quarta-feira, 6 de novembro de 2013

DESEJAR DEUS X DESEJAR O CÉU


Vivemos em um mundo caótico. No início de Gênesis vemos Deus colocando ordem sobre o caos, mas hoje vemos o homem colocando caos na ordem. Viver aqui na terra é uma verdadeira batalha. Em meio a tanto caos é muito fácil surgir em nós o desejo de se chegar logo no céu. Ora, esta terra está cada vez mais insuportável.

 

O fato é que o desejo de fugir da terra, de se chegar logo no céu e deixar este caos é muito diferente de desejar Deus. Há uma grande diferença entre desejar Deus e desejar o céu, ou se preferir, o paraíso?

 

Como já comentei aqui, não consigo imaginar um paraíso sem Deus. Acredito que o Paraíso é Alguém, um Ser e não um lugar, para mim o Paraíso é o próprio Deus, o Deus Trino!

 

Neste contexto é importante discernirmos se o Céu, o Paraíso que imaginamos e tanto almejamos não é uma idolatria, um deus concorrente. Corremos este risco quando separamos o lugar “paraíso” com a pessoa “Paraíso”. É justamente aqui que o céu se torna mais importante para nós do que o Àquele que governa o céu. Para nós, cristãos, não é possível imaginar o Paraíso sem Deus.

 

Agora, será que esta é a vontade de Deus para nós hoje? Será que Ele deseja que o homem O busque no céu?

 

Deus não está além da vida! Deus está na vida! Assim disse acertadamente Ed René Kivitz. O Deus que a Palavra nos relata está imerso na humanidade. Está juntamente conosco. Por isso a Palavra se refere à Deus como Emanuel: Deus bem perto, Deus conosco!

 

Se o caminho de Deus é descer as escadas do céu para estar conosco, ao nosso lado, por que o homem insiste no caminho inverso? Porque insistimos no desejo de subir as escadas para encontrar Deus!?

 

Deus não quer que a gente O encontre nos céus. Deus quer nos encontrar aqui! Hoje! Agora!

 

Sim, eu sei que dentro desta linha de raciocínio é impossível deixarmos de nos perguntar: Mas como discernir onde está Deus neste caos?

 

O discernimento começa justamente nesta consciência de que Deus deseja nos encontrar aqui! É esta consciência que torna os nossos sentidos clínicos, detalhistas, capaz de olhar ao nosso redor e reconhecer em cada situação a presença de Deus. A partir daí, pensaremos como Jimmy Carter, que dizia: “A Pessoa mais importante do mundo é esta que está diante de você neste exato momento!”.

 

A consciência de que Deus é Emanuel, Deus conosco, nos desafia a procurá-lo, ou simplesmente nos deixar ser encontrado por Ele, no nosso dia a dia. Foi com esta consciência que Billy Graham certa vez respondeu à pergunta “Onde estava Deus no dia 11 de setembro?”

 

Ele respondeu: “Nos Bombeiros!”

 
O caos aqui é um fato. Está presente. Desejar o céu é um sentimento natural diante do sofrimento que presenciamos diariamente. Mas o desafio do cristão é fazer parte da solução ou do problema??? Atuar juntamente com Deus para colocar novamente ordem no caos da terra ou seguir desordenando tudo?
 
Neste sentido a oração passa a ser uma conversa com Deus a respeito daquilo que estamos fazendo juntos. Assim ensinou o Pastor Ed René Kivitz e sinceramente acho que ainda estou aprendendo. Mas o importante é persistir, ter esperança, afinal de contas perseverança não é perseverar em esperança!?
 
Somos pecadores, causadores do caos, mas o Espírito Santo trabalhando em nós relativiza qualquer diagnóstico sobre nós. O Espírito Santo nos convence, cura, restaura, faz todo o serviço para nos disponibilizar ao Pai. Este é um trabalho paciente, sutil, respeitoso por parte do Espírito Santo. Ele faz isso por Graça e Amor. O agir do Espírito Santo é a certeza absoluta que não há diagnósticos engessados em nossas vidas: Ele pode mudar tudo e todos.
 
Martinho Lutero sabia disso! Por isso afirmou: “Somos amados não por que somos perfeitos, mas por que o amor de Deus é perfeito. O amor de Deus não se destina ao que não vale a pena ser amado, mas cria o que vale a pena ser amado.”
 
O mundo está um caos. Mas já parou para pensar que do maremoto, do tsunami, da seca do nordeste, o homem assume o papel de vítima, mas da prostituição, do holocausto, da fome do nordestino, o homem assume o papel de culpado.
 
Somos colaboradores da ordem ou do caos? O nosso discurso é me leve para a sua graça ou venha para a minha desgraça? Fique com a sua desgraça que eu fico com a minha graça?
 
Almejar encontrar Deus nos céus pode nos cegar da oportunidade de podermos encontrar Ele aqui, hoje e agora. Perder uma oportunidade como esta é perder a oportunidade de ser um colaborador no Reino de Deus que já foi inaugurado por Jesus. O desafio do cristão é no hoje e no agora. É no hoje que não devemos passar por um homem caído sem estender a mão. É no hoje que devemos dar um verdadeiro susto de misericórdia naquele que está com a consciência anestesiada pelo caos. Jesus nos disse que não somos deste mundo. Mas sabemos que estamos neste mundo. Não ser deste mundo não implica na ausência da responsabilidade de sermos cooperadores com Deus na missão de restaurar a ordem no caos. Não ser deste mundo implica em não absorver os valores impostos por ele. Colocar ordem neste mundo só é possível se vivermos os valores explícitos na vida de Jesus.
 
Muito mais que irmos para o Paraíso, precisamos perceber o Paraíso aqui e colaborar para que o mesmo possa acontecer, nos máximo de lugares que conseguirmos. É esta a nossa missão até a volta de Jesus.
 
Então pergunte-se com frequência: Onde Deus está (ou sempre esteve) e eu não discerni?? Em que encontros, circunstâncias Ele esteve comigo e não percebi!?
 
Viva o Deus Emanuel!
 
Que Deus nos abençoe!

Um comentário: