“Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo. Quem
roubou nossa coragem? Tudo é dor. E toda dor, vem do desejo de não sentirmos
dor...” assim cantou Renato Russo para toda uma geração.
Interessante a pergunta “Quem roubou nossa coragem?” no meio
da estrofe! Já pensou em responder esta pergunta?!
Proponho uma resposta: Nós mesmos! Sim, nós roubamos a nossa
coragem de mudar o mundo. O nosso “eu” tem roubado a coragem que nos falta para
mudar o mundo. Ele nos sabota. Faz-nos ficar com a “bunda” estagnada no sofá
assistindo a propagação da queda do ser humano se alastrar, roubando vidas,
dignidade, justiça das pessoas. Nos acomodamos. Fizemos da frase “este mundo
não tem jeito” um lugar comum, um discurso pronto para justificar a nossa
omissão aos atos de restauração daquilo que no fundo sabemos ser o certo. Nós
vemos a nossa maldade se alastrar e permitimos que ela ganhe vasão, roubando de
nós a coragem de não se conformar, a coragem para não se acomodar e dizer
basta. Permitimos que a utopia, a esperança, o sonho de um mundo mais justo adormecesse
em um sono profundo e perdemos a coragem de desperta-lo. Onde está a coragem
para chegarmos a um mendigo e dizer, “vem, vou lhe ajudar a sair desta sua
condição e lhe restaurar a dignidade de vida, não como um ato de caridade, mas
sim como um ato de justiça, pois se eu não posso viver como você vive hoje,
então não posso me conformar com o fato de você viver assim!”???
É dolorido ver um mundo sem jeito. Por isso entendo a
sequência da estrofe de Renato Russo “Tudo é dor...e toda dor, vem do desejo de
não sentirmos dor...” como o fator motivador da humanidade para dar uma anestesia
na consciência. É a vasão que damos a indiferença. É o vidro fechando no farol
para evitar o incomodo do homem que vem pedir esmola.
Muitos pensadores dizem que a mudança do mundo começa em
nós. Martin Luther King expôs a seguinte reflexão...Não há nada mais trágico
neste mundo do que saber o que é certo e não fazê-lo. Que tal mudarmos o mundo
começando por nós mesmos?. Che Guevara afirmou: Deixe o mundo mudar você e você
poderá mudar o mundo. Gandhi expôs: Você tem que ser o espelho da mudança que
está propondo. Se eu quero mudar o mundo, tenho que começar por mim. Dalai Lama
afirmou: Seja a mudança que você quer ver no mundo. Então não é de se descartar
o fato de que sim, a mudança do mundo começa na mudança do nosso “eu”. Ela
inicia-se na não conformidade, no não se conformar, e isso implica em dizer não
para o nosso “eu” que insiste em roubar nossa coragem, de abrir mão do desejo
de não sentir dor e pregar o Amor de Jesus, pois quem ama deve estar disposto a
assumir danos, a encarar a dor. Você pode pensar, mas minha mudança é muito
pouca perante aos problemas do mundo. Então cito para você outro ótimo
pensador, Edmund Burke: “Ninguém comete erro maior do que não fazer nada porque
só pode fazer um pouco.”
Para nós cristãos, o pensamento de Edmund Burke faz todo
sentido. O que seria do milagre da multiplicação dos peixes e pães se não
houvessem poucos peixes e pães nas mãos de Cristo? O pouco nas mãos do homem
sempre será pouco. Entretanto o pouco nas mãos de Deus é o suficiente. O pouco
na mão de Deus é a matéria prima do muito. Ceder o lugar no metrô, ônibus, trem,
ajudar alguém a atravessar a rua, dar uma refeição digna, doar roupas, ouvir
alguém aflito...todas estas ações podem parecer pequenas diante de um mundo em
guerra. Tomar banho mais rápido para economizar água, não jogar lixo no chão
para evitar enchentes, plantar uma árvore para colaborar com um mundo mais
verde, separar o lixo para reciclagem... são ações aparentemente pequenas
diante de um efeito estufa e tantos outros problemas ecológicos do mundo. Mas
temos que fazer nossa parte e confiar em Deus.
De fato Jesus nos diz para não nos conformarmos com o mundo,
pois não somos do mundo. Mas enquanto estivermos aqui devemos ser gente como
Jesus. Enquanto estivermos aqui, temos sim que mudar aquilo que está errado.
Devemos trazer para a graça aquilo que é desgraça. Este é um trabalho em
conjunto com o Espírito Santo. Chama-se ajudar na implantação do Reino de Deus.
Não se conforme. Não fique na zona de conforto.
Termino exibindo um vídeo que expõe o quanto nós precisamos
pensar em mudar o mundo...
Que Deus nos abençoe.
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