A Cena é um tribunal...
Deus é o juiz. Quem acusa é o diabo. O homem é o réu. O
crime é o pecado. O Filho do Juiz é o advogado de defesa. O réu é considerado
culpado e digno de pena de morte, não há como defende-lo, realmente ele é
culpado. Mas o filho do juiz se oferece para cumprir a pena no lugar do réu
condenado. O Juiz aceita e manda executar a pena sobre seu filho. Com este ato,
o Juiz justifica o réu condenado e o coloca em liberdade dizendo: “Não há
nenhuma pena a ser cumprida em você. E agora se você deposita a sua fé nesta
verdade, o Céu lhe está garantido.”
Talvez, este seria um “resumo do resumo” do que poderíamos
afirmar como Justificação pela Fé. Antes de continuar, gostaria de esclarecer
que, sim, concordo que o assunto “justificação pela fé” é algo muito complexo
para poder se resumir em três linhas! Bom, dito isso, gostaria de lhe convidar
a pensar na seguinte situação:
Um homem entra em minha casa e mata cruelmente minha esposa
e meus filhos. Dias depois ele é preso. Então, face a face com o assassino, eu
digo: “ - Você está perdoado! Siga sua vida!”. Diante desta situação a mais
comum visão seria: “ - Este é um homem de Deus, perdoou o assassino! Este sim é
um cristão que ama o pecador!”. Entretanto uma outra visão poderia surgir.
Alguém poderia dizer: “- Olhe, pelo seu gesto de perdoar o assassino e
devolve-lo a vida, está claro o seu amor por ele! Entretanto, e seu amor pela
sua esposa e seus filhos? Não está claro o seu amor pelo sangue inocente! Onde
está o seu amor pelo sangue da sua esposa e de seu filho?”.
Este é o tipo de situação que escancara a pergunta: “Mas vai
ficar por isso mesmo?”. Agir com um “Vá em paz, eu não imputo nenhum pecado
contra você, você está perdoado!” não é tão simples. Isso por que quando há um
sangue na terra que clama por justiça e este tipo de atitude acontece, paira
sobre a mente a seguinte questão: “Você é perigoso, por que você tolera o mal e
a injustiça sem agir contra as mesmas, e no dia em que a maldade e a injustiça
me alcançar você agirá da mesma forma e não fará nada!”.
Talvez este é o pensamento de muitos com relação à Deus.
Muita gente acha que Ele é indiferente à maldade, inclusive, por conta disso,
acham que o Deus revelado na Bíblia Sagrada é um Deus mal. Com o intuito de
ajudar pessoas que tem este tipo de pensamento, adaptei em texto uma parte da
pregação do Pastor Ed René Kivitz (da série “Eu não me envergonho do
evangelho”, pregação 07 – A Superação da Religião). Leia o texto imaginando
Deus conversando com você. Espero que o mesmo lhe traga respostas, espero que o
mesmo lhe agregue uma maior percepção sobre a justificação pela fé e sobre a
graça de Deus.
Enfim, Deus nos fala...
***********
“Você escolheu viver de maneira independente de mim. Decidiu
trocar a Minha Glória pela glória das criaturas, trocar a Minha Verdade pela
sua mentira, me desprezou, deixando de reconhecer-Me como fonte de sua
vida. Você declarou-se deus de si mesmo. Isso significa que você escolheu
deixar de existir, pois nada no universo existe sem que receba de Mim a
condição de ser e existir. Fora de Mim nada existe, pois tudo no universo é
sustentado por mim. Ao decidir existir sem estar conectado em Mim, você decidiu
morrer, você escolheu experimentar o poder da morte. Você terá de lidar com a
morte atuando em você. Então você se dará conta de que você não consegue nem ao
mesmo se manter no patamar no qual Eu lhe criei. Não é que você vai um dia
morrer, que sua vida irá acabar, é muito mais que isso, é o fato de que a morte
vai começar agir dentro de você aos poucos e evidenciará o fato de que você é
muito menos do que o homem que criei antes de você ter declarando-se autônomo.
Você não consegue se manter nem isso o que você é hoje. Por esta sua escolha,
não tive outra opção a não ser lhe entregar a uma disposição mental reprovável,
às paixões vergonhosas, à uma depravação, aos seus apetites, pois essa era a
consequência do seu ato. Quando você se desvinculou de mim, você foi piorando,
piorando, piorando, e não havia outra consequência para o seu ato a não ser
este. Por isso você se tornou isso o que você é hoje. Nem no mesmo status que
lhe criei você conseguiu se manter. Você vai morrer. A morte vai lhe devorar
lentamente e Eu não posso evitar isso. Não posso evitar isso por que Eu não
posso permitir que um Ser exista, sustentado por Mim, em uma eterna rebeldia
contra Mim. Não tenho como sustentar isso. Primeiro por que se Eu permitisse
que um ser existisse em eterna rebeldia contra mim, o universo que Eu criei
seria um caos eterno, aliás muito parecido com este no qual você vive hoje. Mas
também teria uma outra coisa, iria pairar sobre minha cabeça, uma acusação e
uma suspeita de que Eu sou injusto, de que eu permiti o mal entrar no universo
que Eu criei e não fiz nada. De que Eu varri o mal para debaixo do tapete do
universo e que, com a desculpa de “amor”, Eu permiti que a maldade se
propagasse sem que Eu a interrompesse. Então eu não posso permitir que você
viva em rebeldia contra mim eternamente. Eu tenho que permitir que a morte lhe
coma aos poucos. Por isso você tem que deixar de existir. Você escolheu isso.
Você escolheu se destruir. Eu não posso sustentar a vida de um ser que perdeu o
direito de existir. A justiça precisa ser reestabelecida no universo que criei!
Alguém tem que assumir o dano. Alguém precisa deixar de existir. Alguém
precisa ser sacrificado para que a justiça se reestabeleça!
Mas Eu posso fazer uma coisa! Em vez de sacrificar você, Eu
posso Me sacrificar no seu lugar. Posso assumir o ônus da sua escolha! Posso
assumir o dano no seu lugar. Posso impor para Eu mesmo a condenação que você
merece. De fato, Eu quero dizer para você que foi exatamente isso que Eu já
fiz. Por amor a você e por um pequeno lapso de tempo, Eu abri mão de minhas
prerrogativas divinas e deixei de existir como Deus. Me esvaziei! Eu tolerei a
sua maldade e me sacrifiquei em seu lugar. Eu dei passos para traz para
permitir que você existisse. Eu me sacrifiquei. Mas agora, com a vida, morte e
ressurreição do Meu Filho amado, Eu estou revelando tudo isso para você.
O Meu filho assumiu a sua condição de mortal, morreu a sua morte e assim
reestabeleceu em todo o universo o critério de justiça ultrajado pelo seu
pecado. Eu me sacrifiquei por você e a vida, morte e ressurreição de Meu
Filho é a revelação deste sacrifício que fiz por ti. Uma revelação para sua
consciência. Agora, com a vida, morte e ressurreição de Meu Filho amado esta
manifesta uma justiça diferente da que você conhece. Pois o senso de justiça
que você conhece é aquela que lhe revelei na Lei de Moisés. Fiz isso para que
você conhecesse um padrão de justiça e vivesse de acordo com o mesmo. Mas você
não conseguiu. Na verdade, tudo o que você conseguiu foi tomar consciência de
que você não conseguiria. Enquanto você tentava viver no padrão da minha
justiça, sem ter comunhão comigo, sem estar ligado a Mim, tudo o que você
conseguiu descobrir se resumiu no fato de saber que você é escravo do pecado e
não consegue fazer o bem. Mas a vida, a morte e a ressurreição de Meu Filho
Amado lhe escancara um outro tipo de justiça. Não a justiça da lei, não uma
justiça baseada no esforço humano, mas uma justiça baseada na fé. Isto é, para
viver a Minha Vida, você precisa estar unido a Mim. E isto é uma justiça. É uma
justiça por que a cruz do meu Filho mostra para você o quanto Eu tive que
sofrer para manter a sua vida. A cruz lhe revela uma decisão que eu tomei na
eternidade, antes mesmo de criar você e o universo. Algumas pessoas se
escandalizam com a cruz, julgando que Eu matei o Meu Filho amado. Mas a cruz
não é o sacrifício. A cruz é a revelação do sacrifício. A cruz é a manifestação
do sacrifício. Não apenas o sacrifício do Meu Filho, mas também o Meu
sacrifício. Eu Sou um só Deus. Eu Sou um Deus só. Eu não Sou três deuses: um
que mata, outro que morre e outro que vira espírito. Não! Sou um só. Somos Três
pessoas, Pai, Filho e Espírito Santo, mas Somos Uma Unidade em comunhão: um só
Deus! A manifestação do sacrifício na cruz do calvário não foi apenas de Jesus,
Meu Filho. Não! Foi o Meu sacrifício para permitir que você existisse mesmo
depois de você ter escolhido se afastar de Mim e ter perdido o direito de
existir. Na cruz, Eu, Deus, estou morrendo de um jeito para que você, e todas
as pessoas, entendam o sacrifício que tive que fazer para lhe sustentar na
existência. O sacrifício que fiz foi o seguinte: aplicar contra Mim mesmo a
Minha justiça. O sacrifício de fato foi o Meu auto esvaziamento e isso
aconteceu desde antes da criação deste mundo. A cruz é uma expressão histórica
de algo que aconteceu na eternidade. A cruz é uma revelação, dentro tempo, de algo
que aconteceu no atemporal, na eternidade. Uma manifestação Minha para ti, por
que Eu te amo! Agora com a morte do Meu Filho, você e todos já sabem que Eu sou
justo. Eu fiz todo o universo saber que Eu me importo sim com a maldade. Que
não sou indiferente ao mau não. Que existe um critério de justiça que governa
todo o universo. Eu Sou justo, Eu paguei por isso. Não ficou por isso mesmo.
