma pessoa que está encarando um câncer!”. Imagino que
naquela sala haviam, possivelmente, alguns cristãos. Mas imagino que ali também
haviam pessoas que não necessariamente acreditavam em Deus e ainda assim foram
solidários com o ato de rasparem a cabeça.
Por outro lado, vejamos o tal do “mercado gospel”. A
comercialização do que “supostamente” é sagrado. Qual ingresso é mais caro: o
de um show do ídolo gospel ou o de um show do ídolo pop? Qual ídolo é mais “style”,
aquela cantora gospel ou aquela cantora de axé? Pessoas cantam louvores para
Deus ou para receber aplausos dos homens? Pastores pregam para mudar a vida de
pessoas ou para ficarem famosos e receberem os aplausos humanos?
Engraçado perceber o quanto os “aplausos dos homens” é
tentador. O aplauso embriaga a alma do ser humano. Olhe para o jogador de
futebol quando faz um gol. A torcida aplaude e o som dos aplausos massageia o
ego, embriaga a alma, infla dentro do ser o Cristiano Ronaldo dizendo “Eu estou
aqui!”. Então olhamos, primeiramente, para Jesus no deserto enfrentando a
tentação de satanás e, depois, para o mesmo Jesus em sua famosa entrada na
cidade de Jerusalém, montado em um jumentinho, enquanto todos jogavam ramos de
oliveiras no caminho, aplaudiam e ovacionavam à Ele...para então perguntar:
qual das duas tentações foi pior? A do deserto ou a dos aplausos na entrada de
Jerusalém? A tentação provocada por satanás ou a tentação provocada pelos
homens? A gente confunde muito o jeitão pacífico e bondoso de Jesus com ingenuidade!
Mas Jesus não era ingênuo. E se Ele, Filho de Deus, passou por isso...por que
será que nós não passaríamos?
Tudo bem, talvez eu não tenha usado os melhores exemplos
para ilustrar o pensamento. Mas é fato que há um meio de campo embolado entre o
“sagrado” e o “não sagrado” devido a esta confusão de atrelar “sagrado” com “religioso”
e “profano” com “não religioso”. Não me espantaria ver no jornal uma notícia anunciando
um “rolezinho gospel”. É interessante
como tem muito crente buscando no “mundo secular” coisas para trazer para o “mundo
gospel”. Será que isso é tão necessário? Será que precisamos pegar tudo o que “está
na moda” e trazer para dentro da igreja, com a roupagem religiosa, atrelando o
nome “gospel” para dar a conotação de que aquilo é voltado para gente santa?
Baladas gospel, funk gospel, rock gospel, axé gospel...até
versão de “ai se eu te pego” e “gangnam style” gospel já foi feita!
As vezes vejo pessoas espantadas com as esquetes religiosas
elaboradas pelo pessoal do “Porta dos Fundos”. O espanto é grande: “ – Nossa,
como podem colocar na mesma cena Jesus e palavras torpes”. O problema é que por
trás do comentário habita o falso moralismo. Sim, eu concordo, incomoda e muito
ver as cenas bíblicas sendo retratadas com o humor carregado de palavras
torpes. Não estou dizendo se é pecado ou não o que eles fazem...essa
prerrogativa pertence à Deus. Só quero dizer que antes de tentar retirar a
trave que está nos olhos do “Porta dos Fundos” a gente precisa ver se não temos
uma trave nos nossos olhos religiosos que precisa ser retirada.
Diariamente precisamos lidar com o “sagrado” e o “profano”.
Achar que uma “marcha para Jesus”, nos moldes do mercado gospel, é algo
sagrado, é muita inocência. Achar que dentro da igreja não exista profanação e
que no tal “mundo secular” não exista o sagrado, é viver algemado em uma
consciência religiosa. Essa é uma consciência profana.
Pelas mãos de Deus, tudo pode se tornar limpo, santo,
sagrado. Para o homem, a distância entre o sagrado e o profano talvez esteja
exatamente nesta conscientização. Por isso a fé não pode ser baseada
simplesmente na emoção e tão pouco somente na razão. É necessário uma mescla.
Emoção e razão em suas medidas certas. Concordo que é difícil saber quais são
as suas respectivas medidas, mas saber que as duas são necessárias já é um
ótimo começo. John Stott disse que “Crer é pensar!”. Tomo a liberdade de
incrementar este pensamento de Stott: “Crer é pensar com amor”.
A “sister” do Big Brother estava certa. Ninguém vale 1 real.
Nem eu! Nem meu filho! Nem ela! Nem o “brother” alvo do comentário que ela fez!
O que faltou era uma outra consciência por trás do pensamento. Uma consciência
entregue nas mãos de Deus, para que Ele pudesse tornar sagrado. Uma consciência
de que, Deus, para o homem, vale menos que 30 moedas de prata...o preço de um
escravo (na época de Jesus)...ou talvez, nos dias atuais, menos que 30
centavos, menos que 1 real...afinal de contas não foi por este preço que Judas
Iscariotes (que de certa forma habita em nós)
entregou Jesus? ....enquanto para o Deus o homem vale a Sua própria
vida....o imensurável...o incalculável...a vida de Deus! Por isso nosso BIG BROTHER, nosso GRANDE IRMÃO, nosso DEUS...JESUS se entregou em nosso resgate!
Talvez poderíamos resumir assim:
Deus vale para o homem... menos que 1 real...30 moedas de
prata
O homem vale para Deus...a vida do próprio Deus...o
imensurável
O homem vale para o homem = o mensurável...aquilo que o
homem julga que vale
Deus vale para Deus = a vida de um ser humano...que para Ele
é imensurável
Diante disso, a pergunta certa a se fazer é: Quem está
certo? Deus ou o homem?
Como certa vez ouvi, talvez a resposta certa é...ser cristão
é sempre concordar com Deus!
Se sabemos que não valemos o que comemos e somos merecedores
do inferno, mas Deus nos diz que valemos a Vida Dele...só nos resta cair de
joelhos, adorá-lo e agradecê-lo por Ele ter escolhido nos amar apesar de que nós
somos...é assim que concordamos com Deus!
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