Certa vez, um menino, que nunca havia visto o mar, foi levado pela sua mãe para ver o mesmo pela primeira vez. Ao chegar na praia, o menino olhou a imensidão azul em sua frente e exclamou: “ – Agora posso dizer que conheço o mar”. Neste exato momento um marinheiro, velho lobo do mar, estava ali por perto e ouviu a frase do menino. Então o velho se dirigiu ao menino e disse: “ – Rapaz, sou marinheiro há mais de 50 anos. Naveguei por todos os mares e posso lhe afirmar: ainda não conheço o mar.”
Creio já ter contado esta história aqui em uma outra ocasião, mas acredito que ela se encaixe perfeitamente no pensamento que quero compartilhar.
Tenho 30 anos de idade. Quase 31. Pode até parecer óbvio o que vou escrever aqui, mas, todas as vezes que me pego pensando na vida, eu a enxergo como um oceano de incertezas. De certa forma tento vê-la como um oceano de possibilidades. Mas no fundo a sensação que prevalece é a de incertezas. Talvez, por este motivo, as pessoas acabam usando a metáfora “marinheiro de primeira viagem” para “aliviar” ou “justificar” diversas atitudes que a vida naturalmente nos impõe. É, de fato, não tem como escaparmos de ter de tomar atitudes/decisões, pois a vida se propaga em um oceano que nos cobra constantemente posicionamento, escolhas. Inclusive, optar por não fazer nada, é por exemplo, uma escolha...uma atitude. O cenário fica mais complicado ainda quando olhamos para o fato de que uma escolha acaba acarretando desdobramentos que jamais teremos como, sequer, supor. Você decide algo agora e daqui a 10, 20, 30 anos, esta sua decisão ainda tem influência sobre determinada pessoa, coisa, fato, etc.
Talvez por isso, creio que muito mais que “marinheiros de primeira viagem”, talvez a melhor expressão seria: “Marinheiros de uma única viagem”. Sim, marinheiros de uma única viagem. Penso em uma “única” viagem, pois creio que ela se propaga no tempo. Sendo assim creio que temos uma viagem onde não é possível voltar.
Logicamente, temos a possibilidade de enxergar a atitude de alguns outros marinheiros perante suas viagens e tentar formar um padrão de navegação para seguir pelo oceano. Talvez, por conta disso, você se verá em alguns momentos dizendo para si mesmo: “Dejavú! Já vi esta cena antes”. Entretanto temos que ter a consciência de que a nossa viagem, de certa forma, é única. Teremos tempestades e calmarias como todos os demais navegantes, mas com certeza existirão algumas circunstâncias exclusivas em nossa viagem que a tornará única.
Também penso que em alguns momentos desta “grande navegação” poderemos identificar atitudes erradas, e desejaremos voltar, mas o que sobrará em nossas mãos são simplesmente oportunidades (tentativas) de correção, mas não necessariamente uma volta propriamente concretizada a aquele exato instante.
Alguém já disse que uma pessoa jamais toma banho em um mesmo rio. Primeiro por que as águas do rio já não serão as mesmas e segundo por que a pessoa em “si” não será mais a mesma.
Olhando para um cenário como este, penso em uma pergunta óbvia e importante: “Para onde navegamos?”
Ao olhar para as Escrituras Sagradas, é possível ver a Palavra de Deus nos guiando como um mapa. Aliás vai além, é o nosso Manual de Navegação para o Oceano da Vida. Neste Manual é possível obter instruções de como enfrentar tempestades, de como agir perante as dificuldades, inclusive de como se portar durante a calmaria.
Nela também é revelado o lugar para onde navegamos. E a surpresa é que não navegamos para chegar um lugar. Navegamos para chegar a uma Pessoa. Esta Pessoa é Deus. Ele é o lugar que podemos chamar de Lar. Ele quem escreveu este Manual. Mas o mais sensacional é que Ele além de estar nos esperando, navega juntamente conosco. Ele sabe que somos marinheiros de primeira e única viagem. Ele sabe que o caminho é longo, que não há atalhos. Por este motivo Ele instruiu Seu próprio Filho e lançou o mesmo neste imenso oceano que é a vida, para nos mostrar como um navegador deve ser em sua essência.
Deus é o Porto Seguro que nos espera do outro lado do horizonte. O caminho é longo. Ele é nossa casa. Ele é nosso lar.
CS Lewis em “Cristianismo Puro e Simples” diz que “o caminho mais longo é o mais curto para se chegar em casa”
O outro lado da margem do oceano é a sacada onde o Pai misericordioso espera os filhos pródigos. Este Porto Seguro aguarda os navegantes pródigos. A vida é difícil. De remada em remada a gente vai se aproximando do cais onde Deus nos aguarda. De glória em glória vamos vencendo este mundo e navegando por este oceano vasto. Com os olhos fixos no Mapa veremos que o caminho é longo e estreito. No horizonte adiante o rastro do barco de Cristo nos guia. Um barco em formato de Cruz que já atracou no Porto Seguro que é o Pai. Ele se fez caminho para todos nós, marinheiros de única viagem, voltarmos para o nosso Lar: Deus.
Que Deus nos abençoe grandemente dando a todos nós discernimento para manter o leme de nossos barcos na direção do rastro deixado pelo barco de Jesus Cristo.
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