Leia esta notícia que foi publicada no dia 31/01/2010:
TRAFICANTE DA ROCINHA FORJA A PRÓPRIA MORTE
“O chefe do tráfico na Rocinha, Antonio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, de 34 anos, simulou a própria morte para tentar escapar do cerco da polícia. O golpe foi descoberto pela Delegacia de Roubos e Furtos de Automóveis (DRFA) e revelado pelo "Fantástico", da TV Globo. O médico que atestou o óbito do criminoso, Dalton Jorge, está preso por falsidade ideológica e associação ao tráfico. Ele revelou ter recebido R$ 150 para assinar o atestado sem ver o corpo.
No documento, o médico indica que o traficante morreu na Rua Major Rubens Vaz 170, na Gávea, endereço da 15 DP (Gávea), justamente a delegacia responsável pelas investigações sobre a venda de drogas na Rocinha. O atestado tinha como causa da morte insuficiência renal e diabetes, o que evitaria que o corpo passasse pelo Instituto Médico-Legal (IML) para ser periciado.
De acordo com as investigações da DRFA, Nem pretendia ainda realizar um enterro rápido, sem velório, na última sexta-feira, às 16h15m, no Cemitério do Catumbi. O objetivo era se aposentar por causa de uma futura ocupação da Rocinha pela polícia.
- A intenção era fazer o que qualquer criminoso sonha: desaparecer e viajar. Cabe agora investigar, para saber se houve alguém morto para ser usado no sepultamento. Dar o endereço da delegacia como local de falecimento foi uma ironia com a polícia, mas vamos capturá-lo - afirmou o delegado titular da DRFA, Márcio Mendonça.
Se o golpe fosse concluído, o bandido já teria pronta uma nova identidade, com a data de nascimento alterada em um dia, de 25 para 24 de maio de 1976, e com o nome de Antonio Lopes. Segundo as investigações, a estratégia era divulgar a falsa morte apenas mais tarde, para não levantar suspeita.
No último dia 29, Nem foi denunciado pelo Ministério Público, junto com o vereador Luiz Cláudio de Oliveira, o Claudinho da Academia (PSDC), por ter coagido moradores nas eleições de 2008, em uma reunião na quadra de futebol no alto do morro. Claudinho foi eleito com 11.513 votos, sendo 73% deles na Rocinha.”
Esta notícia nos remete ao pensamento que quero compartilhar hoje:
Algumas pessoas dizem não acreditar que o demônio exista (como os escritores dos livros: “Satã: Uma Biografia” de Henry Ansgar Kelly e “Anjos caídos” de Harold Bloom – não li nenhum dos dois, apenas acompanhei as resenhas). Geralmente estas pessoas justificam este pensamento dizendo que o diabo é um ser que o homem inventou (um mito) para receber toda a culpa pelos males feitos pela humanidade (simplesmente para justificar a nossa maldade).
Também existem pessoas que acreditam que Deus criou o diabo e que ele, o diabo, é responsável por tudo o que há de mau no mundo. Estas pessoas acham que a humanidade não carrega nenhuma culpa, já que a maldade é proveniente de satanás.
Claro, também tem aqueles que acreditam que o demônio foi criado por Deus e que o diabo é responsável por apenas parte das maldades do mundo. Esses acreditam que nós compartilhamos a culpa de toda a maldade que há no mundo com satanás.
Acontece que, de fato, nós Cristãos, que sempre estamos acostumados a responder (ou a fazer) a pergunta “você acredito em Deus?”, também somos convidados pelo cristianismo a responder uma outra questão: “Você acredita no diabo?”.
Quando pergunto, “você acredita no diabo?”, a palavra “acredita” vem no sentido de primeiramente, acreditar que ele exista e também no sentido de que ele é o iniciador da rebelião contra Deus.
CS Lewis respondeu esta pergunta da seguinte maneira:
“Eu acredito no diabo, em primeiro lugar, por que em todos os tempos, em todas as civilizações e culturas, sempre se acreditou na existência de um ser com características semelhantes às do que chamamos de diabo. Em segundo lugar, por que a ciência não me apresentou ainda nenhuma informação confiável que me exija deixar de crer no diabo. E por último, por que, acreditando que o diabo existe, consigo explicar muita coisa que, de outra forma, ficaria sem explicação.”
Esta é uma resposta interessante. É claro que como cristão, antes mesmo de considerar estes 3 argumentos, eu diria que acredito no diabo pelo fato da Palavra de Deus revelar que ele exista.
Mas continuemos pensando...
Certa vez ouvi o Pastor Ed René Kivitz dizer que quando seus filhos lhe perguntaram “quem criou o diabo?”, ele respondeu: “Lúcifer!”. E logo em seguida complementou: “Deus criou Lúcifer, um anjo de luz. E Lúcifer, se fez diabo”.
Particularmente, diria que entender isso foi, de certa forma, muito libertador. Eu me perdia em pensamentos buscando entender por que Deus havia criado o diabo. Quando me deparei com este entendimento, muitas coisas foram criando sentido em minha mente.
Entenda...de certa forma, o ser humano tem bem definido (ainda que teoricamente) o que é o perfil “demoníaco”. Este perfil vem atrelado ao fator maldade. Miséria, doença, violência...e por ai vai. O problema é que a gente acha que a maldade é exatamente a ação contrária da bondade. Mas creio não ser bem assim.
