Interessante perceber o porquê do salmista escolher “a busca
deste animal por água” para descrever “o desejo de sua alma por Deus”.
Iniciemos aqui um pequeno documentário estilo Animal Planet:
A corça é um animal que vive nas regiões desérticas da
África e do Oriente Médio. Uma de suas principais características é o seu
privilegiado olfato que sente o cheiro da água a quilômetros de distância. Seu
olfato é tão apurado que ela é capaz de perceber, metros abaixo da superfície,
a existência de um lençol de água. A
corça quando sai em busca da água abre mão de sua segurança. Ela sabe que
precisa da água para sobreviver. Então ela coloca os demais riscos em segundo
plano, pois em seu instinto ela sabe que sua segurança de nada vale se ela não
tiver água para beber. Aqui percebemos uma outra característica da corça: é um
animal que não gosta de confinamento.
Achar água em um deserto não é uma tarefa nada fácil. Mesmo dotada
de um olfato tão apurado, a corsa enfrenta dias de busca por água, carregando
em si uma sede e um cansaço extremo. Por consequência disso, o animal corre e
fareja desesperadamente o deserto de forma constante, buscando a água com a
consciência, com o instinto de que sua vida depende deste precioso líquido.
Encerrado aqui o nosso pequeno documentário a lá “Animal
Planet”, podemos perceber o porquê o salmista se viu na “busca da corça por
água” quando descreveu a sua jornada em busca por Deus. Assim como a água é um
elemento de vida essencial para a corça, Deus é o fator principal para a vida
do homem. Em sua busca pela água, a corça abre mão de sua segurança, e no caso
do homem não é diferente. Em Mateus 16:25 Jesus disse: Porque aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, e quem perder a
sua vida por amor de mim, achá-la-á. Aqui Jesus está dizendo: “ - Abra mão
de seu confinamento, saia deste teu ilusório mundinho seguro, arrisque-se, saia
da zona de conforto, só assim você encontrará o que é essencial para viver!”.
Bem sabe a corça que sua vida depende da sua busca pela água.
Mas nem todo homem sabe que sua vida depende de seu encontro com Deus. Por
outro lado, Deus sabe desta necessidade. Por isso Deus anunciou em Jeremias 29:13: “Vocês
me procurarão e me acharão quando me procurarem de todo o coração”. A nossa segurança está no fato de que Deus sabe quem nós somos!
Muitas pessoas têm o discurso: “ - Não preciso de Deus para
viver! Faço simplesmente o bem! Não faço mal a ninguém! E para viver assim não
preciso de Deus!”. Este é o discurso da queda, do pecado original. É o homem
que vive a atitude original de Adão. Acha que tem dentro de si a prerrogativa
de julgar o que é certo ou errado. Segue ruminando o fruto da árvore do
conhecimento do bem e do mal. Segue se deleitando na oferta da serpente.
Carrega dentro de si um vazio gigantesco e tenta supri-lo com as coisas do
mundo. Gente que precisa entender o pensamento de Fiodor Dostoievski que
alegava que “existe no homem um vazio do tamanho de Deus", ou seja, um
vazio infinito, que só poderia ser preenchido pelo infinito: Deus!
O homem tenta preencher este vazio com as coisas do mundo.
Jamais consegue se saciar. Não sabe que o vazio interior é o espaço que deveria
ser preenchido por Deus. Carros, pessoas, bebidas, drogas, joias...nada destas
coisas jamais preencherá o infinito vazio do ser humano. A nossa sede da alma é
por Deus. Felizes os que conseguem discernir isso! Felizes os que sabem o
quanto é preciso encontrar-se com Deus em um mundo como este (assim como feliz é
a corça por saber dar valor à água quando consegue encontrar a mesma em um
deserto tão cruel).
Diante disso, é necessário fazermos umas perguntas para nós
mesmos: O quão longe estamos de afirmar como o salmista...que temos anseio por
Deus da mesma forma que a corça deseja a água? Será que estamos desesperados
por Deus? Será que temos sede por sua presença? Temos corrido, buscado e nos
desesperado por mais Dele em nosso ser? A nossa busca tem sido diária? Ou temos
nos contentado com a mediocridade do nosso “confinamento”? Será que estamos
dispostos a abrir mão de nossa segurança para encontrar Deus?
Precisamos sair da “toca”. Precisamos sair de nossos
“confinamentos”. Coisas que nos prendem, nos acorrentam e nos impedem de sair
em busca da água fresca que tanto precisamos. Nossos “confinamentos” podem ser
pessoas, coisas, situações ou até mesmo “pequenos reinos” que construímos para
nós mesmos (“meu emprego”, “meu ministério”, “meu evento”, “minha igreja”, “minha qualidade de vida”, etc.). A sensação
de segurança ao “reinar” sobre estes “pequenos reinos” é falsa. Reino
verdadeiro só existe um: o Reino de Deus. E este Reino é verdadeiro por que
possui um Rei com caráter pleno em bondade e amor! Esta é a verdadeira
segurança do homem. Se a sua vida não está dentro deste reino, então há algo
errado.
Na Índia, conta-se que um mestre meditava à beira do rio.
Seu discípulo se aproximou pedindo-lhe ajuda. Ele reclamava não obter sucesso
em seus exercícios espirituais – ansiava encontrar-se com Deus e se frustrava.
O mestre tomou o jovem pela mão, levou-o até o meio do rio e o forçou a ficar
debaixo d’água, segurando-o pelo cabelo. Depois que deixou o rapaz perto de
três minutos sem fôlego, puxou-o de volta, deixando que, desesperado, buscasse
o ar. O mestre então lhe disse: “se você buscar a Deus com a mesma intensidade
como procurou o oxigênio que lhe dá vida, certamente, O achará”.
O mundo é o deserto cruel. Terra de provações. Onde o sol
castiga com o calor e a noite castiga com o frio. Deus é a Água, o elemento
primordial. Precisamos, assumir o papel da corça, partir, sair da zona de
conforto e correr em busca da vida. Precisamos de aprimorar nossos sentidos
para irmos direto ao Cristo. Jesus disse em Apocalipse 22-17: “[...] Quem tem sede, venha; e quem quiser,
receba de graça a água da vida.”
Lembro-me de uma linda canção “Jesus e Eu” de Zé Marcos e Adriano que dizia:
Não posso explicar, o que Ele é pra mim
Palavras nunca falarão
Não dá pra imaginar o seu amor sem fim
Não cabe no meu coração
Impossível, sobreviver sem Ele
É como abelha sem o mel
Impossível, me imaginar sem Ele
É como a noiva sem o véu
É como a estrela sem o céu
Jesus é fonte de água viva
Eu sou a sede
Sou uma alma sem descanso
Ele é a rede
Jesus é a Rosa de Saron
Sou beija-flor
Eu sou um coração amando
Ele é o amor.
Jesus...é a água no deserto...nós somos a sede da corça!
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