Você não precisa ter medo de Mim. Eu não Sou um poder que desconhece critérios
de justiça. Com a morte de Meu Filho Amado na cruz e a Sua ressurreição, você
sabe que Eu Sou justo e justificador e que Eu não varri nenhuma maldade para
debaixo do tapete do Meu trono!
Agora, com a morte e ressurreição de Meu Filho, você e todo
o universo sabe que Eu me importo com a maldade e que existe um critério de
justiça sobre tudo o que Criei. Sou justo! Agora você sabe que Eu não perdoei
os malvados às custas de deixar de responder o suspiro e o clamor dos
oprimidos. Agora você sabe que não é capaz de viver uma vida eterna sem estar
conectado a Mim. Agora você sabe que o fruto que se deve comer é o da Árvore da
Vida e não o da Árvore do Conhecimento do bem e do Mal. Agora você já sabe que
sem receber a vida que tenho para você, você não passa de alimento para a
morte, e que enquanto vai sendo devorado por ela, vai matando tudo ao seu redor
num ato desesperado de tentar manter a sua própria vida. Faz isso por que está
consciente de que a vida está escorrendo por entre os dedos e no desespero você
tenta experimentar um pouquinho mais de vida, mesmo que seja uma vida que não é
sua. Agora você já sabe que se você não recebe a vida de mim, não tem vida. Que
esta vida que você tem, fora de mim, é vapor se dissipando no ar. Agora você já
sabe que deveria ter feito como Meu Filho Amado fez, e não o que Adão fez.
Agora que Meu Filho lhe mostrou uma vida em santidade, na qual a morte não tem
poder, pois Ele morreu e ressuscitou, você já sabe que está sendo chamado para
ser como Ele, ser humano de verdade! É isso que venho lhe dizer hoje, que estou
lhe chamando para deixar para trás a imagem e semelhança que você tem de Adão
para assumir a imagem e semelhança revelada em Jesus, Meu Filho! Estou lhe
chamado para jogar por terra a prerrogativa de ser autônomo e viver sobre a
prerrogativa do sopro do Meu Espírito. Estou lhe chamando para agir como Meu
filho no deserto quando Ele foi tentado a romper comigo. Ele não o fez, agiu de
forma diferente a Adão, o primeiro homem que criei, que preferiu romper comigo
no jardim e comer da árvore que dava conhecimento sobre o bem e o mal. Estou
lhe chamando para viver como o Meu Filho Jesus viveu, confiando em mim, para
que a morte não tenha poder sobre você. Estou lhe chamando para uma nova
oportunidade para comer da arvore da vida, num ato que nasce da Minha Bondade,
da Minha Graça e Minha Justiça. Na verdade, um chamado que nasce no Meu Amor.
Volte para o meu lado! Para fazer isso você não depende do seu esforço próprio,
de tentar desesperadamente ser justo para cumprir a lei. É só confiar em Mim!
Para você ser tudo o quanto você está destinado a ser, ou seja, igual ao Meu
Filho Jesus, é só confiar em Mim.”
***********
Para a pergunta “Mas vai ficar por isso mesmo?” Deus traz a
resposta na cruz. Ele diz: “Não!”. É na cruz que Deus manifesta do céu a Sua
ira. A cruz escancara a ira de Deus contra a maldade mas não contra o malvado.
A cruz escancara o quanto Deus é Justo e Amoroso. Jesus carregou nossos pecados,
mas nele não havia maldade. Ser justificado pela fé é muito mais que ser
aceito por Deus como um pecador no qual Ele não imputa condenação. Ser
justificado pela fé é receber a vida que Deus compartilha conosco de modo que a
gente possa ser transformados igual a Jesus, conscientes de que isso acontece
não por que temos esta capacidade em nós, mas por que ao confiarmos em Deus
temos a possibilidade de comer da arvore da vida. Esta possibilidade nos é
concedida sem que a gente mereça. Esta possibilidade nos é concedida por Graça!
Por isso o evangelho de Jesus é uma boa notícia que traz em suas asas uma Graça
imensurável!
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