Observe a bondade. Ela por si própria tem vida: a bondade absoluta é Deus. O bem supremo é Deus. Há uma identidade. A maldade no entanto não é autossuficiente. Ela nasce do elemento que é o coração da bondade: o amor. Mas o problema é que o amor que provoca a maldade é o amor distorcido...deturpado...impulsionado pelas razões erradas.
Vou explicar melhor: olhe para todos os mandamentos da lei de Deus. Deus nos enviou estes mandamentos por nos amar. Todos eles vão contra este “amor distorcido”. Este amor distorcido no qual me refiro é o “amor” por si próprio. O amor contaminado pelo ego absoluto. O amor contaminado pelo orgulho. É este amor desproporcional por si próprio que faz nascer o pecado. Quando penso só em mim. Quando não penso no outro perante minhas ações. Quando me amo mais que tudo. É este o ponto de partida de todo pecado.
Por exemplo:
Roubar: roubo por que quero algo para mim.
Matar: mato por que a existência do outro me incomoda.
Siga adiante e verá que o pecado tem como ação inicial o ato de amar de forma errada. Este foi o pecado de Lúcifer: Amar a si próprio de forma que o seu ego se tornou absoluto. Por consequência ele quis ser maior do que Deus.
Não é a toa que o primeiro mandamento é amar a Deus sobre todas as coisas. Só podemos amar o nosso próximo se primeiramente aprendermos a amar da forma correta. No caso, amando à Deus sobre todas as coisas, consequentemente aprendemos a amar da forma correta.
A maldade não é exatamente o oposto da bondade. A maldade é a ausência da bondade. Creio que o demônio é exatamente isso: um ser que não possui bondade alguma. Arriscaria a dizer que não existe um ser que é maldade absoluta. O demônio não se sustenta. Ele inclusive depende da Graça de Deus para viver.
Enfim, o demônio existe. Aliás, demônios existem. Acredito em demônios. Acredito que eles existam. Creio nisso. Creio que eles estão dentro de igrejas. Creio que eles manipulam pastores. Creio que eles operam milagres para confundir pessoas. Creio que eles fazem as maiores barbáries que podemos imaginar. Acredito não ser possível acreditar no caráter de Deus sem se ter consciência da existência do demônio e o que ele nos induziu a fazer contra Deus. E digo ainda que, por mais que o demônio tenha induzido o homem a pecar, a culpa do ato de desobediência é totalmente nosso. A gente precisa assumir a culpa. A gente aderiu a rebelião por escolha própria. Precisamos romper com a rebelião.
Sinto tristeza em ver pessoas que deixam o demônio se fazer de desapercebido (assim como o traficante da notícia acima) crendo que ele não exista. Assim como o Nem queria que a polícia acreditasse que ele não existia mais, o diabo quer que o ser humano acredite que ele não exista. Da mesma forma que é triste ver pessoas justificando os seus pecados colocando a culpa no demônio. Pessoas que não tem consciência de seu próprio “eu” demoníaco.
Fyodor Dostoyevsky certa vez disse...”Se o demônio não existe, e portanto, o homem o criou, este o fez à sua imagem e semelhança.”
A Palavra de Deus nos diz que o diabo se rebelou contra Deus e arrastou um terço dos anjos com ele em sua queda. Nós, seres humanos aderimos à rebelião de lúcifer em Gênesis 3, ao aceitar a proposta de satanás de tentar viver sem depender de Deus.
Somos imagem e semelhança de Deus, mas a gente se permite ser tão tendenciosos à maldade que distorcemos esta semelhança que temos de Deus e nos tornamos semelhantes ao demônio. Temos que lutar contra isso. Não podemos nos deixar se tornar seres com ego absolutos. O demônio é um ser de trevas. Todo aquele que anda com o diabo se faz também um ser de trevas. Estamos acostumados a dizer que somos seres iluminados. Isso é errado. Nós somos seres luminosos. O sopro de Deus se faz luz em nós. Somos a luz do mundo (Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Mateus 5:14). Precisamos levar esta luz para estas pessoas que se deixam ser manipuladas pelas trevas.
As Escrituras Sagradas nos revelam que o demônio já está derrotado. Ele sabe disso. Por isso ele age como um suicída, tentando levar o máximo de vidas para o abismo juntamente com ele. Cristo venceu o diabo. O cristão precisa tomar posse desta vitória o demônio. Para tomar posse desta vitória o cristão precisa primeiramente reconhecer-se como demônio e se enfrentar, matando o seu “eu” demoníaco na cruz do calvário. Lavando a falta de caráter do seu “eu” demoníaco com o sangue do cordeiro. Deixando o sangue de Cristo agir como antídoto para curar o amor distorcido que impregna a maldade em nosso ser.
Costumo dizer que de 100% dos pecados que cometo, 100% são meus. O demônio entra neste cenário como o fator multiplicador do pecado. Em outras palavras, se peco me irando e me tornando violento, o demônio me dará as palavras mais terríveis para ofender o meu irmão. Se peco sentindo inveja do carro que o meu irmão comprou, o demônio me fornecerá o pedaço de arame para riscar o carro que eu tanto queria ter. E este demônio pode ser lúcifer, um dos anjos que ele arrastou, ou meu próprio "eu".
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